Encontro Regional do PSDB-MG – Juiz de Fora

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (04/12), em Juiz de Fora, de encontro regional do PSDB de Minas Gerais. Ao lado do presidente do diretório estadual, deputado federal Domingos Sávio, e de lideranças políticas de toda a Zona da Mata, Aécio Neves afirmou que a presidente Dilma Rousseff perdeu a capacidade de recolocar o Brasil no caminho da estabilidade política e econômica.

“O Brasil vive um processo de instabilidade enorme. A nossa percepção é de que a presidente da República perdeu as condições de nos conduzir para um momento de maior estabilidade, de retomada dos investimentos e, portanto, de melhoria da vida das pessoas com a recuperação do emprego.”

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves – Entrevista em Juiz de Fora

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (04/12), em Juiz de Fora (MG), onde participou de encontro com lideranças mineiras do partido. O senador falou sobre os encontros regionais do PSDB, impeachment da presidente Dilma, recesso parlamentar, economia brasileira, perda de investimentos da Zona da Mata e eleições municipais.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
O PSDB e os partidos que caminham conosco já há muitos anos em Minas Gerais têm feito reuniões em todo o Estado para discutir os problemas de Minas, os problemas do Brasil. É óbvio que trago agora para os companheiros uma visão sobre essa gravíssima crise econômica, moral e, agora, social na qual o governo do PT nos mergulhou. É muito importante que haja uma enorme coesão de todos nós para buscar saídas. O Brasil vive um processo de instabilidade enorme. A nossa percepção é de que a presidente da República perdeu as condições de nos conduzir para um momento de maior estabilidade, de retomada dos investimentos e, portanto, de melhoria da vida das pessoas com a recuperação do emprego. E a partir da semana que vem será instalada no Congresso Nacional, mais especificamente na Câmara dos Deputados, a comissão que deve discutir o processo de impeachment do ponto de vista jurídico.

O que temos de fazer agora é superar este Fla-Flu entre a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados e discutir de forma clara: houve crime? A presidente cometeu crime de responsabilidade? Se cometeu, ela tem de responder por isso. Se não estaremos criando quase que um salvo-conduto no país, onde seria permitido que os presidentes da República ou os detentores dos cargos mais altos pudessem, para se reeleger ou para se manter no poder, cometer crimes.

Felizmente no Brasil hoje as instituições funcionam. Funcionam de forma sólida, altiva, independente como os tribunais, como o Ministério Público, a Polícia Federal, o Poder Judiciário em todos os seus níveis. E é exatamente a solidez das nossas instituições que vai nos permitir superar essa crise.


Qual a opinião da oposição sobre o recesso parlamentar?

Essa é uma questão que vamos decidir no início da semana. Nosso sentimento inicial era de que isso deveria ocorrer o mais rapidamente possível. Mas o que estamos percebendo é que há um atropelo enorme do governo. Uma mobilização muito grande do governo para que não haja manifestações, para que a população não se inteire do que está acontecendo. Portanto, a nossa decisão será tomada conjuntamente com os outros partidos de oposição na terça-feira.

O que existe até agora são ponderações dos movimentos sociais com os quais temos contato e que gostariam de ter um tempo maior para que a população pudesse de alguma forma acompanhar mais de perto os desdobramentos deste processo. Não há uma decisão formal, mas ela será tomada na terça-feira.


Como os investidores internacionais têm reagido a esse momento? Vocês têm alguma informação?

O que percebo é que os investidores, tanto internacionais quanto nacionais, têm se manifestado desde o início do segundo mandato da presidente Dilma com enormes reservas em relação ao Brasil. A equação na qual o PT nos mergulhou é a mais perversa que já vivemos na nossa história contemporânea. O Brasil entre os 20 países mais desenvolvidos do mundo será o que terá o pior crescimento. Nós apenas estamos à frente da Ucrânia que está em guerra civil. O Brasil tem hoje 60 milhões de pessoas inadimplentes com prestações atrasadas.

O desemprego, em fevereiro, para os mais jovens ultrapassará 25% para aqueles que têm até 24 anos. A média será de 12%, a inflação continua sem controle. Nas regiões metropolitanas, a inflação já chegou em torno de 15%, a de alimentos, aquela que mais atinge os mais pobres. A grande verdade é que aqueles que tiveram, no período de governo do PT, alguma ascensão social em razão de várias medidas – e a principal delas é a estabilidade que foi tomada no governo anterior – retornarão para a condição anterior, só que em um cenário muito pior, com inflação, com desemprego, com juros na estratosfera e sem perspectiva de retomada do crescimento. O meu sentimento pessoal, como presidente nacional do PSDB, é que o governo do PT acabou. Esse é o lado bom da história.


