Apartes durante reunião no Plenário do Senado

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, discursou, nesta terça-feira (13/10), em plenário, no Senado Federal, cobrando da presidente Dilma Rousseff e do governo do PT saídas para a crise econômica e para a instabilidade que atinge o país.

Confira os principais trechos do pronunciamento do senador:
Sobre rejeição unânime das contas presidenciais pelos ministros do TCU

“O que o Tribunal de Contas disse aos brasileiros é que neste país a lei é para ser cumprida por todos. Em especial por aqueles que deveriam dar o exemplo”.

Um tema hoje é debatido não apenas nos plenários da Câmara ou do Senado, é debatido pela sociedade brasileira em todos os fóruns onde ela se reúne. Seja nas universidades ou nas associações de bairros, o tema da sustentabilidade deste governo não é uma prerrogativa da oposição hoje debater. Por que? Porque este governo perdeu, e isso é claro aos olhos da nação brasileira, a respeitabilidade, as condições mínimas de governabilidade. É louvável, devo aqui registrar, o esforço articulado das lideranças do PT de defender aqui, no Senado, e na tribuna da Câmara dos Deputados, principalmente nos últimos dias, o indefensável, porque senão aquilo que estamos fazendo nós da oposição, ao longo de todos esses meses, senão defender as nossas instituições.

E ninguém, absolutamente ninguém da oposição, ousou decidir ou definir qual o melhor encaminhamento para esse processo que aí está de instabilidade deste governo. Mas, em todos instantes, o que fizemos foi garantir que as nossas instituições, muitas vezes pelo governo confundidas com instituições de governo, mas na verdade são de Estado, fizessem aquilo que devem fazer. O Tribunal de Contas da União nada mais fez do que analisar tecnicamente as contas da presidente da República e será que todos os nove ministros daquela Corte têm uma coloração partidária, uma tendência política, e ousariam rejeitar as contas se não houvesse ali de forma clara a burla à Lei de Responsabilidade Fiscal?

O que o Tribunal de Contas disse aos brasileiros é que neste país a lei é para ser cumprida por todos. Em especial por aqueles que deveriam dar exemplo.

Ao desrespeitar o Tribunal de Contas como tentou fazer o governo, ao atacar o Congresso Nacional como vem fazendo, na verdade, aqueles que já mergulharam o Brasil, talvez na mais grave crise econômica da nossa história contemporânea, aliado a uma crise moral sem precedentes, querem ao final aniquilar as nossas instituições.

Mas felizmente, e é isso que é o ponto positivo que deve aqui ser saudado, elas têm funcionado com autonomia e com equilíbrio. Me refiro ao Ministério Público, me refiro à Polícia Federal, e em especial também nesse instante, ao Tribunal Eleitoral, que ali faz a sua parte: cumpre o seu dever, de julgar. E obviamente será dado sim o direito de ampla defesa à presidente da República, se houve, na campanha eleitoral, financiamento com dinheiro da corrupção na Petrobras. Mas esse samba de uma nota só, cantado e recitado pela base do governo em relação aos golpistas, porque todos aqueles que rejeitam o atual governo são caracterizados em uma só construção de golpistas, na verdade não atinge a nós da oposição. Atinge a grande maioria da população brasileira.

Sobre impeachment da presidente Dilma

“Esse governo não irá cair porque não é uma estrutura. Ele irá ser limpo com benzina porque é uma mancha”.

O fato objetivo é que essa articulação do governo hoje, seja do Congresso Nacional, a partir da sua base, seja junto aos Tribunais Superiores, a partir de alguns dos seus prepostos, e seja na reconstrução da base aliada, só tem esse objetivo, a manutenção desse grupo por mais tempo no poder.

Estamos fazendo e vamos continuar a fazer aquilo que devemos fazer, defender a democracia, atacada e vilipendiada por aqueles que se apoderaram da estrutura do Estado Nacional para com qualquer custo se manterem no poder. Me me vem à memória seu pai, o grande senador, o grande homem público Ronaldo Cunha Lima, e grande poeta, e que defendeu a democracia no país o quando pode no seu tempo. E ele produziu uma frase que ficou marcada na história recente desse país. Referia-se ele ao governo ditatorial, ao governo autoritário. Mas peço licença ao poeta Ronaldo para transferir essa frase, esse pensamento para esse governo, sem tirar nem por. Disse lá atrás o senador Ronaldo Cunha Lima ao referir-se ao governo militar, e transfiro para esse governo, disse ele: “Esse governo não irá cair porque não é uma estrutura. Ele irá ser limpo com benzina porque é uma mancha.”

Vejo aqui líderes importantes da situação hoje, que quando oposição patrocinaram, por exemplo, o afastamento do presidente Collor. Era golpe? Não acho que era. E as coisas não mudaram.

Portanto, o crime de responsabilidade é atestado por unanimidade do Tribunal de Contas e vamos ter oportunidade para esse debate, mas vamos continuar fazendo o nosso papel, defender a democracia e defender as instituições dos ataques que vêm sofrendo do governo do PT.


Sobre eleições presidenciais

“Cabe ao governo mostrar que tem condições de governabilidade. E cabe às oposições fazer o que estamos fazendo, com serenidade, sem ufanismos, mas fazendo com que a Constituição seja cumprida”.

Fui o primeiro brasileiro, poucos minutos após a consolidação da vitória, da atual presidente da República, a assumir a derrota. Por mais que ela não tenha cumprido a liturgia desses momentos de registrar, até como gesto de civilidade, de boas relações políticas, o telefonema do candidato derrotado.

Telefonei à presidente da República, cumprimentei pela vitória e disse à ela que a grande e a maior das responsabilidades que ela teria pela frente, sobretudo após uma eleição radicalizada em limites inimagináveis, seria de unificar o país. Disse à ela de forma muito clara que esse era o objetivo de todos nós. Mas não sei se a ligação não estava boa, ou se realmente a presidente não quis ouvir os sinais que nós ali estávamos dando.

