Aécio Neves – Entrevista em São Paulo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (14/11), em São Paulo, onde participou de encontro com lideranças partidárias, entre elas o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ato reuniu mais de 700 pessoas e vários integrantes da oposição.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Quero em primeiro lugar agradecer imensamente a todos os amigos do Estado de São Paulo e faço através do governador Geraldo Alckmin pela oportunidade que me deram de conhecer em maior profundidade a realidade deste estado que impulsiona o crescimento e o desenvolvimento do país, e hoje é a oportunidade que estou tendo, acompanhado do meu companheiro de chapa, Aloysio, ao lado do presidente Fernando Henrique, de agradecer um resultado que na verdade sinaliza uma aprovação crescente do PSDB no Estado. Em grande parte pelos resultados que o governador Geraldo Alckmin vem alcançando ao longo dos seus governos e também de outros governos do PSDB.

Quero agradecer ao presidente do partido deputado Duarte Nogueira, ao coordenador da nossa campanha Alberto Goldman, ao José Aníbal, aqui presentes, aos demais companheiros pela belíssima caminhada que nós fizemos. Uma caminhada honrada, uma caminhada onde a verdade nos permitiu apresentar ao Brasil um projeto realista, exeqüível, ousado e, na verdade, à altura das expectativas e das esperanças de milhões de brasileiros. Quero ter a oportunidade de ainda caminhar pelo Brasil agradecendo o apoio que tive, mas começo esse roteiro exatamente por São Paulo, pela dimensão do resultado que aqui tivemos e pela repercussão que tudo que faz em São Paulo ganha em todo o Brasil.

Não vencemos as eleições, mas não perdemos politicamente. Tenho absoluta convicção que cada vez mais o Brasil vai perceber que as nossas propostas, o nosso projeto para o Brasil era aquele que melhor atendia as expectativas dos brasileiros. Estou imensamente feliz com a oportunidade que tive de liderar um projeto que não era de um partido ou de uma aliança, mas de um conjunto de forças da sociedade brasileira. A nossa campanha foi aos poucos se transformando em um grande movimento em favor da ética, em favor da eficiência dos serviços público, e não podemos permitir que estas forças se dispersem.

Faço aqui hoje de São Paulo uma grande convocação a todos os brasileiros e brasileiras, jovens, da terceira idade, de todas as regiões do país, para que continuemos motivados e mobilizados. Tão importante quanto governar é saber fazer a oposição. E nós faremos uma oposição não ao Brasil. Jamais fizemos e jamais isso esteve no nosso DNA. Mas uma oposição ao governo. Vamos fiscalizar, vamos cobrar os compromissos assumidos com os brasileiros e vamos denunciar as ações que consideramos equivocadas e que não atendam aos interesses como disse aqui dos brasileiros.

Quero aqui hoje falar de dois assuntos, em primeiro lugar, e depois fico à disposição de vocês. Infelizmente, o que estamos assistindo hoje é aquilo que denunciávamos ao longo da campanha, se transformando em uma realidade cada vez mais visível e mais palpável. Infelizmente, a nossa maior empresa, a Petrobras, que adia a publicação do seu balanço em razão das gravíssimas denúncias de corrupção vai trazendo para si uma marca perversa em razão das ações deste governo.

A Petrobras, investigada inclusive não apenas no Brasil, mas agora fora do Brasil, incorpora à sua belíssima história uma marca perversa da corrupção. Quero aqui me solidarizar com todos os funcionários e ex-funcionários da Petrobras, que ao longo de 60 anos, construíram a história desta magnífica empresa, agora maculada, manchada pela ação inescrupulosa e irresponsável de alguns dos seus dirigentes patrocinados por este governo. Fica aqui, portanto, o lamento de um brasileiro, de um cidadão brasileiro, em razão do que vem acontecendo no seio desta empresa. Hoje mesmo, com denúncias e com fatos novos que vocês acompanham com a prisão de dirigentes da empresa.

