Aécio Neves – Entrevista Coletiva em Bauru

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva, neste sábado (30/11), em Bauru (SP), onde participou do Encontro Regional do PSDB – Centro-Oeste paulista. Aécio Neves destacou que tem percebido um sentimento de mudança, por parte dos brasileiros, nas viagens que tem feito pelo Brasil.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a viagem

Há um sentimento, aqui em Bauru também, e na região, que eu tenho colhido em todas as viagens que temos feito pelo Brasil. Um sentimento de mudança. O Brasil, na verdade, quer e merece muito mais do que está tendo. E o papel do PSDB, e venho hoje a Bauru como presidente nacional do PSDB, é exatamente de apresentar ao Brasil um novo projeto. Mais ousado, no ponto de vista das políticas públicas; mais eficiente na gestão do Estado; mais ético – e isso para nós é essencial – que possa permitir ao Brasil voltar a crescer de forma sustentável.

O Brasil tem hoje uma equação extremamente perigosa, que é de inflação alta, crescimento baixo. Vamos crescer este ano apenas mais que a Venezuela na nossa região, na América do Sul, e não é justo para um país com tantas potencialidades como o Brasil estar entrando novamente no final da fila no que diz respeito a investimentos, sobretudo internacionais.

Temos andado pelo Brasil inteiro construindo essa proposta. Ainda este ano vamos lançar um conjunto de ideias em que vamos colocar a discussão do Brasil, aquilo que na visão do PSDB, dos nossos filiados, é essencial para nós, como disse, retomarmos o crescimento econômico em bases sólidas, restabelecermos a credibilidade perdida do Brasil, avançarmos nas políticas sociais. E essa nova agenda, estamos construindo com base em encontros como este, onde conhecemos um pouco mais a realidade de cada região, suas expectativas, suas angústias, muitas vezes, mas, no fundo, sou um otimista e acho que o PSDB irá representar, no momento certo, a mudança segura que tantos brasileiros querem, e aqui hoje pudemos assistir isso desde que cheguei mais cedo em Bauru.

 

Sobre a importância de São Paulo nas eleições

São Paulo decidirá a eleição. Não tenho dúvida sobre isso e não tenho qualquer constrangimento de dizer, ao contrário. Daremos uma prioridade absoluta a São Paulo, seja pelo êxito e pela excelência das administrações do PSDB, em especial agora do governador Geraldo Alckmin. Temos um partido, em São Paulo, orgânico, estruturado, que tem ideias, que tem propostas. Isso me alegra muito. Já estamos com uma agenda intensa em São Paulo, apenas nas próximas semanas, ainda estaremos na semana que vem, sexta-feira, em Campinas, no sábado em Sorocaba, na outra sexta em São José dos Campos, no outro sábado em Santos, sempre em encontros regionais como esse.

O PSDB não tem a opção de apresentar um novo projeto. O PSDB não tem a possibilidade de lançar uma candidatura. Temos a obrigação e a responsabilidade de dizermos ao Brasil, de forma muito clara, que temos uma proposta alternativa. Mais solidária com os municípios e com os estados, que rompa esse ciclo de concentração absurda e perversa de receitas tributárias nas mãos da União. Hoje, por exemplo, 45% apenas do financiamento global da saúde vêm da União. Há 10 anos, quando o PT assumiu o governo, era 56%. Hoje, em segurança pública, essa grande tragédia nacional, agravada por essa epidemia de drogas, em especial o crack, avassaladora, que tomou conta de todo o Brasil, os estados e municípios investem 87% de tudo o que se gasta em segurança pública no Brasil. A União, que é quem mais tem, que se apropria de mais de 60% do conjunto dos recursos tributários do Brasil, que tem a responsabilidade pelo controle das fronteiras, do tráfico de drogas, do tráfico de armas, participa com apenas 13%. São alguns exemplos, e eu poderia citar inúmeros outros, que mostram a pouca generosidade, hoje, do Brasil, com os estados e com os municípios.

