Aécio Neves – Entrevista com lideranças partidárias

O  presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reuniu-se, na tarde desta terça-feira (16/12), em Brasília (DF), com os vice-presidentes nacionais e líderes do partido para discutir a conjuntura política e econômica do país. Após o encontro, Aécio concedeu uma entrevista coletiva.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Qual o objetivo da reunião de hoje?

Reunimos os vice-presidentes do partido, conversamos com líderes de outros partidos de oposição, e amanhã estaremos apresentando, na CPMI, um relatório paralelo que apresentará novos indiciamentos e abertura de inquéritos para investigar denúncias que se mostram muito próximas da verdade. O que eu quero dizer hoje é que o desgoverno do PT ao longo desses últimos 12 anos fez com que a Petrobras, o maior orgulho nacional, se transformasse na maior vergonha internacional do Brasil. Não há mais qualquer condição de sustentação da atual diretoria da Petrobras, tamanho o nível das denúncias que recai sobre os membros dessa diretoria. E é até em defesa dos funcionários da Petrobras, e em respeito ao Brasil, é preciso que haja uma mudança radical no comando da empresa. E amanhã vamos fazer o nosso papel – que a CPMI, infelizmente, não fez, porque a base do governo preferiu, por exemplo, considerar a compra da refinaria de Pasadena um negócio razoável, quando nós compreendemos que foi um negócio lesivo aos interesses da Petrobras e criminoso do ponto de vista das propinas que foram distribuídas.

Esse relatório vai pedir o afastamento da Graça Foster, da diretoria?

Ele vai propor indiciamentos. E vai dizer de forma muito clara que essa direção não tem mais condições de permanecer. Até porque a presidente Graça Foster mentiu à CPMI, no momento em que disse que não tinha qualquer informação em relação a denúncias de corrupção e constatou-se depois que ela já havia recebido da empresa holandesa, da SBM, um relatório confirmando o pagamento de propina a servidores. Infelizmente, essa questão não para de crescer, de nos assombrar. É preciso que resgatemos, pelo menos minimamente, a capacidade da Petrobras de enfrentar uma situação de mercado também extremamente difícil. Estamos tendo uma queda grande do preço do petróleo, e além dessa questão de mercado, a Petrobras enfrenta todo tipo de denúncia. E, agora, não tem sequer condições de apresentar ao mercado o seu balanço. Isso pode ter um impacto na estrutura da empresa, na governança da empresa, na capacidade de investimento da empresa, inédito nos seus 60 anos de história.

A Petrobras divulgou hoje que, na verdade, esses emails (da ex-funcionária Venina) só chegaram a partir de novembro, que antes disso a Graça Foster não tinha recebido essas mensagens da funcionária. O senhor acha que isso é mentira?

Isso tem que ser investigado. Me refiro a um outro documento oficial que ela [Graça Foster] recebeu em abril, ou teria recebido em abril, já da empresa holandesa, confirmando o pagamento de propina a funcionários da Petrobras. Isso foi questionado, isso foi perguntado a ela durante o seu depoimento. E ela disse que não tinha nenhuma informação nessa direção. Não há mais qualquer condição, desde que nós pensemos na empresa, da continuidade dessa direção.

Para ficar claro em relação ao relatório: há o pedido de afastamento, mas há também o pedido de indiciamento?

Não vou antecipar detalhes do relatório porque ele tem que ser apresentado amanhã. Mas ele apresentará novos indiciamentos, ele corrige, na verdade, o relatório do deputado Marco Maia que, na verdade, parece que falava sobre um outro país, uma outra empresa e um outro cenário. Estamos com base, e o relatório é muito bem feito, com base em todos os depoimentos, nos documentos que chegaram à CPMI, estamos fazendo o que é correto. Não é possível que o Ministério Público e a Polícia Federal estejam vendo esses problemas na sua gravidade, já com indiciamento de inúmeros participantes dessa organização criminosa, e o Congresso Nacional, simplesmente porque ali está a maioria da base do governo, não esteja vendo a gravidade do que ocorre. O Congresso tem responsabilidades. O relatório apresentado pela CPMI envergonha o Congresso Nacional.

E vai citar a presidente Dilma, pedir responsabilização?

É possível que sim.

O deputado Marco Maia disse que a CPMI precisa terminar e que não há tempo hábil para novos requerimentos e que por isso não seria possível ouvir a Graça Foster ou fazer qualquer tipo de novo indiciamento. O que vocês esperam que aconteça a partir da entrega desse relatório paralelo?

É uma manifestação nossa de inconformismo com aquilo que foi apresentado pelo deputado Marco Maia, que optou não por fazer um relatório com base em todas as denúncias que ali chegaram, inclusive acareação de diretores, e optou por fazer um relatório lavando as mãos em relação à gravidade do que ocorreu. Já estamos coletando assinaturas para já no início da próxima legislatura, a partir dos primeiros dias de fevereiro, apresentarmos requerimento para uma nova CPMI, esperando que até lá novas denúncias ocorram, as delações serão conhecidas e acho que aí teremos ainda mais instrumentos ou mais informações para que o Congresso Nacional cumpra o seu papel. Porque se permitirmos que, a cada momento em que uma CPI se instale, a maioria faça o jogo do governo, estamos desmoralizando o instituto da CPMI, que é um dos instrumentos mais valiosos que qualquer congresso tem, em qualquer tempo, para investigar as ações do governo; Então, para que não fique desmoralizado também o instituto da CPI ou da CPMI, estamos coletando assinatura. Hoje temos uma reunião à noite com os novos parlamentares do PSDB e a bancada que foi reeleita, e iniciaremos, hoje à noite mesmo, o recolhimento de a ser de conhecimento público nessas próximas semanas. Então, a nossa intenção é não aceitar aquilo que quer a base do governo, encerrar essa investigação no Congresso. O Congresso tem o dever de fazê-las, até porque há uma expectativa de que sejam citados nomes de parlamentares ou de ex-parlamentares. Infelizmente, se isso ocorrer, mais uma razão para que o Congresso Nacional seja transparente e extremamente firme nessas investigações, independente do partido político ao qual pertençam eventuais denunciados.

Inclusive o deputado Sérgio Guerra que pode ser citado?

Independente de qual seja o partido de qualquer cidadão.

 

Aécio recebe título de Cidadão Recifense e ressalta luta dos pernambucanos pela democracia

Ao som do maracatu e da presença marcante dos tradicionais bonecos de Olinda, o presidente nacional e candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, recebeu, na noite desta quarta-feira (18/06), o título de Cidadão Recifense na Câmara de Vereadores da capital pernambucana. Ao discursar, Aécio agradeceu aos pernambucanos pela homenagem e lembrou a luta de homens públicos como Miguel Arraes, Fernando Lyra, Roberto Magalhães, Sérgio Guerra, Jarbas Vasconcelos e Marco Maciel na construção da democracia brasileira.

“Cito alguns desses nomes para mostrar que Pernambuco sempre ofereceu ao Brasil homens íntegros e honrados, de posições distintas, o que necessário, mas que lutavam por suas ideias”, afirmou Aécio Neves.

Ao recorrer à história para traçar um paralelo entre Minas Gerais e Pernambuco, Aécio lembrou da luta dos dois estados pelo fim do Império.

“Antes mesmo da República, na busca da libertação da Coroa Portuguesa, a revolução pernambucana completou o esforço dos mineiros que na Inconfidência conseguiram dar os primeiro passos na busca da nossa libertação. Se o Brasil se transformou no final daquele século em uma República, isso se deu em grande parte pelo suor, pela coragem e pelo sangue dos pernambucanos e dos mineiros”, ressaltou Aécio Neves.

O candidato tucano também aproveitou o discurso para destacar que o próximo presidente da República terá a missão de unir o país, diante da política adotada pelo PT de dividir a nação entre “nós” e “eles”.

“Faço uma palavra de repúdio àqueles que querem dividir o Brasil ao meio, entre nós e eles.  Isso não é digno, não é legítimo e não atende aos interesses dos brasileiros. Nossos desafios serão imensos. Precisamos de um Brasil em que todos sejamos nós. Nós com melhor educação, nós com segurança, nós com saúde digna, nós com empregabilidade. Esse é o sonho de cada um de nós”, reiterou Aécio Neves.

 

Pluralidade 

Em gesto de civilidade política, Aécio ressaltou como positivo para o processo democrático a candidatura do ex-governador Eduardo Campos à Presidência.

“Ele oxigena a disputa eleitoral e permite que haja pluralidade de ideias e que o debate não se dê apenas no antagonismo com aqueles que estão no governo”, disse Aécio.

 

Maracatu

A sessão em homenagem ao senador mineiro foi feita pelo vereador André Régis, líder do PSDB na Câmara de Vereadores do Recife. Ao chegar, o candidato tucano foi recebido pela banda de maracatu Maracambuco e por bonecos de Olinda que representavam sua própria figura e as de seu avô, Tancredo Neves, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aécio também foi presenteado com um guerreio de lança, símbolo da resistência do povo pernambucano.

Ao discursar, o vereador André Régis destacou a trajetória de Aécio Neves em defesa da democracia e da eficiência na gestão pública.

“É uma grande hora conceder esse título a Aécio Neves. É notório o sucesso dele em seus 30 anos de vida pública. Estamos homenageando um líder que entende que é preciso valorizar a cidadania, a confiança e a prosperidade do povo brasileiro. Esperamos que as calçadas do Recife conduzam Aécio a inúmeras vitórias”, afirmou o vereador André Régis.

A cerimônia foi acompanhada pelo senador tucano Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), pelos deputados federais Antônio Imbassahy (PSDB-BA), líder do partido na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo, presidente do PSDB em Pernambuco, e pelo deputado Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara. Também estiveram presentes os deputados estaduais Terezinha Nunes e Daniel Coelho, o presidente da Câmara de Vereadores, Vicente Gomes, o vereador Raul Jungmann (PPS), entre outras lideranças.

Aécio Neves – Discurso durante entrega do título de cidadão recifense

O candidato à Presidência da República e presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, recebeu o Título de Cidadão do Recife, nesta quarta-feira (18/06). Durante a entrega do título de cidadão recifense, Aécio discursou e agradeceu aos pernambucanos pela homenagem.

 

Leia o discurso do senador:

Tinha preparado um discurso mesmo, e olha que ele não era pequeno, para falar um pouco aqui das nossas tradições, da nossa história, dos encontros que já tive com Pernambuco e com figuras ilustres desse estado no passado.

Mas, ouvindo a forma tão afetiva com que tenho sido recebido desde que cheguei hoje no Recife, vou me permitir, se vocês me derem essa liberdade, falar com maior liberdade, de falar com o coração e, obviamente, a partir dele, também com emoção.

Eu ouvi atentamente o pronunciamento do ilustre vereador André Regis e via nele uma identidade muito grande com aquilo que penso e com aquilo que me preocupa. Há hoje, começo com essa afirmação, um divórcio crescente entre a sociedade e os seus representantes, e todos nós sabemos que isso é algo extremamente grave, e que não atende aos interesses, aos anseios, daqueles que precisam se ver representados para, a partir daí, cobrarem de seus representantes ações na defesa de seus direitos, de seus interesses.

Faço essa pequena introdução para iniciar essas minhas palavras afirmando, de forma categórica, a minha crença na política. No momento em que as pessoas, de alguma forma, disfarçam ou preferem não assumir a ação política de forma muito clara, venho aqui hoje nesse Recife de tantas histórias reafirmar minha posição de político e meu orgulho de há 30 anos militar na política.

Não existe, e falo para uma casa de políticos, numa sociedade democrática atividade mais digna, mais honrosa, do que a política feita na dimensão maior que essa expressão possa trazer. A política é essencialmente a abdicação, muitas vezes de projetos pessoais, por mais legítimos que sejam, para que você possa se dedicar e se integrar ao projeto coletivo. […]

Hoje, o que falta no Brasil é a política feita com transparência, feita com determinação e feita na busca de convergências. A verdade é que todos nós, de alguma forma, fazemos.

E, ao longo da história, – volto um pouco a ela, mesmo que rapidamente – talvez, nenhum outro estado no Brasil teve uma participação tão efetiva na construção da nossa nacionalidade e da nossa democracia como tiveram Pernambuco e Minas Gerais. Mesmo antes da República.

Ainda na busca da libertação da Coroa portuguesa. Aqui em Pernambuco, a Revolução Praieira no final da década de 1840, depois a Insurreição Pernambucana, de alguma forma complementavam os esforços dos mineiros que, na Inconfidência Mineira, conseguiram dar os primeiros passos na busca da nossa libertação.

Se o Brasil se transformou no final daquele século em uma República, em grande parte isso se deu pelo suor, pela coragem e pelo sangue de pernambucanos e de mineiros.

Pernambucanos e mineiros ao longo da história – e a história não se muda, a história está aí para ser revisitada e analisada, temos que compreender de forma muito, mas muito clara mesmo, que foram dados passos extraordinários no século XIX, e que continuaram a acontecer no século XX para que o Brasil se encontrasse hoje com o desenvolvimento.

Lá atrás, se nós tivemos os exemplos que tivemos, se transformamos o Império em uma República, nos esquecemos de manter a República como uma Federação efetiva.

Eu lembrava outro dia, em um pronunciamento que fiz, que o Ruy Barbosa costumava dizer que o Império ruíra não por ser Império, mas por não ter uma visão federalista de um país das dimensões do Brasil.

Hoje, o que nós estamos assistindo é a transformação do Brasil quase que em um Estado Unitário. Hoje, apenas o poder central tudo tem, tudo pode e define ele próprio o destino das várias populações distribuídas pelas várias regiões do país. Essa é uma questão que tem sido absolutamente central em todos os debates dos quais tenho participado até aqui, desde como presidente da Câmara, depois como governador de Minas Gerais.

Ou trabalhamos de forma vigorosa para a refundação da Federação no Brasil, permitindo que estados e municípios readquiram as condições de, minimamente, atenderem às demandas de sua gente, ou cada vez mais vamos ver distanciados aquilo que dizia anteriormente o representado do seu representante.

Hoje, assim como em outros momentos extraordinários e decisivos da vida nacional, um novo impasse se coloca à nossa frente. E, curiosamente, de alguma forma, Pernambuco e Minas Gerais se movimentam para colocar fim a um ciclo de governo que não tem feito bem ao Brasil, a um ciclo de governo que fracassou na condução da economia, na gestão do estado e na melhoria dos nossos indicadores sociais.

Dentro de poucos meses, e quero aqui que esse é o primeiro ato formal, político do qual participo na condição de candidato à Presidência da República, porque apenas no último sábado fui indicado, agora já oficialmente, pelo meu partido candidato a presidente da República.

E não há como voltar no tempo. Não há como não encontrar similaridades no sentimento que encontrei em tantas outras etapas da minha vida. E Pernambuco foi cenário de alguns dos mais importantes e marcantes momentos que eu vivi.

Aqui está um deles. O momento em que encontrávamos, alguns da minha geração ou um pouco mais velhos se lembrarão, foi aqui que o presidente Tancredo fez o seu último pronunciamento praia da Boa Viagem, convocando os brasileiros a uma grande convergência.

Uma convergência em favor da cidadania, uma convergência pelo fim da inflação, que, naquele momento, era o grande fantasma a atormentar a vida dos brasileiros.

Uma grande convergência pelo resgate da política feita com seriedade e com responsabilidade.

Lembro-me com muita emoção daquele momento e de amigos queridos – alguns que já não estão mais entre nós, e outros que continuam a sua militância política – que foram essenciais na construção daquela etapa da vida nacional, que o Brasil certamente guarda na sua memória afetiva.

Lembro-me com muita saudade, com muito carinho, de um querido amigo do meu avô e também depois meu, e que foi também um dos construtores artífices daquela belíssima vitória.

Refiro-me a Fernando Lyra, que, recentemente, nos deixou. Homem público decente, correto e determinado na busca do alcance dos seus objetivos. Lembro-me com muita saudade de quantos foram os nossos encontros naquele tempo.

E já por falar em saudade, não vou listar inúmeros pernambucanos que poderia homenagear, mas um em especial faz falta nessa caminhada porque foi agora, 30 anos depois, um dos principais construtores da articulação que me traz hoje ao Recife como candidato à Presidência da República.

E não há como olhar para o lado, mesmo que distraidamente, e não lembrar a memória, a imagem, o carinho e a coragem de Sérgio Guerra, meu eterno companheiro, presidente do meu partido, a quem tive a honra de suceder como presidente nacional do PSDB.

Talvez tenha sido Sérgio o primeiro a dizer “avante, vá em frente, assuma o comando do partido”, porque o PSDB não tem a opção, a possibilidade, o PSDB tem a obrigação e a responsabilidade de apresentar à decisão e à consideração dos brasileiros um modelo de governo alternativo a esse que está aí. O PSDB hoje do sentimento, das aspirações e das esperanças de grande parte da população brasileira.

Ao estar aqui hoje, conduzindo essa proposta, uma alternativa a essa que nos governo, tenho que lembrar sempre, principalmente aqui, com enorme saudade da construção, da presença de Sérgio Guerra nessa nossa caminhada.

