Dilma ofende companheiros da luta democrática ao comparar presos políticos com corruptos, afirma Aécio

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta terça-feira (30) que as declarações da presidente Dilma Rousseff dadas em Nova York (EUA) sobre a delação premiada do empresário da UTC, Ricardo Pessoa, são uma ofensa a seus companheiros de luta contra a ditadura.

“A presidente, numa visita de estado aos Estados Unidos, um dos nossos principais parceiros comerciais, dá declarações absolutamente desconexas ao considerar que uma delação – portanto, dentro da lei, de uma lei sancionada por ela para punir criminosos que assaltaram os cofres públicos – pode ser comparada com uma eventual delação para expor, para denunciar companheiros da luta democrática. Quero me solidarizar com os companheiros de cárcere e da luta democrática da presidente Dilma, que devem estar mais atônitos do que nós com essa absurda comparação”, criticou o senador Aécio Neves.

Ao ser questionada pela imprensa em Nova York sobre o teor das graves denúncias feitas por Ricardo Pessoa à Justiça, Dilma Rousseff disse que não respeita delatores e fez a comparação entre o depoimento dado por Pessoa por meio de acordo judicial com as delações feitas por presos políticos do regime militar, obtidas sob tortura.

Aécio disse que a fala foi desrespeitosa com os presos da ditadura porque também os comparou aos acusados de corrupção nas investigações da Operação Lava Jato.

“É importante que a presidente saiba que o que está sendo investigado não são doações legais feitas a vários partidos ou a várias campanhas eleitorais, mas o achaque”, criticou.

 

Governabilidade

O presidente nacional do PSDB concluiu que as declarações dadas pela presidente da República mostram que ela perdeu as condições de governar o Brasil. 

“A presidente perde a cada dia as condições de governabilidade. Reitero o que disse ontem: a presidente não está bem, e é preciso que nós, enquanto oposição, tomemos as medidas necessárias para proteger o país e proteger a verdade”, afirmou.

Oposição denunciará Dilma à PGR por crime de extorsão, anuncia Aécio Neves

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, anunciou nesta terça-feira (30/06) que os partidos de oposição vão ingressar ainda hoje na Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma representação por crime de extorsão contra  a presidente Dilma Rousseff e contra o ex-tesoureiro do PT e da campanha presidencial, o atual ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência Edinho Silva.

A decisão foi tomada após a revelação pela imprensa das denúncias feitas pelo empresário da UTC Ricardo Pessoa, investigado pela Justiça na Operação Lava-Jato. Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário afirmou ter feito doações milionárias à campanha petista após ser chantageado pelo tesoureiro de Dilma.

“Estaremos ainda hoje – o conjunto dos partidos de oposição – entrando com uma representação na Procuradoria-Geral da República, na PGR, por crime de extorsão contra o então tesoureiro da campanha eleitoral e hoje ministro, Edinho Silva, e contra a presidente da República, com base na delação do senhor Ricardo Pessoa. Há ali, explicitado por ele, uma clara chantagem. Ou ele aumenta as doações ao Partido dos Trabalhadores e à campanha da presidente da República ou ele não continua com suas obras na Petrobras. E definimos que apenas a presidente da República é quem teria as condições de efetivar essa chantagem, não o senhor então tesoureiro do partido”, afirmou Aécio Neves em entrevista à imprensa.

Participaram da reunião os presidentes do PPS, Roberto Freire, do DEM, Agripino Maia, do Solidariedade, Paulinho da Força, os senadores Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, Ronaldo Caiado, líder do DEM no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), Eduardo Amorim (PSC-SE), o líder em exercício do PSDB na Câmara, Nilson Leitão, os líderes do DEM, Mendonça Filho, e do PPS, Rubens Bueno, e os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Raul Jungmann (PPS-PE), Bruno Araújo, (PSDB-PE) e Arthur Maia (SD-BA).

 

Ações no TSE e TCU

A oposição também vai requerer que a delação premiada de Ricardo Pessoa seja compartilhada com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde já existe uma ação dos partidos contra a campanha à reeleição de Dilma Rousseff. 

“Estamos solicitando o compartilhamento da delação do senhor Ricardo Pessoa com o TSE, onde uma ação foi ajuizada logo após as eleições, já denunciando o dinheiro da Petrobras, o dinheiro da corrupção na campanha da presidente da República. Essa delação do senhor Ricardo Pessoa comprova – obviamente ele terá mais informações a dar, ou certamente já as deu no conjunto da sua delação, que ainda não é pública – mas, na verdade, a delação corrobora, vai ao encontro das denúncias que fizemos no final do ano passado”, afirmou Aécio.

