Há um debate a ser enfrentado independentemente de preferências político-partidárias

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 06/03/2017

Há semanas, fiz um alerta para a atualidade de um antigo debate: o da verdade contra a mentira. Infelizmente, hoje, tudo se embaralha. E perde-se a noção de onde terminam os fatos e começam as versões que não guardam qualquer parentesco com a realidade.

Meu nome esteve em evidência nos últimos dias associado aos depoimentos de executivos da Odebrecht ao TSE.

As afirmações de Marcelo Odebrecht, de que as doações feitas à minha campanha em 2014 foram legais, foram ignoradas.

Falo sobre isso em meu artigo de hoje para a Folha.

Coletiva de Imprensa

“Esperamos uma sessão serena, respeitosa, porque o Brasil inteiro vai estar acompanhando o que estará acontecendo no Congresso Nacional. E assistimos a alguns episódios nos últimos dias que não estão à altura das tradições da Casa de Ruy Barbosa e do que essa Casa representa para o país”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, após a reunião de lideres de partidos, realizada na manhã deste domingo (28/08), preparatória para o depoimento da presidente da República afastada, Dilma Rousseff, ao plenário do Senado, marcado para esta segunda-feira (29/08).

coletivadeimprensa

Entrevista sobre o depoimento do procurador do TCU

Sobre depoimento do procurador Júlio Marcelo

É muito fácil compreender as razões pelas quais a defesa da presidente Dilma se opôs tanto ao depoimento do procurador Júlio Marcelo. O depoimento do procurador foi devastador. Ele demonstrou, de forma serena, de forma absolutamente clara, o dolo da presidente, a responsabilidade da presidente da República em relação à utilização dos bancos públicos, assumindo despesas que deveriam ser do Tesouro, e também em relação aos decretos publicados sem autorização do Congresso Nacional. O procurador demonstrou, de forma clara, um elo entre as duas equipes econômicas: aquela que vigorou até o final de 2014, aquela que assumiu após 2014, porque as pedaladas vinham ocorrendo com alertas feitos internamente dentro do próprio governo, agora documentados em documentos dessas reuniões.

O que ficou claro é que o argumento da defesa de que a presidente não tinha qualquer responsabilidade sobre isso, de que eram decisões da área econômica, caiu por terra porque o procurador demonstrou de forma clara que o único elo entre a equipe econômica que, em 2013, 2014 praticou esses ilícitos, e a de 2015, que continuou a praticar esses ilícitos, era a própria presidente da República. O que faz ficar absolutamente claro o que já vínhamos dizendo, de que a presidente não só acompanhou o que vinha acontecendo, mas de alguma forma conduziu essas políticas, a meu ver, ilegais e que fazem com que agora o Congresso Nacional e o Senado, em última instância, esteja caminhando para afastá-la definitivamente do cargo.

O que ficou claro nesse depoimento, com argumentos técnicos extremamente consistentes, é que a presidente da República, de forma deliberada, cometeu crime de responsabilidade, afrontou a Constituição e a pena no Brasil a quem comete crime de responsabilidade não é a prisão, mas sim o encerramento do seu mandato, o afastamento das suas funções e a sua inelegibilidade. E, dentro de poucos dias, o Brasil terá um novo governo e, quem sabe, a possibilidade de recuperar a esperança do seu próprio futuro.

O fato dele ter sido ouvido apenas como informante não enfraquece a acusação?

De forma alguma. Os dados são os mesmos, a credibilidade é a mesma. O que acredito é que, a partir de agora, seguindo obviamente os mesmos argumentos do ministro Lewandowski, algumas das testemunhas, senão todas apresentadas pela defesa, acabarão por ser ouvidas também, acredito eu, nessa condição. Porque todas, ou praticamente todas, têm vínculos com a defesa, muito maiores, já externados publicamente, através da assinatura de manifestos em favor da presidente Dilma ou até com vínculos empregatícios com parlamentares da base de apoio da presidente Dilma, do que o procurador Júlio Marcelo. O procurador foi absolutamente exemplar, não apenas agora, desde o início desse processo. Ele está de parabéns e acho que os próximos depoentes terão enorme dificuldade de contrapor-se aos argumentos e às posições externadas até aqui pelo procurador do Tribunal de Contas.

