Oposição e movimentos sociais fecham pauta conjunta para manifestações de 13 de março

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, lideranças da oposição e de grupos dissidentes da base do governo federal reuniram-se, nesta terça-feira (1º de março), em Brasília, com representantes dos movimentos sociais que organizam as manifestações marcadas para 13 de março em todo país. Foi o primeiro encontro realizado no Congresso para definir a integração dos partidos nos atos de protesto contra o governo e os escândalos de corrupção. Os senadores e deputados foram convidados pelos coordenadores a participarem das manifestações.

“Esse movimento é organizado por setores da sociedade e por movimentos legítimos da sociedade. Não vamos nos omitir. O PSDB e os demais partidos de oposição estarão convocando os brasileiros para que possam ir às ruas no próximo dia 13 de março e dar um basta definitivo a isso que vem acontecendo no Brasil. A presença dos brasileiros nas ruas certamente pode abreviar o sofrimento de tantos com o desemprego, com o alto endividamento, com a inflação sem controle e, principalmente, com a falta de esperança”, afirmou o senador Aécio Neves, em entrevista, após o encontro.

Os movimentos sociais representados por Jailton Almeida (Vem pra Rua), Carla Zambelli (Nas Ruas), Rubens Nunes (Movimento Brasil Livre), e Renan Santos (Movimento Brasil Livre) apresentaram aos presidentes de partidos as principais reivindicações de seus integrantes por mudanças na economia, na política e por maior participação da sociedade na definição da ação do Congresso Nacional.

“Há hoje uma constatação no conjunto da sociedade brasileira de que, com a presidente Dilma, o Brasil não iniciará um processo de recuperação econômica e, obviamente, em decorrência dela também, de melhoria dos nossos indicadores sociais. Esse é um fato. Não fomos nós que construímos isso. Foi a presidente que construiu isso, com as mentiras durante a campanha eleitoral, com a absoluta falta de limites com que o seu partido agiu no governo ao longo desses últimos anos, e pelos equívocos gravíssimos que cometeu ao longo do seu governo. É o sentimento de indignação e o sentimento de busca de uma saída para o Brasil que, eu acredito, encherão as ruas do Brasil no próximo dia 13 de março”, afirmou Aécio Neves.

Troca de ministro da Justiça

O presidente nacional do PSDB destacou a troca de comando no Ministério da Justiça, decidida pela presidente Dilma a pedido do PT. Aécio frisou que os partidos de oposição e a sociedade não aceitarão qualquer tipo de intervenção política ou do PT nas investigações em curso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. A mudança no ministério foi decidida após a prisão pela Polícia Federal do publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de Lula, em 2006, e da presidente Dilma em 2010 e 2014. As investigações apontam para crimes graves de Caixa 2 nas campanhas do PT e para pagamentos ilícitos.

“É uma preocupação enorme em todos nós da oposição, mas não apenas da oposição partidária, e sim de toda a sociedade brasileira, em relação à forma como se dá a saída do ministro da Justiça. Isso é grave. É preciso que estejamos muito atentos para que essa nomeação não signifique uma tentativa nefasta e antirrepublicana de interferência nas nossas instituições, em especial na Polícia Federal”, disse Aécio Neves.

O senador fez questão de manifestar apoio dos partidos de oposição à independência do Judiciário e à autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), responsáveis pelas investigações dos esquemas de corrupção que envolvem os principais nomes do PT.

“Quero reiterar, como presidente do PSDB, a nossa absoluta confiança na independência, na qualidade da Polícia Federal e na força das nossas instituições, que não haverão de se submeter a interesses de governo. Essas são instituições – e a Polícia Federal se incorpora a elas – de Estado. O Ministério Público, o Poder Judiciário e a Polícia Federal continuarão a fazer o seu trabalho, por mais que esses sinais apontem em uma tentativa na direção oposta”, ressaltou Aécio Neves.

Foto: George Gianni

Foto: George Gianni

“A ponta do iceberg”, diz Aécio Neves sobre condenações de réus da Lava-Jato

O senador Aécio Neves afirmou, nesta quarta-feira (22/04), que as condenações de oito réus investigados pela Justiça Federal por desvios na Petrobras são apenas a ponta do iceberg de um esquema de corrupção que a cada dia surpreende a sociedade brasileira pelo volume assombroso de dinheiro público desviado.