Qual é a expectativa para a Zona da Mata, já que a gente está neste encontro regional?

Há uma preocupação permanente nossa com a retomada do crescimento da Zona da Mata, que já foi uma das mais vigorosas do ponto de vista econômico do Estado de Minas Gerais, e que vive hoje, por um conjunto de circunstâncias, um momento extremamente difícil, seja pela perda de atividade geral do país e do próprio estado de Minas Gerais, seja pelas facilidades que o estado do Rio tem dado para a atração de empresas.

Não há, infelizmente, hoje ainda um projeto de desenvolvimento específico que possa atender a Zona da Mata. Ele deve passar certamente por uma equivalência, uma isonomia tributária com estados vizinhos. Falo do Rio de Janeiro, mas poderia falar também do Espírito Santo. Mas o que assistimos no governo do estado de Minas Gerais foi algo na linha oposta, foi o aumento da carga tributária que, mais uma vez, impacta negativamente na competitividade dessa região.

O que estamos vendo no Brasil estamos vendo também em Minas Gerais: um governo que se elegeu com um discurso, prometendo diminuição dos impostos, prometendo a retomada dos investimentos e, na verdade, promoveu um amplo aparelhamento da máquina pública, promoveu aumento da carga tributária e o descumprimento de todos os compromissos que assumiu com os mineiros. Acho que poderia resumir hoje que o PT, que vive, a meu ver, os seus estertores do Brasil, e, em Minas Gerais, tem como sua principal marca o engodo, a mentira.


Qual é a importância da sucessão municipal de Juiz de Fora e da Zona da Mata?

Tenho conversado muito com o deputado Marcus Pestana, um dos maiores líderes que temos no Congresso Nacional, com o ex-prefeito Custódio Mattos, com o presidente da Câmara, Rodrigo Mattos e com outras lideranças do partido e a nossa intenção é de que o PSDB possa ter um nome altamente qualificado para disputar as eleições em Juiz de Fora, porque essas eleições municipais encontrarão o PSDB no seu melhor momento em 20 anos de fundação.

Somos o contraponto ao governo do PT e àqueles que o apoiam. Votar no PSDB é antecipar o fim de um governo que tantos prejuízos vem trazendo aos brasileiros, que tanta infelicidade vem trazendo às famílias, aos trabalhadores brasileiros, que tanta decepção vem trazendo aos mineiros. Portanto, temos que construir uma aliança em torno daqueles que querem, ao eleger alguém qualificado em Juiz de Fora, possa também estar sinalizando para o fim desse ciclo de governo do PT em Minas Gerais e no Brasil, que é o que queremos.

Aécio Neves – Entrevista na Convenção Nacional do Democratas

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, após participar da Convenção Nacional do Democratas, em Brasília, nesta quinta-feira (03/12). Aécio falou sobre impeachment da presidente Dilma, crise econômica, investigação do deputado Eduardo Cunha, rito do processo de impeachment e recesso parlamentar.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

O processo do impeachment agrava a crise econômica?

A crise econômica, infelizmente, vai se agravar independentemente deste processo. Estamos no processo de desaquecimento absoluto da economia pela ausência de confiança que se tem neste governo. A previsão de todos os economistas, antes mesmo do desfecho de ontem da abertura do processo de impeachment, era para o aumento do desemprego a partir do ano que vem, aumento da inflação e ainda a taxa de juros na estratosfera. Tudo isso mostra que a crise mais grave que temos hoje no Brasil a enfrentar é a crise social. E esse impasse, a insegurança em relação ao governo, isso claro que contribui para o agravamento desta crise. Precisamos superar este momento. O processo de impeachment está instalado. A presidente terá a oportunidade de se defender.


Sobre um enfrentamento entre presidente Dilma e Eduardo Cunha.

Temos de parar com esta bobagem que se criou hoje de que é a disputa entre o presidente da República e o presidente da Câmara. O presidente da Câmara a partir de agora já não é mais protagonista deste processo. Ele será discutido por uma comissão formada pelo conjunto dos partidos políticos representado na Câmara dos Deputados. E ali se discutirá efetivamente a validade ou não das acusações constantes daquela peça. A presidente cometeu ou não crime de responsabilidade ao assinar decretos autorizando despesas sem autorização do Congresso? A lei 1.079 veda isso de forma absolutamente clara e peremptória. Essa que é a discussão. Vamos discutir com base no documento jurídico apresentado.