O que o senhor espera do depoimento da presidente Dilma?

Em primeiro lugar, esperamos que seja respeitoso. A presidente vem à nossa Casa, vem ao Senado Federal, aqui será recebida com o mais absoluto respeito, por mais contundentes que possam ser as indagações. A nossa orientação, e a expectativa de todos nós, é de que ela seja tratada com respeito, ela ainda é a presidente, afastada é claro, mas ainda é a presidente da República e nós esperamos que ela, ao responder às indagações, aja da mesma forma. Isso é bom para todos e é bom, sobretudo, para o processo democrático do país.

O Lula vem. Pode influenciar a presença dele?

É direito dele. Ele certamente tem o direito de estar aqui, será convidado por algum parlamentar e também será aqui tratado com respeito. Mas o que nós estamos aqui definindo nada tem a ver com o presidente Lula, com as suas posições políticas. Tem a ver com o crime cometido pela presidente da República. Porque o que vai ficar para a história, aquilo que no futuro vai ser estudado, foi uma opção que o Brasil fez entre duas, apenas, que tínhamos.

Uma, que defende a base da presidente Dilma, era quase que dar um salvo-conduto à presidente da República. Pela gravidade, pela complexidade do que significa o afastamento de um presidente da República, dizer o seguinte: “olha, cometeu-se o crime, admite-se que cometeu, mas vamos fazer vistas grossas porque é a presidente da República”. Esse é o caminho da impunidade, o caminho que o Brasil não aceita mais. O outro é cumprir a Constituição. Demonstrar que houve crime e o relatório do senador Anastasia é absolutamente completo na demonstração de cada momento em que esse crime foi cometido.

O que estamos fazendo aqui é garantindo o cumprimento da Constituição e respeitando a democracia. A democracia no Brasil, ao contrário do que apregoam alguns dos apoiadores da presidente Dilma, sairá muito mais forte após o desfecho desse processo.

Declaração do senador Aécio Neves

O envio pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal dos termos da delação de Delcídio do Amaral para a definição dos respectivos foros é visto pelo senador Aécio Neves como uma extraordinária oportunidade para esclarecer a inconsistência das citações feitas ao seu nome.

Segue declaração do senador Aécio Neves sobre envio pela PGR ao STF de petição com citações feitas em depoimento de Delcídio Amaral.

“O Procurador Geral da República e o STF terão a chance de comprovar que as declarações de Delcídio em relação ao meu nome são descabidas e desprovidas de indícios mínimos que possam dar a elas qualquer sentido de veracidade. O senador Delcídio repetiu notícias requentadas, publicadas na imprensa, em especial em sites vinculados ao petismo, e utilizadas como arma política inclusive no último pleito presidencial.

Boa parte dessas falsas “denúncias” já foi objeto de averiguação judicial e arquivadas por sua total inconsistência. Tenho absoluta confiança de que a verdade prevalecerá mais uma vez. É chegada a hora de separar o joio do trigo. É hora de separar aqueles que se apoderaram do Estado para a manutenção de um projeto de poder, cometendo toda sorte de delitos, daqueles que se tornaram vítimas disso, como foi o meu caso nas últimas eleições.

A verdade sempre vence!”

Senador Aécio Neves

Aécio Neves – Pronunciamento no Senado Federal

“Quero dizer que estou encaminhando amanhã à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal, todos os documentos para que sejam analisados e comprovem, de forma absolutamente definitiva, que fui vítima de um ardil, fui vítima ou de uma vingança ou de uma operação política construída, mas sairemos disso ainda mais fortes, para, a partir desses próximo dias, intensificarmos as nossas ações na Câmara dos Deputados pelo impeachment da Presidente da República, para que o Brasil se livre deste governo e construa uma nova fase na sua história e na história de todos os brasileiros, afirmou o senador Aécio Neves em pronunciamento na tribuna do Senado nesta quinta-feira (16/03).