Outros importantes pernambucanos fazem parte dessa minha caminhada. Alguns de uma mais antiga, como Roberto Magalhães, e me lembro da sua posição firme na organização e na articulação com outros governadores de estado, em especial do nordeste, cujo apoio foi fundamental para a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Me lembro também, e aqui uma inconfidência que o tempo me permite fazer, era de Pernambuco, na busca da construção daquela aliança, quando o MDB se encontra com a Frente Liberal, era de Pernambuco o vice dos sonhos do presidente Tancredo, exatamente Marco Maciel. Um pernambucano também íntegro, honrado, quantas vezes fui eu o intermediários de conversas e recados ao vice-presidente Marco Maciel.

Cito alguns desses nomes para mostrar que Pernambuco sempre ofereceu ao Brasil homens íntegros, honrados, de posições distintas, e isso é absolutamente natural e até necessário, mas que lutavam por suas ideias. E democratas, como Jarbas Vasconcelos, meu colega de tribuna no Senado Federal, a quem também homenageio.

E a todos os democratas, uma homenagem que é dos brasileiros. À coragem, à retidão e às convicções do grande governador Miguel Arraes, que merece de todos nós, brasileiros, essa reverência.

Saindo um pouco do passado e voltando ao presente e ao futuro, mas acho sempre importante relembrarmos de onde viemos. Triste a sociedade que não conhece a sua história, pois essa terá muito maiores dificuldades de construir o seu futuro. A história nos ensina, com acertos, com erros. E é exatamente para não incorrermos nos erros do passado que devemos hoje, com absoluta clareza dizer o que pensamos e o que buscamos.

Hoje o que me move é construir um tempo diferente no Brasil, de resgate da política para as novas gerações, de reconciliação da sociedade com aqueles que a representam. E isso é possível sim, desde que se aja com correção e dignidade.

Me permitam uma afirmação clara: política é coisa para gente digna e honrada, porque a sociedade brasileira depende da ação dos seus políticos. E não há espaço vazio nessa atividade. Se os homens de bem não a ocuparem, certamente outros a ocupação.

Sou candidato à Presidência da República. Tenho andado por todo o país com uma característica que é a de dizer a verdade. Defender as teses nas quais acredito. E percebo com clareza aquilo que, tenho certeza, muitos aqui já percebem. É preciso encerrarmos esse ciclo que está aí.

É preciso que tenhamos na condução da política econômica a mesma firmeza e coragem que o PSDB teve lá atrás, quando debelou a inflação com o Plano Real, e reconciliou o Brasil com o mundo, aprovando a Lei de Responsabilidade Fiscal e estabelecendo um novo paradigma na administração pública brasileira.

É preciso resgatarmos na direção do governo central a eficiência, a meritocracia, para colocar para fora do governo esse aparelhamento absurdo da máquina pública, que tanto mal vem fazendo ao Brasil.

E mais do que isso, vai chegar a hora de confrontarmos o Brasil virtual da propaganda oficial, onde tudo caminha muito bem, a Petrobras é a melhor empresa do mundo, não há mais miséria no Brasil, com o país real. Com este que nos preocupa. Este que já havia achado que uma agenda do passado havia sido superada, e vê-la de novo à nossa frente com inflação, a perda de credibilidade do país e a desconfiança dos agentes econômicos internos e externos.

O trabalho do próximo presidente da República não será um trabalho simples. Mas tenho plena convicção de que ele será exitoso, porque contará com o sentimento majoritário da sociedade brasileira a dar-lhe o apoio, a sustentação, para que faça aquilo que seja necessário para resgatar um crescimento digno para o Brasil e políticas sociais que melhorem efetivamente a vida dos brasileiros.

Vamos ter oportunidade de na campanha que se inicia debater ideias, debater teses.

Sempre fui ao longo da minha vida, os que me conhecem sabem disso, um construtor de pontes. Jamais trabalhei para dinamitá-las. E não aceito passivamente sem uma palavra absolutamente clara de repúdio àqueles que querem dividir o Brasil ao meio entre nós e eles. Isso não é digno, não é legítimo e não atende aos interesses dos brasileiros.

O Brasil não é o Brasil do nós, daqueles que bajulam o governo, e dos contra, aqueles que apontam equívocos do governo. O governante, qualquer que seja ele, tem a responsabilidade ou terá a responsabilidade da reconciliação desse país. Os nossos desafios são imensos. E temos que ser um Brasil onde todos sejamos nós. Nós com melhor educação, nós com segurança, nós com saúde digna, nós com empregabilidade de bom nível espalhada por todo o Brasil. Esse é o sonho de cada um de nós.

O que me move e que me faz sair de casa e deixar a minha família como tantos que fazem política e que estão aqui, é este sentimento que tenho enraizado. De forma absolutamente profunda no lugar mais longínquo da minha alma: a confiança que podemos sim vencer estas eleições para construirmos esse novo tempo Brasil. E volto novamente àquilo que a história já nos permitiu.

Se o encontro aconteceu há mais de um século, na busca do fim do Império, para que o Brasil pudesse se transformar numa República, décadas e décadas depois, na luta pelo reencontro do Brasil com a democracia, e tantos pernambucanos foram essenciais para que isso acontecesse, agora, passados 30 anos da reconquista democrática, outro enorme desafio se coloca à nossa frente que é o de reconciliar o Brasil com a ética e com a eficiência.

Tenho absoluta convicção que essa poderá ser, no que disser a respeito à minha atuação política do nosso campo, uma caminhada absolutamente propositiva.

E saúdo como algo extremamente importante do ponto de vista do processo democrático a presença nessa disputa eleitoral do ex-governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele oxigena a disputa eleitoral.  Permite que haja uma pluralidade de ideias e que o debate se dê não apenas no antagonismo com aqueles que estão no governo.

Quero dizer a vocês encerrando essas minhas palavras, agradecendo profundamente essa homenagem que, para mim, tem um enorme sentido, uma dimensão que vai além da minha própria vida pessoal.

A partir do momento em que a Câmara Municipal do Recife, com tantas tradições, essa cidade vanguardista, que quando ninguém imaginava que era possível já discutia a questão das metrópoles, das regiões metropolitanas, já falava de urbanismo quando no Brasil ninguém pensava em que isso era necessário. Receber esse título do Recife incorpora, à minha trajetória, uma dimensão e uma responsabilidade ainda maior daquela com que aqui cheguei.