De lá pra cá, vamos colocar as coisas como elas devem ser: a instabilidade porque passa o país é responsabilidade deste governo, dos que venceram as eleições, porque fraudaram informações, não fraudaram urnas, nós jamais fizemos essa acusação, queremos aprimorar o sistema e vamos apresentar sugestões para tal. Até porque o sistema hoje ele é inauditável.

O que ocorreu de lá para cá, é que os tribunais, o Ministério Público, a Polícia Federal vêm trabalhando, felizmente, para todos nós brasileiros, porque governos passam, nós passamos, nossos mandatos são efêmeros, mas as nossas instituições devem ser permanentes.

Não temos que antecipar cenários. Agora, a responsabilidade por dar estabilidade ao país é da presidente da República. Resgatar um clima de confiança, que permita que os investimentos também retornem e que os empregos voltem a ser gerados, é responsabilidade da presidente e do governo. Cabe ao governo mostrar que tem condições de governabilidade. E cabe às oposições fazer o que estamos fazendo, com serenidade, sem ufanismos, mas fazendo com que a Constituição seja cumprida e, obviamente, as decisões dos nossos tribunais também sejam observadas.


Sobre financiamento de campanhas

“A fonte da corrupção não é o financiamento privado. É o caráter daquele que recebe e daquele que fornece”.

É preciso que fique claro que uma coisa é contribuição de campanha, como define a lei. Como eu recebi, o senador Jorge Viana, a senadora Vanessa e tantos que estão aqui receberam. A outra é extorsão, como aquela a que se refere o delator Ricardo Pessoa, que diz que foi extorquido para financiar a campanha presidencial. Portanto, esse é um tema que ainda terá espaço de debate nesta Casa, porque a fonte da corrupção – você haverá de concordar comigo – não é o financiamento privado, é o caráter daquele que recebe e daquele que fornece.

Portanto, essa é a questão central, e temos que ter mecanismos e instrumentos para punir – como vem fazendo o Ministério Público, a Polícia Federal e, em última instância, a Justiça brasileira – aqueles onde as denúncias e as comprovações já saltam aos olhos.

O que me inquieta neste instante é que ao perder os argumentos, ao ver fragilizados todos os argumentos de defesa das ações presidenciais, o PT ataca as instituições. Elas precisam permanecer, ser aprimoradas. Não podem ser atacadas porque tomaram uma decisão contrária ao interesse do Partido dos Trabalhadores.

Sobre pedaladas fiscais do governo Dilma

“Vejo uma tentativa recorrente, agora sugerida pelo ex-presidente Lula, para dizer o seguinte: “as pedaladas foram necessárias para pagar o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida”. Mentira! Fizeram única e exclusivamente para vencer as eleições”.

Vejo uma tentativa recorrente, agora sugerida pelo ex-presidente Lula, e vejo verbalizada por muitos daqueles que lhe são próximos, para dizer o seguinte: “as pedaladas foram necessárias para pagar o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida’. Mentira! O Tesouro teria recursos para pagar os programas sociais, só que não o fez deliberadamente. Por quê? Porque ampliou outros programas com o objetivo eminentemente eleitoral. Logo depois das eleições, programas educacionais que eram importantes caíram pela metade ou tiveram, como no caso do Pronatec, um milhão e meio de vagas suprimidas. Fizeram única e exclusivamente para vencer as eleições.

Para ficar muito claro: o governo transferiu para os bancos públicos, como impede a Lei de Responsabilidade Fiscal, responsabilidades que eram do Tesouro e, obviamente, autorizou, a partir de novos decretos, novos gastos que inflaram artificialmente e irresponsavelmente outros programas. O objetivo foi alcançado. O primeiro deles:venceu as eleições. Mas hoje temos uma presidente da República ilhada, sitiada, e que vê sua base aqui comemorando uma liminar do Supremo Tribunal Federal, quando deveria estar comemorando a melhoria nos indicadores da educação, diminuição nesse nível vexatório de desemprego que vem crescendo no Brasil e que chega a 1,5 milhão de empregos formais retirados dos brasileiros em apenas 1 ano e 3 meses.

Essa é face, a meu ver, perversa daqueles que acharam que tudo podiam. Viver da contestação de impunidade durante todos os últimos anos e, agora, estão vendo chegar o momento do acerto de contas. Não com a oposição, mas com a Justiça e com os brasileiros.

Educadora?

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 27/07/2015

São muitos os problemas da educação brasileira. Falta de planejamento, inadequação da grade curricular, pouca valorização dos professores, investimento baixo em pesquisa e outros desafios se acumulam há anos, sem solução.

Essa precariedade generalizada é fruto da mesma fonte: a incapacidade do país de tratar a educação como política de Estado prioritária.

Nada mais falacioso do que o slogan “Pátria Educadora”, anunciado com júbilo pela presidente Dilma como âncora de seu segundo mandato, e solenemente ignorado em sua gestão. Programas como Fies, Pronatec e Ciência sem Fronteiras sofreram uma degola radical. O Ministério da Educação foi dos mais atingidos no arrocho fiscal em curso.

É nesse contexto de fragilidade que o país assiste, com assombro, ao desmonte das universidades públicas brasileiras. Trata-se de uma das piores crises vividas pelo setor em toda a sua história.

Neste ano, a verba repassada para as universidades federais foi reduzida em 30%, provocando adiamento de obras, paralisação de cursos e atraso no pagamento de bolsas.

Grandes universidades como a UFMG, UFRJ ou a UNB, entre outras, enfrentam graves dificuldades. Milhares de alunos são prejudicados, mas não apenas eles. O colapso do sistema universitário atinge também o cidadão ao afetar o atendimento em hospitais universitários, os serviços de atenção jurídica e uma série de programas voltados para a sociedade.

