Entrevista sobre o rebaixamento da Agência Moody’s

“Um dos fatores talvez mais relevantes para este rebaixamento é a ausência de perspectivas em relação ao futuro. Porque este governo não apresenta mais essas perspectivas de aprovar uma agenda no Congresso Nacional”, afirmou o senador Aécio Neves, durante entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília, após anúncio de novo rebaixamento da nota de crédito do país. A Agência Moody’s rebaixou hoje a nota do Brasil de Baa3 para Ba2, uma semana após a mesma decisão da Standard & Poor’s. O presidente nacional do PSDB destacou que a perda de credibilidade frente aos investidores externos ocorre em razão dos erros cometidos pela política econômica adotada pelo governo brasileiro e não de uma crise econômica internacional, que não existe.

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves – Entrevista sobre o rebaixamento do grau de investimento – Agência Moody’s

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília. Aécio falou sobre o rebaixamento do grau de investimento da agência Moody’s, erros da política econômica, queda da popularidade da presidente Dilma e pesquisa CNT/MDA.


Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre novo rebaixemos do grau de investimento do Brasil pela Agência Moody’s.

É o pior sinal possível. E ao contrário do que o PT gosta de afirmar, a responsabilidade por mais este rebaixamento é exclusivo do governo brasileiro, dos inúmeros equívocos do governo do PT. O que hoje este rebaixamento significa? As empresas com maiores dificuldades de rolar suas dívidas, portanto, com menos competitividade, com mais desemprego e o descontrole da economia cada vez maior.

Hoje, o Brasil prova o gosto amargo dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que não atendeu a nenhum dos alertas que foram feitos inclusive na campanha eleitoral. A responsabilidade por este rebaixamento não é de nenhuma crise internacional, até porque ela não existe. É exclusivamente das irresponsabilidades e dos equívocos do governo brasileiro.

Um dos pontos que a agência pondera é que a dinâmica política desafiadora pode atrasar as reformas estruturais. Há uma cobrança muito grande por estas reformas. O que é esta dinâmica desafiadora?

As reformas estruturantes em um país com o presidencialismo tão forte como o brasileiro só ocorrem se o governo tiver autoridade para conduzi-las. Em primeiro lugar, mobilizando a sua base e nós não temos mais isso no Brasil.

Um dos fatores talvez mais relevantes para este rebaixamento é a ausência de perspectivas em relação ao futuro. Porque exatamente este governo não apresenta mais essas perspectivas de apresentar e aprovar uma agenda no Congresso Nacional. A responsabilidade é do governo que sequer consegue o apoio da sua base para reformas estruturantes. Nós da oposição continuaremos a fazer o que viemos fazendo. Aquilo que for de interesse do Brasil contem conosco. Mas aquilo que significar manutenção deste governo, certamente, o Brasil não pode contar com as oposições porque a manutenção deste governo como aí está não interessa aos brasileiros.

Tenho dito o seguinte, enquanto tivermos um governo sem autoridade, sem projeto, sem coragem para enfrentar as questões estruturais, o Brasil infelizmente continuará no final da fila como agora estamos vendo com mais este rebaixamento.


A perspectiva futura ainda é negativa?

A perspectiva futura é que talvez tenha sido o ponto mais grave para mais este rebaixamento. O Brasil não tem perspectivas enquanto este governo não tiver um projeto de país. O projeto hoje da presidente Dilma é única e exclusivamente se manter no poder. E as agências percebem isso. As agências sinalizam hoje aquilo que a perspectiva de futuro nos apresenta. Não temos futuro com este governo do PT.


Como o sr. avalia a pesquisa de popularidade da presidente com 62% de rejeição?

Tudo isso é consequência do desastre para as pessoas. Não comemoro este rebaixamento. Não acho que isso seja motivo de comemoração ou de aplauso por ninguém. Ao contrário. Isso impacto na vida real das pessoas. É o desemprego crescendo, a inflação sem controle, o endividamento das pessoas aumentando, o Brasil sem perspectivas de futuro. Enquanto não tiver um governo com autoridade, veja o que aconteceu na Argentina, as medidas estruturantes ainda não ocorreram, mas a mudança de ambiência, a perspectiva de um futuro diferente daquele que vinha ocorrendo até o fim do governo Kirchner já mudou o ambiente. Os investimentos estão indo para lá. Brasileiros estão querendo novamente investir na Argentina, e no Brasil ocorre o oposto.

