O senador Aécio Neves afirmou, em entrevista coletiva, hoje (09/01), em Belo Horizonte, que está definindo um cronograma de ações políticas em Minas Gerais. Aécio Neves falou sobre o seu encontro com o governador Antonio Anastasia e com o vice-governador Alberto Pinto Coelho, além de comentar sobre as eleições em 2014, alianças regionais e a coordenação futura da campanha do PSDB.
Confira os principais trechos da entrevista do senador:
Sobre a reunião com governador Anastasia?
Tive uma reunião com o governador e o vice-governador. Estamos definindo um cronograma para as nossas ações também políticas no Estado. O governador fez também uma exposição sobre os investimentos do Estado, a situação de Minas, e que as coisas caminham adequadamente. O que eu posso talvez de novo confirmar a vocês é que vamos ter uma definição em relação à candidatura da aliança que sustenta o governo, mais notadamente do PSDB, até o Carnaval. Vamos fazer isso no mês de fevereiro ainda. Antes do carnaval, pretendemos tomar as decisões que nos levem a esta definição, que não é uma conversa apenas com o PSDB, que envolve uma série de partidos políticos que, desde o início do nosso governo, nos acompanha neste projeto mineiro. Esta foi uma das razões deste entendimento, estamos iniciando uma discussão mais objetiva em relação à permanência ou não do governador Anastasia até o final do mandato. Neste aspecto ainda não há uma decisão, mas há uma possibilidade concreta de afastamento do governador a partir do final de março deste ano.
Sobre participação do vice-governador Alberto Pinto Coelho na chapa do PSDB.
Obviamente, confirmando-se esta possibilidade, eu diria que hoje caminha para se transformar na maior probabilidade da saída do governador Anastasia, neste caso, o vice-governador assume o mandato. Dentro desta aliança que hoje sustenta e apoia o governador Anastasia, há um consenso crescente de que, até estimulada pelo vice-governador Alberto Pinto Coelho, a candidatura ao governo do Estado deva ser de um nome do PSDB.
Sobre composição da chapa em Minas.
Temos uma aliança aqui que vai muito além de composição de chapa. É uma aliança em torno de um projeto vitorioso em Minas Gerais. Um projeto que vem servido de referência para os outros estados brasileiros. A nossa aliança é em torno de um governo sério e eficiente. Não vejo em nenhum dos partidos que compõem esta aliança, que nos dão sustentação, que nos têm ajudado a governar, movimento para se afastar. Até mesmo ao contrário do que acontece normalmente na política, em que as alianças vão se exaurindo, vão se fragilizando, a nossa vem somando forças. Desde 2003, a nossa aliança aqui em Minas vem crescendo. Não vejo nenhuma movimentação de nenhum partido para se afastar dessa aliança, porque ela tem permitido o fortalecimento daqueles partidos que estão no seu entorno. Então essa composição vai ser feita na hora certa. Não há definição nem em relação à questão de uma candidatura a senador, do governador Anastasia, e tampouco de composição, ainda, da chapa. O que estou antecipando para vocês é que há um consenso hoje crescente dentro dessa aliança de que o candidato a governador deva ser o candidato do PSDB.
Sobre uma eventual participação do PSB na coligação do PSDB em Minas.
Tenho uma relação com o governador Eduardo (Campos) de muito tempo, quase que histórica, mais de 30 anos. E a aliança que temos em Minas Gerais, começando por aqui, é absolutamente natural. O PSB está conosco desde a minha primeira eleição, governa conosco. Tivemos parcerias, aqui, extraordinárias, que levaram à eleição do prefeito da capital, Marcio Lacerda. No que depender da minha vontade, da minha ação, o PSB deverá continuar conosco. E acho que há espaço para isso. Mas é uma decisão que tenho que respeitar. É do PSB.
O PSB tem uma candidatura presidencial colocada, isso tem que ser respeitado, mas eu não acho que seja incompatível uma candidatura (nacional) do PSB com o apoio do PSB aqui à candidatura do PSDB a governador. Como não é também impossível que isso ocorra em Pernambuco. Independentemente disso ser uma moeda de troca. São as circunstâncias locais.
Há também em Pernambuco uma parcela do PSDB, comandada pelo ex-presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, que defende uma aproximação também local. Mas essa é uma decisão que vamos tomar, em relação ao apoio em Pernambuco, ou ao lançamento de uma candidatura em Pernambuco, que é uma hipótese que não esta afastada. Temos um nome colocado do deputado Daniel Coelho, que foi candidato à prefeitura de Recife, teve um belíssimo desempenho, por muito pouco não foi para o segundo turno, e muito provavelmente ganharia a eleição. É uma possibilidade com a qual trabalhamos ainda. Mas essa é uma definição que, acertamos, ficará para maio. A não ser que haja algum fato que mude esse cronograma.
A nossa definição em relação ao apoio de uma candidatura do PSB em Pernambuco, ou ao lançamento de uma candidatura própria, que seria do deputado Daniel, é algo para ser resolvido até maio. Aqui (MG), a nossa expectativa é de que possamos dar continuidade a essa parceria com o apoio do PSB a uma candidatura do PSDB.
