Aécio Neves – Entrevista coletiva

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta segunda-feira (25/04), em Brasília. Aécio falou sobre o partido, comissão do impeachment e sobre as últimas declarações do ex-presidente Lula.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o PSDB.

Em razão das especulações que estamos assistindo nos últimos dias, quero aqui fazer, como presidente do PSDB, algumas rápidas considerações. Em primeiro lugar, o PSDB sempre teve, e continuará tendo, responsabilidade para com o Brasil. Se hoje estamos na iminência do afastamento, pela via constitucional do impeachment, da senhora presidente da República, é certo que isso se inicia lá em 2014, quando o PSDB, combatendo esse governo, já denunciava os ilícitos cometidos, inclusive as pedaladas fiscais, denunciava a corrupção institucionalizada no governo, apontava para os gravíssimos na economia que estavam levando o Brasil a ter um longo período recessivo, quando acusávamos a intervenção irresponsável em setores da economia, como o elétrico e mesmo o petróleo, com prejuízos gravíssimos ao Brasil. Lá [2014] se inicia, a meu ver, a fragilização desse governo. Porque tudo que apontamos em 2014 – enquanto, inclusive, muitos que estão aí hoje protagonizando a cena política estavam no campo oposto, ao lado do governo –, tínhamos absoluta convicção daquilo que estávamos alertando. E hoje constata-se que o que apontávamos durante a campanha eleitoral, lamentavelmente para todos nós, se transforma em realidade.

A partir das eleições fizemos o que deveríamos fazer. Entramos com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral em razão das inúmeras e gravíssimas denúncias que nos chegavam de mau uso do dinheiro público na campanha, de empresas fantasmas atuando e recebendo dinheiro na campanha vitoriosa. O processo foi discutido internamente no TSE, que resolveu abrir a investigação. E de lá para cá, as denúncias que corroboram, comprovam aquilo que anunciávamos vêm se avolumando ao longo do tempo.

O PSDB, com a coerência de sempre, ao longo desses últimos meses, buscou uma enorme convergência também em torno da tese do impeachment, que nos pareceu o caminho mais curto para que o Brasil interrompesse esse ciclo perverso de governo do PT e iniciasse uma nova fase na sua história, mesmo não sendo o PSDB, em momento algum, beneficiário desta saída. Se teve um partido que agiu de forma republicana, corajosa, coerente, defendendo o Brasil até aqui, foi o PSDB.

E neste momento estamos fazendo aquilo que a população brasileira espera de nós, nos preparando para apresentar ao eventual futuro presidente Michel Temer, em confirmando o afastamento da presidente da República, um conjunto de propostas que consideramos essenciais para retirar o Brasil da crise. Não são propostas novas, muitas delas já foram debatidas intensamente durante toda campanha eleitoral, e elas, a partir da reunião da Executiva, na próxima terça-feira, estarão colocadas à disposição do vice-presidente da República para a eventualidade dele assumir. Essa é a nossa responsabilidade.

Nós do PSDB não condicionamos o nosso apoio a um eventual futuro governo Michel Temer à ocupação de quaisquer tipos de cargos. Ao contrário. O que queremos é um compromisso com essa agenda, uma agenda que passa pela preservação das investigações da Lava Jato, uma profunda reforma do Estado, por uma reforma política corajosa que possa restabelecer a cláusula de barreira para que não tenhamos esse conjunto excessivo de partidos políticos que, na verdade, impedem as negociações de temas mais importantes e relevantes para o país. Vamos falar de temas delicados nessa nossa proposta.

É nisso que está hoje dedicado o PSDB. Tenho conversado com as principais lideranças do partido, estou aqui acompanhado do líder no Senado, senador Cássio Cunha Lima, o líder na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, e esse é nosso sentimento predominante. Vamos amanhã nos reunir com a bancada federal do PSDB para tentarmos limitar este programa.