São Paulo é um exemplo claro que as transformações ocorrem a partir das forças locais, dos arranjos políticos, dos arranjos econômicos e sociais locais. Daremos não apenas agora, mas durante todo o processo eleitoral, uma importância especialíssima a São Paulo. Estamos convencidos de que, se vencer em São Paulo, venceremos as eleições no Brasil.

 

Sobre a unidade do partido e o apoio de lideranças da região

Isso é fundamental. As lideranças regionais terão peso nessa eleição maior do que em qualquer outra. Eu venho a Bauru pelas mãos do companheiro Pedro Tobias, sempre presidente do PSDB, talvez aquele que desde o início mais estimulou nossa caminhada. Ele pensa, ele respira, ele trabalha pensando na região, em Bauru, e no Brasil. E esse é o PSDB.
O PSDB está pronto para o debate em qualquer área. Querem debater economia? Vamos lá. Somos o partido da estabilidade, das privatizações, da modernização da economia. Eles são o partido da instabilidade, da perda de credibilidade, da alquimia fiscal, da não transparência dos dados.

Querem debater gestão? Consideramos o setor privado um parceiro essencial aos investimentos, sobretudo em infraestrutura. Prezamos o planejamento. Eles não, eles demonizaram o setor privado até onde puderam e são o governo do improviso. Por isso, o Brasil é hoje um cemitério de obras inacabadas por onde você anda.

Querem debater as questões sociais? Vamos lá. O PT prefere, ou se satisfaz, com a administração diária da pobreza. Queremos muito mais. Queremos a superação da pobreza. Queremos políticas de inclusão. O Bolsa Família está aí? Está. O DNA dele é nosso. Vai continuar? Vai continuar. Mas pra eles, o Bolsa Família é o ponto de chegada. Pra nós do PSDB, é o ponto de partida apenas.Queremos muito mais do que isso.
O PSDB se prepara para o grande debate. Querem debater no campo ético? Essa é a que mais me alegra. O PSDB sabe que o Estado tem que estar a serviço da sociedade, não de um projeto de poder. É grave o que assistimos permanentemente por parte de figuras expressivas do PT, que se apropriam do Estado, colocam o Estado, estruturas do Estado, a serviço de um projeto de poder.

Vai chegar a hora da verdade. O PSDB se prepara pra ela de forma corajosa, altiva e, sobretudo, com a experiência que adquirimos em governos de excelência, como o governo de Geraldo Alckmin, como o governo de Minas e tantos outros espalhados pelo Brasil.

 

Qual a melhor forma de conter a inflação?

Em primeiro lugar, tolerância zero com a inflação. O PT flexibilizou a condução da política econômica, daqueles pilares herdados do governo do PSDB – de meta de inflação, câmbio flutuante, superávit primário –, que na verdade nos possibilitou uma travessia segura até determinado momento, o PT os flexibilizou a partir do segundo mandato do presidente Lula.

Temos uma inflação hoje sempre no teto da meta, ou rondando o teto da meta, o centro da meta é uma ficção hoje, é uma meta virtual. A inflação de 6%, hoje, existe porque existe um conjunto de preços que estão represados hoje. Preço de combustíveis, preço de energia, preço de transporte público. E esses preços controlados têm inflação em torno de 1%. Isso é uma panela de pressão. Na hora que essa tampa sair, e em determinado momento ela vai sair, a inflação explode. E a inflação de alimentos, que é aquela que mais pune o trabalhador, o assalariado, já está em dois dígitos.

A presidente da República diz que não, não tem inflação. Ao mesmo tempo o Banco Central aumenta a Selic e volta aos dois dígitos. Então, tolerância zero com a inflação, como? Com transparência. Os números não podem ser maquiados como têm sido pelo PT.

E a grande verdade que quero dizer para vocês aqui é que o PT quando segue a cartilha do PSDB, acerta. As poucas vezes que o PT acerta é quando segue a nossa cartilha.
Na questão macroeconômica, no primeiro mandato do presidente Lula, desdizendo seu discurso, esquecendo tudo que disse na campanha eleitoral, ele segue os postulados da responsabilidade fiscal, com o registro de que votaram, inclusive, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o PT.