É também muito grave a situação de órgãos capazes de impactar a modernização de nossa economia. Instituições de importância estratégica como o CNPq e a Capes nunca estiveram tão abandonadas.

Denúncias revelam que a Capes cortou 75% da verba de custeio para apoio à pós-graduação. É como desligar a tomada que nos dá acesso a setores de ponta do conhecimento. Menos pesquisa, menos inovação, menor competitividade.

A educação deficiente está na raiz de nossa baixa produtividade. Não há como competir no mercado global a bordo dos nossos indicadores.

O momento exige responsabilidade e compromisso. Não há milagre capaz de reverter a presente situação. Bons resultados na Educação não surgem da noite para o dia, dependem de políticas públicas consistentes e de longo prazo.

Mas é possível, em curto prazo, fazer mais do que promover cortes orçamentários destinados a encobrir rombos fiscais provenientes de má gestão.

Ao escolher um slogan que contraria na realidade, o governo dá mais uma demonstração da opção pelo marketing.

Ao golpear a universidade brasileira, a “Pátria Educadora” atinge o sonho de milhares de jovens que enxergam na formação superior uma fonte de qualificação e de ascensão social. Não é justo que façamos isso com aqueles que irão responder pelo futuro do país.

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“Lula faz maldade com Dilma”, diz Aécio em entrevista ao Correio

Depois de mais de oito meses das eleições presidenciais de 2014, o tucano Aécio Neves esboça um sorriso ao ser questionado sobre o que faltou naquela campanha para sair vitorioso: “Faltou voto, né?”. Em seguida, ele emendou: “Vou responder com franqueza. Foi uma luta absolutamente desigual. Não perdi para um partido político. Perdi para uma organização criminosa que se apoderou do Estado”, afirmou, no fim da manhã da quinta-feira passada, no gabinete do 11º andar do Senado.

Ao longo de quase uma hora de entrevista, Aécio falou sobre a derrota em Minas, a crise política e econômica do governo Dilma Rousseff, a Operação Lava-Jato e os reflexos da investigação no Executivo e, agora, cada vez mais fortes, no Legislativo. Mostrou certo desconforto ao ser questionado sobre o fato de petistas o chamarem de golpista e, por último, mirou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “(Sugerir que Dilma viaje) é uma grande maldade que Lula está fazendo. O Brasil tem uma presidente sitiada. E isso, na verdade, parece uma certa vingança dele. Ela vai para onde? Vai para ser vaiada?”.

A entrevista com o senador Aécio Neves ocorreu horas antes das denúncias do executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu US$ 5 milhões em propinas relativas à compra de dois navios-sondas da Petrobras. O episódio motivou o anúncio de Cunha de que rompeu com o governo e, agora, é oposição. Ontem, o senador mineiro divulgou nota sobre o caso.

O recesso do Congresso a partir desta semana vai acalmar o clima político de Brasília?
Do ponto de vista de agenda parlamentar, sim. Mas a Lava-Jato não para, não é? A crise não para. Ela apenas se agrava, o Brasil parou. Esse talvez seja o componente não visível, a gente fica vendo denúncia disso, denúncia daquilo… Amanhã vai prender não sei quem. Mas tem uma questão que, a meu ver, fragiliza ainda mais a presidente, que é a economia. A expectativa de receita do governo está muito abaixo do que se previa. Tem uma crise que permeia todas as outras, estou falando do desemprego, da inflação, dos juros altos. É isso que vai emoldurar tudo aí, que é a crise de confiança hoje no Brasil. Ninguém está investindo. Esse programa de concessões que tem sido pouco explorado… Tudo parado, todo mundo com pé atrás. Essa é a crise potencializadora das outras. Sem confiança, você não retoma o crescimento, não administra a base no Congresso. Ninguém respeita mais o governo.

E qual é a solução?
Eu tenho de ter cautela, como presidente do PSDB. Nós não somos protagonistas do desfecho. O desfecho, qualquer que seja, será sempre de responsabilidade do atual governo. Seja para se manter — se reunir as condições de governabilidade, que não estão fáceis —, seja para um outro desfecho que, se tiver de ocorrer, será de responsabilidade do governo. Seja na questão das regras de responsabilidade fiscal, seja pela questão da propina de campanha, seja pela capacidade de se sustentar mesmo, de tocar o país. Eu tenho conversado com muita gente do setor privado. Até dois meses atrás, as conversas eram sobre quando o Brasil retomaria o crescimento. As pessoas falavam: “Será que isso melhora antes da eleição municipal, ou na eleição ainda estará muito grave?”. De dois meses para cá, a conversa não é mais essa. É até quando ela (Dilma) aguenta.

E qual é a expectativa do senhor?
Como presidente do PSDB, tenho de garantir que as instituições funcionem. Toda hora que eu perceber que há uma tentativa de pressão, de manipulação — como tentam fazer volta e meia setores do PT, seja na Polícia Federal, seja no Ministério Público, seja nos tribunais —, temos que denunciar e fazer a contrapressão. Eu vou dizer: vai ter impeachment? Hoje, eu não acho que tenha condições para isso. Não há ainda, o que não impede que venha a ocorrer. O Brasil tem uma legislação para ser cumprida. Eu vejo o advogado-geral da União confessando os crimes das chamadas pedaladas e já querendo estabelecer as penas: “O crime houve, mas sempre houve. Ninguém afastou presidente por causa disso”. Então, para ele (Luís Inácio Adams), houve o crime. Tem uma legislação que pune esse crime e o processo tem de correr, senão os tribunais não são mais necessários. Tem crime, tem de ser punido. Se não teve crime, tem de ser absolvido. E é isso que a presidente não entendeu. Cabe a ela, em vez de focar na oposição, gastar energia, se concentrar em responder e apresentar a versão aos tribunais.