Leia a seguir a íntegra do pronunciamento:

“Eu subo a esta tribuna, hoje, com dois sentimentos: o primeiro é o da indignação, da profunda indignação dos homens de bem, quando são atacados na sua honra, quando são caluniados, quando são covardemente ofendidos.
Mas, trago um outro sentimento, que é o da serenidade daqueles que nada, absolutamente nada têm a temer. Eu não cheguei ontem a esta casa e tantos aqui são testemunhas disso. Tenho mais de 30 anos de mandatos conquistados com muito trabalho, mas também com muita honra e sempre dedicado à defesa dos interesses da minha gente em Minas Gerais e no Brasil. Tenho me preparado ao longo de todos esses últimos anos, para o enfrentamento. E o tenho feito à minha maneira: denunciando, acusando, quando necessário, e propondo quase sempre, mas sempre, sempre mantendo, no meu comportamento e nas minhas ações, o limite da responsabilidade, da ética e do respeito.

Nos últimos dois anos em especial, desde que me tornei um adversário em potencial do petismo, em especial deste governo, os ataques se avolumaram. Quem não se lembra dos ataques sórdidos a mim, à minha família, durante todo o processo eleitoral? Eu me lembrava, ontem, de manhã, de alguns episódios da campanha eleitoral, quando um dos principais jornais brasileiros – e, depois, seguido por vários outros – estampava, em sua primeira página, que o então candidato Aécio Neves havia construído, em terras particulares de um parente seu, um aeroporto na cidade de Cláudio.

Não adiantava eu mostrar que aquilo, a partir de denúncias do PT, já tinha sido arquivado pelo Ministério Público de Minas Gerais, rearquivado pelo Ministério Público. Aquela quase assombração me acompanhou durante a campanha eleitoral. Eu me lembro que, no espaço mais nobre da campanha, o Jornal Nacional, da Rede Globo, dos dez minutos, para nós, da oposição, tão caros e tão relevantes, mais da metade do tempo foi utilizado para que eu me defendesse de algo que não precisava de defesa.

Pois bem, o tempo passou, a campanha passou, os promotores do Ministério Público voltaram a investigar aquela obra, e o Conselho do Ministério Público, de forma definitiva e cabal, arquivou aquelas denúncias do Partido dos Trabalhadores por uma razão: considerou que a obra era correta. Não houve superfaturamento, não houve direcionamento. Ao contrário, beneficiou uma comunidade inteira sem privilégio a quem quer que fosse; ao contrário, em desfavor daquele parente meu citado.

Cito apenas esse episódio, porque nós estamos aqui frente a outros episódios que não são os primeiros. Desde o início das investigações da Operação Lava Jato, não foram poucas as tentativas de vincular nomes da oposição a essas apurações que vêm mostrando ao Brasil, de forma clara, de forma transparente, tudo aquilo que foi engendrado e operado por aqueles que se apoderaram do Estado nacional ao longo dos últimos anos, em busca de um projeto de poder.

As acusações a nós, da oposição – e não fui eu apenas a única vítima –, foram inúmeras. Mas todas elas, com o tempo, foram se desfazendo, porque não há nada, não há nada mais vigoroso, não há nada mais consistente do que a verdade. Ela sempre prevalecerá; prevaleceu nesse episódio ao qual me referi da campanha eleitoral e prevalecerá também nesses episódios.

Quero ser muito objetivo em trazer a esta Casa e aos meus pares que me conhecem há tanto tempo explicações; explicações que eu não deveria trazer. Não deveria ser necessário. E eu pensava comigo, Presidente Renan: qual teria sido a motivação, o que faria com que um Senador da Republica, pego cometendo um crime, me acusasse de forma tão leviana, tão irresponsável e tão improcedente?