Nossa ideia é que oito a 10 temas, no máximo, sejam sugeridos. Essa, portanto, é a questão central para nós. Cargos não são uma questão relevante, não é uma questão que se coloque neste momento para o PSDB. Portanto, apenas para dirimir dúvidas que possam ter ficado, vamos continuar coerentes como sempre fomos, vamos continuar pensando no Brasil, agindo de forma republicana, dando nosso apoio a um eventual futuro governo Michel Temer, a partir do momento em que ele se comprometa com essa pauta emergencial, absolutamente necessária para tirar o Brasil da crise.


É possível que um membro do PSDB assuma um ministério?

Essa não é uma questão central para nós. Quem monta o governo é o presidente da República. Nosso apoio a essa agenda independe de qualquer membro do partido vir a participar do governo. Estamos fazendo talvez aquilo que não seja muito comum na política brasileira. Não condicionamos nossa participação no governo à indicação de quem quer que seja. Se o vice-presidente da República, no momento em que assumir, e esse momento ainda não chegou, buscar quadros no PSDB, obviamente terá o direito de fazer isso, mas isso não altera nossa posição. O que pode alterá-la é o não compromisso com essa agenda. O que o PSDB propõe ao Brasil é uma agenda que nos tire da crise. Portanto, agimos de forma absolutamente coerente. Em nenhum momento, colocamos o interesse do PSDB acima do interesse do Brasil e, por isso, demos a totalidade, a unanimidade dos votos do PSDB pelo impeachment, por uma razão que se sobrepõe às outras: consideramos que a presidente da República cometeu crime de responsabilidade, e a segunda é que ela perdeu totalmente as condições de governar o Brasil.


Sobre críticas feitas pelo líder do PT à indicação de Antonio Anastasia como relator do processo de impeachment no Senado.

O senador Anastasia é um dos mais qualificados homens públicos do Brasil. E o PSDB, na verdade o bloco da oposição, cumpre uma prerrogativa. Cabe ao bloco indicar o relator. Buscamos um nome, a meu ver, com o perfil mais adequado para esse posto. É natural que o PT preferisse outro nome, quem sabe um do próprio PT, mas eles estão impedidos, regimentalmente, por serem parte desse processo de fazer indicações. É claro que o PT vai buscar, como fez na Câmara, postergar, adiar ou de alguma forma contaminar esse debate. Mas essa é uma indicação que não é minha, pessoal, é uma indicação do bloco das oposições que recai sob um homem altamente qualificado. Repito, se a crítica ou defeito que encontraram em Anastasia é ser meu amigo, acho que isso é um defeito muito menor do que muitos outros que poderiam ser levantados em relação a parlamentares do próprio PT.


Mas ele é sabidamente favorável ao impeachment da presidente.

Cabe ao bloco da oposição indicar quem vai ser o relator, como coube ao bloco majoritário indicar o presidente. Tenho certeza de que ele fará um relatório absolutamente qualificado.


O PT falou que eles podem judicializar a questão, caso seja mantida a indicação do Anastasia.

Não há novidade alguma em o PT judicializar esse processo. Será mais uma ida ao Supremo Tribunal Federal e uma volta, acredito eu, respeitando a decisão do Congresso Nacional. Essa não é uma prerrogativa do Supremo, por mais que nós respeitemos as decisões do Supremo. É prerrogativa do Congresso e do segundo bloco majoritário.

A indicação está feita de um nome altamente qualificado. Não tenho dúvida de que se fosse outro nome, outros problemas seriam também levantados. Fico muito feliz de ver que esse é o único defeito que encontram em relação ao senador Anastasia. Posso, quem sabe, até brigar com ele até o final desse processo para que esse seu defeito seja sanado de forma temporária.


O ex-presidente Lula disse hoje que o impeachment na Câmara foi comandado por uma quadrilha legislativa, com a participação da oposição. Como que o sr. avalia?

Vejo o ex-presidente Lula vivendo um momento extremamente difícil e, do ponto de vista pessoal, eu até lamento isso, já que leva a declarações absolutamente descabidas como essa. É uma ofensa à mesma Câmara dos Deputados que, em sua grande maioria, ao longo de todo esse período, vem dando apoio ao governo do PT. Boa parte dela deu apoio ao próprio governo Lula no passado. Eu não ouvi considerações tão descabidas quanto essa naquele tempo.