Quero aqui também manifestar a minha absoluta incompreensão em razão de uma atitude tomada pelo ministro da Justiça que abre o inquérito para investigar a posição individual e política de delegados da Polícia Federal. O ministro da Justiça, isso é inaceitável, quer retirar de uma categoria de servidores públicos, o direito constitucional à livre manifestação. Como se quisesse dizer que funcionários públicos só podem se manifestar a favor do governo.  Isso é absolutamente inaceitável. Deveria o ministro da Justiça estar atento ao que fizeram por exemplo os dirigentes da companhia da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo. Estes sim, segundo ação inclusive imposta pelo PSDB, cometeram crime ao não cumprirem as suas funções adequadamente.

Deveria o ministro da Justiça se preocupar com servidores da Petrobras ou dirigentes da empresa envolvidos no maior escândalo de corrupção da nossa história. Portanto, quero aqui também manifestar a minha absoluta solidariedade a esses delegados da Polícia Federal, e faço isso muito à vontade porque sequer os conheço. Vi seus nomes nos jornais hoje, mas é absolutamente incompreensível esta ação. Porque eles se manifestaram, segundo tive notícias pelos jornais, em favor da nossa candidatura, em suas redes pessoais e privadas.

E a última questão sobre a qual quero me manifestar, ao lado do senador Aloysio, nosso líder no Senado Federal, é de que nós estaremos indo às últimas conseqüências, inclusive do ponto de vista jurídico, para impedir a alteração da LDO como quer o governo. Leis existem para serem cumpridas.

Estamos, na verdade, se o Congresso permitir essa desmoralização, sinalizando em uma direção absolutamente nova. Se existe uma lei e o governante não cumpre essa lei, ele utiliza a sua maioria para modificar a lei. Que sinal é esse que estamos dando? Não apenas para o mercado, para nós mesmos. Então, a posição das oposições é obstrução inclusive das discussões na Comissão até que essa questão seja resolvida. E obviamente, nosso posicionamento será contrário à modificação da LDO. A LDO foi aprovada após uma ampla discussão no Congresso Nacional e tem que ser cumprida. E nós vamos exercer, portanto, o nosso papel de oposicionistas garantindo o seu cumprimento.

 

Sobre a Petrobras. Hoje a PF expediu uma série de mandados de busca e apreensão. Entre eles foi preso o Renato Duque que também operava para o PT dentro da Petrobras. O senhor acha que essa prisão que é ligada ao ex-ministro José Dirceu pode acabar envolvendo novas pessoas do partido?

Temos que aguardar que as investigações ocorram. E temos que estar vigilantes para que não haja qualquer limitação a essas investigações. Quando nós, no Senado Federal, propusemos a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, me lembro que líderes do PT foram à tribuna para dizer que não existia nada de errado na Petrobras, que aquilo era uma manobra eleitoreira das oposições e que estávamos, na verdade, contaminando a imagem da empresa. Na verdade, quem está denegrindo a imagem e a história da nossa maior empresa, é a irresponsabilidade desse governo, que montou lá, segundo a Polícia Federal, uma organização criminosa. Essa é uma expressão usada pela Polícia Federal.

O que percebo é que as coisas estão chegando muito próximo dos mais altos dirigentes desse governo e é preciso que essas investigações ocorram. O que posso assegurar é que tem muita gente em Brasília sem dormir nesses últimos dias, e continuarão sem dormir. A verdade é que essas investigações, elas já não ocorrem apenas no Brasil, ocorrem na Holanda, ocorrem na Suiça, ocorrem nos Estados Unidos. Aqui temos que garantir às instituições a liberdade absoluta para que elas possam avançar nessas investigações. Não tenho outras informações se não as que tenho lido pelos jornais. Mas que há uma percepção clara de que não era um ato isolado de um ou outro servidor, de um ou outro diretor, mas uma organização estruturada, quase que institucionalizada dentro da Petrobras causando prejuízos enormes ao Brasil, essa é uma constatação. E acho que vamos ter novas informações e ainda, infelizmente para muitos, surpresas pela frente.