E para a presidência da República?
À presidência da República o PSB tem uma candidatura colocada. Isso é natural.
Sobre a candidatura a vice, postulação do Solidariedade e consenso no PSDB para chapa puro sangue.
Não há esse consenso. Existem sugestões. E são muitas as sugestões. Não apenas essa. É absolutamente natural, e acho até positivo, que o Solidariedade queira se integrar efetivamente nesse projeto. Esse é o fato novo desse período nosso mais recente. O Solidariedade tem participado inclusive da construção de uma agenda nossa que se inicia agora em fevereiro, e também na formulação do nosso programa de governo terá um papel extremamente importante. Eu sempre disse que um partido que se pressupõe Social Democrata, ele tem que ter uma presença sindical. Tem de ter uma presença sindical que seja expressiva. O Solidariedade traz isso. Traz uma parcela muito importante da Força Sindical que é do ponto de vista do setor produtivo a mais importante central sindical do país.
Sobre indicação do nome de Miguel Torres (presidente da Força Sindical).
É um nome expressivo. Mas só vamos tomar as decisões em relação à composição da chapa próximo do período de convenções. Não podemos ultrapassar etapas. Essas coisas têm de ser decantadas com alguma naturalidade. Mas é um nome extremamente qualificado, como outros que têm sido também sugeridos. Não tenho pressa para essa definição.
Sobre possibilidade de retirada da pré-candidatura do PSB.
Acho que nesse momento o quadro está consolidado e considero a candidatura do governador Eduardo Campos, em primeiro lugar, legítima, do ponto de vista da sua história política. Boa para o quadro político nacional. Quem quis inibir outras candidaturas, quase querendo ganhar por WO, foi o PT. Foi o governo. Nós sempre estimulamos outras candidaturas. Inclusive, a candidatura da ex-senadora Marina Silva. A candidatura do Eduardo é boa para o debate político, ela aprofundará alguns temas, nos permitirá fugir dessa polarização eterna de PSDB e PT. É boa para o eleitor, é boa para o Brasil. E por isso não acho que há qualquer cogitação de um afastamento do governador Eduardo.
Sobre aliança PSDB e PSB no 2º turno.
Acho que o fato de ambas as candidaturas se colocarem no campo oposicionista pode facilitar sim uma conversa no segundo turno. Mas ambos temos que lutar para chegar no segundo turno, tanto o PSDB, quanto o PSB. Então, essa não é uma conversa para termos agora.
Sobre a possibilidade da candidatura à vice ser ocupada por um político paulista, como o senador Aloysio Nunes.
O PSDB tem essa vantagem. O senador Aloysio Nunes certamente é um deles. Mas isso não está na nossa agenda, mas não está mesmo. Não é que eu tenho uma decisão e vou anunciar daqui a três ou quatro meses. Não chegamos nesse nível e eu, pessoalmente, estou evitando essa discussão agora. Ela não é produtiva. E a composição da chapa atenderá ao interesse de toda a coligação. Temos que ter na composição da chapa alguém que o perfil atenda ao interesse maior de todos os partidos coligados, que é o de vencer as eleições. Não está na hora ainda. Não está madura ainda essa decisão. E por isso estou evitando essas especulações.
E a sua candidatura do sr. à Presidência da República?
É uma possibilidade hoje concreta. As conversas estão avançando. Acho que o mês de março, como disse no final do ano passado, acho que é o momento correto de uma definição formal do partido, o momento de uma definição objetiva do partido. Esperamos que até o final de maio essa decisão seja tomada, ela não foi ainda formalizada. Esse é um consenso dentro do partido, que até o final de março possamos ter oficiosamente, que seja, a candidatura do PSDB colocada. Esse é um bom momento para que ela ocorra. E a composição da chapa até o final do mês de maio. É obrigação do PSDB ter essa candidatura. O PSDB tem que apresentar ao Brasil um projeto alternativo a esse que está aí. É a nossa responsabilidade, não uma opção para o PSDB ter uma candidatura. Mas a oficialização desse nome só ocorrerá em março. Antes disso, são especulações.
Sobre o posicionamento do PMDB nas próximas eleições.
Há hoje uma posição majoritária do PMDB pela aliança com o PT. Seja pelos espaços que ocupa, seja pelos compromissos que assumiu. Mas não tenham dúvidas que teremos em vários estados brasileiros setores do PMDB que encontrarão maior identidade conosco do que com o PT. E essas conversas acontecem permanentemente, nunca deixaram de acontecer. Mais explícitas em alguns lugares, como na Bahia, por exemplo, onde há quase um compromisso formado de o PMDB da Bahia, através do ex-deputado Geddel, estar na nossa aliança local, e provavelmente na nossa aliança nacional, como setores do PMDB de alguns outros estados brasileiros.
Em Minas também?