Achar que a oposição é que está afastando a presidente Dilma é, ao meu ver, desconhecer a matemática. A oposição não representa nem sequer 20% do Congresso Nacional. Se a presidente está sendo afastada hoje com apoio da oposição é porque aqueles que compunham a sua própria base consideraram que ela cometeu crime e perdeu as condições de governar o Brasil. Quando você erra no diagnóstico, como acontece de forma corriqueira em relação ao PT, e ao próprio ex-presidente Lula, obviamente você se equivoca também no tratamento, não é? No remédio. Não é atacando a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, a figura de um senador ilustre como o senador Anastasia, que a base do governo, com aqueles que ainda lá estão, vai demonstrar ao país que a presidente é inocente.

O espaço para a defesa será amplo. Ela terá mais uma vez oportunidade de se defender. É hora de o governo concentrar-se na defesa das acusações que lhe são feitas e não novamente transformar isso em uma querela de oposição versus governo. Quem está com apoio amplo da sociedade brasileira caminhando para interromper o mandato da atual presidente da República é o conjunto do Congresso Nacional em sua ampla maioria governista até ontem.

Portanto, é hora de absoluta serenidade. Nada vai nos tirar do nosso prumo, da nossa estratégia de agir com respeito à Constituição, com respeito ao Regimento Interno dessa Casa sobre os procedimentos que vamos tomar e, o que nós queremos fazer aqui, é talvez um pouco diferente da Câmara, o que é natural até por sermos um colegiado mais restrito. Vamos buscar debater juridicamente e está, para mim, absolutamente claro, segundo aquilo que dispõe o artigo 85 da Constituição, que determina e estabelece quais são os crimes de responsabilidade. E desrespeitar, atentar contra a Lei Orçamentária é um crime passível do afastamento da presidente da República.

Não julgá-la e não considerar esse ato cometido por ela um crime seria o mesmo que um salvo-conduto e dizermos o seguinte: a presidente da República pode tudo. Retirar um presidente é sempre traumático, mas respondo dizendo: o mais traumático para o Brasil hoje seria descumprir a Constituição, as leis e manter um governo que perdeu legitimidade, que perdeu as condições de conduzir o Brasil.

Entrevista coletiva em Brasília

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta segunda-feira (25/04), em Brasília. Aécio falou sobre o partido, comissão do impeachment e sobre as últimas declarações do ex-presidente Lula.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o PSDB.

Em razão das especulações que estamos assistindo nos últimos dias, quero aqui fazer, como presidente do PSDB, algumas rápidas considerações. Em primeiro lugar, o PSDB sempre teve, e continuará tendo, responsabilidade para com o Brasil. Se hoje estamos na iminência do afastamento, pela via constitucional do impeachment, da senhora presidente da República, é certo que isso se inicia lá em 2014, quando o PSDB, combatendo esse governo, já denunciava os ilícitos cometidos, inclusive as pedaladas fiscais, denunciava a corrupção institucionalizada no governo, apontava para os gravíssimos na economia que estavam levando o Brasil a ter um longo período recessivo, quando acusávamos a intervenção irresponsável em setores da economia, como o elétrico e mesmo o petróleo, com prejuízos gravíssimos ao Brasil. Lá [2014] se inicia, a meu ver, a fragilização desse governo. Porque tudo que apontamos em 2014 – enquanto, inclusive, muitos que estão aí hoje protagonizando a cena política estavam no campo oposto, ao lado do governo –, tínhamos absoluta convicção daquilo que estávamos alertando. E hoje constata-se que o que apontávamos durante a campanha eleitoral, lamentavelmente para todos nós, se transforma em realidade.