Trouxeram-me, há poucos dias, uma notícia que circulou num importante jornal brasileiro, no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, com a seguinte manchete – eu não li na época –, logo após a prisão do Senador Delcídio:

“Delcídio não perdoa Aécio. Não é de bom tom pronunciar o nome de Aécio Neves na cela onde Delcídio Amaral está preso. Delcídio não esquece a frase do presidente do PSDB no dia de sua prisão [disse eu, segundo a transcrição]: O sentimento foi primeiro de perplexidade, quase que de descrença. Depois, quando os documentos começaram a ser distribuídos, o sentimento passou a ser de indignação. A gente viu que ele agiu quase como o chefe de uma grande máfia.”

Teria sido essa a razão para o senador Delcídio incluir na sua delação acusações tão torpes, tão vis, tão irresponsáveis como essas que hoje o Brasil inteiro desfruta? Ou simplesmente seria a intenção de equilibrar um pouco o jogo, já que os ataques ao governo eram muito duros? “Quem sabe se coloque aqui também algum nome da oposição, mesmo que de forma irresponsável e improcedente, para misturar um pouco as coisas.”

Pois bem. Os indícios de alguma coisa parecida não são poucos. Há uma semana, um grupo de parlamentares do PT esteve na Procuradoria-Geral da República e lá, segundo o relato que me trouxe um deles, foi dito pelo chefe daquela excursão ou daquela comitiva: “Investiguem o Aécio Neves, ele é o Presidente do PSDB. Não importa se seja procedente, se haja alguma coisa crível. Apenas investiguem que isso é bom para a PGR.”

Isso foi dito em uma reunião da qual participaram sete Parlamentares do PT, inclusive dois do meu Estado. Mas eu não quero aqui ficar apenas em tese, em teorias conspiratórias. Eu tenho o dever de trazer esclarecimentos e esclarecimentos definitivos em relação àquilo que é irresponsavelmente lançado sobre mim.

Eu queria dizer que até mesmo os inescrupulosos da política costumam ter algum bom senso, algum cuidado, algum pudor em não trazer, para o embate político, familiares nossos, cujas atividades não têm absolutamente nada a ver com aquela que aqui exercemos na política. Estamos prontos para o embate, para o enfrentamento, nos moldamos para isso.

Mas mesmo os mais inescrupulosos têm cuidado, têm pudor em fazer aquilo que fez o Senador Delcídio do Amaral.

Eu peço, neste instante, licença e desculpas a minha mãe, trazida a esse episódio, repito, da forma mais vil e cruel possível. Minha mãe foi casada, durante quase 30 anos, com um grande banqueiro brasileiro, um empresário das mais variadas atividades. E, no ano de 2001… E não precisaria nem eu estar trazendo isso hoje ou sequer uma revista semanal publicar, com ares de escândalo, essa notícia, porque ela já circula nos blogs do submundo do petismo, patrocinados pelo governo, há muito e muito tempo.

Esta questão surgiu na campanha eleitoras, esta questão vem surgindo, ao longo dos últimos anos, de forma extremamente insistente, mas nenhum veículo sério da Imprensa brasileira, ao ver aquela matéria, ao ver do que se tratava, ousou sequer trazer isso a baila por compreender que nada havia desse episódio que contaminasse o meu mandato e a minha atividade política.

Pois bem, devo aqui, por dever de consciência, prestar esse esclarecimento em rápidas palavras porque foram três as citações do senhor senador Delcídio do Amaral a meu nome. A primeira é essa: quero dizer aos senhores que a minha mãe no ano de 2001, estimulada pelo seu marido, iniciou procedimento de abertura de uma fundação legal, legitimamente constituída, que a partir da venda de imóveis que faria poderia deixar, no futuro, uma poupança para o estudo dos seus netos. Era essa sua intenção, o tempo se passou, ela não complementou os documentos dessa fundação, seu marido adoeceu e depois, infelizmente, veio a falecer. Para se ter uma ideia, essa fundação que não foi sequer constituída, nos seis anos em que esses documentos ali ficaram parados, teve a transferência, ela transferiu recursos para a fundação que totalizaram US$5 mil anuais. Durante sete anos, até a extinção de todo esse procedimento para a manutenção, de taxas que era cobrado por aquele que a formalizava, ela fez depósito de em torno de US$30 mil em seis anos, US$5 mil dólares anuais.

