Aécio Neves afirma que projeto de repatriação do governo é um salvo-conduto para quem comete crimes

“O projeto de repatriação de recursos depositados no exterior de autoria do governo se transformou, segundo o substitutivo apresentado na Câmara dos Deputados, num verdadeiro salvo-conduto para o cometimento dos mais variados crimes”, afirmou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, ao destacar hoje a importante votação que derrubou no plenário da Câmara o projeto de lei do governo que autorizava repatriação de dinheiro enviado ilegalmente para fora do país.

Com o voto contrário de toda bancada tucana, o projeto de lei foi retirado da pauta de votações por 193 votos a 175. O projeto volta a ser debatido na Câmara dos Deputados na semana que vem.

“O projeto de repatriação de recursos depositados no exterior de autoria do governo se transformou, segundo o substitutivo apresentado na Câmara dos Deputados, num verdadeiro salvo-conduto para o cometimento dos mais variados crimes. Por isso, o PSDB se colocou unanimemente contra a aprovação do projeto nesses termos. Suspendemos a votação para que uma nova discussão se inicie e tenhamos a tranquilidade de, no momento da nova discussão, saber que isso não significará que aqueles que cometeram crimes ou que tenham recursos no exterior de origem criminosa sejam beneficiados pelo projeto”, afirmou Aécio.

Ouça a entrevista do senador:

Votação do PL que permite repatriação de recursos sonegados

Em discurso no Senado, nesta quinta-feira (16/07), o senador Aécio Neves defendeu o adiamento da votação do projeto de lei que permite a repatriação de recursos sonegados à Receita Federal. Para Aécio, o projeto tem virtudes, mas precisa ser debatido em profundidade pelo Congresso e pela sociedade para evitar a legalização de dinheiro do crime.

George Gianni

George Gianni

Aécio: Projeto de repatriação tem virtudes, mas precisa de aprimoramentos para evitar legalização de dinheiro do crime

Em discurso no Senado, nesta quinta-feira (16/07), o senador Aécio Neves defendeu o adiamento, para depois do recesso parlamentar, da votação do projeto de lei que permite a repatriação de valores mantidos por brasileiros no exterior sem a devida declaração à Receita Federal. Para Aécio, o projeto tem virtudes, mas precisa ser debatido com profundidade pelos senadores e pela sociedade para que possa ser aprimorado antes de entrar em votação.

A preocupação do senador Aécio e de outras lideranças do PSDB é que o projeto de lei, uma vez aprovado, seja usado para regularizar recursos oriundos de corrupção e do crime organizado. O texto em discussão não é claro em relação aos mecanismos que serão utilizados pelo governo para diferenciar valores sonegados de dinheiro fruto de atividades ilícitas, como o narcotráfico.

“O que estamos fazendo é o procedimento que se espera de nós. Acho que o projeto tem, virtudes, tem alguns problemas que podemos corrigir e nada mais natural que nesse período que separará a data de hoje do início da votação efetiva do mérito, vamos poder melhorá-lo. É o papel do Congresso Nacional. Algumas propostas já estão surgindo. Não se trata de vencer ou derrotar alguém, mas quem estabelece a pauta do Senado da República é o Senado da República. Com todo o respeito que temos pessoalmente pelo ministro Levy, não cabe a ele definir o cronograma de votações dessa Casa. Quero aqui também compreender que o líder do governo tem claro as suas responsabilidades, mas saberá respeitar também esta posição construtiva das oposições”, ponderou Aécio Neves.

O projeto de lei permite a repatriação de recursos mantidos no exterior mediante o pagamento de um imposto de 35% sobre o total repatriado, mas isenta a Receita Federal de verificar a origem do dinheiro. “A incidência do Imposto independe da verificação pela Receita Federal do Brasil sobre a origem dos ativos objeto de regularização”, diz o parágrafo 11 do artigo 6º da proposta.

“Não estamos de antemão negando méritos do projeto, mas queremos discuti-lo e corrigir equívocos já apontados ontem pelo senador Cássio que, na verdade, permitirão que a sociedade brasileira compreenda de forma mais clara aquilo que estamos fazendo. Portanto, também saúdo esse entendimento aguardando que a palavra do líder do governo também possa vir a ser nessa direção”, ressaltou.