É óbvio que em uma questão que toma conta de tantas emoções, como essa, de um afastamento da presidente da República, o componente é político. E as movimentações sociais, as movimentações de rua acabam por impactar aqui no Congresso Nacional. Nós, da oposição, vamos ter absoluta serenidade nessa discussão. Não vamos antecipar prazos, vamos discutir a matéria absolutamente dentro daquilo que o regimento prevê. E no Brasil, espero eu, esperamos todos os brasileiros, a lei deve ser cumprida por todos. Em especial porque quem deveria dar o exemplo, a presidente da República.

Cabe a ela responder, não como fez ontem de forma incorreta. A meu ver, a presidente da República começou mal a sua defesa porque mentiu. Mentiu pelo menos duas vezes no seu rapidíssimo depoimento. Em primeiro lugar ao dizer que não aceitaria barganhas para trocar os votos no Conselho de Ética da Câmara. Não é verdade. Os seus principais ministros negociaram esses votos durante todos os últimos dias sem que ela se opusesse de forma clara a isso.

O que houve foi que o PT, em um determinado momento, resolveu não pagar mais o preço desse desgaste. De mais um desgaste para ajudar a presidente da República. Mas essa é uma questão que ela tem de resolver com o seu partido.

E mentiu ao dizer que não cometeu crimes. O Tribunal de Contas atestou pela unanimidade dos seus membros que foi cometido um crime de responsabilidade. Essa que é a questão central. E é sobre isso que ela deve se defender.


Como fica a posição do PSDB na Câmara em relação ao Conselho de Ética. Continua votando contra Eduardo Cunha?

A mesma posição. Não houve, em nenhum momento, nem de longe, qualquer possibilidade de discussão em relação a essa questão. Os votos do PSDB continuarão sendo pela continuidade da investigação. E também lá caberá ao presidente da Câmara se defender.

Acho que a situação de ambos é grave. Não cabe ao PSDB fazer uma disputa entre os dois presidentes: da República e da Câmara dos Deputados. São processos distintos que terão seu curso normal. O que nós, da oposição, temos de fazer é garantir que ambos tenham esse curso. No caso da presidente da República, para que não haja uma obstrução, seja aqui seja no Supremo Tribunal Federal, para que o Congresso possa tomar a melhor decisão.


O sr. disse no discurso que espera em breve o PSDB junto com o Democratas estarem governando o país. Qual breve deve ser este tempo?

O calendário constitucional prevê eleições em 2018. Obviamente, isso pode ser de alguma forma antecipado. Mas seja quando for, o que eu quis dizer hoje na convenção do Democratas é que temos um projeto comum de país. Estivemos juntos na última eleição. Sou reconhecido ao papel que o Democratas desempenhou e espero que possamos (estar juntos) no momento em que o calendário constitucional definir quando serão as eleições. O que quis dizer é que o PSDB quer estar junto ao Democratas para construir um projeto novo de país. Que não é nem o projeto do PT nem o projeto do PMDB.


Diante da questão do impeachment é melhor que não haja recesso este ano?

Esta é uma questão que vamos discutir no dia de hoje. Acho que uma questão tormentosa como esta justificaria uma decisão, uma conclusão o mais rapidamente possível. Sem atropelos. Não há uma decisão nossa ainda. Pretendemos conversar, hoje ainda, inclusive, com o presidente Renan Calheiros para ver qual é o seu sentimento em relação à convocação (do Congresso).

Não há uma autoconvocação, tem que haver uma convocação por maioria absoluta dos membros das duas casas. Essa é uma das questões que vamos discutir a partir de agora. Mas eu, pessoalmente, acho que quanto mais rápido esse processo for concluído melhor para o Brasil. Seja qual for o resultado, pelo menos uma nova etapa se inicia para o bem dos brasileiros.


Essa questão pode ainda parar no STF?

A nossa avaliação é de que foi cumprido o rito constitucional, como já foi dito, aqui mesmo, hoje. O presidente da Câmara dos Deputados arquivou mais de trinta proposituras de afastamento. Não houve nenhuma contestação seja da base do governo ou do próprio Supremo Tribunal Federal à essa decisão do arquivamento. Por que? Porque estava no exercício das prerrogativas do cargo.

No momento que ele aceita, ele exerce essa mesma prerrogativa por mais que isso agrade uns e deixe de agradar outros. Não acredito que o Supremo interferirá no processo legislativo interno. Nós é que temos que ter o cuidado de fazermos o trâmite adequado, sem atropelo de prazos, cumprindo estritamente o que prevê o regimento. Não temos que ter açodamento para essa decisão, mas obviamente não podemos aceitar postergações, adiamentos indefinidos porque isso não é bom para o pais. Tudo, tudo é melhor do que a manutenção desse impasse e da falta de confiança e credibilidade da atual presidente da república.