Há exatos 21 anos, esse mesmo plenário da Câmara, em maio de 1998, eu liderava o PSDB à época, rejeitou por um voto o estabelecimento da idade mínima para a previdência. A proposta do então presidente Fernando Henrique aqui rejeitada, inclusive com votos da nossa base de apoio, gerou um déficit crônico na nossa previdência social que nós já alardeávamos naquele tempo.
Pois bem, 21 anos se passaram e nós nos encontramos, não apenas o Parlamento, mas a sociedade brasileira em uma situação absolutamente diversa. Lembro que naquele tempo a proposta dizia que eram 60 anos para os homens e 55 para as mulheres. Obtivemos apenas 307 favoráveis nesta Casa. O Brasil acompanhou as consequências daquele equívoco. Baixo investimento, recessão prolongada por um enorme período.
Com erros e acertos o Brasil apresenta hoje, a Câmara dos Deputados apresenta hoje a sua visão da reforma necessária. Mas venho a esta tribuna para dizer que ouço dois discursos extremados. De um lado o discurso daqueles que ajudaram já lá atrás a derrotar a reforma da previdência dizendo que este texto significará recessão profunda e mazelas para todos os brasileiros. Não concordo com isso porque não é verdadeira esta afirmação. Como também não é a daqueles que, com certo ufanismo, consideram que a votação desse texto permitirá ao Brasil retomar o crescimento e recuperar os empregos perdidos nas últimas décadas.
Não. A reforma é correta, aponta na direção certa, mas é absolutamente necessário que o governo federal apresente a este Parlamento e ao país, uma agenda de retomada do crescimento porque sem ela a frustração não será apenas que se acham atingidos por algumas das decisões tomadas, será do conjunto da sociedade brasileira. Apenas a reforma da previdência não será suficiente para que possamos viver no Brasil que retome o crescimento, gere oportunidades e, sobretudo, a esperança na alma e no coração de cada brasileiro.
V.Exa. sr. presidente Rodrigo Maia terá um papel vital na liderança dessa agenda. E demonstrou em todo o processo da discussão previdenciária, capacidade para fazer isso. Mais do que nunca, e olha que já estive sentado na cadeira de V. Exa., mas não me lembro, em qualquer outro tempo, que os olhos da nação estivessem postados com tanta esperança, como está hoje nos ombros de V.Exa. e de cada um dos parlamentares.
Se alguns acham que hoje é o fim de alguma coisa, eu digo, com mais de 30 anos de mandatos consecutivos, que nós estamos apenas no começo sim de uma nova história para cuja construção é preciso que haja humildade, respeito às posições adversárias e, sobretudo, um governo que assuma as suas responsabilidades.