Quando esquece o programa social, que foi um programa da campanha e anunciado com pompa durante o início do governo do presidente Lula, o Fome Zero – muitos aqui se lembrarão disso – e se apropriam dos programas do PSDB, eles acertam. Eles ampliam e unificam os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Vale Gás, herdados do governo Fernando Henrique. Ponto para eles. Fizeram corretamente.

Demonizaram durante 10 anos as concessões e as privatizações, quase como um crime de lesa-pátria. Era quase um crime a parceria com o setor privado. Hoje as fazem, mas fazem de forma envergonhada.

A grande verdade é que tem um software pirata em execução no Brasil e vamos trabalhar para reconquistar o direito do software original ser colocado em execução.

 

Sobre investigações em São Paulo

Têm que ser investigadas em profundidade. Se houver qualquer responsabilidade, seja de alguém próximo ao PSDB – e nada foi provado até agora –, seja ligado a outros partidos ou sem partidos, têm que ser responsabilizados. O que não podemos aceitar, porque isso é uma violência para com a própria democracia, é a utilização irresponsável de estruturas de Estado para acusar adversários. Vocês sabem que cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça.

O PSDB foi vítima, ao longo de todas as últimas campanhas eleitorais, da irresponsabilidade do PT, dos dossiês fajutos, dossiê Cayman, lá atrás, os aloprados, a Lista de Furnas, o sigilo da família do companheiro José Serra. E, agora, vem algo que ninguém conseguiu explicar ainda.

O que solicitamos ao ministro da Justiça é algo muito simples: explique o que aconteceu. Como pode uma tradução de um documento ser diferente da versão original? Como pode um processo que caminha em sigilo ser todo dia vazado para a imprensa apenas no que interessa àqueles que estão no poder? Repito, isso não faz bem à democracia. Queremos que todas essas denúncias sejam investigadas, seja em São Paulo, seja em outras partes do Brasil, onde as denúncias também existem.

 

Sobre as comemorações de 19 anos do Plano Real?

Fizemos grandes eventos em Brasília, com todas as figuras representativas do Real, com o presidente Fernando Henrique junto, temos um orgulho enorme do Real, da estabilidade. [Tivemos] uma exposição que ficou durante 40 dias no Congresso Nacional mostrando a história dessa reconquista. Acho que foram dois grandes momentos. A democracia foi fundamental, a nossa liberdade. E o Real possibilitou ao povo se libertar do mais perverso dos impostos que era imposto inflacionário.

Infelizmente, a grande verdade, é que o PT está colocando até isso em risco. A agenda que achávamos que tínhamos superado lá atrás é a agenda de hoje, da instabilidade econômica, do retorno da inflação, da perda de credibilidade do Brasil. Na hora em que devíamos estar aqui discutindo uma agenda nova para o mundo, inovação, aumento de produtividade, as empresas brasileiras entrando nas cadeias globais de produção, um alinhamento internacional não ideológico e atrasado, mas pragmático, em favor do crescimento da economia brasileira e de geração de empregos aqui, estamos com a agenda de 15 anos atrás.

O PT coloca em risco as principais conquistas vindas do PSDB, a começar pela estabilidade da moeda, passando pela responsabilidade fiscal e, tudo isso, emoldurado por algo que é essencial, a credibilidade do Brasil. Porque a credibilidade perdida, a ameaça de rebaixamento que eu espero que não ocorra na nota de crédito, de rating do Brasil, inibe os investimentos. Isso é essencial para o Brasil.

A aposta do PT foi equivocada no momento em que apostou no crescimento apenas via consumo, a partir da oferta de crédito amplo para todo o país. Isso foi importante no momento de crise, era importante injetar recursos no mercado, mas isso era uma política anticíclica. Tínhamos de, ao lado disso, criar um ambiente estável para, no momento em que o crescimento pelo consumo viesse a se exaurir, como aconteceu, hoje 63% das famílias brasileiras estão endividadas, precisávamos ter, para complementar o crescimento, o quê? Investimentos. Investimentos que gerassem renda e emprego. O que o governo fez? Intervencionismo absoluto, acabou com as agência reguladoras, não há respeito às regras hoje no Brasil e o investimento privado ficou fora, afugentou o investimento privado. Estamos aí no final da fila, crescendo de forma pífia, no momento em que a própria América do Sul cresce, no período de governo da presidente Dilma, quase dois terços mais do que cresce o Brasil.