Acredito, e acreditarei sempre, na capacidade das pessoas de bem.  Como dizia Milton Campos, antigo governador de Minas Gerais: aonde houver um palmo de chão limpo, as pessoas de bem haverão de se encontrar para construir. Construir caminhos que possam melhorar a vida e ampliar as oportunidades daqueles que mais precisam.

Quero estar presente nessa campanha discutindo absolutamente todos os temas, sem fugir a qualquer questionamento. E a cada violência, como dizia nosso companheiro José Serra na campanha eleitoral de 2010, a cada calúnia, a cada inverdade, a cada ataque que lançarem contra nós, vamos responder com 10 verdades sobre eles.

Porque o Brasil não aguenta mais esse ciclo de governo de um grupo político que abandonou um projeto de país para se contentar, única e exclusivamente, com um projeto de poder.

O Brasil merece muito mais. E o Brasil terá muito mais. Farei essa caminhada inspirado nos melhores exemplos da minha terra e, a partir de agora, também desta terra.

Se outros lá atrás tiveram a coragem de enfrentar desafios muito maiores do que esses que estamos enfrentando, é inspirado neles, na coragem de homens públicos como aqueles que aqui se têm e tantos outros que poderia citar.

Inspirado na coragem, na determinação e na coerência de vida desses homens públicos, vou fazer essa caminhada.

E uma palavra final. Aos meus companheiros e companheiras que aqui vieram, não apenas do Recife, mas de outras partes do estado, Guimarães Rosa, mais um mineiro, me permitam o abuso da mineiridade, um homem do campo, que um mineiro, que entendia como poucos a alma do homem comum, a alma, sobretudo, do cidadão rural, como eu sou, e minhas origens são todas do interior do meu estado, costumava dizer que na vida – e trago isso para política – o importante não é a largada, tampouco a chegada. Importante de verdade na vida é a caminhada.

E o que posso garantir a vocês é que farei essa caminhada altiva, de cabeça erguida e com a dignidade que esperam de nós. E tenho enorme orgulho de saber que farei essa caminhada ao lado de muitos que estão aqui.

O Brasil precisa e merece um governo diferente do que está tendo. E agora, como cidadão do Recife, vou poder dizer em alto e bom som em cada canto deste estado: as minhas responsabilidades são maiores.

E quem sabe, dentro de pouco tempo, eu possa voltar aqui a Recife, a essa Casa e a esse estado e ouvir de alguns dos senhores: não é que ele tinha razão? Venceu as eleições e o Brasil já outro. Mais otimista, mais fraterno e mais desenvolvido.

Um grande abraço.

Discurso durante entrega do título de cidadão recifense

O candidato à Presidência da República e presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, recebeu o Título de Cidadão do Recife, nesta quarta-feira (18/06). Durante a entrega do título de cidadão recifense, Aécio discursou e agradeceu aos pernambucanos pela homenagem.

 

Leia o discurso do senador:

Tinha preparado um discurso mesmo, e olha que ele não era pequeno, para falar um pouco aqui das nossas tradições, da nossa história, dos encontros que já tive com Pernambuco e com figuras ilustres desse estado no passado.

Mas, ouvindo a forma tão afetiva com que tenho sido recebido desde que cheguei hoje no Recife, vou me permitir, se vocês me derem essa liberdade, falar com maior liberdade, de falar com o coração e, obviamente, a partir dele, também com emoção.

Eu ouvi atentamente o pronunciamento do ilustre vereador André Regis e via nele uma identidade muito grande com aquilo que penso e com aquilo que me preocupa. Há hoje, começo com essa afirmação, um divórcio crescente entre a sociedade e os seus representantes, e todos nós sabemos que isso é algo extremamente grave, e que não atende aos interesses, aos anseios, daqueles que precisam se ver representados para, a partir daí, cobrarem de seus representantes ações na defesa de seus direitos, de seus interesses.

Faço essa pequena introdução para iniciar essas minhas palavras afirmando, de forma categórica, a minha crença na política. No momento em que as pessoas, de alguma forma, disfarçam ou preferem não assumir a ação política de forma muito clara, venho aqui hoje nesse Recife de tantas histórias reafirmar minha posição de político e meu orgulho de há 30 anos militar na política.

Não existe, e falo para uma casa de políticos, numa sociedade democrática atividade mais digna, mais honrosa, do que a política feita na dimensão maior que essa expressão possa trazer. A política é essencialmente a abdicação, muitas vezes de projetos pessoais, por mais legítimos que sejam, para que você possa se dedicar e se integrar ao projeto coletivo. […]

Hoje, o que falta no Brasil é a política feita com transparência, feita com determinação e feita na busca de convergências. A verdade é que todos nós, de alguma forma, fazemos.

E, ao longo da história, – volto um pouco a ela, mesmo que rapidamente – talvez, nenhum outro estado no Brasil teve uma participação tão efetiva na construção da nossa nacionalidade e da nossa democracia como tiveram Pernambuco e Minas Gerais. Mesmo antes da República.

Ainda na busca da libertação da Coroa portuguesa. Aqui em Pernambuco, a Revolução Praieira no final da década de 1840, depois a Insurreição Pernambucana, de alguma forma complementavam os esforços dos mineiros que, na Inconfidência Mineira, conseguiram dar os primeiros passos na busca da nossa libertação.

Se o Brasil se transformou no final daquele século em uma República, em grande parte isso se deu pelo suor, pela coragem e pelo sangue de pernambucanos e de mineiros.

Pernambucanos e mineiros ao longo da história – e a história não se muda, a história está aí para ser revisitada e analisada, temos que compreender de forma muito, mas muito clara mesmo, que foram dados passos extraordinários no século XIX, e que continuaram a acontecer no século XX para que o Brasil se encontrasse hoje com o desenvolvimento.