Os partidos de oposição decidiram ainda ingressar com nova representação contra a presidente Dilma Rousseff no Tribunal de Contas da União (TCU) com base na Lei de Responsabilidade Fiscal. O pedido decorre da constatação de que o governo federal deu sequência, em 2015, as chamadas “pedaladas fiscais”. A manobra já foi considerada irregular pelo TCU.

“O conjunto dos partidos de oposição vai entrar hoje com mais uma representação no Tribunal de Contas da União, denunciando que as chamadas “pedaladas” continuaram no ano de 2015, impedindo que elas sejam também já investigadas junto com as contas de 2014. Portanto, o crime contra a Lei de Responsabilidade Fiscal foi continuado. Ele não aconteceu apenas nos últimos anos, continua acontecendo este ano. Em relação ao Banco do Brasil, por exemplo, há um débito do Tesouro para com essa instituição financeira de cerca de R$ 2 bilhões, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, informou o presidente nacional do PSDB.

Aécio Neves – Entrevista sobre o governo Dilma

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, hoje (30/06), em Brasília. Aécio falou sobre a representação no PGR contra a presidente Dilma e o ministro Edinho por extorsão, sobre crime fiscal, declarações da presidente Dilma e o pedido de impeachment.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Nos reunimos hoje os presidentes, os líderes na Câmara e no Senado dos partidos de oposição e a primeira constatação é que a presidente perde a cada dia as condições de governabilidade. Reitero o que disse ontem: a presidente não está bem, e é preciso que nós, enquanto oposição, tomemos as medidas necessárias para proteger o país e proteger a verdade.

O conjunto dos partidos de oposição vai entrar hoje com mais uma representação no Tribunal de Contas da União, denunciando que as chamadas “pedaladas” continuaram no ano de 2015, impedindo que elas sejam também já investigadas junto com as contas de 2014. Portanto, o crime contra a Lei de Responsabilidade Fiscal foi continuado. Ele não aconteceu apenas nos últimos anos, continua acontecendo este ano. Em relação ao Banco do Brasil, por exemplo, há um débito do Tesouro para com essa instituição financeira de cerca de R$ 2 bilhões, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ao mesmo tempo, estaremos ainda hoje – o conjunto dos partidos de oposição – entrando com uma representação na Procuradoria-Geral da República, na PGR, por crime de extorsão contra o então tesoureiro da campanha eleitoral e hoje ministro, Edinho Silva, e contra a presidente da República, com base na delação do senhor Ricardo Pessoa. Há ali, explicitado por ele, uma clara chantagem. Ou ele aumentava as doações ao Partido dos Trabalhadores e à campanha da presidente da República ou ele não continuava com suas obras na Petrobras. E definimos que apenas a presidente da República é quem teria as condições de efetivar essa chantagem, não o senhor então tesoureiro do partido. Portanto, estamos indo à PGR com uma representação por extorsão contra o tesoureiro da campanha da presidente, hoje ministro de Estado, e contra a própria presidente da República.

E estamos solicitando o compartilhamento da delação do senhor Ricardo Pessoa com o TSE, onde uma ação foi ajuizada logo após as eleições, já denunciando o dinheiro da Petrobras, o dinheiro da corrupção na campanha da presidente da República, e essa delação do senhor Ricardo Pessoa comprova, confirma, – obviamente, ele terá mais informações a dar, ou certamente já as deu no conjunto da sua delação, que ainda não é pública – mas, na verdade, a delação corrobora, vai ao encontro das denúncias que fizemos no final do ano passado.

Portanto, são três frentes de ação sendo hoje iniciadas pelo conjunto dos partidos da oposição. Junto ao TCU, e reiterando que as pedaladas, portanto crime de responsabilidade, continua no ano de 2015. Uma representação por extorsão, com base na delação do senhor Ricardo Pessoa, junto à PGR, incluindo o ministro e então tesoureiro, e a presidente da República, que em última instância teria as condições efetivas de efetivar essa chantagem denunciada pelo delator. E pedindo o compartilhamento de toda essa delação com o Tribunal Superior Eleitoral, que julga se houve ou não dinheiro oriundo da propina, da corrupção na Petrobras a alimentar o caixa da campanha da presidente da República.