A partir das eleições fizemos o que deveríamos fazer. Entramos com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral em razão das inúmeras e gravíssimas denúncias que nos chegavam de mau uso do dinheiro público na campanha, de empresas fantasmas atuando e recebendo dinheiro na campanha vitoriosa. O processo foi discutido internamente no TSE, que resolveu abrir a investigação. E de lá para cá, as denúncias que corroboram, comprovam aquilo que anunciávamos vêm se avolumando ao longo do tempo.

O PSDB, com a coerência de sempre, ao longo desses últimos meses, buscou uma enorme convergência também em torno da tese do impeachment, que nos pareceu o caminho mais curto para que o Brasil interrompesse esse ciclo perverso de governo do PT e iniciasse uma nova fase na sua história, mesmo não sendo o PSDB, em momento algum, beneficiário desta saída. Se teve um partido que agiu de forma republicana, corajosa, coerente, defendendo o Brasil até aqui, foi o PSDB.

E neste momento estamos fazendo aquilo que a população brasileira espera de nós, nos preparando para apresentar ao eventual futuro presidente Michel Temer, em confirmando o afastamento da presidente da República, um conjunto de propostas que consideramos essenciais para retirar o Brasil da crise. Não são propostas novas, muitas delas já foram debatidas intensamente durante toda campanha eleitoral, e elas, a partir da reunião da Executiva, na próxima terça-feira, estarão colocadas à disposição do vice-presidente da República para a eventualidade dele assumir. Essa é a nossa responsabilidade.

Nós do PSDB não condicionamos o nosso apoio a um eventual futuro governo Michel Temer à ocupação de quaisquer tipos de cargos. Ao contrário. O que queremos é um compromisso com essa agenda, uma agenda que passa pela preservação das investigações da Lava Jato, uma profunda reforma do Estado, por uma reforma política corajosa que possa restabelecer a cláusula de barreira para que não tenhamos esse conjunto excessivo de partidos políticos que, na verdade, impedem as negociações de temas mais importantes e relevantes para o país. Vamos falar de temas delicados nessa nossa proposta.

É nisso que está hoje dedicado o PSDB. Tenho conversado com as principais lideranças do partido, estou aqui acompanhado do líder no Senado, senador Cássio Cunha Lima, o líder na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, e esse é nosso sentimento predominante. Vamos amanhã nos reunir com a bancada federal do PSDB para tentarmos limitar este programa.

Nossa ideia é que oito a 10 temas, no máximo, sejam sugeridos. Essa, portanto, é a questão central para nós. Cargos não são uma questão relevante, não é uma questão que se coloque neste momento para o PSDB. Portanto, apenas para dirimir dúvidas que possam ter ficado, vamos continuar coerentes como sempre fomos, vamos continuar pensando no Brasil, agindo de forma republicana, dando nosso apoio a um eventual futuro governo Michel Temer, a partir do momento em que ele se comprometa com essa pauta emergencial, absolutamente necessária para tirar o Brasil da crise.


É possível que um membro do PSDB assuma um ministério?

Essa não é uma questão central para nós. Quem monta o governo é o presidente da República. Nosso apoio a essa agenda independe de qualquer membro do partido vir a participar do governo. Estamos fazendo talvez aquilo que não seja muito comum na política brasileira. Não condicionamos nossa participação no governo à indicação de quem quer que seja. Se o vice-presidente da República, no momento em que assumir, e esse momento ainda não chegou, buscar quadros no PSDB, obviamente terá o direito de fazer isso, mas isso não altera nossa posição. O que pode alterá-la é o não compromisso com essa agenda. O que o PSDB propõe ao Brasil é uma agenda que nos tire da crise. Portanto, agimos de forma absolutamente coerente. Em nenhum momento, colocamos o interesse do PSDB acima do interesse do Brasil e, por isso, demos a totalidade, a unanimidade dos votos do PSDB pelo impeachment, por uma razão que se sobrepõe às outras: consideramos que a presidente da República cometeu crime de responsabilidade, e a segunda é que ela perdeu totalmente as condições de governar o Brasil.


Sobre críticas feitas pelo líder do PT à indicação de Antonio Anastasia como relator do processo de impeachment no Senado.