Lá atrás, se nós tivemos os exemplos que tivemos, se transformamos o Império em uma República, nos esquecemos de manter a República como uma Federação efetiva.

Eu lembrava outro dia, em um pronunciamento que fiz, que o Ruy Barbosa costumava dizer que o Império ruíra não por ser Império, mas por não ter uma visão federalista de um país das dimensões do Brasil.

Hoje, o que nós estamos assistindo é a transformação do Brasil quase que em um Estado Unitário. Hoje, apenas o poder central tudo tem, tudo pode e define ele próprio o destino das várias populações distribuídas pelas várias regiões do país. Essa é uma questão que tem sido absolutamente central em todos os debates dos quais tenho participado até aqui, desde como presidente da Câmara, depois como governador de Minas Gerais.

Ou trabalhamos de forma vigorosa para a refundação da Federação no Brasil, permitindo que estados e municípios readquiram as condições de, minimamente, atenderem às demandas de sua gente, ou cada vez mais vamos ver distanciados aquilo que dizia anteriormente o representado do seu representante.

Hoje, assim como em outros momentos extraordinários e decisivos da vida nacional, um novo impasse se coloca à nossa frente. E, curiosamente, de alguma forma, Pernambuco e Minas Gerais se movimentam para colocar fim a um ciclo de governo que não tem feito bem ao Brasil, a um ciclo de governo que fracassou na condução da economia, na gestão do estado e na melhoria dos nossos indicadores sociais.

Dentro de poucos meses, e quero aqui que esse é o primeiro ato formal, político do qual participo na condição de candidato à Presidência da República, porque apenas no último sábado fui indicado, agora já oficialmente, pelo meu partido candidato a presidente da República.

E não há como voltar no tempo. Não há como não encontrar similaridades no sentimento que encontrei em tantas outras etapas da minha vida. E Pernambuco foi cenário de alguns dos mais importantes e marcantes momentos que eu vivi.

Aqui está um deles. O momento em que encontrávamos, alguns da minha geração ou um pouco mais velhos se lembrarão, foi aqui que o presidente Tancredo fez o seu último pronunciamento praia da Boa Viagem, convocando os brasileiros a uma grande convergência.

Uma convergência em favor da cidadania, uma convergência pelo fim da inflação, que, naquele momento, era o grande fantasma a atormentar a vida dos brasileiros.

Uma grande convergência pelo resgate da política feita com seriedade e com responsabilidade.

Lembro-me com muita emoção daquele momento e de amigos queridos – alguns que já não estão mais entre nós, e outros que continuam a sua militância política – que foram essenciais na construção daquela etapa da vida nacional, que o Brasil certamente guarda na sua memória afetiva.

Lembro-me com muita saudade, com muito carinho, de um querido amigo do meu avô e também depois meu, e que foi também um dos construtores artífices daquela belíssima vitória.

Refiro-me a Fernando Lyra, que, recentemente, nos deixou. Homem público decente, correto e determinado na busca do alcance dos seus objetivos. Lembro-me com muita saudade de quantos foram os nossos encontros naquele tempo.

E já por falar em saudade, não vou listar inúmeros pernambucanos que poderia homenagear, mas um em especial faz falta nessa caminhada porque foi agora, 30 anos depois, um dos principais construtores da articulação que me traz hoje ao Recife como candidato à Presidência da República.

E não há como olhar para o lado, mesmo que distraidamente, e não lembrar a memória, a imagem, o carinho e a coragem de Sérgio Guerra, meu eterno companheiro, presidente do meu partido, a quem tive a honra de suceder como presidente nacional do PSDB.

Talvez tenha sido Sérgio o primeiro a dizer “avante, vá em frente, assuma o comando do partido”, porque o PSDB não tem a opção, a possibilidade, o PSDB tem a obrigação e a responsabilidade de apresentar à decisão e à consideração dos brasileiros um modelo de governo alternativo a esse que está aí. O PSDB hoje do sentimento, das aspirações e das esperanças de grande parte da população brasileira.

Ao estar aqui hoje, conduzindo essa proposta, uma alternativa a essa que nos governo, tenho que lembrar sempre, principalmente aqui, com enorme saudade da construção, da presença de Sérgio Guerra nessa nossa caminhada.

Outros importantes pernambucanos fazem parte dessa minha caminhada. Alguns de uma mais antiga, como Roberto Magalhães, e me lembro da sua posição firme na organização e na articulação com outros governadores de estado, em especial do nordeste, cujo apoio foi fundamental para a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Me lembro também, e aqui uma inconfidência que o tempo me permite fazer, era de Pernambuco, na busca da construção daquela aliança, quando o MDB se encontra com a Frente Liberal, era de Pernambuco o vice dos sonhos do presidente Tancredo, exatamente Marco Maciel. Um pernambucano também íntegro, honrado, quantas vezes fui eu o intermediários de conversas e recados ao vice-presidente Marco Maciel.

Cito alguns desses nomes para mostrar que Pernambuco sempre ofereceu ao Brasil homens íntegros, honrados, de posições distintas, e isso é absolutamente natural e até necessário, mas que lutavam por suas ideias. E democratas, como Jarbas Vasconcelos, meu colega de tribuna no Senado Federal, a quem também homenageio.

E a todos os democratas, uma homenagem que é dos brasileiros. À coragem, à retidão e às convicções do grande governador Miguel Arraes, que merece de todos nós, brasileiros, essa reverência.

Saindo um pouco do passado e voltando ao presente e ao futuro, mas acho sempre importante relembrarmos de onde viemos. Triste a sociedade que não conhece a sua história, pois essa terá muito maiores dificuldades de construir o seu futuro. A história nos ensina, com acertos, com erros. E é exatamente para não incorrermos nos erros do passado que devemos hoje, com absoluta clareza dizer o que pensamos e o que buscamos.