Como disse aqui o Aloysio [Nunes], a casa caiu.

 

Qual a avaliação agora algumas semanas após essa nova fase da operação Lava-Jato? Porque essa nova fase só agora após a eleição?

Isso fica à avaliação de cada um.  Tenho muito respeito pelas instituições do Estado Brasileiro, em especial pela Polícia Federal. E quando estranho a manifestação do ministro da Justiça, exatamente em relação a delegados que participam dessa investigação, isso sim pode dar a impressão de que há alguma tentativa de cercear desses dirigentes da operação. Isso me parece grave. Agora temos que avançar. Não atuo olhando no retrovisor da história. Vamos olhara para frente, vamos garantir que essas investigações continuem a ocorrer.

Vamos impedir que qualquer manobra no Congresso Nacional no sentido de impedir que as investigações, também no Congresso, avancem. Já orientamos nossas bancadas para começarem a coleta de assinaturas para, imediatamente, após o reinício dos trabalhos do Congresso, em fevereiro, nós tenhamos uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, porque todas essas informações poderão ser utilizadas pela nova Comissão Parlamentar, já que estamos percebendo que não há uma vontade clara, ao contrário do que diz a presidente da República, da sua base em avançar nessas investigações ainda esse ano. Mas como disse aqui o senador Aloysio, é muito grave o que está acontecendo e esse diretor, é sabido, é o elo mais direto e mais próximo da Petrobras com o partido dos trabalhadores.

 

Sobre a tentativa de mudança na LDO, o senhor disse que a lei teve sanções para governantes. O senhor acha que, caso seja aprovada a mudança, pode ter tido crime de irresponsabilidade?

É o que diz a lei. E conversávamos agora pouco sobre isso. Inclusive a possibilidade de você movimentar até 20% do Orçamento em várias áreas é, exatamente, casada com a necessidade de você cumprir o superávit. Você só pode remanejar uma parcela do Orçamento, e isso é permitido na Lei de Diretrizes Orçamentárias, desde que você cumpra o superávit ali estabelecido. O governo já fez essa movimentação e não cumpriu o superávit. O Brasil não pode virar a “casa da mãe Joana”, onde o governo acha que, com a sua maioria, faz o que quer no Congresso Nacional.

Quero aqui apelar à responsabilidade inclusive de setores da base do governo no Congresso Nacional, que têm noção da gravidade do que o governo está tentando. O governo, até um mês atrás, dizia que cumpriria a Lei de Diretrizes Orçamentárias. O ministro da Fazenda dizia isso durante a campanha eleitoral. É o mesmo governo que dizia que o desmatamento no Brasil tinha diminuído, que dizia que a miséria absoluta tinha diminuído, ou que não haveria necessidade de aumento da taxa de juros. Então, houve sim um estelionato nessa campanha, e nós vamos exercer o nosso papel de oposicionistas com absoluto vigor, sem adjetivações, com absoluto vigor. Impedir a aprovação da modificação da LDO é defender as prerrogativas do Congresso Nacional e defender a lei. As consequências obviamente terão que ser, amanhã, exercidas pela Justiça.

Aécio Neves – Entrevista em Porto Alegre (RS)

O presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, neste sábado (24/05), em Porto Alegre (RS), onde participou do ato de lançamento da pré-candidatura da senadora Ana Amélia ao governo do Rio Grande do Sul.

“A insegurança cresce no país. Convivemos hoje com a nefasta epidemia do crack, já vitimando centenas de milhares de famílias pelo Brasil, tudo isso sob o olhar complacente e a omissão irresponsável do governo federal”, diz Aécio Neves em resposta ao ministro da Justiça.