Infelizmente, enquanto tivermos aí esse governo o Brasil vai continuar patinando, andando de lado. E quem sofre não é o governo, não é o PT, esses vão muito bem como vemos todos os dias. Quem sofre é a população brasileira, e principalmente os mais pobres. Aqueles que o governo do PT diz defender são os primeiros a pagar essa conta extremamente salgada dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que, para se manter no poder, fez ouvido de mercador a todos os alertas de correção de rumo na economia. Para ganhar as eleições, como a própria presidente disse, faz-se o diabo. E hoje, infelizmente, quem está comendo o pão que o diabo amassou são os brasileiros, principalmente os mais pobres.


Ainda sobre a agência, ela coloca que há expectativa que a dívida pública brasileira ultrapasse 80% nos próximos 3 anos. O Brasil continua sendo um país que gasta muito e como a oposição fala, gasta mal?

Gasta muito, gasta mal e não teve coragem de fazer as reformas para conter, para estabelecer limites para esses gastos. Essa dívida pública brasileira, que ultrapassará com certeza 83%, 85%, em 2018, é a mais alta dentre todos os países emergentes. A média dos países emergentes não chega a 60%. Isso é uma demonstração do descontrole das contas públicas, da irresponsabilidade fiscal que norteou, que orientou as ações naquela chamada nova matriz econômica. E repito, as consequências são reais nas vidas das pessoas, porque se fala de rebaixamento as pessoas não entendem bem como isso afeta as suas vidas. Significa, repito, as empresas brasileiras tendo uma incapacidade cada vez maior para rolar suas dívidas, para se autofinanciarem e mais do que isso, desemprego aumentando e a carestia chegando na vida das famílias brasileiras. Esse rebaixamento, mais uma vez, impacta na vida real dos brasileiros.


Foi divulgada hoje uma pesquisa dizendo que o senhor ganharia do ex-presidente Lula, se as eleições fossem hoje. Como o senhor vê esse resultado?

O que há na verdade é um cansaço absoluto em relação ao que vem acontecendo hoje no Brasil. Acho que esse modelo de governança do PT que alia incompetência administrativa, irresponsabilidade fiscal e desapreço pela questão ética, fracassou. Agora, nós do PSDB temos um projeto para o Brasil, apresentamos esse projeto durante a campanha eleitoral. Infelizmente não vencemos as eleições, mas continuamos a ter um projeto para o Brasil, que passa pela responsabilidade fiscal, pela meritocracia na administração pública, pela coragem para fazer as reformas que durante 13 anos não foram feitas pelo governo do PT
O PSDB, obviamente, no momento certo, no momento em que as eleições se aproximarem, terá uma candidatura que represente esse projeto. Fico feliz com os resultados das pesquisas, mas não vamos antecipar o calendário. Hoje, o que precisamos é encontrar caminhos para que o Brasil saia desse abismo no qual o PT nos mergulhou.

Entrevista sobre novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil

“Um dos fatores talvez mais relevantes para este rebaixamento é a ausência de perspectivas em relação ao futuro. Porque este governo não apresenta mais essas perspectivas de aprovar uma agenda no Congresso Nacional”, afirmou o senador Aécio Neves, durante entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília, após anúncio de novo rebaixamento da nota de crédito do país. A Agência Moody’s rebaixou hoje a nota do Brasil de Baa3 para Ba2, uma semana após a mesma decisão da Standard & Poor’s. O presidente nacional do PSDB destacou que a perda de credibilidade frente aos investidores externos ocorre em razão dos erros cometidos pela política econômica adotada pelo governo brasileiro e não de uma crise econômica internacional, que não existe.

Queda Livre

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 22/02/2016

O novo rebaixamento da nota de risco do Brasil, apenas seis meses depois de o país perder o selo de bom pagador, não surpreendeu ninguém.