Em Minas nós temos que respeitar a decisão que o PMDB vier a tomar, mas sempre tivemos na base do PMDB aqui apoios muitos importantes de prefeitos, de lideranças municipais do PMDB. Essas conversas existem. Então vamos respeitar a decisão formal que o PMDB vier a tomar. O que eu tenho ouvido é que o PMDB cogita também o lançamento de candidatura ao governo do Estado, o que tem que ser visto com muito respeito. E se essa for a decisão do PMDB, da nossa parte essa decisão tem de ser absolutamente respeitada. O PMDB saberá fazer a sua hora e tomar a decisão que achar mais adequada.
Sobre partidos aliados ao PT no campo nacional e ao PSDB em Minas.
Com o fim da verticalização, quando foi negada a proposta da verticalização, pelo menos essa foi a compreensão do Tribunal Eleitoral, isso vai acontecer em todos os estados brasileiros. Preparem porque vocês vão ver partidos que vão estar na situação do plano nacional, na oposição em relação às realidades locais. Ninguém muda essa realidade local, principalmente com um quadro tão plural como este, com um número excessivo de partidos políticos. A lógica local, no ponto de vista das eleições locais, não será atropelada pela lógica nacional. Hoje nós temos uma conversa muito avançada com o Democratas, que tem sido um aliado natural do PSDB ao longo das ultimas eleições, e com o Solidariedade. Obviamente temos tido outras conversas. Tenho conversas pessoais com o presidente do PV, por exemplo. Alguns partidos que estão hoje na base do governo, acho que aguardam um momento para a decisão, aguardam o quadro clarear um pouco. Cabe a nós mostrarmos que temos um projeto tão ou mais viável do que aqueles que estão hoje no poder. Eu acho que alguns partidos vão aguardar essa decisão mais para o momento das convenções.
Sobre alianças regionais do PSDB.
Estamos nesse exato momento mergulhados nas questões dos palanques regionais. Agora pouco eu conversava com o ex-governador Cássio (Cunha Lima), falando de questões relativas ao Nordeste. Estamos já com o grupo de lideranças do partido responsável pela construção de nossas alianças estaduais. Porque elas se encaminham nesses próximos três meses. O PSDB encaminhará, agora na primeira semana de fevereiro, numa reunião de Executiva, uma proposta que apresentarei de que todas as alianças estaduais, para serem consagradas, terão que passar pelo crivo da Executiva Nacional do partido.
Todas as alianças estaduais terão que passar pela aprovação da Executiva Nacional do partido. O PSDB é um partido que tem um projeto de país. O PSDB tem a responsabilidade de um projeto nacional. É muito importante que as alianças regionais – obviamente que respeitadas as lógicas locais – atendam também às circunstâncias, aos interesses da aliança nacional. Obviamente, haverá a delegação para que a condução seja feita pelos diretórios estaduais, mas a homologação das alianças, das chapas estaduais, passará pelo crivo da direção nacional do partido. Isso já foi comunicado às diversas instâncias do partido, e nós estamos agora mergulhados exatamente na busca, auxiliando nossas instâncias estaduais a construir as melhores alianças possíveis.
A partir daí, eu retomo uma agenda intensa de viagens. Começo pelo Paraná, em um grande evento do agronegócio em Cascavel, já logo na primeira semana de fevereiro. Temos alguns eventos também organizados pelo Solidariedade e pelo seu presidente, deputado Paulinho da Força, com setores produtivos da economia brasileira, que estão extremamente preocupados com o futuro que lhes espera, e, com isso, nós vamos construindo a nossa agenda.
Sobre eventos da Força Sindical.
Talvez os primeiros em São Paulo. Mas queremos fazer alguns fora de São Paulo também. Obviamente ligados a sindicatos que estão dentro da Força, dentro da estrutura da Força Sindical. E para combinarmos em março com uma oficialização do nome do candidato do PSDB.
Sobre papel do ex-presidente Lula nas eleições desse ano.
Ele sem dúvida alguma é o cabo eleitoral mais importante que a presidente tem, mas a candidata é a presidente da República. Eu não sei mensurar exatamente o quanto ele será decisivo na eleição. Porque em Minas, pelo menos nas últimas eleições, não foi.
Sobre Andrea Neves coordenar a campanha nacional do PSDB.
Eu vi nos jornais hoje. É impressionante como a mentira na política caminha com uma rapidez enorme. Isso nunca sequer foi cogitado, nem será cogitado. Não tem qualquer sentido ser coordenadora de qualquer área de um governo, de qualquer área de uma campanha nacional. Andrea é uma profissional de comunicação que vocês conhecem aqui em Minas, uma jornalista, uma profissional da área de comunicação que faz campanhas há mais de 20 anos e vai continuar fazendo o que ela sempre fez. Ela vai assessorar, ajudar a trazer ideias, não muda em absolutamente nada. Não existe qualquer cogitação, não sei de onde pode ter surgido de que ela vai coordenar qualquer área da campanha, que será absolutamente profissionalizada, como tem que ser.
Ouça trechos da entrevista: