O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (15/04), em Brasília. Aécio comentou a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, impeachment da presidente Dilma e indicação de Luiz Edson Fachin para a vaga de ministro do STF.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Tudo caminhava nesta direção. O que refaço hoje é a mesma pergunta que fiz à presidente Dilma durante os debates eleitorais. A pergunta é a mesma, será que a resposta também continua sendo a mesma? A presidente continua confiando no tesoureiro do seu partido, agora preso. Na verdade, o que mais me chama a atenção em todo este episódio, é que o PT tão fragilizado, hoje, não consegue sequer a licença e o afastamento do seu tesoureiro. A grande pergunta que fica é porque ele continua no cargo e o Brasil passa a ser protagonista de uma cena, para mim, absolutamente inédita na nossa história. O tesoureiro, o responsável pelas finanças do partido do governa o Brasil, hoje está preso. E com sucessivas acusações e acusações extremamente graves. Acho que este é o mais triste retrato de um partido político que abdicou de um projeto de país para se manter a qualquer custo no poder, cometeu crimes sucessivos como esses que levam o seu tesoureiro responsável pelas suas finanças, a estar preso.
Isso é mais um motivo para um eventual pedido de impeachment da presidente?
Como disse e reitero hoje, temos de ter muita serenidade na definição da posição do PSDB, porque será uma posição institucional. Estamos avaliando todas as denúncias que nos chegam, inclusive as comprovações em relação a algumas delas, seja a utilização de empresas públicas de forma criminosa durante a campanha eleitoral, como atesta o Tribunal de Contas em relação aos Correios, seja agora essa nova denúncia que demonstra que a Controladoria Geral da União, responsável exatamente para inibir os crimes cometidos na administração pública, omitiu durante todo o processo eleitoral as denúncias e a documentação que já havia recebido. Além disso, o descumprimento das metas fiscais. Há um conjunto hoje de acusações, entre elas ao que diz respeito, obviamente, a esse mais tormentoso de todos os casos envolvendo a Petrobras.
Estamos avaliando com juristas se existe a caracterização de crime de responsabilidade. O impeachment, repito, não é algo que esteja ainda prioritariamente na agenda do PSDB, mas não é um golpe. É algo previsto na nossa Constituição, em caso de se comprovar crime de responsabilidade. Portanto, é o que nós estamos avaliando, e se acharmos que existem indícios, o PSDB poderá sim avaliar essa hipótese. Não temos ainda essa decisão tomada, mas é uma possibilidade que o PSDB hoje discute de forma muito franca internamente.
A indicação do Fachin para o STF, um nome ligado ao PT. O que o sr. achou?
Cabe à presidente da República fazer a indicação dos ministros do Supremo, e cabe aqui ao Senado Federal fazer a arguição desses ministros. Obviamente, é preciso que ele – e ele terá oportunidade para isso – explique determinadas posições públicas e políticas que tomou. Do ponto de vista do seu histórico, do seu currículo acadêmico, não há nenhuma contestação a se fazer. O que é preciso é que ele – aqui ele terá oportunidade para isso, sabatinado pelo Senado Federal – dê tranquilidade ao Congresso Nacional, aos representantes da população brasileira de que teremos no Supremo Tribunal Federal alguém absolutamente isento, e, sobretudo no momento em que temas políticos e de interesse em especial do Partido dos Trabalhadores chegaram à Suprema Corte, como os inúmeros inquéritos, inúmeras investigações que agora foram abertas. Ele terá oportunidade aqui de dar tranquilidade a essa Casa. Cabe ao Senado Federal, de forma altiva e independente, argui-lo, e vamos fazer isso.