Aécio Neves – Entrevista à Rádio Itatiaia

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta quarta-feira (12/02), à Rádio Itatiaia. Aécio Neves comentou sobre a falta de planejamento e investimentos em segurança pública no Brasil, o aumento da violência nas manifestações e a situação da economia no país.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre aumento da violência, em especial nas manifestações

O governo federal optou por concorrer com os estados, por transferir a responsabilidade exclusivamente para os estados na segurança pública. Não é assim que se age em um país da complexidade do Brasil. Todos os recursos aprovados no orçamento da União para qualificação das nossas polícias, para ampliação dos efetivos, para equipamentos, ficam contingenciados até o final de cada ano. Não chegam aos estados. Os recursos para o Fundo Penitenciário, para melhorarmos a situação dos nossos presídios, ficam contingenciados para o governo fazer superávit primário. Porque o governo federal não tem a capacidade de estabelecer prioridades, então trata a questão da segurança, que se agrava a cada dia, como uma questão secundária. Nossa grande preocupação é essa, planejamento. Desde que fui governador de Minas propunha que os recursos para a segurança tivesse sem repasse garantido sem qualquer tipo de contingenciamento. Cada governador, no início de cada ano, saberia com quanto contaria. E obviamente, a partir daí, faria parcerias com os municípios.

Agora, estamos assistindo o agravamento das manifestações, e temos que saber diferenciar as coisas. A manifestação pacífica é legítima e importante para a democracia e deve ser respeitada, mas aqueles que se utilizam das manifestações, dos grandes aglomerados populares, para cometer crimes, seja depredação, ataque a policiais, ataque a pessoas, como assistimos nesse trágico episódio envolvendo o jornalista do Rio de Janeiro, têm que ser punidos com base naquilo que a legislação determina. Sem qualquer flexibilidade. Porque eles são os que mais atentam contra as manifestações, porque aqueles que querem manifestar de forma democrática e pacífica estão inibidos de ir às ruas. Acabam os chamados Black Blocs ocupando as ruas contra a própria democracia. É necessário e urgente que a lei seja cumprida de forma exemplar.

 

Sobre manifestação do MST marcada para esta quarta-feira na Esplanada dos Ministérios. É preciso cautela?

É preciso cautela, mas um pouco mais de governo, de respostas. Do ponto de vista da reforma agrária, por exemplo, até o governo do general Geisel, na época da ditadura, fez mais assentamentos que o governo da presidente Dilma. Ela relegou isso a um segundo plano.

A ausência de respostas, seja na melhoria do transporte público, com a priorização, por exemplo, da mobilidade de massa, como os metrôs, os VLTs. O governo passou cinco anos dizendo que seu maior projeto na área de mobilidade seria um trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro, em detrimento de metrôs pelo Brasil inteiro. As pessoas percebem isso.

A saúde pública, há onze anos, quando o PT assumiu o governo federal, 56%, mais da metade dos investimentos em saúde pública no Brasil, vinham da União. Hoje apenas 45% vêm da União. Quem paga a diferença é quem menos tem, os municípios e os estados.

Na segurança pública é acintosa a omissão do governo federal. 87% de tudo que se gasta com segurança pública no Brasil vêm dos cofres estaduais e municipais e apenas 13% do governo federal. E olha que o governo federal tem que responder constitucionalmente pelo controle das fronteiras, pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de armas. Na verdade, a ausência da autoridade, a ausência do poder público, ao meu ver, vem agravando essa crise de insegurança que hoje já não escolhe região ou cidade, afeta todos os brasileiros.

 

Sobre inflação e a situação da economia no país

Vivemos a perplexidade de assistimos as principais conquistas, que nos trouxeram até aqui, garantiram o crescimento do Brasil durante um longo período, que foi a estabilidade da moeda, a modernização da nossa economia, a credibilidade internacional do Brasil, estão se perdendo. A inflação de alimentos já ultrapassou 10%. Hoje, o Brasil é um patinho feio na comunidade internacional, porque o governo da presidente, de forma autoritária, faz intervenções descabidas em setores, por exemplo, como o de energia, que inibem o investimento. Isso significa que o sistema está trabalhando no seu limite. Empresas, e isso é absolutamente inaceitável, como a Petrobras, um patrimônio de todos os brasileiros, em apenas três anos desse governo teve cerca de 50% de seu valor de mercado previsto. Foi-se, no ar, esse grande patrimônio dos brasileiros pela também gestão ineficiente do governo em relação às suas empresas. A Eletrobras vive hoje uma enorme crise, inclusive com um programa de demissões voluntárias. Infelizmente, a herança que esse governo do PT deixará, essa sim, é uma maldita herança.

 

Sobre a notícia de que o ex-presidente Lula pode concorrer à Presidência pelo PT em 2014

Isso mostra a inquietude, a insegurança do governo e do partido que está no governo, que é o PT. Eu, ao ouvir o discurso do presidente do PT nessa semana, e depois da própria presidente da República, cheguei a dizer que temos aí um partido à beira de um ataque de nervos, porque, com tanta antecedência das eleições e com tantos problemas que estamos vivendo, ao invés do presidente do partido e a própria presidente falarem objetivamente quais as medidas que serão tomadas para enfrentar, como disse, a questão energética, para dar uma resposta à questão, aos direitos trabalhista, por exemplo, dos médicos cubanos, ou à própria condução da economia, preferem ataques chulos, ataques mesquinhos à oposição.

Como se alguém, por exemplo, no caso o governador Eduardo, pudesse ser alguém apenas cheio de virtudes e de méritos quando era aliado do governo, e o simples fato que o faz estar no campo da oposição o torna um ingrato, um “cara de pau”, como ouvimos, infelizmente, da boca da presidente da República. Isso mostra a instabilidade de um governo que encerra esse mandato sem termos absolutamente nada de positivo a apresentar à população brasileira.

 

E tudo pronto para o lançamento da candidatura Pimenta da Veiga?

Pimenta da Veiga é um dos mais preparados homens públicos que conheci ao longo da minha vida. Profundo conhecedor das questões mineiras. Foi um nome acolhido pelo conjunto, praticamente pela unanimidade da aliança que vem governando Minas desde 2003. E o que viemos fazendo em Minas é governar com seriedade e eficiência.

Não foi à toa que levamos Minas, apesar de todas as dificuldades que temos, a ter a melhor educação básica do Brasil, reconhecida pelo Ministério da Educação, o melhor atendimento de saúde da região Sudeste. Fizemos o mais audacioso programa de infraestrutura, ligando todas as cidades que não tinham ligação asfáltica ao asfalto, talvez o maior de toda história de Minas. E queremos fazer muito mais.

O governador Anastasia termina o seu mandato, caminha para terminar o seu mandato, respeitado, acatado e aplaudido por mais de 80% da população. Isso nos dá a certeza, ou pelo menos a confiança, de que Pimenta poderá ser o homem que vai garantir que, em Minas, a meritocracia, a eficiência, a escolha qualificada dos quadros vai continuar. Porque não queremos que em Minas ocorra aquilo que ocorre já há onze anos no governo federal. Aparelhamento da máquina pública pelos companheiros políticos, ineficiência e baixos resultados.

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+