O que acha da sugestão do ex-presidente Lula de pedir para Dilma viajar o país?
Isso é uma grande maldade que o presidente Lula está fazendo. O Brasil tem uma presidente sitiada. E isso, na verdade, parece uma certa vingança dele. Ela vai para onde? Vai para ser vaiada? Hoje, os custos das viagens presidenciais foram para a estratosfera. Antes, tinha o escalão precursor para definir local, palanque. Agora tem de ir um exército antes, para limpar a área. E mesmo assim não consegue. A presidente está sitiada. Além das questões econômicas, há as morais. Ela mentiu aos brasileiros, os brasileiros sabem disso. A cada dia que passa vai ficando mais claro. A mentira foi deliberada, tinha um objetivo, que era vencer as eleições. Não sou eu que estou dizendo, está na cabeça das pessoas. Olha, nós vamos ter, entre agosto e setembro, uma pororoca no Brasil, um encontro das águas turvas.

O fenômeno da pororoca acabou, senador…
Então teremos a reinvenção da pororoca. Nós vamos ter, entre agosto e setembro, votações dessas questões gravíssimas nos dois tribunais (TCU e TSE). Não somos nós, da oposição, que estamos criando esses fatos. Houve crime de responsabilidade, segundo relatório do ministro do TCU e agora já admitido pelo advogado-geral da União, que é extremamente grave. A votação tem de ser técnica, deve ser pela condenação, mas isso, evidentemente, cabe ao tribunal. Temos uma questão no TSE que não somos nós que estamos dizendo. É um dos delatores. Agora, os delatores dizem que houve dinheiro da propina. Por que o Ricardo Pessoa disse que foi extorquido? Ele fala do responsável pela campanha da Presidência da República, o tesoureiro do PT. “Ah, mas o tesoureiro não atuava na campanha.” Engano, o tesoureiro arrecada sim, e o dinheiro que ele arrecadou foi para a campanha. Tem mais de R$ 30 milhões arrecadados no estilo Vaccari, que foram para a campanha, foram transferidos para o diretório e para a campanha. Não sou eu que estou dizendo, é a polícia. Nós vamos ter o início das denúncias em relação aos envolvidos na Lava-Jato. Isso se prevê para o começo de agosto, quando começarem as denúncias.

Inclusive contra os parlamentares…
Principalmente os parlamentares. Estou dizendo: é o quadro da nova pororoca. Isso vai criar uma instabilidade enorme. Há várias delações de que ainda não se tem conhecimento. E vai ter o início das denúncias do STF, que podem atingir muita gente. Além disso, novas operações Lava-Jato podem chegar ainda mais próximo do governo. E, com tudo isso, dois componentes que, a meu ver, são nitroglicerina pura: economia degringolando e desemprego aumentando de forma muito vigorosa. Eu conversei com o Robson (Andrade) da CNI na semana passada e ele disse que, pela primeira vez na história, todos os setores da indústria, sem exceção, estão demitindo.

Quanto tempo o país sobrevive nessa situação?
Eu não tenho bola de cristal. Se ela (Dilma) não reassumir o comando do país, eu acho que, naturalmente, as dificuldades dela serão muito maiores. As pessoas falam sobre o negócio do impeachment. Eu não estou esperando a queda da presidente, eu estou esperando que ela assuma o segundo mandato. Não assumiu até hoje, não tem governo. Agora, se ela não assumir, no vácuo o país não pode ficar. O país não pode navegar três anos no vácuo. Ou ela assume o governo e encontra forças, resgata um pouco a confiança, ou não vai a lugar nenhum. E o que falta? Falta humildade. A presidente precisa ter humildade não para dizer que as coisas estão difíceis, mas para reconhecer que as coisas estão muito difíceis por causa dela, por causa do governo dela, do despreparo da incompetência, da corrupção. Ela deveria ter tido essa coragem na campanha eleitoral, para dizer onde o país estava mergulhado. E não ter mentido, porque a mentira é a arma daqueles a quem falta coragem. Enquanto ela não reconhecer, ela não inspira confiança.

Existe uma ansiedade no Congresso com a Operação Lava-Jato.
Há uma aposta de setores do governo de que é possível se transferir essa crise para o Congresso. Mas isso, mais uma vez, é um autoengano. Acho que o Congresso terá problemas se as coisas avançarem. Obviamente que o Congresso vai ter de dar respostas para a sociedade, não apenas para a oposição. Mas é absolutamente impossível que essa crise se descole do seu fator motivador, que é o Poder Executivo. Dividir isso vai ser sempre uma tentativa. Mas eu reconheço que, aqui no Congresso, vamos ter problemas, e isso nem começou ainda.

A crise, de qualquer forma, envolve dois Poderes…
É muito preocupante, porque o Congresso deveria ser o poder do equilíbrio, moderador. Eu não sei a dimensão do que está por vir, mas teremos de conviver com isso. Nosso papel vai ser sempre lutar para preservar o Congresso. Os problemas devem ser individualizados, não podem ser institucionalizados. Se tiver problemas mais graves envolvendo parlamentares, temos de deixar claro que eles terão de se explicar. Agora, não permitiremos que essa tentativa de manobra do governo tenha resultado, de o governo se livrar da responsabilidade, porque as pessoas não acreditam. Isso foi uma tentativa envolvendo alguns setores para tentar criar um cenário em que as empresas se organizaram para lesar o Estado. Em conluio com alguns diretores da Petrobras, caracterizaram a empresa e o governo como grandes vítimas disso. Isso é um absurdo, caiu no primeiro momento que o dinheiro desse esquema montado irrigava as campanhas do PT e dos aliados. Com essas denúncias sucessivas, fica claro que se montou uma estrutura criminosa na Petrobras, e sabe-se lá onde mais.