Muitas vezes menos do que aquilo que o Banco Central orienta ou determina que sejam publicados, que sejam declarados, mas mesmo assim após a morte do seu marido, do seu companheiro, e ela tendo extinto esse procedimento, não tendo querido dar continuidade porque não sabia sequer como conduzir isso, ela recebe esses documentos da extinção desse processo da fundação sem que nenhum recurso dessa fundação – nós estamos falando do ano de 2007 – tivesse sido ali movimentado, recebe, portanto, uma conta onde esses recursos dessa manutenção haviam sido depositados, cerca, em média de US$5 mil anuais, consulta um advogado, já a partir da morte do seu marido e ele diz que ela deveria declarar, naquele instante, essa movimentação do seu ela fez isso ela declarou no seu Imposto de Renda é essa movimentação no seu Imposto de Renda. Ela fez isso, ela declarou no seu Imposto de Renda essa movimentação lá atrás.

Pois bem, a partir de uma investigação que foi feita na residência desse responsável por essa instalação, por essa propositura da fundação, por inúmeras outras ações que ele havia cometido, esse documento é encontrado e, nesse documento, o Ministério Público argui a senhora minha mãe, ela dá todas as explicações cabais.

O que fez o Ministério Público do Rio de Janeiro? Naquele ano, pediu o arquivamento desse procedimento. O que fez a Justiça Federal? Atendeu o Ministério Público e arquivou esse procedimento. Faço aqui uma pergunta: onde está o dolo? Onde está a vinculação dessa questão de um ato privado da minha mãe e do seu marido com a minha atividade pública? Onde está o vínculo? Ele simplesmente não existe!

Mas, mesmo assim, um deputado do PT, no ano passado, pegou esses dados que circulavam em um ou em vários desses blogs do submundo da política e solicitou ao Procurador-Geral da República que reabrisse essa investigação.

Ele recebeu os dados, analisou-os, buscou informações. E o que faz o Procurador-Geral da República? Arquivou novamente esse procedimento, porque, repito, não há nenhuma ilegalidade, não há nenhum dolo, não há nenhum ato que comprometa, não apenas a mim, mas a minha própria mãe neste episódio.

Pois bem, ele foi trazido à baila, e eu peço aqui esse esclarecimento aos brasileiros. Portanto, esse procedimento, que já estava nos blogs do PT, repito, há muitos e muitos anos, é tratado hoje como um escândalo, como uma coisa nova.

Não há nada de novo, é um procedimento usual, um procedimento que teve o aval da sua idoneidade e da sua correção dado pelo Ministério Público e pela Justiça do Rio de Janeiro.

Quero aqui ater-me à segunda referência que faz o senador Delcídio do Amaral ao meu nome: a fatídica, a conhecida farsa da chamada lista de Furnas.
Mais uma vez, essa lista de Furnas já levou à prisão o estelionatário que a formulou. Na verdade, não é uma, são inúmeras listas de Furnas. Quando esse cidadão foi preso, foi encontrado no computador dele a mesma lista com nomes do PT. Isso é público, isso está no inquérito Polícia Federal!

Eu utilizei isso para demonizar os parlamentares do PT que eram adversários políticos? Nunca! Mas volta e meia esse assunto surge. Vários dos Parlamentares que aqui estão conhecem bem a lista de Furnas, porque foram irresponsavelmente incluídos nela também.

O que diz o Senador Delcídio? “A lista pode ser falsa, mas o seu conteúdo pode ser verdadeiro”. E diz o senador na sua delação, falando dos recursos – abro aspas: “Ele não sabe ao certo quem os recebia e de que forma. Não sabe quem são os operadores do esquema e como esses repasses são feitos” – fecha aspas.

Mas sabe que eu era beneficiário desse esquema. Isso é falso! Isso é irresponsabilidade! Isso na verdade vem sendo dito, nos corredores, vem sendo dito na sarjeta da política há muito e muito tempo, sem que absolutamente nada pudesse ser provado em relação à minha conduta, porque ela é honrada, ela é ética.

