Para o senador, governo do PT promove o continuísmo
O senador Aécio Neves (PSDB/MG) afirmou, nesta segunda-feira (07/11), que o governo do PT tem promovido o continuísmo nos últimos anos. Para ele, o Brasil precisa de uma nova agenda com novas propostas e o PSDB é o partido com a coragem necessária para construí-la. O senador discursou durante o seminário “A Nova Agenda – Desafios e Oportunidades para o Brasil”, promovido pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), no Rio de Janeiro.
“Houve um continuísmo exagerado. Não tenho dificuldades em dizer que no governo do presidente Lula aconteceram acertos. O principal deles foi a contrariedade, o esquecimento do seu discurso até a eleição e a apropriação, sobretudo, da política macroeconômica do presidente Fernando Henrique, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, tão rebatidas por eles e, agora, por eles apropriadas. Nós, que construímos esse tripé macroeconômico, de metas de inflação, de câmbio flutuante, superávit primário, que restituímos o arcabouço de toda a política macroeconômica que vem sendo executada, temos a responsabilidade de ousar mais. No momento em que o PT abdica de um projeto de país para se dedicar exclusivamente a um projeto de poder custe o que custar, cabe ao PSDB fazer o que inicia aqui hoje, propor uma nova e ousada agenda para o País”, disse.
Aécio também criticou o inchaço da máquina pública federal, hoje com 39 ministérios. Ele defendeu a profissionalização do setor público, lembrando o Choque de Gestão, iniciativa de seu governo em Minas Gerais que saneou as contas públicas, aumentou os investimentos sociais e estabeleceu metas e bonificações para os servidores públicos.
“Quando se profissionaliza o setor público, os resultados vêm. Eu, como tantos que estão aqui, ouvi pela primeira vez essa expressão utilizada na política, o ‘choque de alguma iniciativa’, quando Mário Covas era nosso candidato à Presidência. De lá para cá, nos apropriamos um pouco dela. Cunhamos, em Minas Gerais, o Choque de Gestão, hoje uma expressão nacional. Mas o que falta hoje no Brasil é um choque de profissionalismo na gestão pública. É inconcebível que tenhamos, hoje, quase 40 ministérios. Para quê? Para que ministérios, como o do Esporte, tenham 75% dos cargos de livre nomeação ocupados pelos companheiros partidários? Isso não existe”, afirmou o senador.
Poupança interna
Aécio Neves destacou várias propostas apresentadas pelos palestrantes durante o evento. Uma delas, de autoria do economista Pérsio Arida, defende melhor remuneração da caderneta de poupança e do FGTS como medidas de fortalecimento da poupança interna e estimulando a taxa de crescimento do País.
“Aqui, não ouvimos apenas diagnósticos. Ouvimos propostas. Propostas como, por exemplo, uma externada por um dos grandes formuladores do Plano Real, Pérsio Arida, que busca trazer luz sobre algo que todos compreendemos como essencial: aumentar a poupança interna enquanto estimuladora do investimento e, a partir daí, do desenvolvimento. Sabemos que a baixa poupança interna é um gargalo muito grave que temos hoje. Ele (Pérsio) apresenta, por exemplo, a valorização da remuneração da caderneta de poupança e do FGTS como instrumentos que podem, imediatamente, caminhar na direção correta”, disse o senador.
Aécio Neves também citou o estado de São Paulo, onde os governos do PSDB melhoraram estradas e indicadores na área de segurança pública, como exemplo de gestão de qualidade. Segundo ele, apenas os governos estaduais promoveram inovações nos últimos anos.
“Depois do governo do presidente Fernando Henrique, as grandes inovações que ocorreram no Brasil partiram dos governos estaduais. Onde estão as melhores rodovias do Brasil? Em São Paulo. A estadualização das rodovias federais, com a transferência da Cide no primeiro momento, depois com os próprios recursos orçamentários, vai na direção da gestão eficiente. Não há nenhum resultado, na questão da segurança pública, mais vigoroso e mais positivo do que aquele alcançado pelo estado de São Paulo. Nem mesmo Minas Gerais, onde avançamos muito. É uma demonstração de que quando se profissionaliza o setor público, os resultados vêm”, observou.
Meio Ambiente
Antes do início do seminário, em entrevista, o senador Aécio Neves disse que o PSDB realizará outros cinco encontros até meados de 2012. Cada um deles será em uma região do Brasil, discutindo-se temas de interesse regional. Haverá, ainda, eventos com pautas específicas, como meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
“A ideia é que, após esse primeiro seminário, possamos fazer alguns específicos. Sobre a questão ambiental, por exemplo, já está acertado. Vai haver um específico porque não dá para tratá-la superficialmente. A nossa ideia é até julho completar um ciclo de pelo menos cinco grandes seminários regionais, nas cinco regiões do país, abordando também temas mais específicos, de interesse regional”, disse Aécio Neves.