Numa perspectiva histórica, se for considerada a queda de Dilma, teremos dois dos quatro presidentes eleitos pelo voto da população fora do poder. O país não se iguala a republiquetas?
Pelo contrário. Eu acho que é bom para o país que presidentes que cometeram crimes sejam punidos, não por um movimento político, mas porque cometeram crimes. Se a gente for dimensionar o crime do (Fernando) Collor, algumas pessoas dizem que talvez ele fosse julgado no tribunal de pequenas causas. O que foi importante naquele processo do Collor? As instituições se mostraram muito fortes. O Brasil passou por um governo de transição, que foi o governo Itamar (Franco). Acabou sendo o governo da estabilidade da moeda, talvez um dos maiores avanços estruturais. Mas muita gente tinha preocupação, nós tínhamos uma democracia de seis, sete anos. O que transformará o país numa republiqueta é se as nossas instituições se curvarem ao peso do governo, à pressão do governo.

O PSDB estaria preparado para um eventual governo de coalizão com o PMDB?
Essa nunca foi uma questão discutida internamente. Acho que o país, para iniciar um processo de retomada do crescimento com as medidas necessárias, precisará ter um presidente legitimado.

O PSDB não teme que um governo Michel Temer, se vier, construa uma alternativa por dentro que possa tirar a posição do PSDB hoje?
Não posso especular. Se houver um governo Temer, vamos ter que nos reunir e discutir. O PSDB tem uma responsabilidade. Nós, desde o fim da eleição, nos reconectamos com setores da sociedade dos quais estávamos divorciados, que há décadas não davam bola para o PSDB, nem o PSDB se preocupava com eles. A forma como essa eleição se polarizou no final despertou um pedaço do Brasil, que de alguma forma se identificou com o PSDB. E o nosso papel é manter isso vivo. Digo permanentemente: nosso foco não pode ser apenas a disputa congressual. Aqui, somos minoria. Nosso discurso é para fora. O PSDB é hoje o partido sintonizado com grande parte das pessoas que estão indignadas com tudo o que está aí. E o que nós temos que fazer? Temos que nos mostrar preparados para iniciar um novo ciclo no Brasil, seja agora, seja no fim deste mandato.

O que faltou em 2014 para o PSDB vencer a eleição?
Voto, né? (risos). Mas vou responder com muita franqueza: foi uma luta absolutamente desigual. Não tenho receio de repetir: não perdi para um partido político. Perdi para uma organização criminosa que se apoderou do Estado, que se financiou e financiou seus aliados, inclusive para ampliar a sua coligação, para garantir tempo de tevê. Utilizou empresas públicas, como Correios e outras de forma absolutamente condenável. Mentiu aos brasileiros. Nunca se manipulou tanto o Estado por um projeto de poder. E o terrorismo eleitoral? Houve cidades no interior do Maranhão em que tive, no segundo turno, 7%. Isso porque as pessoas não tiveram a opção de votar em outra candidatura. Era votar (no PT) ou perder o Bolsa Família. Carros de som andavam nas regiões remotas, era a mesma gravação, temos isso no processo, “Se votar no 45, seu título de eleitor está cadastrado e você automaticamente desligado do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida”. Não foi uma eleição com um grupo político, onde a gente pudesse ter debatido ideias e projetos para o país. Tivemos uma presidente que mascarou a verdade, iludiu, adiou medidas, que é o mais grave. Além da mentira, medidas que poderiam ter sido tomadas um ano antes da eleição, ou no próprio ano da eleição, para minimizar o custo hoje para os brasileiros, não foram tomadas.

O senhor fala em reajuste de energia?
Sim, a desconcentração dos reajustes de energia, de combustíveis, a requalificação dos programas. O Pronatec saltou de R$ 5 bilhões para R$ 7 bilhões no ano da eleição. Agora, vai cair para menos de R$ 5 bilhões este ano. O Fies saltou de R$ 7 bilhões para R$ 13 bilhões, ou seja, quase dobrou em um ano. Que fiscalização que tinha? Nenhuma. Era dar, distribuir. Aquele seguro defeso, de 2013, era de R$ 500 milhões, passou para R$ 2 bilhões, agora vai cair para R$ 300 mihões. O que fizeram? Usaram o que não tinham, distribuíram como se fosse aquela velha e antiga compra de votos. Sabiam que era preciso contingenciar recursos. Transferiram a responsabilidade para a Caixa, o Banco do Brasil, o BNDES, para pagar contas do Tesouro, pegaram dinheiro do Tesouro para ampliar esses programas. Anunciaram isso como a oitava maravilha do mundo, sabendo que, no ano seguinte, não teriam condições de mantê-los. Eu perdi para essa estrutura. O que fizemos foi quase que milagroso. Por isso, a dimensão da indignação das pessoas hoje. Isso funciona quase como uma gangorra. Como nós polarizamos no final, essa derrocada do PT valoriza o PSDB.

Como assim?
Nós temos pesquisa, com algo que antes era inimaginável para nós. Na faixa de 16 a 24 anos, temos — o PSDB, não sou eu — muito mais aprovação do que o PT numa faixa que sempre foi deles e era dificílimo para nós do PSDB. Não duvido que numa próxima pesquisa venhamos na frente no geral.

A pesquisa da CNI mostrou que o senhor está à frente de Lula e que Geraldo Alckmin também está no páreo. Como está isso dentro do PSDB? O senhor tem a primazia por ter resgatado a história do partido na sua campanha. Isso é suficiente?
Eu me orgulho muito de ter ajudado a resgatar o legado do PSDB. O PSDB, até a nossa candidatura, estava no divã, vivia uma crise de consciência, não sabia se defendia ou não defendia (as privatizações), atemorizado com as críticas. (A campanha do resgate) foi algo que não foi improvisado. Desde o início falei que nosso caminho era resgatar. Se nós, que falamos em nome do partido, não temos firmeza para mostrar que confiamos no que fizemos, imagine os eleitores que são mais distantes da gente? Então, esse foi um ponto de inflexão do PSDB. Nós nos reconciliamos com a nossa história e começamos a brigar por ela. Esse é um grande ativo que reconstruímos. Mas não podemos cair na armadilha de antecipar o cenário eleitoral. É muito positivo o PSDB ter um nome como o do Geraldo, o Serra é sempre um nome que estará se movimentando. O que temos que ter é responsabilidade para, no momento da decisão, o candidato ser aquele que tem melhores chances de vencer, e aí é pelo Brasil e não é nem por nós. Se amanhã tiver um candidato em melhores condições do que eu, isso vai ficar claro. Se não, ficará claro para os outros também. O meu papel agora, reeleito presidente do PSDB pelos próximos dois anos — e aí a campanha me ensinou muito — é ir a lugares onde a gente inexiste. Um partido como o PSDB, opção real de poder, tem nove estados sem um deputado. Um! Tem sete, oito, em que temos um.