Unidade do PSDB marca encontro de tucanos em Bauru

No encontro que reuniu mais de 1.200 pessoas da região do Centro-Oeste paulista em Bauru, com a presença do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, o partido realizou, neste sábado (30/11), o sexto encontro deste ano de municípios paulistas sob a marca da unidade.

A importância de São Paulo e a unidade das lideranças e filiados em torno da construção de um novo projeto para o país foram as palavras de ordem dos líderes tucanos reunidos no encontro, como do deputado estadual Pedro Tobias;  dos prefeitos, representados por João Cury (Botucatu); e dos parlamentares, representados hoje em Bauru pelo senador Aloysio Nunes e pelo secretário de Energia de São Paulo, deputado federal licenciado Jose Aníbal.

“Temos um partido, em São Paulo, orgânico, estruturado, que tem ideias, que tem propostas. Isso me alegra muito. São Paulo é um exemplo claro de que as transformações ocorrem a partir das forças locais, dos arranjos políticos, dos arranjos econômicos e sociais locais. Daremos não apenas agora, mas durante todo o processo eleitoral, uma importância especialíssima a São Paulo. Estamos convencidos de que, se vencermos em São Paulo, venceremos as eleições no Brasil”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, em entrevista antes do evento.

Aécio ressaltou a força de São Paulo, onde iniciou uma série de encontros como presidente do partido, e que reuniu tucanos das regiões de Ribeirão Preto, Barretos, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Franca, além de Bauru. Aécio também fez palestra em Olímpia, durante Congresso dos Municípios do Noroeste Paulista. Nas próximas semanas, Aécio participará ainda de encontros com líderes das regiões de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos e Santos.

Para ele, o partido tem a responsabilidade de apresentar um novo projeto para o país que alie ética e eficiência e seja mais solidário com os municípios.

“O PSDB não tem a opção de apresentar um projeto novo, tem a responsabilidade. É nossa obrigação um projeto para o Brasil onde ética e eficiência caminhem juntas. Queremos a superação da pobreza, porque pobreza não é apenas privação de renda, é a privação de saneamento básico, de educação, de saúde. Falta compreensão ao governo federal de que ajudar um município é ajudar o cidadão. O PSDB está de cabeça erguida e está pronto para o debate em todo país. Coragem e determinação não nos faltam. Vamos disputar as eleições com uma confiança enorme, que vem da minha alma e do meu coração”, disse Aécio em discurso.

 

Cada vez mais unido

O senador Aloysio Nunes também alertou para a grave situação financeira vivida pelos municípios brasileiros e destacou que o partido está cada vez mais unido para mudar o país.

“Os problemas se acumulam: a inflação sobe, segura a gasolina. Investimentos caem? Tira impostos dos amigos e quebram os estados e municípios. As desonerações não funcionaram, a economia não cresceu, a inflação continua crescendo, os juros continuam altos, a gastança continua alta nos 39 ministérios. Mas posso dizer que estaremos todos juntos para mudar o Brasil. Daqui para frente o PSDB vai ser cada vez mais unido”, disse Aloysio.

O ex-presidente do partido em São Paulo e deputado estadual Pedro Tobias também ressaltou a importância da união do PSDB.

“Foi um sucesso a receptividade. Fico feliz com esse encontro, fomos recebidos com muito carinho. Aécio representa juventude, dinamismo, experiência. O PSDB está unido e é essa militância que vai mudar o país. A batalha será pesada e vamos precisar desse entusiasmo para enfrentar os adversários em 2014”, disse Tobias.

