Pronunciamento no Senado sobre decisão do TCU

“Foi dado um prazo de 30 dias pelo TCU para que a presidente da República possa se explicar. Mas os dados não mudam. Estaremos todos atentos e vigilantes para que, dentro de 30 dias, o Tribunal de Contas, cumpra com a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos”, disse o senador Aécio Neves em pronunciamento nesta noite (17/06) no Senado sobre o prazo de 30 dias dados pelo TCU para que a presidente Dilma Rousseff explique as 13 ilegalidades fiscais (pedaladas) cometidas pelo governo ano passado.

George Gianni

George Gianni

Pronunciamento no Senado sobre decisão do TCU

Em um pronunciamento no Senado Federal, o senador Aécio Neves reafirmou, na noite desta quarta-feira (17/06), que a oposição estará atenta e vigilante para que, dentro de 30 dias,  a presidente Dilma Rousseff explique as ilegalidades fiscais cometidas pelo seu governo, em 2014, e o Tribunal de Contas da União cumpra a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos. 

 

 Leia os principais trechos do pronunciamento do senador:

A sociedade brasileira, como eu, se lembra das grandes discussões que ocorreram nesta Casa e em outros fóruns quando da elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal, um marco fundamental na requalificação da administração pública brasileira. Naquele tempo, os bancos estaduais, em especial, financiavam corriqueiramente os seus controladores, que eram os governos dos estados, e quase sem exceção esses bancos faliram, esses bancos foram liquidados e aqueles poucos que restaram depois vendidos.

Volto no tempo exatamente para chegar nos dias de hoje. O que a presidente da República fez durante o ano passado foi contrariar o âmago, a parte central, o coração da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois, na verdade, ao perceber que não existiriam os recursos para todos os gastos que gostariam de fazer, o governo transfere às instituições financeiras públicas – Caixa Econômica Federal, a responsabilidade por bancar o Bolsa Família; o Banco do Brasil a responsabilidade por bancar parcelas do crédito rural e ao BNDES o programa de subsídios aos investimentos. E faz o quê o governo? Amplia, mesmo sabendo que não havia recursos para isso, outros programas, como o FIES que saltou do ano de 2013 de algo em torno de R$ 7 bilhões para mais de R$ 13 bilhões [em 2014], ou o Pronatec que aumentou em quase 30%, o Seguro Defeso que salta de R$ 15 milhões no ano [2013] para R$ 2,2 bilhões no ano seguinte, e todos eles voltaram…

Jamais na história desse país observou-se tamanho desrespeito à legislação como ocorreu por parte deste governo.  A questão central é que o Tribunal de Contas da União –   uma Corte respeitável, um órgão do Poder Legislativo, que vem aprimorando seus instrumentos de fiscalização, vem utilizando mecanismos, hoje, alguns dos mais modernos do mundo, e é referência, inclusive, para Cortes de contas de outros países do mundo – tem, nas suas mãos, uma oportunidade histórica de, simplesmente, dizer o seguinte: a lei neste país vale para todos. Temos que superar o tempo em que ministros de Estado ou detentores de cargos públicos, de poder público, adentravam àquela Corte e achavam que poderiam influir na decisão dos senhores ministros. O ministro Augusto Nardes deu uma primeira resposta. Uma resposta alentadora. De que a lei foi descumprida e aqueles que são responsáveis por esse descumprimento têm que arcar com suas responsabilidades. Foi dado um prazo de 30 dias para que a presidente da República possa se explicar. Mas os dados não mudam. 

O Ministério Público que atua na Corte de contas, além das pedaladas fiscais, demonstra clara e cabalmente outras irregularidades cometidas, como o não-contingenciamento, ou o que chama de contingenciamento fraudulento, ao desprezar, por exemplo, a queda da receita do FAT em 5 bilhões, ou que o seguro-desemprego e o abono salarial iriam crescer em 9 bilhões. Um faz de conta. Com um único objetivo: vencer as eleições. E, agora, transferem essa conta para a sociedade, para os trabalhadores brasileiros. Estaremos todos atentos e vigilantes, para que, dentro de 30 dias, a Corte de Contas do Brasil, o Tribunal de Contas, cumpra com a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos”.

Pátria Educadora?

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 25/05/2015

O governo do slogan “Pátria Educadora” trata muito mal a educação. A nova prova está no corte orçamentário anunciado, que penaliza toda a sociedade: o Ministério da Educação foi o terceiro mais atingido, atrás apenas das pastas de Cidades e da Saúde.

Vários programas da pasta já estavam debilitados antes mesmo do anúncio dos cortes. Basta dizer que neste ano, quase 200 mil alunos ficaram fora do Fies. No Pronatec, usado como carro-chefe da última campanha eleitoral, a situação é dramática já que, em muitos lugares, o ano ainda não começou, em função dos atrasos de pagamentos para escolas e professores.

A promessa de realizar dois Enems por ano parece ter sido arquivada em definitivo.

Também nessa área parece não haver consenso dentro do próprio governo. Recentemente, posicionamento do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência, Mangabeira Unger, autor do documento Pátria Educadora, que, sem meias palavras, classificou a educação brasileira como “calamitosa”, recebeu críticas de diversos educadores.

Nesta semana, os professores de 43 instituições federais de ensino anunciaram greve por melhores salários e pela falta de estrutura de trabalho.

Nos primeiros meses do ano, o Ministério da Educação chegou a reduzir em um terço o repasse de verbas para as universidades federais.

Estudar é o sonho maior para milhões de brasileiros.

Apesar de nas duas últimas décadas ter havido um processo contínuo de inclusão social, ainda hoje mantemos intocada uma enorme dívida social também nessa área. Ninguém desconhece os desafios acumulados pelo país neste campo. Um grande número de nossos jovens, infelizmente, ainda não consegue concluir, no tempo correto, o ciclo que se inicia no ensino básico até o superior. Perdemos, pelo caminho, milhares de brasileiros para a repetência ou a evasão e muito pouco temos feito para reverter essa tragédia, que impacta diferentes gerações de brasileiros.

Este quadro precisa ser enfrentado com coragem. O Brasil já destina mais de 5% do PIB para a educação, recursos que chegarão a 10% até 2024. Mais investimento no setor é sempre uma ótima notícia, mas, sem gestão de qualidade, ninguém sabe se esses recursos vão realmente servir aos brasileiros da forma transformadora, como poderiam e deveriam.

Os resultados em educação dependem de políticas públicas consistentes e de longo prazo. A curto prazo, no entanto, o que se vê é um governo que não poupa a área social na hora de fazer os cortes orçamentários para cobrir a conta de tantos erros cometidos. Ao lado dos brasileiros, o futuro do país também está pagando a alta conta dos erros do governo do PT.

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Brasil Real Pronatec

BR15