Sr. presidente, senhoras e senhores senadores. Não pretendia usar a tribuna neste instante nesta histórica sessão. Até porque já estão absolutamente claras as nossas argumentações pela voz sempre qualificada do senador Cássio Cunha Lima, mas não posso deixar de dizer que é inconcebível, que é inaceitável, sr. presidente, que o nome e a história de um brasileiro da dimensão de Tancredo Neves, seja de forma oportunista utilizada por aqueles que hoje por ele estariam sendo condenados.
Tancredo construiu uma trajetória em defesa permanente da democracia e em respeito à Constituição. E foi a sua indignação pelo descumprimento da Constituição, pelo então presidente do Senado Federal Áureo de Moura Andrade, que o fez vir aqui, a esta mesma tribuna, 52 anos atrás, para dizer: Canalhas, canalhas, canalhas!
Não tenho dúvida que esta mesma indignação hoje estaria sendo dirigida a aqueles que violaram a Constituição, aqueles que se apoderaram do Estado nacional em busca da eternização de um projeto de poder em detrimento do interesse daqueles que mais precisavam da ação do Estado. Tancredo sempre esteve do lado certo, do lado da democracia, do lado do respeito à Constituição.
E é esse o nosso lado, sr. presidente. Não importa quem seja hoje atingido. Todos sairemos daqui hoje dizendo: Fizemos cumprir a Constituição e fizemos isso legitimando um processo que cumpriu de forma absolutamente adequada todas as suas etapas. Estivesse vivo o presidente Tancredo estaria repetindo o que hoje milhões e milhões de brasileiros estarão repetindo por cada canto deste extraordinário Brasil: venceu a democracia, venceu a Constituição, venceu o Brasil.