Aécio Neves – Entrevista Coletiva em Bauru

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), participou, neste sábado (30/11), de encontro com cerca de 1.200 pessoas de todo o Centro-Oeste paulista, em Bauru, e concedeu entrevista coletiva.

Aécio Neves – Entrevista Coletiva em Franca – 29/11/2013

O PSDB está pronto para o debate. A afirmação é do senador Aécio Neves que participou, nesta sexta-feira (29/11), em Franca, interior de São Paulo, de encontro com lideranças tucanas, entre eles deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores.

Aécio Neves – Pronunciamento realizado em Franca

O PSDB está pronto para o debate. A afirmação foi feita na noite desta sexta-feira (29/11), pelo presidente do partido, senador Aécio Neves, durante encontro político realizado, em Franca (SP). Aécio estava acompanhado do líder do PSDB no Senado, senador Aloysio Nunes; do presidente do PSDB-SP, deputado federal Duarte Nogueira; do prefeito de Franca Alexandre Augusto Ferreira. Estavam presentes deputados, prefeitos, vereadores, militantes e apoiadores.

 

Seguem principais trechos do pronunciamento do senador:

 

Debate na economia, gestão e na ética

Nós estamos prontos para o debate, em qualquer canto, isso é covardia. Nós somos o país das conquistas, da estabilidade, eles são da perda dessas conquistas. Eles querem debater a gestão? Isso é covardia. Nós somos da meritocracia. Nós somos dos resultados. Eles são do aparelhamento da máquina pública. Para os companheiros, tudo. E o resultado? Deixa que algum dia vem. Querem debater os programas sociais? O PSDB vai acabar com a Bolsa Família? Acaba nada, nós que criamos o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação.

Só que eu tenho uma visão absolutamente  diferente do PT. Para o PT, o Bolsa Família é o ponto de chegada. Para nós, o ponto de partida. Nenhum pai vai querer deixar para o filho um cartão do Bolsa Família. Eu quero comemorar daqui uns anos: 5 milhões de famílias a menos no Bolsa Família porque elas estão empregadas, porque se qualificaram e se prepararam.

Eu quero ir para o debate na ética, nos valores, nos princípios, que o governo do PT enlameou. Nós não somos iguais a eles. Existem denúncias? Vamos investigar em profundidade. Mas nós podemos olhar para a nossa história, pelo retrovisor, e dizer: nós construímos as páginas mais importantes da história do Brasil e queremos construir outras.

 

Ciclo do PT

Não há instrumento mais valioso na política, que seja mais importante para nos levar a qualquer vitória – acho que serve para a vida também, não apenas na política – do que a verdade, do que você estar convencido de algo e poder dizer isso acreditando até o último fio do seu cabelo. E eu acredito até o lugar mais longínquo, mais profundo da minha alma, que precisamos encerrar esse ciclo de governo do PT em benefício não do PSDB, em beneficio do Brasil e da própria democracia. Está na hora de colocarmos duas coisas que estão em falta no governo do PT, se é que em algum momento elas existiram, ética e eficiência na gestão pública.

 



Papel do PSDB

O PSDB não tem a opção sequer, não é uma possibilidade, apresentarmos uma candidatura e um projeto alternativo para o Brasil. É nossa obrigação,  é nossa responsabilidade. O partido da estabilidade da moeda, o partido da modernização da economia, o partido da Lei de Responsabilidade Fiscal, o partido das privatizações, sim, que foram fundamentais para que o Brasil crescesse em setores que não eram e não deveriam jamais ser de responsabilidade do Estado, está aí pronto para mostrar ao Brasil que não merecemos o governo que temos.

 

Responsabilidade para com o Brasil

A nossa responsabilidade não é para com o PSDB, com os nossos aliados. É com o Brasil. Se eles conseguiram cooptar e levar inúmeros aliados para próximos do governo, não conseguiram nos levar e não nos levarão. Nós vamos estar de cabeça erguida, andando por cada canto desse país, com a cabeça erguida.