“O que assistimos hoje, quase que incrédulos, é que, infelizmente, institucionalizou a corrupção no governo do PT. E não se atém apenas à questão da Petrobras. O volume de recursos e os números são tão assombrosos que é difícil em qualquer parte do mundo crer que isso possa ter acontecido sem o conhecimento das mais altas autoridades. Na verdade, institucionalizou-se a corrupção e aqueles responsáveis por ela estão sendo punidos. Mas eu acho que estamos ainda apenas assistindo a ponta do iceberg”, disse Aécio Neves em entrevista à imprensa no Senado.

Nesta quarta-feira (22), a Justiça Federal condenou o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e outros seis réus. As condenações dizem respeito a crimes cometidos em obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O valor do projeto, orçado inicialmente em R$ 2,5 bilhões, já supera os R$ 20 bilhões.

Para Aécio Neves, a condenação do ex-diretor Paulo Roberto Costa traz à tona a necessidade de se investigar quem comandou o esquema de corrupção na Petrobras.

“Não sou juiz para avaliar a extensão da pena, mas é uma pena expressiva para alguém que, assumidamente e confessadamente, cometeu um crime continuado. Mas será que é ele apenas que cometeu? Ele seria o último beneficiário daquilo que aconteceu na Petrobras? Acho que outros desdobramentos ainda virão, e os brasileiros de público devem apoiar, e apoiar o trabalho que o juiz Sérgio Moro vem conduzindo, que o Ministério Público vem conduzindo. Esperamos que no Supremo isso aconteça da mesma forma”, afirmou Aécio Neves.

“PSDB agirá dentro da lei”, afirma Aécio ao comentar denúncias contra o governo Dilma

O senador Aécio Neves garantiu, nesta quarta-feira (22/04), que o partido agirá com responsabilidade e de acordo com a Constituição Federal no processo de análise das denúncias de corrupção na Petrobras e de eventuais crimes de responsabilidade cometidos pela presidente Dilma Rousseff. Aécio afirmou que os tucanos não terão o mesmo comportamento que o PT teve durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando o partido pediu o impeachment do então presidente da República.

“Não vamos nos precipitar, não vamos fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT. Vamos agir com a responsabilidade de um partido da oposição que a cada dia mais percebe que ilícitos foram cometidos ao longo do ano passado e, eventualmente, até já alguns este ano. E vamos agir conforme determina a lei. Não vamos fazer absolutamente nada que fuja ao que determina a Constituição. Aliás, uma Constituição que eu assinei e que, lamentavelmente, alguns petistas renegaram”, ponderou Aécio Neves em entrevista à imprensa no Senado.

O presidente nacional do PSDB confirmou que uma equipe de juristas, liderada pelo ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, está avaliando os últimos casos de eventuais crimes de responsabilidade cometidos no âmbito do governo federal.

Segundo Aécio Neves, a equipe de juristas está debruçada sobre a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou crime de responsabilidade as chamadas “pedaladas fiscais” do governo federal. Outra denúncia em análise é um possível crime de prevaricação da Controladoria-Geral da União (CGU) em denúncia envolvendo a empresa holandesa SBM OffShore.

“A posição do PSDB tem sido a mesma desde que essas denúncias surgiram. Nós dissemos: o impeachment deve ter como base, claramente, indícios muito fortes de que houve crime de responsabilidade. E os indícios são cada vez mais claros, mas só avançaremos nesta proposição no momento em que tivermos consistência nesta análise”, ponderou o presidente do PSDB.

Outra denúncia sob investigação da Justiça é a suspeita de que dinheiro desviado da Petrobras possa ter abastecido a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff por meio de repasses feitos pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, réu da operação Lava-Jato preso na semana passada.