O senador Anastasia é um dos mais qualificados homens públicos do Brasil. E o PSDB, na verdade o bloco da oposição, cumpre uma prerrogativa. Cabe ao bloco indicar o relator. Buscamos um nome, a meu ver, com o perfil mais adequado para esse posto. É natural que o PT preferisse outro nome, quem sabe um do próprio PT, mas eles estão impedidos, regimentalmente, por serem parte desse processo de fazer indicações. É claro que o PT vai buscar, como fez na Câmara, postergar, adiar ou de alguma forma contaminar esse debate. Mas essa é uma indicação que não é minha, pessoal, é uma indicação do bloco das oposições que recai sob um homem altamente qualificado. Repito, se a crítica ou defeito que encontraram em Anastasia é ser meu amigo, acho que isso é um defeito muito menor do que muitos outros que poderiam ser levantados em relação a parlamentares do próprio PT.


Mas ele é sabidamente favorável ao impeachment da presidente.

Cabe ao bloco da oposição indicar quem vai ser o relator, como coube ao bloco majoritário indicar o presidente. Tenho certeza de que ele fará um relatório absolutamente qualificado.


O PT falou que eles podem judicializar a questão, caso seja mantida a indicação do Anastasia.

Não há novidade alguma em o PT judicializar esse processo. Será mais uma ida ao Supremo Tribunal Federal e uma volta, acredito eu, respeitando a decisão do Congresso Nacional. Essa não é uma prerrogativa do Supremo, por mais que nós respeitemos as decisões do Supremo. É prerrogativa do Congresso e do segundo bloco majoritário.

A indicação está feita de um nome altamente qualificado. Não tenho dúvida de que se fosse outro nome, outros problemas seriam também levantados. Fico muito feliz de ver que esse é o único defeito que encontram em relação ao senador Anastasia. Posso, quem sabe, até brigar com ele até o final desse processo para que esse seu defeito seja sanado de forma temporária.


O ex-presidente Lula disse hoje que o impeachment na Câmara foi comandado por uma quadrilha legislativa, com a participação da oposição. Como que o sr. avalia?

Vejo o ex-presidente Lula vivendo um momento extremamente difícil e, do ponto de vista pessoal, eu até lamento isso, já que leva a declarações absolutamente descabidas como essa. É uma ofensa à mesma Câmara dos Deputados que, em sua grande maioria, ao longo de todo esse período, vem dando apoio ao governo do PT. Boa parte dela deu apoio ao próprio governo Lula no passado. Eu não ouvi considerações tão descabidas quanto essa naquele tempo.

Achar que a oposição é que está afastando a presidente Dilma é, ao meu ver, desconhecer a matemática. A oposição não representa nem sequer 20% do Congresso Nacional. Se a presidente está sendo afastada hoje com apoio da oposição é porque aqueles que compunham a sua própria base consideraram que ela cometeu crime e perdeu as condições de governar o Brasil. Quando você erra no diagnóstico, como acontece de forma corriqueira em relação ao PT, e ao próprio ex-presidente Lula, obviamente você se equivoca também no tratamento, não é? No remédio. Não é atacando a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, a figura de um senador ilustre como o senador Anastasia, que a base do governo, com aqueles que ainda lá estão, vai demonstrar ao país que a presidente é inocente.

O espaço para a defesa será amplo. Ela terá mais uma vez oportunidade de se defender. É hora de o governo concentrar-se na defesa das acusações que lhe são feitas e não novamente transformar isso em uma querela de oposição versus governo. Quem está com apoio amplo da sociedade brasileira caminhando para interromper o mandato da atual presidente da República é o conjunto do Congresso Nacional em sua ampla maioria governista até ontem.

Portanto, é hora de absoluta serenidade. Nada vai nos tirar do nosso prumo, da nossa estratégia de agir com respeito à Constituição, com respeito ao Regimento Interno dessa Casa sobre os procedimentos que vamos tomar e, o que nós queremos fazer aqui, é talvez um pouco diferente da Câmara, o que é natural até por sermos um colegiado mais restrito. Vamos buscar debater juridicamente e está, para mim, absolutamente claro, segundo aquilo que dispõe o artigo 85 da Constituição, que determina e estabelece quais são os crimes de responsabilidade. E desrespeitar, atentar contra a Lei Orçamentária é um crime passível do afastamento da presidente da República.

