O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (08/04), em São Paulo (SP), de reunião dos governadores tucanos com líderes do partido no Congresso e com o ex-presidente FHC, entre outros.
Confira trechos da entrevista do senador Aécio Neves, do governador Geraldo Alckmim e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
Geraldo Alckmim:
Com grande alegria, recebemos a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, do presidente do nosso partido, senador Aécio Neves, dos nossos governadores, colegas, Pedro Taques e Beto Richa, também se fizeram representar o Marconi Perillo, o Simão Jatene e o Reinaldo Azambuja, nossos líderes na Câmara, Miguel Haddad e Imbassahy, nossos senadores por São Paulo, José Serra e Aloysio Nunes, nosso secretário-geral, Silvio Torres, e também nossos companheiros, grandes líderes, como Paulo Pereira da Silva do Solidariedade, o Ramalho, que é deputado estadual, Chiquinho, o grande líder José Carlos Aleluia, que também está aqui conosco, e o Samuel Moreira. Mas é um momento grave que estamos vivendo no país, com graves consequências no emprego, um desemprego crescente, especialmente entre os jovens. A gente vê a economia derretendo, no lado político uma extrema gravidade e que precisa ser abreviado. A população brasileira quer mudança. Nós temos lado, estamos do lado da mudança para ajudar o país a passar por esse período de grande dificuldade. Uma reunião proveitosa de trabalho e unidade em benefício do povo brasileiro. Vou passar ao Aécio.
Aécio Neves:
Quero agradecer, mais uma vez, esse grande anfitrião que é o governador Geraldo Alckmin. Não vou repetir as saudações. Ele as fez em nosso nome, mas, hoje, nos reunimos – algumas das principais lideranças – e depois nos encontramos também com lideranças do Solidariedade e do Democratas. Especificamente, essa reunião teve o sentido de trocarmos informações em relação à gravidade do momento atual, como disse o governador Geraldo Alckmin, à repercussão dessa crise na vida real das pessoas, porque uma crise moral se encontra com a crise econômica e ambas se transformam em uma crise social sem precedentes na nossa história contemporânea, levando o emprego, levando o salário do trabalhador com a inflação e, sobretudo, levando a esperança das pessoas.
O PSDB, através dessas lideranças, reafirma o seu compromisso absoluto com a interrupção do mandato da presidente Dilma Rousseff pela via constitucional do impeachment. Não por uma vontade daqueles que com ela disputaram a eleição, mas por uma constatação que nos une a todos de que ela, infelizmente, perdeu as condições mínimas de governar e de retirar o Brasil dessa crise extremamente aguda na qual o seu partido e o seu governo nos mergulhou.
Os governadores estão trabalhando nos seus estados juntos aos parlamentares que lhes dão apoio na demonstração de que o Brasil precisa virar esta página e tentar construir, através de um grande entendimento, uma agenda de emergência para que o Brasil sinalize, novamente, com a retomada do crescimento e obviamente, a partir também do emprego e da renda. Hoje, portanto, nós estamos aqui reiterando a posição que já é conhecida: 100% do PSDB apoia o afastamento da presidente da República, mas, além disso, as nossas lideranças estão conversando com lideranças ainda indecisas de outras forças políticas para dizer que o que está em jogo, hoje, não é o projeto do partido A ou B, é o país.
O PSDB, e eu termino com essa afirmação, já vinha, desde 2014, alertando o Brasil para aquilo que nos esperava. Denunciamos a corrupção, apontamos para os descaminhos da economia e aquilo que nos esperava lá adiante. Pois bem, o retrato está aí hoje. Um retrato triste para a grande maioria dos brasileiros. E o fato concreto é que o PSDB não é beneficiário, enquanto partido político, desta solução. Mas todos nós convergimos para ela pela necessidade, pela urgência da solução desse impasse, e estamos otimistas que na próxima semana, na comissão do impeachment, e na semana seguinte, no Plenário, a maioria dos congressistas, interpretando o sentimento hoje amplamente majoritário da sociedade brasileira, vai dar, com o afastamento da presidente da República, uma nova chance ao Brasil.
Fernando Henrique Cardoso:
Vou apenas reafirmar o que foi dito. Ou melhor, subscrever o que foi dito. O momento exige serenidade, firmeza, decisão. Dentro da Constituição. Tudo terá que ser feito dentro da Constituição e ouvindo o sentimento das ruas, o povo. Porque na verdade há uma indignação, essa que é a palavra. Há uma indignação da população brasileira pelo desmonte do governo, pela corrupção terrível que foi organizada no Brasil – e friso: organizada.
Há responsabilidades que são políticas, de partidos e de pessoas. Chegou a hora de dar um basta nisso tudo. Não dá mais para ter dúvidas. Por penoso que seja interromper um mandado, mais penoso é ver o Brasil se esfacelar e ver que não existe capacidade do atual governo de se recompor, de se reconstruir. Oportunidades tiveram, e muitas. Não as aproveitaram.
Então está na hora de apoiar o impeachment e, em seguida, pensar na possibilidade, que é real, que existe aí, de recuperar a nossa trajetória. A economia não aguenta mais a desordem prevalecente. Precisamos ter regras mais claras, e confiança. Se quebrou a confiança. Quando se quebra a confiança, o cristal rachado não se recompõe. É preciso um novo momento para restabelecer essa confiança. É isso que estamos fazendo aqui. Todos nós juntos. E tenho certeza que o povo brasileiro vai estar presente também, manifestando-se democrática e pacificamente em favor do impeachment.