Aécio Neves – Entrevista sobre o governo Dilma e investigações

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (08/07), em Brasília. Aécio falou sobre o julgamento do TSE e do TCU, as contas do governo Dilma, inflação, ataques do PT e operação Lava Jato.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre decisões do TSE e TCU. Como o sr. acha que a presidente vai lidar?

O que temos dito de forma muito clara, apesar de o PT não querer compreender, é que o Brasil vive a plenitude do Estado de Direito onde as regras valem para todos. O Brasil tem um cronograma político eleitoral que está aí para ser cumprido com novas eleições em 2018. Agora, isso não exime quem quer que seja, nem a presidente da República, de prestar conta dos seus atos. Isso é que não pode ser confundido.

O que nós da oposição estamos fazendo e forma absolutamente responsável é garantir que as instituições do estado brasileiro e falo do Tribunal de Contas, do Ministério Público, do Poder Judiciário em todas as suas instâncias, inclusive da Justiça eleitoral, tenham as condições de analisar as denúncias que ali chegam, as ações que ali são protocoladas. Não se pode transformar isso em uma crise maior do que a formalidade das ações que estão ali sustenta.

O que eu vejo é uma presidente acuada, fragilizada. Porque uma presidente da República que tem de vir a público para dizer que não vai cair é uma presidente que não se sente segura no cargo. Isso é algo primário na política. Nós do PSDB estaremos atentos ao cumprimento da Constituição. Não há possibilidade de nenhuma alternativa que não seja dentro do cumprimento da Constituição. Se a presidente conseguir superar as dificuldades que vive hoje, desejo a ela boa sorte. Mas ela não tem salvo-conduto, como nenhum de nós que fazemos vida pública devemos ter.

 

Sobre a inflação divulgada hoje.

Hoje estamos recebendo mais uma informação que a inflação desses últimos 12 meses já ultrapassou a própria aprovação a presidente da República. O desemprego também caminha na mesma direção. Lamentavelmente, os brasileiros mais pobres é que pagam o preço mais duro dos equívocos e das irresponsabilidades cometidas por este governo ao longo dos últimos anos e já dizíamos isso durante a campanha eleitoral.

E o que é mais grave. Não foi apenas a mentira que por si só já extremamente condenável, principal ente quando vem do presidente da República, mas foi o adiamento da tomada de medidas corretivas, única e exclusivamente para garantir-se a vitória no pleito eleitoral eu faz com que este preço seja hoje muito mais alto para os trabalhadores e para os brasileiros que menos tem. Esta é a consequência mais perversa da irresponsabilidade do PT.

 

A inflação está descontrolada?

É algo absolutamente fora de quaisquer expectativas ou anúncios feitos pelo governo, expectativa do próprio Banco Central. Há hoje uma crise de confiança muito aguda na sociedade. Esta crise de confiança impacta também na inflação. Inflação é expectativa. As pessoas, não prevendo um controle, uma estabilidade lá adiante, de alguma forma, se previnem. Isso também alimenta a inflação. Hoje os brasileiros pagam a conta da irresponsabilidade do PT na condução da economia dos últimos anos.

 

Há argumento jurídico para pedir a impugnação do PT e do PMDB?

Isso não depende da gente. O alvo não deve ser a oposição. Acho que aqueles petistas que acusam a oposição, até porque não têm respostas para dar às inúmeras denúncias em todas as frentes que aí estão, se equivocam. Deviam gastar a sua energia para explicar aos ministros do Tribunal de Contas porque a presidente Dilma desrespeitou de forma continuada a lei de responsabilidade fiscal.  E vem agora com essa desculpa esfarrapada. “Foi feito lá atrás.”  Se foi feito lá atrás, eles deveriam ter denunciado. Mas nada justifica o que está sendo feito agora. É como se, para justificar o assalto que foi feito à Petrobras, pudessem dizer: “há 60 anos que tem corrupção na Petrobras então vamos continuar roubando”. É isso que o PT quer dizer aos brasileiros?

Têm que explicar o que aconteceu e a Corte de contas tem que julgar tecnicamente. No TSE, as denúncias estão lá. O PT não tem que se preocupar com a oposição, têm que se preocupar com os depoimentos daqueles que, de alguma forma, trabalharam junto com o PT ao longo desses últimos anos todos e agora estão fazendo delação premiada. Então acho que há um equívoco de foco por parte do PT. Nós somos os guardiões da Constituição, mas somos também aqueles que protegerão as nossas instituições de qualquer tipo de constrangimento que algumas lideranças do PT a ela querem impor com o absurdo de declarações de deputados do PT ontem dizendo que tem que se enquadrar a Polícia Federal, que a Polícia Federal tem que se submeter ao governante, porque o governante é que teve votos. Quer dizer que os governantes que ganham a eleição podem cometer qualquer tipo de irregularidade porque eles é que nomeiam o diretor geral da Polícia Federal? Não.

A entrevista, inclusive, do diretor geral da Polícia Federal foi uma entrevista absolutamente profissional, correta e tem que ser respeitada. Não permitiremos que o PT constranja as instituições de Estado porque a democracia depende delas.

 

Sobre as contas do governo. A presidente avalia mandar ministros ao TCU.

É uma tentativa de constrangimento permanente essa ida sem fim de ministros de governo e do advogado-geral ao TCU. Acho que no Congresso não. O Congresso é o local do debate. Acho que esclarecer a sua bancada, dar a ela suas informações é algo que me parece natural. Mas a tentativa de constranger as instituições,   como estamos vendo em discursos e em ações, isso deve ter, por parte da sociedade brasileira toda a repulsa. E nós estaremos aqui atentos a que isso não ocorra.

 

As contas passam aqui pelo Congresso? 

Não sei. Acho que vai depender muito da votação que ocorrer no Tribunal de Contas e pelas informações que temos, pela consistência do relatório do ministro Nardes, que foi construído com base em auditorias, com a participação de técnicos do Tribunal. O que está ali e absolutamente consistente e corrobora, dá consistência àquilo que já denunciávamos lá atrás: a presidente cometeu crime de responsabilidade, os bancos públicos não podem financiar os seus controladores. Esse foi um dos pontos centrais da Lei de Responsabilidade Fiscal que, inclusive, o PT voltou contra. Está lá atestado, inclusive de forma continuada durante esse ano. Então quero sugerir às lideranças petistas que poupem o seu esforço de atacar a oposição e comecem a se preocupar em se defender das gravíssimas denúncias que existem contra a presidente, seja no Tribunal de Contas da União, seja no Tribunal Superior Eleitoral.

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