Então, a missão é crescer…
A missão é reorganizar o partido. Estou lançando uma grande campanha de filiação, com foco nas universidades. Vamos para a periferia, enfrentá-los nesse discurso também, resgatar o nosso papel — o que ainda não consegui fazer como gostaria, de início, dos programas de transferência de renda. Isso começou com o PSDB. E o governo do PT está tirando isso agora. O PT ampliou, mas está tirando com a inflação. Começo em Alagoas, em 14 de agosto, uma ampla campanha conectado em videoconferência com o Brasil inteiro. Estamos preparando nossa militância jovem, que já está ganhando DCEs e DAs, o que não acontecia.

Na última convenção se viu um PSDB mais jovem e diverso. É isso?
Estamos apostando nisso. Meu papel é esse. O PSDB está sem medo. Perdeu o medo de ir para os debates. Nossa garotada, minha filha estuda na PUC, é tímida, não entra, mas outro dia me dizia: há dois anos, era PT com PCdoB, aí vinha o cara do PSol, do PSTU, e se restringia a essas disputas. Agora, não. Tem uma chamada onda azul nas universidades baseada no PSDB, num pensamento mais liberal, em que estão indo e estão ganhando. Então, houve esse despertar. Isso é a coisa mais bacana que está acontecendo.

Minas está resolvido, em relação à derrota?
Não escondo que foi uma frustração. Tenho que ter humildade para reconhecer os nossos erros ali, talvez um distanciamento maior meu. Nossa campanha, não obstante a qualidade do candidato (Pimenta da Veiga), não engrenou. Mas hoje as pesquisas mostram que eu teria mais de 70% de intenções de voto.

O senhor ficou muito confiante e acabou deixando de lado?
Houve uma certa delegação para a estrutura que tínhamos lá. Talvez eu não tenha percebido que havia certa fadiga também, que não existia no fim do meu mandato. Tem gente que acha que fui governador de Minas até a eleição (presidencial). As pessoas não lembram direito que eu não era governador e estava aqui há quatro anos. Talvez eu não tenha calibrado bem isso, mas é do jogo político. A política tem isso mesmo, fadiga de material.

Essa caravana a partir de Alagoas tem como ideia dar uma dimensão nacional do PSDB?
Temos uma programação intensa. A cada 15 dias estaremos visitando dois estados. Estamos batizando de caravana da gratidão. Vamos fazer algo sem preocupação eleitoral, reunindo esses setores do partido: juventude, mulheres, negros, a área sindical. É um grande momento para o PSDB. Vamos para Alagoas, para o Rio Grande do Sul; estive em Manaus e foi extraordinário.

Nesses locais onde vocês não são conhecidos, o trabalho será mais forte?
Temos que ter algumas prioridades. Encontrar o discurso para o Nordeste é um grande desafio, sempre foi para nós. Mas isso nunca esteve tão fértil quanto agora. Como agora não é processo eleitoral, as coisas podem ser feitas mais devagar. A nossa ideia é mostrar que quem tirou as conquistas que o Nordeste teve foi este governo.

Como o senhor vê os movimentos do Lula em relação a Dilma? O Lula sempre teve uma boa relação com o senhor, não teve?
Eu sempre tive com o Lula uma relação republicana. Eu o conheci aqui em Brasília (na época da Constituinte). Eu não sei se ele tem rancor comigo, porque ele me deixava no banco no time do Congresso. Mas no fim da campanha ele começou a, não sei se pelo receio do que podia vir, se apequenar no discurso, com ataques absolutamente sem sentido para um ex-presidente da República. Acho que o Lula hoje é um líder cercado por todos os lados e quase à beira de um ataque de pânico. Ele vê que o grande legado dele está indo embora. Mas a responsabilidade que ele quer transferir para a presidente, ele não pode fazer, porque é dele. Ele é responsável por este governo.

Dentro desse discurso, tem a afirmação do golpismo. Como o senhor lida com isso?
Isso é uma tática do PT absolutamente conhecida e absolutamente clara. Se você fala que o Tribunal de Contas vai investigar, o PT diz que é golpe. Se disser que o TSE tem averiguar sobre irregularidades nas contas, é golpe. Se o povo vai para a rua, é o golpe da direita. Se vocês publicam que o Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT) foi preso e que o delator disse que foi dinheiro para a campanha, é imprensa golpista. Nessa estamos todos juntos, somos todos golpistas, menos o PT.

O PSDB perdeu o medo do Lula?
Perdeu. Hoje, é o Lula quem tem medo do PSDB.

Até as 19h de 26 de outubro, a eleição estava na sua mão. Mas tudo mudou. Como estaria a vida de Aécio Neves em caso de vitória?
A minha vida pessoal talvez não estivesse tão tranquila como está hoje. Agora consigo estar com meus filhos de manhã cedo, na hora do almoço, consigo chegar para estar com eles antes de dormir. Para o Brasil, se nós tivéssemos ganhado as eleições, a perspectiva seria outra. Não pelo meu mérito pessoal. Talvez meu mérito seria montar uma equipe extremamente qualificada e não ia passar pelo drama da presidente da queda da confiança. Porque eu iria fazer coisas nas quais eu acredito. A presidente está fazendo coisas nas quais ela não acredita. Ela terceirizou a economia para alguém que defende as teses que ela combateu a vida inteira, a política para quem ela desprezou durante os quatro primeiros anos de seu mandato.