Hoje o que me move é construir um tempo diferente no Brasil, de resgate da política para as novas gerações, de reconciliação da sociedade com aqueles que a representam. E isso é possível sim, desde que se aja com correção e dignidade.

Me permitam uma afirmação clara: política é coisa para gente digna e honrada, porque a sociedade brasileira depende da ação dos seus políticos. E não há espaço vazio nessa atividade. Se os homens de bem não a ocuparem, certamente outros a ocupação.

Sou candidato à Presidência da República. Tenho andado por todo o país com uma característica que é a de dizer a verdade. Defender as teses nas quais acredito. E percebo com clareza aquilo que, tenho certeza, muitos aqui já percebem. É preciso encerrarmos esse ciclo que está aí.

É preciso que tenhamos na condução da política econômica a mesma firmeza e coragem que o PSDB teve lá atrás, quando debelou a inflação com o Plano Real, e reconciliou o Brasil com o mundo, aprovando a Lei de Responsabilidade Fiscal e estabelecendo um novo paradigma na administração pública brasileira.

É preciso resgatarmos na direção do governo central a eficiência, a meritocracia, para colocar para fora do governo esse aparelhamento absurdo da máquina pública, que tanto mal vem fazendo ao Brasil.

E mais do que isso, vai chegar a hora de confrontarmos o Brasil virtual da propaganda oficial, onde tudo caminha muito bem, a Petrobras é a melhor empresa do mundo, não há mais miséria no Brasil, com o país real. Com este que nos preocupa. Este que já havia achado que uma agenda do passado havia sido superada, e vê-la de novo à nossa frente com inflação, a perda de credibilidade do país e a desconfiança dos agentes econômicos internos e externos.

O trabalho do próximo presidente da República não será um trabalho simples. Mas tenho plena convicção de que ele será exitoso, porque contará com o sentimento majoritário da sociedade brasileira a dar-lhe o apoio, a sustentação, para que faça aquilo que seja necessário para resgatar um crescimento digno para o Brasil e políticas sociais que melhorem efetivamente a vida dos brasileiros.

Vamos ter oportunidade de na campanha que se inicia debater ideias, debater teses.

Sempre fui ao longo da minha vida, os que me conhecem sabem disso, um construtor de pontes. Jamais trabalhei para dinamitá-las. E não aceito passivamente sem uma palavra absolutamente clara de repúdio àqueles que querem dividir o Brasil ao meio entre nós e eles. Isso não é digno, não é legítimo e não atende aos interesses dos brasileiros.

O Brasil não é o Brasil do nós, daqueles que bajulam o governo, e dos contra, aqueles que apontam equívocos do governo. O governante, qualquer que seja ele, tem a responsabilidade ou terá a responsabilidade da reconciliação desse país. Os nossos desafios são imensos. E temos que ser um Brasil onde todos sejamos nós. Nós com melhor educação, nós com segurança, nós com saúde digna, nós com empregabilidade de bom nível espalhada por todo o Brasil. Esse é o sonho de cada um de nós.

O que me move e que me faz sair de casa e deixar a minha família como tantos que fazem política e que estão aqui, é este sentimento que tenho enraizado. De forma absolutamente profunda no lugar mais longínquo da minha alma: a confiança que podemos sim vencer estas eleições para construirmos esse novo tempo Brasil. E volto novamente àquilo que a história já nos permitiu.

Se o encontro aconteceu há mais de um século, na busca do fim do Império, para que o Brasil pudesse se transformar numa República, décadas e décadas depois, na luta pelo reencontro do Brasil com a democracia, e tantos pernambucanos foram essenciais para que isso acontecesse, agora, passados 30 anos da reconquista democrática, outro enorme desafio se coloca à nossa frente que é o de reconciliar o Brasil com a ética e com a eficiência.

Tenho absoluta convicção que essa poderá ser, no que disser a respeito à minha atuação política do nosso campo, uma caminhada absolutamente propositiva.

E saúdo como algo extremamente importante do ponto de vista do processo democrático a presença nessa disputa eleitoral do ex-governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele oxigena a disputa eleitoral.  Permite que haja uma pluralidade de ideias e que o debate se dê não apenas no antagonismo com aqueles que estão no governo.

Quero dizer a vocês encerrando essas minhas palavras, agradecendo profundamente essa homenagem que, para mim, tem um enorme sentido, uma dimensão que vai além da minha própria vida pessoal.

A partir do momento em que a Câmara Municipal do Recife, com tantas tradições, essa cidade vanguardista, que quando ninguém imaginava que era possível já discutia a questão das metrópoles, das regiões metropolitanas, já falava de urbanismo quando no Brasil ninguém pensava em que isso era necessário. Receber esse título do Recife incorpora, à minha trajetória, uma dimensão e uma responsabilidade ainda maior daquela com que aqui cheguei.

Acredito, e acreditarei sempre, na capacidade das pessoas de bem.  Como dizia Milton Campos, antigo governador de Minas Gerais: aonde houver um palmo de chão limpo, as pessoas de bem haverão de se encontrar para construir. Construir caminhos que possam melhorar a vida e ampliar as oportunidades daqueles que mais precisam.

Quero estar presente nessa campanha discutindo absolutamente todos os temas, sem fugir a qualquer questionamento. E a cada violência, como dizia nosso companheiro José Serra na campanha eleitoral de 2010, a cada calúnia, a cada inverdade, a cada ataque que lançarem contra nós, vamos responder com 10 verdades sobre eles.

Porque o Brasil não aguenta mais esse ciclo de governo de um grupo político que abandonou um projeto de país para se contentar, única e exclusivamente, com um projeto de poder.

O Brasil merece muito mais. E o Brasil terá muito mais. Farei essa caminhada inspirado nos melhores exemplos da minha terra e, a partir de agora, também desta terra.

Se outros lá atrás tiveram a coragem de enfrentar desafios muito maiores do que esses que estamos enfrentando, é inspirado neles, na coragem de homens públicos como aqueles que aqui se têm e tantos outros que poderia citar.