Portanto, essa foi a segunda irresponsável citação do senador Delcídio amparada no que já havia dito um doleiro, que depois se desmente ao dizer que jamais na vida havia tido qualquer contato comigo, nem a distância.

Vamos à terceira questão. Eu não quero paralisar as votações do Congresso Nacional. E mais uma vez agradeço a paciência e a atenção dos meus pares do Congresso Nacional. Diz o senador Delcídio do Amaral que quando presidente da CPI dos Correios era eu governador do Estado de Minas Gerais – e aqui não me lembro de ter estado uma vez sequer a tratar desse assunto – teria atendido a pleitos que a ele teriam sido levados por terceiros. Esses terceiros, como o prefeito do Rio, desmentem de forma categórica essa ação.

Quero aqui, de público, agradecer a manifestação espontânea, líder Imbassahy, e peço que leve a ele esse reconhecimento, que fez o deputado Osmar Serraglio, relator da CPI dos Correios, que disse que em nenhum momento, em nenhum instante esse tema foi levado à CPI e ele sequer tomou conhecimento de alguma ação que pudesse ser de meu interesse durante todo o procedimento da CPI. E seria ele, como relator, a figura central a de alguma forma conduzir aquilo que o senador chamava de algum arranjo. Isso não existe. Não tive nenhuma relação próxima com o Banco Rural durante toda a minha vida. Poderia até ter tido, mas não tive. Não tive conta, não tive empréstimo, nenhuma, absolutamente nenhuma relação com o banco! Não há, como ficará provado de forma clara, nenhum interesse meu, pessoal, e acredito de todos aqueles que ao meu lado estavam, no meu governo, com as questões relativas àquele banco.

Mas surge esta denúncia: “Não, o senador tinha interesses naquela questão”. E aí eu tenho que agradecer ao senador Delcídio, porque, como se diz na minha terra, o diabo mora nos detalhes, porque resolve dizer que esteve comigo para tratar desse assunto em Belo Horizonte, na sede do governo, e que depois eu mandara levá-lo ao Rio de Janeiro. Sim, o senador Delcídio esteve comigo na sede do governo. Solicitou uma audiência comigo na sede do governo. Sabem quando? Mais de dois meses depois do encerramento da CPI, mais de dois meses depois de o relatório ter sido votado. Poderia eu naquele tempo, em junho, no ano de 2006, estar solicitando a ele um empenho em algo que já havia sido finalizado?

Eu quero de forma absolutamente serena, mas absolutamente firme dizer: Cada uma dessas questões será esclarecida, porque eu não vou fazer aqui uma defesa, atacando as nossas instituições, atacando a Operação Lava Jato, o Ministério Público, atacando a Polícia Federal. Que façam o seu trabalho.

Estou encaminhando todos os documentos que mostram, de forma cabal e definitiva, aquilo que aqui estou atestando. Vão a fundo, avaliem e investiguem e me deem um atestado de absoluta correção.

Não aceitarei que uma vida pública honrada, respeitada pelos brasileiros, em especial, pelos mineiros, seja manchada por alguém, para que de alguma forma se proteger ou se safar de medidas que a ele seriam impostas, venha atacar a honra daqueles que fazem política, porque acreditam na política como instrumento de transformação da vida da nossa gente.

Quero aqui dizer que a minha determinação, a minha coragem de mudar este País é cada vez maior, são com ataques como esse, como aconteceu na campanha eleitoral, por inúmeras vezes, que eu vejo a minha força ainda aumentada, a minha disposição e a minha determinação, além da minha coragem recrudescida. Vou continuar combatendo este governo que aí está. Este governo que destruiu as nossas empresas, que destruiu as nossas economias, mas que eu não vou permitir que destrua a minha reputação.

