O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (12/11), em Brasília. Aécio falou sobre a decisão do presidente da Câmara ao pedido de impeachment da presidente da República, além de impeachment e sobre a ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre decisão do presidente da Câmara ao pedido de impeachment da presidente da República.
A decisão ele terá que tomar. O PSDB tem responsabilidades com o Brasil. O PSDB construiu uma proposta, essa proposta foi discutida amplamente pela sociedade brasileira. Não vencemos as eleições, mas não deixamos de acreditar nela. A decisão que tomou a bancada da Câmara dos Deputados foi uma decisão correta, em face daquilo que foi apresentado à sociedade. Tanto as provas quanto a inconsistência das respostas a elas. Não temos o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como uma prioridade do PSDB. Na verdade, é preciso que fique claro também que a responsabilidade por tudo que vem acontecendo com o Brasil, a crise econômica, a gravíssima crise social e a crise moral hoje mostrada a todos nós, e a cada dia de forma mais surpreendente pela Operação Lava-Jato, tudo é obra do governo do PT. É obra da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Não podemos perder esse foco.
O que estamos fazendo agora, além das críticas, além da correção de rumos que temos aqui cobrado, estamos apresentando propostas. Vamos, ao final deste ano, na primeira semana de dezembro, apresentar ao país um diagnóstico da gravidade da crise, do que nos espera para o ano que vem, mas principalmente propostas, sobretudo na área social, em razão da gravidade da crise por que hoje passam milhões e milhões de famílias brasileiras. O PSDB é oposição dura a tudo isso que está aí. Tomou a decisão correta em relação à gravidade das denúncias, sobre o presidente da Câmara dos Deputados, mas vamos continuar apresentando caminhos para o Brasil e é isso que viemos hoje discutir com os nossos candidatos municipais.
Não é o caso de fazer um pouco mais pressão?
O PSDB fez o que era adequado. O PSDB hoje é 10% da constituição da Câmara dos Deputados. E a nossa posição política, eu já percebo, começa de alguma forma a influenciar outras forças partidárias aqui na Câmara dos Deputados. E principalmente setores da sociedade. O PSDB tem esta responsabilidade de manter-se conectado com grande parte da população brasileira que nos emprestou seu apoio nas últimas eleições e boa parte daquela que está frustrada do voto equivocado que deu.
Estamos fazendo o que é certo. Cabe ao presidente Eduardo Cunha, ele próprio, decidir o seu destino. Não cabe ao PSDB decidir por ele. Cabe ao PSDB decidir pelo PSDB e decidimos pelo afastamento e pela construção de uma agenda crítica ao governo, mas também propositiva para com o país.
É possível fechar novembro sem que o presidente da Câmara defina a questão do impeachment?
O impeachment não é uma proposta de um partido político, muito menos do PSDB. A possibilidade do impeachment é uma decorrência das irregularidades e ilicitudes cometidas por este governo, como atestou o Tribunal de Contas. A meu ver, esse assunto já deveria estar sendo discutido aqui no Congresso Nacional. Mas esta não pode ser a pauta única, a agenda única das oposições. Tomamos aqui a nossa decisão. Não haverá negociação. Caberá ao presidente Eduardo Cunha saber o que vai fazer e, obviamente, responder pela decisão que vier a tomar.
Queremos que as investigações em relação às ilicitudes da campanha eleitoral da presidente continuem no TSE. Hoje, o líder Carlos Sampaio que é também o presidente jurídico do partido, comunicou à ministra Maria Thereza de que o PSDB não vai recorrer da decisão do ministro Toffoli ao delegar a ela a relatoria. Confiamos na ministra Maria Thereza. É uma juíza respeitada e pedimos apenas celeridade no momento em que as solicitações, seja o compartilhamento de provas e de outras diligências, lá cheguem. Quero aqui reafirmar que a ministra Maria Thereza tem o respeito do PSDB e acreditamos que ele cumprirá o papel institucional que deve cumprir, até porque já fez isso em outros casos extremamente graves.