 

Caminho inverso na economia

O Brasil, há dez anos, todos se lembrarão, era a bola da vez. O Brasil se preparava para entrar no rol dos países desenvolvidos. Hoje somos o patinho feio dessa história. Estamos fazendo a lógica econômica inversa à dos países que estão crescendo. Temos um PIB medíocre hoje no Brasil e uma inflação alta, no teto da meta. E olha que essa inflação, que o governo diz desconhecer, só está em 6% porque a inflação de preços controlados – energia, combustíveis, tarifas de transporte – está em 1%, porque estão controlados. Na hora que sair essa tanta dessa panela vai lá para cima. A inflação de alimentos já está novamente em torno de 10%. E perdemos hoje, – digo isso, muitos aqui tem contatos fora do Brasil, recentemente participei de um grande evento para investidores em Nova York – o Brasil perdeu o patrimônio mais valioso que conquistamos a partir do governo do PSDB. Respeitabilidade, credibilidade.

 

Federação

O Brasil precisa de um governo que seja mais generoso com a Federação, que compreenda que não pode se apropriar de forma tão crescente e permanente das receitas tributárias e levar os municípios a uma situação quase que de insolvência.

E, como dizia Montoro, as pessoas não moram no país, não moram no estado, moram no município. Os municípios precisam readquirir a sua condição deles próprios enfrentarem as suas dificuldades.

 

Saúde

Há dez anos – apenas dois ou três números muito claros que ilustram o que quero dizer –, quando o PT assumiu o governo, o governo federal participava com 56% de tudo que se gastava em saúde pública no Brasil, hoje participa com 45%. E quem cresceu a receita? Onde que esta a maior parte dos recursos? Cada vez mais na União.

 

Segurança Pública 

Não um lugar que a gente ande pelo Brasil que você não escute o clamor das pessoas, a preocupação permanente. Não é em grandes centros mais não, é no Brasil inteiro, grandes e pequenas cidades com o avanço da criminalidade, com essa praga que é essa epidemia do crack, que se alastra de forma incontrolável pelo Brasil inteiro. O governo federal, que é responsável pelo controle das nossas fronteiras, pelo (controle do) tráfico de drogas, pelo [controle do] tráfico de armas, sabe quanto investe em segurança pública? 13% de tudo o que se gasta no Brasil. 87% vêm aqui dos seus cofres da prefeitura de Franca, dos vizinhos e dos estados. Isso não é justo. Isso não é justo com o Brasil que precisa de solidariedade.

 

Gestão Pública

Eu sou de uma escola política que preza o entendimento. Que valoriza a boa negociação. Mas eu incorporo a essa minha escola uma paixão – pela boa gestão. Gestão de qualidade, onde o dinheiro público é aplicado corretamente, com transparência, é acompanhado e o benefício chega no final. O que virou o Brasil hoje? O Brasil é um grande cemitério de obras inacabadas. Ninguém me contou! Eu estou andando, eu estou vendo. Querem nos fazer crer que isso é razoável para a gestão pública. Não é.

Software pirata

O PT só acerta quando vem no rastro do PSDB. E, nós queremos construir outras. Foi assim com a questão macroeconômica do governo Lula, quando esqueceram, mas implementaram os pilares do cambio flutuante, meta de inflação e superávit primário depois abandonaram. Mas acertaram quando abandonaram o programa social deles, o Fome Zero, que eu nunca entendi o que era, e unificaram os programas de transferência de renda do governo FHC e fizeram bem. Vamos deixar de lado esse software pirata e trazer de novo o software original de quem tem convicções, de quem acredita efetivamente no que está fazendo.

 

Agronegócio

Nós todos, mineiros e paulistas dessa região, temos no café as nossas atividades econômicas mais importantes e que também vivem extrema dificuldade. Mas ao falar em café eu quero falar do agronegócio. Nós temos que parar de demonizar quem produz. Quem está no campo gerando renda. Quem está no campo gerando emprego. E se não fosse a atividade rural nesse país nós certamente estaríamos crescendo negativamente.  O que nós temos é que estimular que o produtor rural cada vez mais ganhe produtividade. Cada vez mais seja responsável no campo da sustentabilidade. Queremos e nos responsabilizamos pela preservação ambiental.