Não julgá-la e não considerar esse ato cometido por ela um crime seria o mesmo que um salvo-conduto e dizermos o seguinte: a presidente da República pode tudo. Retirar um presidente é sempre traumático, mas respondo dizendo: o mais traumático para o Brasil hoje seria descumprir a Constituição, as leis e manter um governo que perdeu legitimidade, que perdeu as condições de conduzir o Brasil.

Ouça o áudio da entrevista do senador:

Reunião com Juristas em Brasília

“Lamentavelmente, pelos seus próprios erros, pelos seus próprios equívocos, a atual presidente da República e o seu governo não apresentam mais as mínimas condições de permitir ao Brasil construir uma nova etapa da sua história. Acima dos partidos políticos, acima das conveniências eleitorais, partidárias, de quem quer que seja, existe um Brasil democrático, sólido nas suas instituições e que vai vencer essa luta, e vai, com a força do povo e em respeito absoluto à Constituição, dar a si próprio uma nova chance”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, nesta quinta-feira (14/04), na Câmara dos Deputados, durante reunião com juristas que manifestaram apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro reuniu advogados e ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Carlos Veloso, ex-presidente da Suprema Corte.

Orlando Brito

Orlando Brito

Aécio coloca condicionantes para apoiar Temer

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (13/04) pelo jornal Valor Econômico, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, deixou claro que, apesar de defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff, existem condições para que o partido apoie um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, do PMDB. Entre elas está o comprometimento com uma agenda de reformas que tirem o Brasil da crise econômica, política e social.

“Uma agenda capitaneada pelo Temer vai depender da coragem que ele tenha de encabeçar esta agenda, mas não tira do PSDB o seu compromisso de apresentar para o país uma proposta eleitoral. Não abdicamos do nosso projeto. Vamos dar sustentação política para o governo Temer desde que refaça o que precisa ser feito, construa essa linha. Temer já mostrou disposição de colher inspiração no que já apresentamos ao país”, afirmou.

Para Aécio, o que o Brasil precisa discutir daqui para frente é uma reforma política que recrie a cláusula de barreira, estabeleça voto distrital misto e proíba coligações proporcionais. Também é preciso coragem para modernizar a legislação trabalhista, garantindo empregos; investir na profissionalização das agências reguladoras, dos fundos de pensão e das estatais; simplificar o sistema tributário e debater a questão previdenciária.

O presidente nacional do PSDB reconheceu que um eventual governo Temer terá dificuldades, mas ressaltou que a mudança do governo é uma necessidade para o Brasil. “Dilma não garante as condições de continuar o mandato, porque a economia vai continuar paralisada e ninguém vai botar um real no país. A qualificação do governo tende a piorar”, disse.

Aécio Neves acrescentou que, na hipótese de o pedido de impeachment não ser aprovado na Câmara, o caminho natural seria o impulso ao processo de cassação da chapa eleitoral de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alimentado pelo agravamento da crise econômica e pelos fatos novos da Operação Lava Jato.

Ele avaliou que um cenário de vitória do governo na votação do impeachment poderia significar a maior das derrotas para o Brasil e para a própria Dilma. “Ela não readquirirá confiança. Governo sem credibilidade não é governo. Haverá um vácuo que precisará ser preenchido de alguma forma”, considerou.

‘Brasil requer urgência’

Aécio destacou ainda que, seja qual for a decisão tomada pelos parlamentares na votação, “o Brasil requer urgência”. Para o senador, a força do impeachment é alimentada pelo próprio governo e seus equívocos.