Ainda que previsível, diante da deterioração crescente da economia e da incapacidade do governo de reagir, esse é um fato que jamais deveria ser banalizado. Mas são tantas as notícias ruins, que corremos o risco de nos acostumarmos com elas.

O rebaixamento afeta o dia a dia de todos os brasileiros, mesmo que, para muita gente, pareça algo incompreensível. É a vida cotidiana que se torna ainda mais dura. Significa juros mais altos para nossas empresas, redução de investimentos, produtos mais caros, inflação e mais inadimplência, além do desemprego crescente. É também um período de maior dificuldade para o governo brasileiro se financiar e mais impostos no futuro para pagar essa dívida e a necessidade de cortes maiores das despesas.

O Brasil precisou percorrer uma longa estrada, que se iniciou com FHC e o Plano Real, em 1994, para ganhar o selo de bom pagador. Em menos de uma década, o governo do PT, com suas políticas equivocadas, nos tirou essa conquista.

É preciso registrar que o total de desempregados no país cresceu 41,5% em um ano e já ultrapassou 9 milhões de brasileiros. A redução nas vendas mostra o consumo das famílias em queda acelerada em todos os segmentos. Com a inflação alta e o crédito apertado, os brasileiros diminuíram a compra de eletrodomésticos, automóveis, roupas, material de construção, alimentos. Na etapa seguinte, o que se corta são os serviços. Quem é pai ou mãe sabe o quanto dói mudar a escola do filho.

É o Brasil, sem disfarces ou truques de marketing, mostrando a sua cara.

O rebaixamento não é obra do acaso. A tormenta tem nome, sobrenome e RG. Não veio de fora, como um ataque alienígena, como sempre querem fazer crer para justificar o injustificável. Segundo Lisa Schineller, da agência S&P, “o rebaixamento foi resultado da política doméstica, de ações ou falta de ações domésticas”. É, portanto, obra de um governo, de um partido, de um conjunto de ideias rasas e equivocadas que estão destruindo um patrimônio de conquistas que é de todos nós.

De uma amostra de 30 países que perderam o grau de investimento desde 1980, poucos recuperaram suas posições. A vida entre as nações da segunda divisão vai cobrar um preço alto dos brasileiros. E não há saída fácil.

Será preciso liderança política, uma equipe competente e compromisso com uma ampla agenda de reformas para superarmos a atual crise, que já é a maior das últimas décadas. Infelizmente faltam a este governo convicção, capacidade e estatura moral para conduzir o país nesta direção.

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Aécio Neves lamenta novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, lamentou nesta quarta-feira no plenário do Senado Federal o novo rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil pela agencia Standard and Poor’s, apenas cinco meses depois que a mesma instituição retirou do Brasil o selo de bom pagador.

Sonora do senador Aécio Neves
“A Standard & Poor’s acaba de rebaixar a nota de crédito do Brasil mais uma vez, de BB+ para BB. Na verdade, faz isso após avaliar que o processo de ajuste da economia brasileira não alcançará os objetivos expostos ou buscados pelo Governo. É mais uma nota triste em um contexto realmente de notícias extremamente negativas que o Brasil vem colhendo”.

A agência também colocou a nota do país em perspectiva negativa, indicando que ela pode voltar a ser rebaixada. A nota de crédito do país acaba refletindo também na nota das empresas. Ou seja, uma piora no rating soberano do Brasil pode resultar em rebaixamentos de empresas e, consequentemente, numa maior dificuldade de financiamento ou, ainda, crédito mais caro. De Brasília, Shirley Loiola.

Boletim

Aécio lamenta novo rebaixamento de nota do Brasil

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, lamentou o rebaixamento da nota da dívida brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, nesta quarta-feira (17/02). Em setembro do ano passado, a S&P já havia retirado o selo de bom pagador do Brasil.

“A Standard & Poor’s rebaixa a nota de crédito do Brasil mais uma vez, de BB+ para BB. Na verdade, faz isso após avaliar que o processo de ajuste da economia brasileira não alcançará os objetivos expostos ou buscados pelo Governo. É mais uma nota triste em um contexto realmente de notícias extremamente negativas que o Brasil vem colhendo”, afirmou o senador Aécio Neves.