“Se comprovado que esses recursos eram ilícitos e que havia conhecimento de que eles eram fruto de propina, será mais uma frente que se abre. Estamos absolutamente serenos em relação a essa questão. Vamos fazer o papel que cabe à oposição, fiscalizar o governo, investigar onde as denúncias sejam contundentes, e muitas delas são, e, a partir daí, vamos definir qual tipo de ação vamos empreender. Portanto, é papel sim da oposição garantir, com responsabilidade, mas também com coragem, que essas investigações ocorram, e se alguém cometeu crime de responsabilidade que pague por este crime”, afirmou.

 

União

Aécio Neves também destacou que qualquer decisão em relação a um eventual pedido de impeachment, se tomada, será feita por todo o partido.

“O PSDB estará unido no momento em que definir qual a ação cabível, e mais do que isso, estará unido aos demais partidos de oposição. Temos um entendimento entre nós de que os cinco partidos de oposição se manifestarão de forma conjunta, no momento em que chegarmos à conclusão de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Não iremos nos omitir, tampouco vamos nos precipitar”, afirmou.

Aécio Neves – Entrevista sobre pedido de impeachment e sentenças da Lava Jato

O senador Aécio Neves, entrevista coletiva, nesta quarta-feira (22/05), em Brasília, afirmou que a oposição vai investigar todas as denúncias contra o governo federal e vai trabalhar unida e com responsabilidade no debate sobre um pedido de impeachment da presidente da República.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre pedido de impeachment.

A posição do PSDB tem sido a mesma desde essas denúncias surgiram. Nós dissemos: o impeachment deve ter como base, claramente, indícios muito fortes de que houve crime de responsabilidade. E os indícios são cada vez mais claros, mas nós só avançaremos nesta proposição no momento em que tivermos consistência nesta análise.

O doutor Miguel Reale (Jr.), ex-ministro da Justiça, grande jurista, e uma equipe de advogados está examinando cada uma das frentes onde estas denúncias vêm se sucedendo. Seja através do Tribunal de Contas que considerou, por unanimidade dos seus membros que teria havido crime de responsabilidade com as chamadas pedaladas fiscais, seria os bancos públicos emprestando para o seu controlador, o que é vedado de forma absolutamente cabal e definitiva na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sejam os indícios que a Controladoria-Geral da União poderia ter prevaricado ao omitir informações que recebeu durante o processo eleitoral sobre o pagamento de denúncias por parte de uma empresa holandesa a dirigentes da Petrobras. Sejam as ações que já foram feitas junto ao Tribunal Superior Eleitoral que demonstram a utilização de empresas públicas, como os Correios e Telégrafos, de forma ilegal para beneficiar a candidatura oficial.

Mais uma utilização indevida da máquina pública em torno de um projeto de poder, inclusive, estas sucessivas denúncias de que recursos arrecadados ilicitamente pelo tesoureiro do PT, que está preso, possa ter irrigado o caixa da campanha da atual presidente da República. Porque houve transferência de recursos do diretório nacional para a campanha.

Se comprovado que esses recursos eram ilícitos e que havia conhecimento de que eles eram fruto de propina, será mais uma frente que se abre. Nós estamos absolutamente serenos em relação a essa questão. Vamos fazer o papel que cabe à oposição, fiscalizar o governo, investigar onde as denúncias sejam contundentes, e muitas delas são, e, a partir daí, vamos definir qual tipo de ação vamos empreender. Portanto, é papel sim da oposição garantir, com responsabilidade, mas também com coragem, que essas investigações ocorram, e se alguém cometeu crime de responsabilidade que pague por este crime.

 

Existe divisão no PSDB em torno da questão do impeachment? 

De forma alguma. O que existe em um partido democrático como o PSDB são nuances diferentes em relação às mais variadas questões. Seria estranho se não houvesse. Mas apesar dessas nuances, e essas posições são cada vez mais convergentes, no momento da ação a unidade será absoluta. Conversei essa semana com o presidente Fernando Henrique, hoje almocei com o senador José Serra e com outros líderes do partido. Há absoluta convergência entre nós. Não vamos nos precipitar, não vamos fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT. Vamos agir com a responsabilidade de um partido da oposição que a cada dia mais percebe que ilícitos foram cometidos ao longo do ano passado e, eventualmente, até já alguns este ano. E vamos agir conforme determina a lei. Não vamos fazer absolutamente nada que fuja ao que determina a Constituição. Aliás, uma Constituição que eu assinei e que, lamentavelmente, alguns petistas renegaram.