“Ouço muito líderes do PT, gente da base da presidente, culpando a oposição e as manifestações pelo clima de instabilidade, mas se hoje a presidente corre risco é por responsabilidade exclusiva dela. Ela está empenhada em preservar um único emprego no país, o seu. Ela sozinha jogou pela janela o ativo essencial, insubstituível, que é a credibilidade”, apontou.

“Não sou dos mais radicais oposicionistas e concedo que um terço da crise que estamos vivendo provém do desaquecimento externo. Mas a grande parte se deve ao que passamos no país. Uma queda do PIB [Produto Interno Bruto] de 10% em três anos é cenário de país em guerra. É claro que toda esta instabilidade, acrescida da Operação Lava-Jato, afeta muito mais o governo do que afetaria em um cenário de razoável instabilidade econômica”, completou.

Leia a entrevista na íntegra aqui.

PSDB mobiliza governadores e aliados em defesa do impeachment

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reuniu-se, nesta sexta-feira (08/04), em São Paulo, com governadores e líderes do partido no Congresso Nacional para reforçar a mobilização das bancadas aliadas em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que tem votação prevista para dia 17, na Câmara dos Deputados.

O encontro contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos governadores Geraldo Alckmin (SP); Pedro Taques (MT), Beto Richa (PR), e representantes de Reinaldo Azambuja (MS), Marconi Perillo (GO) e Simão Jatene (PA); do líder na Câmara, deputado federal Antonio Imbassahy; do secretário-geral do partido, deputado federal Silvio Torres; dos senadores José Serra e Aloysio Nunes, e dos deputados federais Miguel Haddad e José Carlos Aleluia.

“Os governadores estão trabalhando nos seus estados junto aos parlamentares que lhes dão apoio na demonstração de que o Brasil precisa virar esta página e tentar construir, através de um grande entendimento, uma agenda de emergência para que o Brasil sinalize com a retomada do crescimento e, a partir dele, do emprego e da renda. Hoje, estamos aqui reiterando a posição que já é conhecida: 100% do PSDB apoia o afastamento da presidente da República, mas, além disso, as nossas lideranças estão conversando com lideranças ainda indecisas de outras forças políticas para dizer que o que está em jogo não é o projeto do partido A ou B, é o país”, afirmou Aécio Neves, em entrevista coletiva após a reunião.

O presidente nacional do PSDB reforçou que o partido votará integralmente a favor do afastamento da presidente por compreender que a sociedade brasileira cobra das lideranças políticas uma solução rápida para a grave crise que o país atravessa.

“O PSDB reafirma seu compromisso absoluto com a interrupção do mandato da presidente Dilma Rousseff, pela via constitucional do impeachment. Não por uma vontade daqueles que com ela disputaram a eleição, mas por uma constatação que nos une, a todos, de que ela, infelizmente, perdeu as condições mínimas de governar e de retirar o Brasil dessa crise extremamente aguda na qual o seu partido e seu governo nos mergulhou”, declarou Aécio.


Nova chance ao Brasil

O senador lembrou que a defesa inicial do PSDB foi em favor de novas eleições no país, a partir da confirmação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da ocorrência de abuso de poder econômico e de ilegalidades na disputa eleitoral de 2014, em favor do PT. Aécio Neves destacou que o PSDB não será beneficiário direto do impeachment da presidente Dilma por crimes cometidos na gestão das contas do país.

“O fato concreto é que o PSDB não é beneficiário, enquanto partido político, desta solução. Mas todos convergimos para ela pela necessidade, pela urgência da solução desse impasse, e estamos otimistas que, na próxima semana, na Comissão do Impeachment, e, na semana seguinte, no Plenário, a maioria dos congressistas, interpretando o sentimento hoje amplamente majoritário da sociedade brasileira, vai dar, com o afastamento da presidente da República, uma nova chance ao Brasil”, ressaltou Aécio Neves.

Aécio Neves – Pronunciamento em Ato da Força Sindical

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (08/04), em São Paulo, de ato da Força Sindical em favor do impeachment da presidente da República.