Inspirado na coragem, na determinação e na coerência de vida desses homens públicos, vou fazer essa caminhada.

E uma palavra final. Aos meus companheiros e companheiras que aqui vieram, não apenas do Recife, mas de outras partes do estado, Guimarães Rosa, mais um mineiro, me permitam o abuso da mineiridade, um homem do campo, que um mineiro, que entendia como poucos a alma do homem comum, a alma, sobretudo, do cidadão rural, como eu sou, e minhas origens são todas do interior do meu estado, costumava dizer que na vida – e trago isso para política – o importante não é a largada, tampouco a chegada. Importante de verdade na vida é a caminhada.

E o que posso garantir a vocês é que farei essa caminhada altiva, de cabeça erguida e com a dignidade que esperam de nós. E tenho enorme orgulho de saber que farei essa caminhada ao lado de muitos que estão aqui.

O Brasil precisa e merece um governo diferente do que está tendo. E agora, como cidadão do Recife, vou poder dizer em alto e bom som em cada canto deste estado: as minhas responsabilidades são maiores.

E quem sabe, dentro de pouco tempo, eu possa voltar aqui a Recife, a essa Casa e a esse estado e ouvir de alguns dos senhores: não é que ele tinha razão? Venceu as eleições e o Brasil já outro. Mais otimista, mais fraterno e mais desenvolvido.

Um grande abraço.

Carta ao Sérgio

Sérgio, meu amigo.

Há três dias nos despedimos de você, em uma Recife consternada pela perda do homem público admirado em todo o país. Entre tantos de nós que fomos levar à sua família o nosso respeito, lutei para não me deixar tomar pela emoção da hora. Foi impossível não revisitar nossas caminhadas pelo Brasil e os encontros que marcaram nossa convivência.

Penso que algo estranho acontece quando nos despedimos de pessoas que nos são tão especiais. Por um lado, parece que envelhecemos subitamente, transformados em sobreviventes de outros tempos e histórias já vividas. Por outro, encontramos nessas mesmas histórias novos sentidos e o ânimo necessário para seguir em frente.

 

Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/155679-carta-ao-sergio.shtml.

Tucanos prestam homenagem a Sérgio Guerra

O senador Aécio Neves (MG) e os principais líderes tucanos de todo país compareceram, nesta sexta-feira (07/03), em Recife (PE), ao velório do presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV) e ex-presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra. Vítima de uma pneumonia e em tratamento de câncer há dois anos, o ex-deputado morreu na manhã desta quinta-feira (6), em São Paulo.  O velório, aberto ao público, lotou o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na chegada a Recife, Aécio Neves destacou a trajetória política do pernambucano e lamentou a perda de um amigo querido.

“Hoje é um dia da saudade, o dia das reverências. Estão aqui homens públicos do Brasil inteiro, demonstrando a enorme dimensão de Sérgio Guerra. Tive em Sérgio um dos meus mais queridos amigos ao longo desses últimos anos. Se sou hoje presidente nacional do PSDB é pela mão de Sérgio Guerra, que, terminando mais um mandato, achava que aquela era a hora da sucessão. Veio trabalhar ao meu lado como presidente do ITV. A política brasileira perde um dos seus mais dignos e corretos homens públicos”, afirmou Aécio, em entrevista.

O presidente do PSDB lembrou a coragem e a luta de Sérgio Guerra por seus ideais, entre outras características que o faziam se destacar entre os homens públicos.

“O PSDB perde um dos seus principais líderes e perde a política brasileira como um todo. Sérgio Guerra teve uma carreira de absoluta coerência em relação àquilo que pensava ser importante para o Brasil, e tinha uma característica que eu prezo e admiro e muito nos homens públicos, que é o destemor, a coragem para ir em frente, e uma capacidade de aglutinação, de convergência extremamente grande. Sérgio tinha três características raras nos homens públicos de hoje. Um homem altamente culto; idealista, lutava por aquilo em que acreditava; e corajoso. Era destemido. Não enfrentava qualquer um apenas por enfrentar, e sim aqueles que achava que o enfrentamento ajudaria a melhorar o Brasil”, afirmou Aécio.

 

O legado de Sérgio Guerra: a luta pelo Nordeste

Aécio Neves afirmou que o PSDB homenageará Sérgio Guerra mantendo vivos os ideais do tucano, nascido em Recife em 1947 e filiado ao partido desde 1999. Ele foi senador da República entre 2003 e 2011, quando assumiu mandato como deputado federal – cargo que já havia exercido de 1991 a 2003. Foi secretário de Estado de Pernambuco e deputado estadual. Presidiu o Diretório Nacional do PSDB entre 2007 e 2013.

“Um homem que pensava o Brasil na dimensão necessária. Tinha, em relação ao Nordeste, uma preocupação e uma formulação muito própria, que nos estimulava a mergulharmos, permanentemente, na busca da diminuição das enormes diferenças que ainda aviltam e envergonham os brasileiros. Essa  é talvez a maior das homenagens que eu, pessoalmente, mas o PSDB também e as oposições, podem fazer a ele: honrá-lo, mantendo vivos os seus ideais, sua disposição e sua coragem de mudar o Brasil”, destacou Aécio.

 

Adeus

Também prestaram homenagens a Sérgio Guerra em Recife os governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e José Anchieta Jr. (RR); o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, o presidente regional do PSDB de São Paulo, Duarte Nogueira, os deputados federais Antônio Imbassahy (BA), líder do partido na Câmara, Bruno Araújo (PE), Luiz Pitiman (DF) e Rodrigo de Castro (MG), além dos senadores Aloysio Nunes (SP), líder do partido no Senado, Lucia Vânia e Cyro Miranda – ambos do PSDB de Goiás.

O ex-governador de São Paulo José Serra também prestou homenagens, assim como o vice-governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, o presidente do ITV em Minas, Pimenta da Veiga, e o vereador de Recife pelo PPS Raul Jungmann, entre outros.