 

Hoje saíram as penas para os envolvidos na Lava-Jato. Como o sr. vê a aplicação de penas mais duras que as previstas?

O que assistimos hoje quase que incrédulos é, infelizmente, que institucionalizou-se a corrupção no governo do PT, e não se atem apenas à questão da Petrobras. O volume de recursos, os números são tão assombrosos que é difícil em qualquer parte do mundo que se creia que isso possa ter acontecido sem o conhecimento das mais altas autoridades. Na verdade, institucionalizou-se a corrupção e aqueles responsáveis por ela estão sendo punidos.

Mas acho que estamos ainda apenas assistindo a ponta do iceberg. É incontrolável que essas investigações continuem ocorrendo e que outras pessoas envolvidas, que se beneficiaram dela, tenham também que prestar esclarecimentos. A sorte do governo do PT é que tem na oposição, como maior partido, o PSDB, um partido que tem responsabilidade. Mas não faltará ao PSDB a coragem necessária para, no momento certo, se identificados realmente os crimes que agora são noticiados, vamos agir como esperam de nós a grande maioria dos brasileiros.

               

O Miguel Reale Jr. deu algum prazo para apresentar o parecer sobre o impeachment?

Não e nem pedimos prazo ao jurista Miguel Reale. Ele está examinando todas essas frentes, se detendo especialmente nessa do Tribunal de Contas. Algumas outras informações estão sendo colhidas por nós, como, por exemplo, o fato de que, neste ano, dos primeiros meses pode eventualmente ter havido continuidade dessa ação, que configura crime de responsabilidade, o que agrava a situação do governo. E analisando essas outras frentes, tanto na junta da Justiça Eleitoral, quanto a Controladoria-Geral.

Não temos prazo para isso, mas quero afirmar de forma muito clara: o PSDB estará unido no momento em que definir qual a ação cabível, e mais do que isso, estará unido aos demais partidos de oposição. Temos um entendimento entre nós de que os cinco partidos de oposição se manifestarão de forma conjunta, no momento em que chegarmos à conclusão de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Não iremos nos omitir, tampouco vamos nos precipitar. E, por isso, não há um prazo determinado para que isso ocorra. O volume de informações que nos chegam e que chegam a vocês, ou através de vocês, à sociedade brasileira é muito grande.

 

Sobre balanço relativo às contas da Petrobras na gestão de Ademir Bendine.

Precisamos ver esses números. Vamos ver de que forma eles vão admitir a corrupção que deixou pelo ralo alguns bilhões de reais. É preciso que ele demonstre ter a coragem e a independência necessária – e essa é a dúvida que todos nós, brasileiros, temos – para admitir que, seja em relação à Abreu e Lima, seja em relação à Pasadena, e vários outros investimentos, como o Comperj no Rio de Janeiro, houve dolo.

É preciso que ele admita de forma clara que houve corrupção, que houve desvios e aponte quem são os responsáveis por ele, porque algo apenas teórico, compreendo até o esforço do ministro Joaquim Levy de dizer que a Petrobras iniciará uma nova história a partir da apresentação deste balanço. Se não admitir de forma clara a corrupção endêmica que tomou conta da companhia, infelizmente, ela continuará no mesmo caminho.

 

Sobre a condenação de Paulo Roberto Costa. Foi branda?

Não sou juiz para avaliar a extensão de uma pena, mas é uma pena expressiva para alguém que, assumidamente e confessadamente, cometeu um crime continuado. Mas será que é ele apenas que cometeu? Ele seria o último beneficiário daquilo que aconteceu na Petrobras? Acho que outros desdobramentos ainda virão e os brasileiros de público devem apoiar o trabalho que o juiz Sérgio Moro vem conduzindo, que o Ministério Público vem conduzindo. Esperamos que no Supremo isso aconteça da mesma forma.