 

Quem muda o Brasil

O Brasil deve muito é a quem trabalha. Muitas vezes a gente ouve as lideranças do PT dizer que mudaram a vida de todos, de que o PT veio e resolveu a vida do Brasil. Não sei quantas mil pessoas que ascenderam de classe social. Balela! Quem muda a nossa vida somos nós. Quem muda a vida de cada um de vocês são vocês. O Estado tem que ser o parceiro. Tem que te dar transporte adequado, tem que dar educação adequada. Tem que te dar saúde digna. Tem que te dar segurança na porta de casa para que cada um construa o seu destino.

Aécio Neves – Entrevista coletiva em Franca

O senador Aécio Neves, em entrevista coletiva, hoje (29/11), em Franca (SP), falou sobre o encontro político com lideranças tucanas, entre elas deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores. O presidente do PSDB também comentou sobre a suposta formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo, o mensalão e eleições para o próximo ano.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a viagem do senador à região.

Aqui não tem fronteira entre Minas e São Paulo vivemos as mesmas angústias e, muitas vezes, também o mesmo otimismo. Nesse exato momento, temos problemas comuns. Seja no setor calçadista aqui em Franca, temos também um polo importante também em Minas Gerais, em Nova Serrana, e que passa por extrema dificuldade com a concorrência predatória de produtos asiáticos, com a pouca ação do governo no comércio internacional, de estímulo à entrada de produtos brasileiros em outras partes do mundo. E também na cafeicultura vivemos a mesma dificuldade nesse momento.

A grande verdade é que falta planejamento no Brasil hoje. Eu tenho andado por todas as partes, por toda a região e é com muita alegria que estou hoje em Franca construindo na verdade a nova agenda. O Brasil precisa de uma nova agenda, onde ética e eficiência possam caminhar juntas. Onde haja planejamento. Onde haja tolerância zero com a inflação, uma condução de política econômica sem essa maquiagem fiscal permanente que mina a credibilidade do Brasil. Estamos aqui começando a construção de um novo projeto de desenvolvimento sustentável em todas as regiões do Brasil. E eu vim aqui hoje para falar um pouco o que eu penso, mas também para ouvir muito da realidade da região.

 

Sobre suposta formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo.  

Queremos, em primeiro lugar, que todas as investigações prossigam, as apurações sejam feitas em profundidade e qualquer pessoa que comprovadamente tiver cometido alguma ilicitude, algum ato ilegal, tem que ser punido exemplarmente. Seja próximo ao PSDB, seja próximo a outros partidos. O que não podemos aceitar é a manipulação. É a utilização de instituições de Estado para o combate político. Todos lutamos muito para que a democracia chegasse no Brasil. E temos que assegurá-la. Esse uso político de determinadas instituições não faz bem à própria democracia. O que dissemos, e volto a dizer hoje aqui em Franca, é que existem, nesse episódio, momentos mal contados, ou etapas que não foram esclarecidas. E é preciso que o ministro da Justiça traga esses esclarecimentos, com absoluta serenidade. Por que o que aconteceu? Existia um documento, cuja cópia não corresponde ao original, ninguém mais assume a sua autoria, e nomes de pessoas sérias foram jogados ao mar, à lama. E não podemos permitir que isso ocorra. Se houver uma denúncia séria ela tem que ser investigada. Não apenas em relação ao PSDB, mas a membros de qualquer partido. Ou até sem partido. É isso que sempre pregamos. Mas quando fomos alertados que havia uma certa manipulação do caso, cobramos explicações do ministro, e vamos aguardar que, no Congresso Nacional – no Senado na terça e na Câmara na quarta – ele possa, com serenidade, com absoluta transparência, esclarecer o que efetivamente ocorreu.