O senhor teria convidado o Levy?
Para ser ministro? Não, não teria convidado o Levy.

Qual seria o ajuste econômico do PSDB?
O ajuste que o PT faz é absolutamente rudimentar. Ele tem dois pilares e não conseguiu sair deles: aumento de carga tributária e supressão de direitos. O ajuste que nós faríamos geraria expectativas de longo prazo, o que o PT não consegue. Teria o fortalecimento das agências reguladoras e mais previsibilidade. Sabia que íamos passar por tempos difíceis e não escondi isso durante a campanha. Quem escondeu foi a presidente. Ela ficava nos acusando de que faríamos ajuste e não me permitiu sequer esse debate, que seria saudável para o Brasil. Que tipo de ajuste, onde poderiam ser feitos cortes? Ela não admitia. Como fazer o processo de enfrentamento da inflação galopante? “Não tinha inflação”. Como trazer de volta os investimentos? “Investimentos estão vindo para o Brasil, o Brasil vai voltar a crescer”. Em um dos debates, eu disse que o Brasil iria crescer 0,3%. “O Brasil vai crescer mais de 3%, que números são esses, vocês são uns pessimistas”. Cresceu 0,1%. Não é possível que ela não soubesse disso.

A contração econômica seria inevitável, independentemente de quem ganhasse as eleições?
Haveria contração, mas ela se agrava porque o governo não inspira confiança. Como você supera retração? Com investimentos públicos e privados. Os privados não vieram e os públicos foram reduzidos 35% neste primeiro semestre. Essa equação para a qual estamos indo é altamente recessiva. Com juros na estratosfera para enfrentar uma inflação que não é de demanda, é de preços controlados. Não temos um projeto de retomada de indústria, de modernização, de competitividade, investimento em produtividade. Os investimentos em infraestrutura ficaram no meio do caminho. Qual é a realidade perversa do Brasil hoje? Nós voltamos a ser o que éramos há 60 anos, exportadores de commodities.

Como o senhor está encarando a questão do governador Fernando Pimentel?
É preciso que se investigue. Não tenho informações que permitam antecipar qualquer cenário. Mas todos nós, homens públicos, temos que responder a quaisquer questões que surgem. Tenho e sempre tive uma relação muito positiva com o Pimentel. Agora, as denúncias que estão vindo pela Polícia Federal têm de ter uma explicação. Eu não torço para que Minas se desorganize, para que o governador de Minas seja expulso. O que falta em Minas hoje é respeito às conquistas que são dos mineiros. É preciso que ele pare de governar olhando para o retrovisor, talvez para mascarar a baixa qualidade do seu governo e a impossibilidade de ele cumprir as promessas que fez para a população. Está na hora de ele também assumir o governo.

Quando o senhor fala em olhar para trás, fala de Eduardo Azeredo, que, para vocês, também é uma coisa cara?
Azeredo está respondendo a processo. Tem que ter o direito de se defender e, assim como qualquer outro, se for responsabilizado, não será, como outros, tratado como herói nacional. Eu me refiro a uma tentativa de desconstrução de avanços que fizeram de Minas referência nacional e internacional.

Como o senhor, que está morando agora em Brasília, avalia o governo de Rollemberg?
Tenho uma ótima relação com o Rodrigo. Ele pegou uma herança complicada e está tentando enfrentar as dificuldades. Não dá para fazer uma avaliação de resultados, mas o vejo muito empenhado. Governante tem que saber que governar é enfrentar dificuldades e é preciso que se enfrente com coragem e falando a verdade. E não mascarando a realidade e tentando responsabilizar os outros por falhas e incapacidades que são as suas próprias.

Será mantida a aliança com o PSB nas eleições municipais?
Podemos até manter a aliança. Essas eleições municipais vão pegar o PSDB em um ótimo momento e o PT nas cordas. Se hoje a máscara já caiu para alguns, no ano que vem vai cair para todos. No ano que vem vamos ver, infelizmente, o agravamento da situação econômica, fruto da obra do governo do PT. Estamos fazendo um levantamento no partido das 300 maiores cidades do Brasil, sempre abertos para alianças. Já há um deslocamento de aliados tradicionais do PT que não querem disputar eleições próximos ao PT.

A qualidade de vida em Brasília é tudo
Estou adorando ficar mais tempo aqui em Brasília. Minha vida ficou mais racional. Passo um fim de semana aqui, outro em Minas. Agora consigo estar com meus filhos de manhã cedo, na hora do almoço, consigo chegar para estar com eles antes de dormir. Estou com filho pequeno, né? (o casal de gêmeos). Brasília permite uma qualidade de vida que não há em outra cidade grande.
O lugar que mais me atrai aqui é o Jardim Botânico. Estou correndo lá direto porque fica perto de casa. É lindo. Tem uma pistinha que dá quase cinco quilômetros. Já levei as crianças lá. É o lugar a que tenho ido. Para mim, foi a novidade, porque o resto eu já conhecia.

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“Ajuste sem reforma é arrocho”, critica Aécio Neves

O senador Aécio Neves, reeleito presidente nacional do PSDB neste domingo (05/07), criticou o governo da presidente Dilma Rousseff “por fazer um ajuste fiscal precário, às custas do trabalhadores. “

“O que temos em marcha é um ajuste sem reformas. E ajuste sem reformas não pode ter outro nome senão arrocho. É isso que nós estamos vivendo. Neste cenário é nosso dever lutar pela garantia dos direitos dos cidadãos, pela preservação da nossa democracia, pela defesa das nossas instituições e pelo muito que foi conquistado até agora”, afirmou Aécio Neves em discurso na convenção nacional da legenda.