 

Leia trecho da entrevista do senador Aécio Neves: 

“A insegurança cresce no país. Convivemos hoje com a nefasta epidemia do crack, já vitimando centenas de milhares de famílias pelo Brasil, tudo isso sob o olhar complacente e a omissão irresponsável do governo federal. Há alguns dias, dei uma entrevista falando de propostas para a área de segurança e, infelizmente, o ministro da Justiça, agindo muito mais como militante partidário do que como ministro da Justiça de todos os brasileiros, apequenou o debate.

Quero voltar a esse tema, reiterando: o Brasil não tem uma política nacional de segurança. No ano passado, foram 52 mil assassinatos no Brasil. Apenas no ano passado. E nesses últimos três anos de governo o orçamento da segurança pública foi contingenciado em 65%. Apenas 35% foram executados. Enquanto as mortes estão acontecendo e as pessoas não têm para onde serem levadas, do que foi aprovado no orçamento da União para o Fundo Penitenciário apenas 10% foram executados, 10,5% foram executados por esse governo. Isso é uma demonstração clara de que quem faz marketing com segurança é o governo, que se apresenta no momento das crises estaduais e aponta o dedo, tendo algo que poderia fazer e jamais fez. O Brasil precisa de uma política nacional de segurança.

Tenho um projeto tramitando no Senado, que, infelizmente, a base governista não permite que seja aprovado, que, em primeiro lugar, impede o contingenciamento dos recursos de segurança pública. Eles terão o mesmo tratamento dos recursos da educação, dada a gravidade dessa questão. Fundo Nacional de Segurança Pública, Fundo Penitenciário, o que for aprovado no orçamento é repassado por duodécimos, portanto, mensalmente, para que os estados possam se planejar. Essa é uma das medidas importantes. Disse que o Ministério da Justiça se transformará em Ministério da Justiça e da Segurança Pública, com a proibição do contingenciamento dessas receitas e coordenará uma profunda e urgente modernização do nosso código penal e do nosso código de processo penal, que também o governo, com a sua enorme maioria, não fez com que andasse até aqui.

Planejamento, solidariedade da União para com estados e municípios. Hoje, 87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil vêm dos estados e municípios, principalmente dos estados. Apenas 13% da União, que hoje concentra mais de 60% do conjunto da arrecadação. Enquanto o governo federal utilizar os recursos da segurança pública apara fazer superávit primário, o governo federal não tem autoridade para cobrar de quem quer que seja propostas. Mas as nossas propostas estão no Congresso Nacional. Cerca de 50 delas encaminhadas em nosso nome pelo líder Aloysio Nunes, muitas delas paradas na mesa do ministro da Justiça.”

Faltam as regras

Artigo do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame – Folha de S. Paulo – 12/02/2014

 

Em setembro do ano passado, pedi a um grupo de especialistas que discutisse e elaborasse um projeto de lei que desse conta dos conflitos que assistíamos nas ruas. Um grupo que estudasse uma proposta que não fosse contaminada por viés ideológico ou pelas pressões do cotidiano.

Entendo que manifestações populares são movimentos legítimos, que não devem ser criminalizadas na sua essência. Mas acordos formais de convivência precisam ser respeitados e temidos para diminuir os riscos. As chances de um rojão matar uma pessoa durante um protesto seriam muito menores se as regras estivessem bem definidas na lei. Infelizmente, não estão.

Hoje o maior desafio das polícias é o de trabalhar sem essas guias, sair para as ruas para trabalhar num contexto cinzento, em que a cada golpe de cassetete sua legitimidade é questionada. O vandalismo a que assistimos hoje é classificado nos códigos como crime de baixo potencial ofensivo. Em tese, quebrar uma janela não deveria mesmo engendrar mais do que uma multa.

Mas quando pequenos grupos organizados promovem ou incitam quebra-quebra no horário de pico na principal estação de trem de uma metrópole, o potencial passa a ser explosivo e de consequências imprevisíveis. A lei atual não permite a leitura dessas nuances, dos novos contextos. O rapaz que levou o artefato que atingiu o cinegrafista no Rio foi preso duas vezes antes de colaborar com o trágico homicídio. Homicídio que vai mudar para sempre inclusive a vida dele.

A Constituição de 1988 dá indicações, mas não tipifica os crimes derivados dessas manifestações. A ausência de detalhamento tem seu aspecto político também. A dificuldade de debater o tema de forma mais técnica ainda é reflexo da memória recente do Estado totalizante de 50 anos atrás. Mas é necessário fazer uma ressalva e desmistificar de vez o papel do controle e da repressão no Estado moderno: polícia no século 21 no Brasil não trabalha mais para servir ao autoritarismo e muito menos ao revanchismo. A ditadura já acabou e polícia hoje tem de ser pensada como mais um instrumento da democracia.

Sob essa lógica, levei minha proposta ao ministro da Justiça em fins de novembro. Brasília continua discutindo o assunto. Vou levar ao Senado as mesmas regras: fáceis de entender e de pactuar. Do lado da prevenção, destacaria três pontos.

1. Aos participantes é vedado o anonimato, o uso de máscaras que atrapalha o trabalho de identificação. Sem máscaras provavelmente não veríamos artefatos nas ruas.

2. Quem organiza uma manifestação precisa comunicar previamente (um simples e-mail) não só à polícia, mas também à autoridade de trânsito. Ao avisar, o cidadão ou o grupo torna-se corresponsável por atos não combinados.

3. Ninguém deve usar ou portar qualquer objeto que venha a causar lesão ou dano a terceiros. Fugir dessas regras levará à detenção imediatamente, para registro. Em caso de reincidência nas condutas, o juiz aplica uma multa e o infrator fica no mínimo 120 dias longe de qualquer evento público.

Os casos de aumento de punição são mais detalhados e variam de acordo com a gravidade. Eles dizem respeito às consequências dos atos. Incitação ao vandalismo pode gerar penas que variam de seis meses a oito anos de prisão. Uma ação que resulta em morte soma mais 12 anos na condenação.

Essas são propostas para serem debatidas, votadas e transformadas em lei. Temos pressa, há pessoas morrendo. Seriam acordos estabelecidos em lei, conhecidos por todos e que não carregam nenhum indício de autoritarismo.

Há países com democracias muito mais consolidadas que a nossa e que proíbem manifestações em lugares críticos. No Brasil, isso seria tachado de absurdo e de exagero. Aqui não quero tratar da regra ideal, somente do que é possível.

 

Leia também aqui.

Aécio Neves – Entrevista Coletiva em Sorocaba

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva, neste sábado (07/12), em Sorocaba (SP), onde participou de encontro com líderes, prefeitos, vereadores e militantes tucanos. Aécio Neves falou sobre a situação econômica do país, alertando que o Brasil, esse ano, irá crescer apenas mais que a Venezuela na América do Sul.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a situação econômica do país.

Esse ano vamos crescer mais apenas que a Venezuela na América do Sul. E isso tem efeito na economia, nos empregos a serem gerados. Vamos aqui ouvir os companheiros da região, mas o PSDB tem a obrigação de apresentar ao Brasil uma nova alternativa, onde ética e eficiência possam caminhar juntas.

 

Qual a avaliação sobre as explicações dadas pelo ministro da Justiça.

As bancadas têm que fazer essa avaliação. O que tenho dito como presidente do PSDB é que quaisquer denúncias, venham elas de onde vierem, têm que ser investigadas. Investigadas em profundidade. E se houver comprovação de algum ilícito, esse ilícito tem que ser punido e punido exemplarmente, independente da origem, da filiação daquele que eventualmente o tenha cometido.

O que alertamos, e é inadmissível em uma democracia, é a utilização de estruturas de Estado para perseguir adversários políticos. Isso não faz bem à democracia e não faz bem àqueles que estão hoje no governo. O que alertamos era para sucessivos vazamentos, documentos que não correspondiam, a cópia não correspondia ao original. Acho que serviu o alerta para que o governo fique mais atento. Queremos que as investigações ocorram no Brasil inteiro, onde houver denúncias. Mas não podemos aceitar a utilização do Estado em benefício de um projeto de poder de um partido político.

 

Sobre a Polícia Federal querer levar as investigações para Brasília.

Não conheço exatamente as razões. Não importa, seja aqui ou seja lá. É importante que as investigações ocorram, mas que elas não sejam seletivas, que elas sejam investigações efetivas e amplas, doam a quem doer.

 

Sobre unidade do PSDB.

O PSDB vai estar unido, para desalento e dissabor dos nossos adversários. No momento certo, o PSDB se apresentará unido, porque é a nossa unidade o instrumento mais vigoroso que temos para enfrentar e vencer as eleições. Estou muito confiante de que vamos chegar no ano que vem em condições de irmos para o segundo turno, e, indo para o segundo turno, vamos vencer as eleições. Porque o Brasil está cansado de tanta incompetência e de tantos desvios éticos.

 

Sobre negociações com o PSB.

Tenho uma relação antiga e pessoal com o presidente do PSB, o governador Eduardo Campos. O PSB tem uma candidatura colocada e essa candidatura faz bem à democracia. O PT é que quis ganhar por WO. Espero por outras candidaturas, seja de Eduardo, de Marina. Para nós, outras candidaturas aprofundam o debate e aprimoram a democracia. Mas quem vai para o segundo turno é o PSDB, que vai vencer as eleições.

 

Sobre as propostas do partido.

Vamos vencer as eleições no Brasil. E para o Brasil é muito importante iniciarmos um novo ciclo de governo, como eu disse, valorizando os municípios e os estados, com mais solidariedade com os investimentos na saúde. O governo do PT,quando iniciou em 2003 o seu primeiro mandato, o governo federal investia 56% de tudo o que se gastava em saúde pública. Dez anos se passaram e o governo federal participa com apenas 45%. O restante da conta fica sob a responsabilidade de estados e municípios. Na segurança pública, esta tragédia agora agravada pelo crack, por esta epidemia danosa e devastadora do crack, o governo federal, que deveria cuidar das nossas fronteiras, responsável pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de armas, participa com apenas 13% do conjunto de investimentos. 87% de tudo o que se investe em segurança pública no Brasil vêm dos estados e dos municípios. O atual governo, governo do PT, é pouco generoso com os municípios e com os estados. O PSDB vai querer refundar a Federação no Brasil.

Aécio Neves – Entrevista coletiva em São Paulo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (29/11), em São Paulo. Aécio Neves falou sobre a política internacional e Mercosul; o impacto das manifestações no próximo ano; eleições 2014; e sobre a presidente Dilma Rousseff ter orientado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a responder ao PSDB.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre política internacional e Mercosul

Temos conversado muito com figuras que conhecem o mundo, que têm vivenciado os problemas que o Mercosul não tem conseguido superar. Ficamos amarrados. Estamos nos isolando. Como disse, o Brasil é a sétima economia do mundo e o 25º país exportador. Isso não é razoável, não é algo minimamente equilibrado.

Temos de sair das amarras de uma situação aduaneira, que é hoje o que estabelece o Mercosul, para uma área de livre comércio, onde possamos fazer acordos bilaterais que não interessam ao conjunto do Mercosul. Nesses dez anos foram apenas três acordos que o Brasil fez. E o mundo está andando, está fazendo acordos. Citei aqui uma preocupação central que devemos ter, porque estamos no final de uma negociação com a União Europeia, a Argentina já deu um passo atrás. E se houver um entendimento entre EUA e União Europeia, são concorrentes nossos, ambos, e são mercados nossos. Nós, mais uma vez, vamos ficar fora das cadeias globais de produção.

O que propomos: uma abertura maior da economia, para que as empresas brasileiras, temos que acabar com essa bobagem dos campeões nacionais financiadas pelo BNDES. Temos é que incluir as empresas brasileiras nas cadeias globais de competição onde tenhamos competitividade. E fazer alinhamentos pragmáticos e não ideológicos, que é o que hoje orienta. O Mercosul pode fazer acordos desde que haja interesse comum, a prioridade é através do Mercosul. Mas quando não houver interesse, por exemplo, houver uma restrição da Argentina ou da Venezuela, elas não podem amarrar o desenvolvimento do Brasil.

Eu não acabaria com o Mercosul, mas daria um passo para que se transformasse em uma área de livre comércio, porque aí poderíamos realizar acordos bilaterais que hoje não podemos realizar.

 

Sobre a presidente Dilma ter orientado o ministro da Justiça a responder ao PSDB.

Mostra uma preocupação da presidente. Nós, do PSDB, queremos a apuração profunda de todas as denúncias. Se houver uma pessoa próxima ao partido ou vinculada ao partido que tenha cometido alguma ilicitude que responda por ela. Não podemos aceitar é, mais uma vez, a manipulação de informações e a falsificação de informações. O que cobramos do ministro, me surpreende um pouco que o ministro se sinta tão atingido, talvez ali na sua postura quase que imperial, quando recebe críticas. Imagina se toda crítica que recebermos, nós vamos processar aquele que nos critica.

Queremos que o ministro explique: por que não assumiu desde o início que ele encaminhou os documentos à Polícia Federal e deixou que dois delegados fossem iludidos. Por que não explica com clareza quem é que fez a falsificação daqueles documentos. Queremos esclarecimentos. Disse mais cedo e vou repetir aqui: cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça. Todas as vésperas de eleição o PT vem com dossiê Cayman, ou lista de Furnas, ou Aloprados ou dossiê contra Serra e sua família.  Então, estamos nos precavendo, por que homens e pessoas corretas e sérias, que têm uma história de vida respeitável, não podem estar aí com imagem achincalhada a partir do vazamento, que já é outra coisa irresponsável, de documentos que não têm uma origem assumida. Isso é absolutamente razoável, é o nosso papel. Não fazendo isso, estamos permitindo que a democracia seja atingida.

Tenho respeito pessoal pelo ministro, foi meu colega, convivo republicanamente com ele, por isso me surpreendeu sua atitude e sua reação.

O que os brasileiros querem é uma explicação. Explique de forma muito clara e continue fazendo as investigações. Faça sobre as denúncias de cartel em São Paulo, faça sobre as denúncias de cartel que, segundo documento da Siemens, existia em outros setores, em outros níveis de governo, inclusive no plano federal, através da CBTU. É o que queremos e é o que os brasileiros querem.

 

Sobre o impacto das manifestações no próximo ano.

Não tenho bola de cristal. Mas o que posso, olhando no retrovisor da história, é dizer que nenhuma daquelas motivações que levaram milhões às ruas, foi atendida pelo governo. O governo quis interpretar que os brasileiros que foram às ruas contra a corrupção, por serviços de melhor qualidade, contra a calamidade no atendimento à saúde, queriam um plebiscito para uma constituinte para fazer reforma política. Não é nada disso. As respostas não foram dadas, os serviços públicos continuam de péssima qualidade e infelizmente os desvios continuam a acontecer no Brasil. Quanto mais efetiva e rápida for a reforma dos governos, e aí não apenas da Presidência da República, dos governos em todos os níveis, obviamente as pessoas se sentirão atendidas.

Os brasileiros sabem que você não vai ter uma resposta para ter um transporte público de qualidade de um dia para o outro, amanhã, porque eu fui para a rua. Ou que o posto de saúde vai estar melhor equipado. Não. Mas as pessoas sabem entender e avaliar se as medidas estão sendo tomadas de forma adequada. Quando, por exemplo, o governo veta mais investimentos na saúde, que foi a proposta que encaminhamos, de chegar a 18% da receita em quatro anos, ela percebe o sinal trocado. Poxa, eu quero uma saúde de melhor qualidade, o governo federal não quer. Quando o governo federal se omite na questão da segurança pública, e essa foi uma das questões que levou as pessoas às ruas, elas percebem o sinal trocado. Esse dado que eu disse aqui é um que temos conhecimento: 87% de tudo que se gasta em segurança, com a criminalidade aumentando no Brasil inteiro, são de estados e municípios, que não têm de onde tirar. A grande verdade é essa.

As respostas do governo inexistiram nessas questões, mas obviamente não são manifestações centradas, focadas apenas no governo central. São direcionadas a todos os governantes.

 

O senhor falou que o PT é um software pirata do PSDB.

O PT só acerta quando copia a agenda do PSDB. Lá atrás, quando desdizendo seu discurso, felizmente para o Brasil, o presidente Lula mantém os pilares macroeconômicos intocáveis – meta de inflação, câmbio flutuante, superávit primário –, ele acerta. Pena que a partir da metade de seu segundo mandato isso vinha sendo flexibilizado. Quando o presidente Lula abandona o Fome Zero, vocês se lembram, era o grande programa de redenção social do Brasil, que ninguém conseguiu entender como funcionava e o próprio governo, por não entender, abandonou.

No momento em que ele se apropria dos programas de transferência de renda, apesar de ter dito que era uma esmola no segundo turno das eleições de 2002, e os amplias, ele acerta. E esse reconhecimento eu faço de público. Foi correta a unificação do Bolsa Alimentação, do Bolsa Escola, ele já herdou 6,9 milhões de pessoas recebendo esses benefícios, mas ele unificou e ampliou, acertou. Ampliou um programa do PSDB. Depois de demonizarem por 10 anos as privatizações, tratando o setor privado como inimigo, açodadamente, agora afobadamente se curva a essa realidade. Acertou.

Quando o PT segue o receituário do PT, o PT erra. Por isso que estou dizendo, o que têm feito, fazem sem convicção. Então, é melhor que o software pirata dê lugar ao software original, de quem sabe fazer e faz com convicção.

 

Sobre a definição do candidato do PSDB.

Sou presidente do PSDB. Vim aqui nesta condição. O PSDB não vai se furtar a apresentar um projeto ao país. Esse ano ainda, como presidente do partido, na primeira quinzena de dezembro, vou apresentar uma agenda, uma nova agenda, até porque não temos agenda no Brasil hoje. A agenda que está em execução é a agenda do PSDB. Estabilidade, responsabilidade fiscal, programas de transferência de renda. Não teve inovação. O PT não inovou.

Vamos apresentar uma nova agenda. Quais são as questões que na nossa avaliação mereçam urgência no tratamento. Como base até para receber contribuições para, no futuro, se transformar em um programa de governo. Essa é a nossa prioridade. Na hora certa vamos ter um candidato. E o que posso garantir, até para desalento e desencanto dos nossos adversários, o PSDB vai estar absolutamente unido para chegar ao segundo turno e vencer as eleições. Porque o sentimento no Brasil é de mudança, as pessoas estão cansadas disso que está aí. Quem for para o segundo turno com a presidente da República vencerá as eleições e espero que sejamos nós.

 

Eduardo Campos diz que não quer mais polarização entre PT e PSDB 

Acho que ele é um grande quadro da política e, desde início, estimulo e continuarei estimulando a sua candidatura. Ele é sempre muito bem vindo no campo da oposição. Ele e a Marina (Silva).

Cobrança de explicações sobre as denúncias em SP

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que a oposição aguarda explicações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a origem das denúncias feita, por meio da imprensa, essa semana, contra lideranças tucanas em São Paulo. Aécio condenou interferência partidária nas denúncias feitas e classificou como um atentado à democracia o uso pelo PT de instituições do Estado.