Nós vamos continuar lutando por um Brasil diferente, onde a ética e a eficiência possam efetivamente caminhar juntas. Quero, portanto, parlamentares, dizer que estou encaminhando amanhã à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal, todos os documentos para que sejam analisados e comprovem, de forma absolutamente definitiva, que fui vítima de um ardil, fui vítima ou de uma vingança ou de uma operação política construída, mas sairemos disso ainda mais fortes, para, a partir desses próximo dias, intensificarmos as nossas ações na Câmara dos Deputados pelo impeachment da Presidente da República, para que o Brasil se livre deste governo e construa uma nova fase na sua história e na história de todos os brasileiros.”

Aécio Neves – Entrevista coletiva

Brasília

Sobre delação de Delcídio Amaral.

Tomei conhecimento hoje da íntegra da delação do senador Delcídio do Amaral. E além de absurdas e requentadas as citações ao meu nome, ou apesar disso, quero dizer de antemão que é preciso que se aprofunde na apuração de todas as citações ali contidas. Este aprofundamento vai separar o verdadeiro do falso.

No que diz respeito ao meu nome quero dizer que sou o maior interessado que isso seja apurado, em profundidade, são três questões que não se conectam e que, na verdade, são questões conhecidas e requentadas. Quero aqui fazer referência a elas.

A primeira diz respeito a uma fundação que cuja constituição foi iniciada pela minha mãe, no início do ano 2000, quando ela ainda era casada e o seu marido era do sistema financeiro. Com a doença dele e depois a morte, essa fundação não foi concluída. Jamais houve qualquer transferência de recursos para ela. E esse assunto já foi objeto de uma investigação pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro que pediu há vários anos o arquivamento que foi feito pela Justiça Federal no Rio de Janeiro.

Esse assunto já habitou o submundo dos sites petistas nos últimos anos. Durante a campanha eleitoral tentou-se levantar alguma irregularidade e não foi encontrada. Tanto que este assunto que circulou por várias redações jamais foi tratado com seriedade porque não tem absolutamente nada a ver com a política.

Lista de Furnas

A segunda questão diz respeito à conhecida lista de Furnas, talvez a maior fraude da política brasileira nos últimos anos. A lista de Furnas já teve o seu autor condenado por mais de sete anos. Cumpriu pena em Minas Gerais. É ainda investigado e processado por inúmeros outros crimes e essa lista não é uma, são inúmeras listas de Furnas para todos os gostos. Constituída para chantagear determinados agentes políticos, inclusive do PT. O senador Delcídio na sua delação comete pelo menos uma contradição que considero grave. Ele diz que a lista de Furnas não é verdadeira, mas, mesmo assim, políticos teriam recebido dinheiro dela. Isso é falso. É mais uma vez a repetição daquilo que já foi de forma cansativa repetido ao longo dos últimos meses e dos últimos anos, inclusive objeto de arquivamento por parte da PGR.

CPI dos Correios

Ao final, o senador Delcídio surge com uma história de que, durante a CPI dos Correios, houve uma interferência minha, através de outros agentes políticos, para que o Banco Rural de Minas Gerais pudesse maquiar dados. Vejam bem: muitos daqui participaram e acompanharam aquela CPI. Em nenhum momento, meu nome sequer foi citado para colaborar em qualquer uma das investigações que ali existiam. Jamais tive conta, jamais fiz um empréstimo, jamais tive qualquer relação com o Banco Rural e é incompreensível que esses interesses do Banco Rural, que ele relata, pudessem de alguma forma me atingir. Ao contrário, repito mais uma vez, o que queremos é que seja apurado em detalhes, e que seja apurado em profundidade. Soube agora há pouco, inclusive, que o relator da CPI na época, deputado Osmar Serraglio, publicou uma nota desdizendo o que disse o senador Delcídio, que em nenhum momento houve qualquer ação ou qualquer pedido meu e de quem quer que fosse no sentido de atender a interesses do Banco Rural, assim como já foi negado pelos outros agentes citados.

É, portanto, em uma hora como esta que devemos ser firmes na busca da apuração. Quero que isso vá a fundo. Sou o maior interessado em que tudo isso seja esclarecido, pois isso será um atestado de idoneidade que receberei, ou mais um.

