Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre a abertura da exposição sobre os 25 anos de fundação do PSDB e os 19 anos do lançamento do Plano Real

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva sobre os 25 anos do PSDB e as manifestações que acontecem em todo o país.

Câmara dos Deputados, Brasília – 18-06-13

Sobre a exposição na Câmara

Não conseguimos mostrar tudo, porque o espaço era pequeno para tantos avanços que o PSDB trouxe para o Brasil. Sintetizamos no título da exposição aquilo que achamos que é correto, é o partido que mudou o Brasil. Mudou o Brasil como? Com a estabilidade econômica, com o início dos programas de transferência de renda, com as privatizações essenciais à modernização da economia brasileira, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas foram as mudanças estruturais que ocorreram no Brasil. Avanços vieram depois sim, mas exatamente no leito dessas mudanças ocorridas no governo do presidente Fernando Henrique.

Nós, diferente do PT, não temos dificuldade em reconhecer méritos nos nossos adversários. E o ex-presidente Lula, ele, pelo menos, teve dois grandes méritos. Manter a política macroeconômica herdada do governo anterior, desdizendo seu discurso, mas mantendo os conceitos de metas de inflação, câmbio flutuante, superávit primário, e a segunda grande virtude foi ter adensado, ampliado os programas de transferência de renda. Uma virtude do presidente. Mas acho que hoje há um sentimento claro de que o Brasil precisa de um novo rumo, de um novo direcionamento.

 

Manifestações no país

Concordo com o presidente Fernando Henrique. Esse movimento que ocorre hoje em todo o Brasil não pode nem deve ser apropriado por ninguém. Seria um grande equívoco porque não seria legítimo. É um movimento difuso, mas que encontra em certa insatisfação generalizada o seu motor, o seu combustível maior. É preciso que primeiro respeitemos o movimento. Muita gente que estava nas ruas não era nem nascida quando tivemos a última grande mobilização de massas no Brasil, que foi o impeachment do ex-presidente Collor. Então é natural que essas pessoas queiram se manifestar.

Agora, para mim, fica claro que o Brasil cor-de-rosa, pintado e cantado em versa e prosa da propaganda oficial, do Brasil sem miséria, das empresas batendo recordes de produção, da saúde e da educação avançando, não encontra correspondência na vida real das pessoas. Portanto, é um alerta para todos os governantes de todos os níveis, mas devemos receber isso, como democratas que somos, com enorme respeito até para que possamos compreendê-lo ao longo do tempo.

 

Sobre participação nas ruas

Sou parlamentar com 30 anos de mandato, mas qualquer manifestação que significa uma tentativa de apropriação de direcionamento objetivo deste movimento é um equívoco. Ele não é apenas contra o governo, é uma insatisfação generalizada. Os serviços públicos são de péssima qualidade, o custo de vida aumenta a cada dia. A saúde, a educação e a segurança pública estão caóticas no Brasil. Então, há um sentimento difuso hoje e é um sinal da sociedade que deve ser reconhecido e recebido com muita humildade pelos governantes. Acho um equívoco tanto alguém querer se apropriar deste movimento quanto também transferir responsabilidades para outros. Portanto vamos ter muita cautela. Agora, é claro, que quem está no governo, obviamente, terá de dar respostas mais claras.

 

Transferiram a responsabilidade para o governo em São Paulo?

Acho que, se tentaram, isso não tem o menor efeito. Repito, acho que, obviamente, os que estão no governo têm maiores preocupações, quaisquer que sejam os partidos políticos. È isso que ocorre não apenas no Brasil, isso ocorre no mundo. As redes, hoje, a internet é um avanço do nosso tempo. Portanto, esses movimentos, que ocorrem hoje, no Brasil, ocorreram ao longo dos últimos anos em outros países do mundo. Temos que recebê-los respeitosamente, obviamente estabelecendo limites para sua atuação, a depredação, enfim imóveis, a depredação de patrimônio público não é adequada. Mas o sentimento da grande maioria, da quase unanimidade das pessoas que estão indo às ruas, não é esse. Não é o da depredação. Não é da ocupação de prédios públicos. Ao contrário. É o da manifestação. É uma insatisfação generalizada.

 

O Sr. acha que tem algum grupo infiltrado para desacreditar o movimento?

Sinceramente não acredito. Acho que foi muito pouco tempo para que isso ocorresse. Acho que o governo ainda está perplexo com a dimensão que o movimento tomou. Acho que, naturalmente, dentro desses movimentos com tanta gente, é possível que existam grupos ali com outros objetivos, mas o tempo vai depurando isso.

Prefiro ficar na parte sadia. Isso acontece apenas nas democracias. Se houve um excesso aqui, um excesso acolá, eles devem ser contidos. O movimento por si só é quase que como você destampar a tampa da panela. As pessoas estão se sentindo incomodadas. Repito aqui, pelo transporte de péssima qualidade, pelo alto custo de vida e queriam dizer isso. E estão dizendo isso com muita clareza. Obviamente, quem está no governo deve ter maiores preocupações.

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