Local: Brasília – DF
Assuntos: eleições para Presidência do Senado Federal
Sobre a candidatura do senador Renan Calheiros.
Não entro no mérito das denúncias porque não as conheço em profundidade. Mas o que temos em mente é que o Senado da República forte, autônomo, altivo e independente é fundamental para a própria democracia. E o PMDB poderia ter construído uma grande unidade no Congresso Nacional com o nosso apoio – temos relações extraordinárias e históricas com o PMDB – em torno de um nome que amanhã não fique sob suspeição. Que amanhã não seja processado pelo Supremo Tribunal Federal, essa é a nossa preocupação. Não há nada de pessoal em relação ao senador Renan, que amanhã pode até ser absolvido dessas denúncias. Mas, nesse momento, pensando na instituição, acho que o melhor teria sido o aparecimento de um novo nome. Como isso não ocorreu, respeitamos a decisão interna do PMDB, mas ela não atende ao interesse do Senado nesse instante. Encaminhamos, portanto, o apoio ao senador Pedro Taques, do PDT, não com grandes expectativas de que vamos vencer. Mas como uma demonstração que existe aqui um conjunto de forças políticas preocupadas com determinados valores e, sobretudo, com a independência do Senado da República.
Sobre as denúncias contra Renan terem chegado ao STF.
É extremamente preocupante termos um presidente do Senado Federal que amanhã esteja sujeito a uma condenação por parte do STF. Isso não eleva o Senado da República. A independência e o equilíbrio entre os poderes é absolutamente essencial para a sobrevivência da democracia. Quando um poder se subordina a qualquer outro ou está em posição de desconforto em relação a qualquer outro, perde a democracia. Ao longo desses últimos anos, a grande verdade é que o Senado Federal se submeteu a uma agenda do Poder Executivo, da presidente da República. Não tivemos iniciativas próprias, passamos dois anos homologando e aprovando medidas provisórias enviadas pelo governo. Portanto, o Congresso perdeu força, perdeu estatura. E se houver um candidato, independente de ser condenado ou não, mas sob suspeição, nós não estaremos percorrendo o caminho que mais parece o mais adequado, o do fortalecimento do Poder Legislativo, a independência do Senado da República. Lamento que o PMDB não nos tenha dado uma alternativa mais adequada nesse momento e por isso caminhamos com o senador Pedro Taques, um nome ilibado, sobre quem não pesa qualquer tipo de suspeição.
Como será agora a atuação da oposição, depois que vocês se uniram em torno de Taques?
Esse episódio não se encerra na eleição de hoje. Houve uma identidade forte entre todos aqueles que estão ao lado do senador Pedro Taques, alguns inclusive da base do governo. Senadores do PMDB, como Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, externaram essa posição, Cristovam Buarque, do PDT e da base do governo, bancam e sustentam a candidatura de Pedro Taques. E nós, da oposição, vamos no mesmo caminho. Começa a se construir um sentimento reativo. É preciso que o Congresso Nacional, e o Senado em especial, defenda suas prerrogativas. Elas não pertencem a nós senadores, pertencem à população que nos elegeu para garanti-las. No momento em que o Congresso e o Senado se curvam à vontade do Poder Executivo ou se constrange com ações do Poder Judiciário se apequenam – e estamos aqui para reagir a isso.