               

O que está falta para o pedido de impeachment na Câmara?

Essa não é uma palavra proibida e existem lideranças que aqui estão que acham que esse poderá até ser o desfecho. Eu tenho agido com toda cautela, com toda responsabilidade, como outros líderes aqui também. E consideramos que esse é o passo a ser dado nesse momento. E vamos aguardar para ter conhecimento de outras denúncias que estão surgindo a cada dia. O impacto das denúncias é muito grande. Muito grande não apenas no Congresso Nacional – ele é enorme no seio da sociedade brasileira, que está atônita.

 

Sobre as declarações da presidente Dilma em NY?

A agravar tudo isso, essas declarações absolutamente incompreensíveis da presidente da República. Algo que constrange a todos nós. A presidente, numa visita de Estado aos Estados Unidos, um dos nossos principais parceiros comerciais, hoje não é o maior porque o maior é a China, mas que pode voltar a ser, a presidente dá declarações absolutamente desconexas, ao considerar que uma delação – portanto, dentro da lei, de uma lei sancionada por ela para punir criminosos que assaltaram os cofres públicos – pode ser comparada com uma eventual delação para expor, para denunciar companheiros da luta democrática.

Eu quero, inclusive, me solidarizar com os companheiros de cárcere e da luta democrática da presidente Dilma, que devem estar mais atônitos do que nós com essa absurda comparação. E é importante que a presidente saiba, que alguém diga a ela rapidamente, que o que está sendo investigado não são doações legais feitas a vários partidos ou a várias campanhas eleitorais, mas o achaque. Há denúncias, por exemplo, que dizem que o tesoureiro do seu partido buscava, em toda nova contratação por parte dessa empresa, e me permito imaginar que não deva ser diferente com outras, ia lá buscar o ‘pixuleco’. Que o tesoureiro da sua campanha queria saber se ele ia doar para a campanha, senão não continuaria com as obras na Petrobras. É isso que está sendo investigado. E se a presidente se dispõe a responder, ela tem que responder a essas questões. Não é possível que a presidente queira continuar a zombar da inteligência do povo brasileiro.

Sobre as declarações da presidente Dilma Rousseff

As novas declarações da presidente Dilma Rousseff, dadas hoje, em NY, atestam o que muitos já vêm percebendo há algum tempo: a presidente da República ou não está raciocinando adequadamente ou acredita que pode continuar a zombar da inteligência dos brasileiros.

Primeiro, ela desrespeitou seus próprios companheiros de resistência democrática ao compará-los aos atuais aliados do PT acusados de, nas palavras do Procurador Geral, terem participado de uma “corrupção descomunal”.

A presidente chega ao acinte de comparar uma delação feita, dentro das regras de um sistema democrático, para denunciar criminosos que assaltaram os cofres públicos e recursos pertencentes aos brasileiros, com a pressão que ela sofreu durante a ditadura para delatar seus companheiros de luta pela democracia.

A presidente realmente não está bem.

É preciso que alguém lhe informe rapidamente que o objeto das investigações da Polícia Federal, do MPF e da Justiça não são doações legais feitas de forma oficial por várias empresas a várias candidaturas, inclusive a minha, mas sem qualquer contrapartida que não fosse a alforria desses empresários em relação ao esquema de extorsão que o seu partido institucionalizou no Brasil.

O que se investiga – e sobre o que a presidente deve responder – são as denúncias feitas em delação premiada pelo Sr. Ricardo Pessoa que registram que o tesoureiro da sua campanha e atual Ministro de Estado Edinho Silva teria de forma “elegante” vinculado a continuidade de seus contratos na Petrobras à efetivação de doações à campanha presidencial da candidata do PT.

Ou ainda a afirmação feita pelo mesmo delator de que o tesoureiro do seu partido, o Sr. João Vacari, hoje preso, sempre o procurava quando assinava um novo contrato para cobrar o que chamou de “pixuleco”.

Não será com a velha tentativa de comparar o incomparável que a Sra. Presidente vai minimizar sua responsabilidade em relação a tudo o que tem vindo à tona na Operação Lava Jato.

O fato concreto é que talvez nunca, na história do Brasil, um Presidente da República tenha feito uma visita oficial a outro país numa condição de tamanha fragilidade. E afirmações como essa em nada melhoram sua situação.

Aécio Neves – Presidente nacional do PSDB