Aécio ressaltou que as medidas tomadas pelo governo federal são baseadas no aumento de impostos, corte de investimentos e restrições nos benefícios sociais.  “O ajuste fiscal de péssima qualidade não resolverá a crise e tampouco as contradições do modelo. Para um país que precisa crescer, é inaceitável que os investimentos públicos tenham caído quase 40% desde janeiro e que os gastos permaneçam intocados”, apontou.

O presidente nacional do PSDB também afirmou que o governo petista age com “requintes de crueldade” ao restringir o acesso ao seguro-desemprego em um momento em que milhares de brasileiros estão sendo demitidos por causa da crise econômica.

“Em época de crise e de alta do desemprego, quando os brasileiros mais precisam do apoio do poder público, o governo dos nossos adversários limita os direitos trabalhistas como o seguro-desemprego e faz, agora, o impensável. Com requintes de crueldade, transfere para os trabalhadores mais pobres, que ganham até dois salários mínimos, cerca de R$ 9 bilhões da conta do ajuste, adiando para o ano que vem o pagamento do abono salarial”.

O senador questionou o slogan “Pátria Educadora” do governo Dilma. “A tesoura do governo também não poupa programas sociais, a começar pela “pátria educadora” que a cada dia impõe mais cortes a programas voltados ao ensino. Vitrines das propagandas partidárias do PT, iniciativas como o Fies e o Pronatec foram severamente reduzidas, frustrando os planos de milhões de brasileiros que buscam uma vida melhor. Sucatearam também as nossas universidades”, lamentou o presidente tucano.

Pronunciamento sobre decisão do TCU

“Foi dado um prazo de 30 dias pelo TCU para que a presidente da República possa se explicar. Mas os dados não mudam. Estaremos todos atentos e vigilantes para que, dentro de 30 dias, a Corte de Contas do Brasil, o Tribunal de Contas, cumpra com a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos”, disse o senador Aécio Neves em pronunciamento nesta noite (17/06) no Senado sobre o prazo de 30 dias dados pelo TCU para que a presidente Dilma Rousseff explique as ilegalidades fiscais (pedaladas) cometidas pelo governo ano passado.

Aécio Neves afirma que a presidente Dilma deve explicações pelas ilegalidades fiscais cometidas pelo seu governo

Em um pronunciamento no Senado Federal, o senador Aécio Neves reafirmou, na noite desta quarta-feira (17/06), que a oposição estará atenta e vigilante para que, dentro de 30 dias,  a presidente Dilma Rousseff explique as ilegalidades fiscais cometidas pelo seu governo, em 2014, e o Tribunal de Contas da União cumpra a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos. 

 

 Leia os principais trechos do pronunciamento do senador:

A sociedade brasileira, como eu, se lembra das grandes discussões que ocorreram nesta Casa e em outros fóruns quando da elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal, um marco fundamental na requalificação da administração pública brasileira. Naquele tempo, os bancos estaduais, em especial, financiavam corriqueiramente os seus controladores, que eram os governos dos estados, e quase sem exceção esses bancos faliram, esses bancos foram liquidados e aqueles poucos que restaram depois vendidos.

Volto no tempo exatamente para chegar nos dias de hoje. O que a presidente da República fez durante o ano passado foi contrariar o âmago, a parte central, o coração da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois, na verdade, ao perceber que não existiriam os recursos para todos os gastos que gostariam de fazer, o governo transfere às instituições financeiras públicas – Caixa Econômica Federal, a responsabilidade por bancar o Bolsa Família; o Banco do Brasil a responsabilidade por bancar parcelas do crédito rural e ao BNDES o programa de subsídios aos investimentos. E faz o quê o governo? Amplia, mesmo sabendo que não havia recursos para isso, outros programas, como o FIES que saltou do ano de 2013 de algo em torno de R$ 7 bilhões para mais de R$ 13 bilhões [em 2014], ou o Pronatec que aumentou em quase 30%, o Seguro Defeso que salta de R$ 15 milhões no ano [2013] para R$ 2,2 bilhões no ano seguinte, e todos eles voltaram…

Jamais na história desse país observou-se tamanho desrespeito à legislação como ocorreu por parte deste governo.  A questão central é que o Tribunal de Contas da União –   uma Corte respeitável, um órgão do Poder Legislativo, que vem aprimorando seus instrumentos de fiscalização, vem utilizando mecanismos, hoje, alguns dos mais modernos do mundo, e é referência, inclusive, para Cortes de contas de outros países do mundo – tem, nas suas mãos, uma oportunidade histórica de, simplesmente, dizer o seguinte: a lei neste país vale para todos. Temos que superar o tempo em que ministros de Estado ou detentores de cargos públicos, de poder público, adentravam àquela Corte e achavam que poderiam influir na decisão dos senhores ministros. O ministro Augusto Nardes deu uma primeira resposta. Uma resposta alentadora. De que a lei foi descumprida e aqueles que são responsáveis por esse descumprimento têm que arcar com suas responsabilidades. Foi dado um prazo de 30 dias para que a presidente da República possa se explicar. Mas os dados não mudam. 

O Ministério Público que atua na Corte de contas, além das pedaladas fiscais, demonstra clara e cabalmente outras irregularidades cometidas, como o não-contingenciamento, ou o que chama de contingenciamento fraudulento, ao desprezar, por exemplo, a queda da receita do FAT em 5 bilhões, ou que o seguro-desemprego e o abono salarial iriam crescer em 9 bilhões. Um faz de conta. Com um único objetivo: vencer as eleições. E, agora, transferem essa conta para a sociedade, para os trabalhadores brasileiros. Estaremos todos atentos e vigilantes, para que, dentro de 30 dias, a Corte de Contas do Brasil, o Tribunal de Contas, cumpra com a sua responsabilidade e demonstre que, neste país, a lei é para ser cumprida por todos”.