Confira o pronunciamento do senador:

Estou entre amigos e entre pessoas que têm responsabilidade para com o Brasil. Eu fiz questão de vir a São Paulo hoje, vim para esse evento e fizemos também uma reunião com as lideranças do PSDB para que a palavra do PSDB seja uma palavra uníssona, uma palavra dura, clara, em favor da virada dessa página triste da história do Brasil.

Hoje, chegando aqui, eu falava que estou entre companheiros, não de ocasião, não de um processo político eventual do impeachment. Eu estive aqui outras vezes. Uns tantos de vocês aqui se lembrarão disso. E já, lá em 2014, denunciávamos exatamente aquilo que já estava acontecendo no Brasil, mas as pessoas ainda não percebiam com muita clareza. Eu dizia: o Brasil vai entrar em uma rota de crescimento negativo, o Brasil vai começar a desempregar em massa, a inflação está saindo de controle. E o que a candidata oficial dizia? “O que é isso? Esses são os pessimistas. O Brasil vai muito bem, pleno emprego, somos respeitados no mundo”. Eu dizia e tantos de vocês assistiram: “estão assaltando a Petrobras. E a resposta: “O que é isso? Não tem nada disso, isso é discurso da oposição”.

Não gostaria de ter sido o profeta que fui, que fomos na verdade, porque muitas das lideranças sindicais que estão aqui foram as lideranças que me permitiram falar diretamente com os trabalhadores brasileiros. Me lembro da gente na porta de fábrica, falando junto e dizendo: “vamos mudar o Brasil porque a Dilma não tem mais condições morais de continuar governando o Brasil”. Batemos na trave, chegamos perto. Mas, hoje, a gente vê que nosso adversário não era uma coligação de partidos políticos, era uma organização que se incrustou, que se apropriou do Estado Nacional para manter, ali, um projeto de poder. E hoje a gente pergunta: para que manter esse projeto de poder se a gente não tem mais capacidade de, minimamente, fazer a roda da economia voltar a girar e os empregos voltarem a ser gerados.

Agora, há pouco, reunido com o ex-presidente Fernando Henrique, com o governador Geraldo e os outros governadores do PSDB, nós tomamos a seguinte decisão: no PSDB, é como no Solidariedade, é como no PPS do Roberto Freire, é 100% de apoio. Mas ainda é pouco. Todos os governadores e as nossas bancadas – está aqui o líder Imbassahy ao lado do líder Aleluia – assumimos um compromisso. Nós vamos, agora, buscar outros parlamentares desses estados que governamos, de outros partidos, e dizer a eles: “vamos dar uma chance ao Brasil”. A coisa não é mais governo e oposição, é quem é brasileiro e quem não é. É quem quer salvar o Brasil do desemprego, da corrupção e da irresponsabilidade e, do outro lado, aqueles que querem continuar distribuindo e recebendo cargos e benesses do governo.

A história é implacável, a história vai escrever e vai escrever de forma definitiva o nome de cada parlamentar a partir do voto que dará na segunda-feira na comissão especial e, no outro domingo, provavelmente, no plenário da Câmara dos Deputados. Hoje, o Brasil não está, como eles gostam de dizer, dividido ao meio. Balela. 70%, 80% do Brasil, pelo menos, estão do lado da mudança, do resgate da ética, da eficiência, de um Brasil que, com confiança, tenha novos investimentos a partir daí, a volta da geração de empregos.

E do outro lado, aqueles que apostaram nesse projeto ideológico anacrônico, atrasado, que fez com que o Brasil perdesse postos de trabalho em todos os setores, em todas as regiões do país. Agora, vou pedir licença porque retorno à Brasília para a comissão que está se reunindo a partir de agora, às seis horas da tarde, nós temos um encontro com a nossa bancada ainda hoje em Brasília. Vamos atrás individualmente de cada parlamentar para dizer o seguinte: a vida lhe deu uma oportunidade de entrar para a história indo pela porta da frente, se não o senhor vai sair pela porta dos fundos, junto com este governo que não honra e não dignifica o mandato que recebeu. É hora da mobilização. Impeachment já, pelo Brasil e pelo futuro de todos os brasileiros.