Não é a primeira que vez que tentam colocar não apenas o meu nome, mas de outros agentes da oposição, nesse mar de lama que a Lava Jato vem mostrando a todo o país. Portanto, minha resposta a isso é de forma serena, pedir que se aprofundem nas apurações para que possamos ter isso clareado. E todas as três citações tratam-se de matérias absolutamente requentadas, sem qualquer – a meu ver – comprometimento meu ou dos outros agentes políticos citados.

Por que o senador Delcídio tem interesse em envolver o nome do sr. nessa delação?

Não consigo compreender essa razão. Mas repito: todas as questões citadas são questões velhas, requentadas, que já foram noticiadas em jornais ou em blogs que ele traz na sua delação. Não há absolutamente nada de novo e nada consistente e que, do meu ponto de vista, mereça qualquer tipo de preocupação.

A oposição pretende aditar essa delação ao processo de impeachment contra a presidente Dilma?

Os advogados do PSDB estão reunidos junto com advogados de outros partidos da oposição exatamente nesse instante, ou se reunirão daqui a pouco, exatamente para ver as ações que serão tomadas. Defendo que tudo seja apurado, investigado em profundidade. É isso que vai separar o que eventualmente é verdadeiro daquilo que é falso, daquilo que é uma tentativa de nivelar a todos. Não seremos nivelados. Não seremos nivelados àqueles que ocuparam, que se apropriaram do Estado Nacional em benefício de um projeto de poder e em benefício próprio.

Já alertava lá atrás desde o início para essa tentativa sucessiva de vincular nomes da oposição nesse processo. Acho que tudo que vier tem que ser investigado a fundo. Obviamente, vocês encontrarão aí argumentos para dizer que isso é verdadeiro e que isso é falso, como já aconteceu no passado. Estou absolutamente preparado não apenas para mais essa tentativa, mas para outras futuras que virão.

Continuo onde sempre estive: combatendo o PT, combatendo o partido do senador Delcídio, – o que fiz a vida inteira – combatendo o governo da presidente Dilma, que vem infelicitando o país. E, agora, o que temos que buscar rapidamente é uma saída para o Brasil, e a saída que queremos para o Brasil não cabe a presidente da República, que perdeu as condições mínimas de governabilidade. O nosso esforço é, em entendimentos, em conversas com as outras forças políticas do Congresso Nacional, e o PMDB em especial pelo papel estratégico que ele aqui exerce – buscarmos um entendimento que apresse a substituição desse governo, seja pelo impeachment, seja por uma outra saída.

Ele está mentindo em relação a presidente Dilma?

Eu não sei, eu não tenho informações. O que posso garantir é que todas essas questões nas quais eu fui referido são velhas, requentadas e absolutamente frágeis, falsas e não se sustentam.

Ele cita uma conversa com o sr.

Sobre CPMI é uma mentira, porque essa conversa – basta ver as datas – ela ocorre mais de dois meses depois da CPMI já ter sido extinta, já ter sido encerrada. O senador Delcídio me pediu, à época, uma audiência, falou da sua candidatura ou pretensa candidatura ao governo do Mato Grosso do Sul, buscando ali algum entendimento com o PSDB, falamos de assuntos do Brasil e absolutamente nada, até porque, repito, ao contrário do que ele faz crer em delação, a CPMI já havia sido concluída com o seu relatório votado e aprovado mais de dois meses antes.

Então não há, a meu ver, o que temer. Ao contrário. Eu quero que isso seja apurado em profundidade, porque eu quero entender as razões que fazem o senador Delcídio, que não é meu aliado, jamais foi meu parceiro em absolutamente nenhuma ação política, possa querer envolver um nome da oposição.

Sobre pedido de impeachment da presidente Dilma.

Só fortalece para mim. A minha determinação hoje é muito maior de ir em frente. O Brasil não aguenta mais esse governo como está. Então essas citações absurdas e laterais, do meu ponto de vista, só aumentam a minha determinação de ir em frente e colocar fim a esse governo.