O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (07/03), em Recife (PE). Aécio Neves lamentou o falecimento do ex-presidente do PSDB e deputado federal, Sérgio Guerra, que, além de ser um dos principais líderes do partido, era um grande amigo do senador.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Qual o sentimento para o partido com a ausência de Sérgio Guerra?
De enorme perda, certamente muito especial para o PSDB, que perde um dos seus principais líderes, um homem que pensava o Brasil na dimensão necessária. Tinha, em relação ao Nordeste, uma preocupação e uma formulação muito própria, que nos estimulava a mergulharmos, permanentemente, na busca da diminuição das enormes diferenças que ainda aviltam, envergonham os brasileiros.
Mas perde a política brasileira como um todo. Sérgio Guerra teve uma carreira de absoluta coerência em relação àquilo que pensava ser importante para o Brasil, e tinha uma característica que eu prezo e admiro e muito nos homens públicos, que é o destemor, a coragem para ir em frente, e uma capacidade de aglutinação, de convergência extremamente grande.
Eu, pessoalmente, perco um dos meus mais queridos amigos. Fará uma falta enorme nessa construção que ora se inicia, mas vamos continuar em frente, em nome do Sérgio, em nome dos seus valores, em nome dos seus ideais. Hoje é um dia muito doloroso para todos nós que convivemos com ele, em especial para os que tiveram o privilégio de, mais de perto, usufruir das luzes e da inspiração do meu companheiro, irmão Sérgio Guerra.
A ausência dele muda muita coisa na política de alianças em Pernambuco, na relação com o PSB?
Eu vou evitar hoje, e vocês vão me compreender, falar de política. Mas nós sempre estaremos honrando os compromissos de Sérgio. Hoje é apenas o dia da saudade, o dia das reverências. Estão aqui homens públicos do Brasil inteiro, demonstrando a enorme dimensão de Sérgio Guerra. Não é hora de falar de política.
Uma mensagem à região Mata Norte, onde Sérgio Guerra era muito querido
Um abraço muito carinhoso aos amigos da Mata Norte. Sei do carinho que o Sérgio tinha por essa região, e vamos continuar trabalhando juntos pelo desenvolvimento de toda a região, e da Mata Norte em especial.
Sobre o ex-deputado Sérgio Guerra
Um dia muito triste. Triste para a política brasileira, que perde um dos seus quadros mais qualificados. Sérgio Guerra tinha três características raras nos homens públicos de hoje. Um homem altamente culto; idealista, lutava por aquilo em que acreditava; e corajoso. Era destemido. Não enfrentava qualquer um apenas por enfrentar, e sim aqueles que achava que o enfrentamento ajudaria a melhorar o Brasil. Sérgio teve uma vida retilínea, coerente. E para nós que convivemos com ele muito de perto essa perda é muito maior.
Tive em Sérgio Guerra um dos meus mais queridos amigos ao longo de todos esses últimos anos. Se sou hoje presidente nacional do PSDB é pela mão de Sérgio Guerra, que, terminando mais um mandato, achava que aquela era a hora da sucessão. Veio para trabalhar ao meu lado como presidente do ITV. Por aí você pode imaginar a falta que ele fará às oposições, em especial; a mim, pessoalmente, de forma muito profunda; mas, como disse, à política brasileira, que perde um dos seus mais dignos e corretos homens públicos.
Para todos nós, que formulamos um projeto para o Brasil, a perda de Sérgio Guerra é enorme. E Sérgio tinha um foco muito claro em todas as discussões programáticas que tivemos até aqui em relação ao Nordeste. Essa é talvez a maior das homenagens que eu pessoalmente posso, o PSDB também, as oposições, fazer a ele. Tratar a questão da inclusão, da diminuição das diferenças sociais de forma cada vez mais clara. Esse será um dos nortes, essa será uma das prioridades absolutas, no momento em que o PSDB apresentar ao Brasil a sua proposta. A forma de honrá-lo é mantendo vivos os seus ideais, a sua disposição e a sua coragem de mudar o Brasil.
Sobre tratamento médico do ex-deputado
Até 10 dias atrás estávamos confiando na recuperação dele. Ele superava mais uma etapa da sua doença, e no momento em que já estava nos dando expectativas, perspectivas de mais uma etapa de recuperação, ele foi atingido por um novo vírus, por um fungo que, infelizmente, tomou conta de um corpo extremamente debilitado. Mas foi um lutador. Não queiram saber com que coragem ele enfrentou cada instante desse tratamento. As recaídas, as recuperações, foi um calvário. Calvário que apenas os fortes conseguem enfrentar.
Quando foi a última vez que o sr. falou com ele?
15 dias atrás falando com ele, mas com a família até três dias atrás.
O sr. se recorda a última conversa com ele?
Tive tantas. Já era um pouco mais na recuperação. Ele teve uma outra inflamação na membrana do cérebro e estava lutando, mas acreditando que se recuperaria. Participou da reunião da Executiva Nacional, falando, com ideias, com proposições, achava que era hora de botarmos o bloco na rua. Infelizmente, vamos colocá-lo sem a presença de um dos seus maiores inspiradores, que é o companheiro Sérgio Guerra.