 

Como o senhor vê a tentativa da Câmara federal de evitar a cassação dos deputados do mensalão?                                                                

Triste. Na minha avaliação, deveria haver apenas a notificação, pela Câmara dos Deputados, aos parlamentares que foram julgados, que foram condenados. Como ocorre na grande maioria dos países civilizados do mundo. A própria Itália, na última semana, deu uma demonstração disso: o todo poderoso, ex-premiê, Berlusconi, foi condenado há mais de dois anos, e a regra no Congresso, no Senado italiano é de que, condenado há mais de dois anos, ele fique impedido de cumprir o mandato. Infelizmente, essa não foi a interpretação da mesa da Câmara dos Deputados. Eu nunca torci, isso não me traz alegria, para um adversário político ser condenado e estar preso. Mas a decisão do Judiciário condenando aqueles sobre quem haviam provas contundentes e até absolvendo outros faz bem para a democracia. O que não podemos aceitar é o que o PT quer fazer, parecer, que houve ali um julgamento político. Não temos hoje, felizmente, no Brasil, nenhum preso político. Temos, na verdade, políticos presos que devem cumprir suas penas como devem cumprir todos os outros que foram ou vierem a ser condenados.

 

O que a região pode esperar de um possível governo do PSDB?

Generosidade e solidariedade. A base da nossa proposta está a refundação da federação. Nunca assistimos em toda a história republicana do Brasil uma concentração tão absurda de receita nas mãos da União em detrimento dos estados e municípios em situação quase pré-falimentar. Estou aqui ao lado do prefeito de Franca e de vários prefeitos que sabem o que vem passando. Hoje, para se ter uma ideia, o governo federal, em segurança pública, participa apenas com 13% de tudo que é investido, 87% vem dos municípios e estados. E são os que menos têm. Olha que o governo federal é responsável pela segurança das fronteiras e (combate ao) tráfico de drogas e armas. Falta generosidade para com os municípios e com os estados.

O governo do PSDB agirá, em primeiro lugar, com ética, com transparência. Em segundo lugar, terá uma responsabilidade muito maior na condução da economia. Para nós, é tolerância zero com a inflação, até porque acabamos com ela anos atrás. Do ponto de vista da gestão do Estado, não consideramos o setor privado como um inimigo a ser combatido, queremos como um parceiro para fazer investimentos em infraestrutura, nas rodovias e ferrovias, hidrovias, portos, porque isso é necessário para que a nossa economia possa crescer. Na área social, nós, do PSDB, não nos contentamos com a administração diária da pobreza, como parece satisfazer o PT. Queremos a superação. Pobreza para nós não pode ser vista apenas como privação da renda, que é um dos aspectos mais claros da pobreza, mas também a privação de serviços, saneamento, educação, saúde, a privação de oportunidade, é algo que também leva à pobreza extrema.

O que queremos inaugurar  um novo tempo para o Brasil onde não exista mais nós e eles. O governo do PT age assim: quem é aliado é a favor do Brasil, quem critica o governo, quem é oposição, é contra o Brasil. Isso não existe. Queremos um governo que seja realmente de todos os brasileiros, que faça as coisas certas, que não aparelhe o Estado com a companheirada, como faz o PT.   Que faça o Estado ser eficiente e tenha uma visão de mundo muito mais generosa do que estamos tendo hoje. Temos uma estrada enorme a percorrer, o PSDB fará sua parte, apresentar uma proposta muito diferente dessa que está aí para o Brasil voltar a sorrir.

 

Após o falecimento de Tancredo Neves, a história recolocará um Neves na Presidência?

Nunca foi meu projeto de vida. Sei que tenho uma responsabilidade como presidente do maior partido de oposição. Se o partido achar que esse deve ser o meu papel, disputar a eleição presidencial, o que posso dizer é que estarei pronto para isso. Eu vou cumprir o meu papel. Meu avô Tancredo costumava dizer que Presidência é destino. O dele, infelizmente, não se cumpriu. Mas ele nos permitiu o reencontro com a democracia, a partir da sua grande liderança. Cabe a nós, à nossa geração e a outras que virão, fazer com que a democracia seja instrumento de melhoria de condições para outras pessoas, com melhor educação, melhor saúde, mais oportunidades e melhores oportunidades de trabalho. Vamos fazer a nossa parte e esperar para ver o que o destino nos reserva.