Aécio Neves – Entrevista sobre a Petrobras e o governo federal

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (20/02), em Brasília. Aécio criticou as declarações da presidente da República, Dilma Rousseff, sobre o esquema de corrupção na Petrobras. O senador também falou sobre a instauração de uma nova CPI da Petrobras e corrupção no governo do PT.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Depois de um conveniente silêncio que durou cerca de dois meses, certamente para se distanciar das medidas econômicas tomadas pelo seu governo, e que na verdade eram uma negação de tudo aquilo que a presidente dizia durante a campanha eleitoral, a presidente reaparece, parecendo querer zombar da inteligência dos brasileiros ao atribuir o maior escândalo de corrupção da nossa história, patrocinada pelo governo do PT, a um governo de 15 anos atrás. Na verdade, parece que a presidente volta a viver no país da fantasia que conduziu a sua campanha e que tanta decepção trouxe inclusive aos seus eleitores.

O PSDB não tem qualquer receio de que se investigue o que quer que seja, mas bastaria uma leitura no depoimento do sr. Pedro Barusco, ao qual ela se refere, que veremos lá que ele afirma que sim, que teve um entendimento com um dirigente de uma empresa holandesa e se beneficiou, se beneficiou individualmente desse entendimento, recebendo durante algum período uma propina, que transferiu depois para uma conta em seu nome pessoal na Suíça.

Pois bem, se a presidente da República, e essa é a questão central que quero trazer aqui hoje, dá crédito às declarações do sr. Pedro Barusco, e nós damos créditos sim a todas as declarações dele, é preciso que ela dê crédito e venha a público dizer o que acha do centro do seu depoimento, onde ele afirma que US$ 200 milhões foram transferidos para do PT durante esses últimos 12 anos. Boa parte disso entregue diretamente ao tesoureiro do seu partido, aliás o que eu já denunciava durante a campanha eleitoral. Na verdade, esse assunto é de extrema gravidade e não é possível que a presidente da República o trate de forma tão simplista e, a meu ver, tão incorreta.

A grande verdade é que existem dois sentimentos hoje no Brasil. Um, da metade dos brasileiros que votaram na presidente da República, de frustração, de vergonha por verem que foram enganados pelo discurso da então candidata. E outro, de indignação crescente, daqueles que já compreendiam que o governo do PT faz muito mal ao Brasil.

 

Sobre a CPI da Petrobras, o ministro Cardozo disse que está só esperando um convite. O PSDB vai se posicionar em relação a isso?

Provavelmente este convite chegará logo. O líder Carlão [Carlos Sampaio], que aqui está, pode falar sobre isso. Ontem conversamos um pouco sobre a estratégia das oposições na CPI. Outras convocações serão feitas. E queremos sim que essa CPI cumpra com o seu dever, o que não aconteceu com a última CPMI.  Acho que os fatos novos que já vieram à tona, e outros que estão por vir dão a essa CPI o combustível necessário para aprofundamento das investigações. E certamente, já que há essa disposição pessoal do ministro, ele terá oportunidade de prestar esclarecimentos no Plenário da CPI.

 

O que o sr. acha da interferência do ex-presidente Lula, das empreiteiras indo buscá-lo para tentar resolver o problema delas.

Eu custo crer que isso possa ser verdade. Porque é algo tão acintoso à própria democracia. Um país onde as instituições são sólidas e funcionam de forma absolutamente autônoma e independente. Recorrer a um ex-presidente como se o Brasil fosse uma republiqueta, onde a interferência política pudesse mudar o rumo de investigações, é desconhecer a realidade de um país que, se não avançou nos seus procedimentos éticos em razão do que aconteceu nos últimos 12 anos, felizmente, isso é algo que devemos saudar, avançou do ponto de vista das solidez das suas instituições. Temos um Ministério Público que atua de forma autônoma. Temos uma Polícia Federal que investiga, ao contrário do que gosta de dizer a presidente, não por sua determinação, mas para cumprir a sua responsabilidade constitucional. E cabe a nós, políticos, estarmos vigilantes para impedir que haja qualquer manipulação ou qualquer tentativa de politizar algo que deve continuar caminhando estritamente na esfera judicial e, obviamente, policial.

 

O sr. defenderia a ida eventual do ex-presidente Lula à CPI, como outros líderes da oposição defenderam hoje de manhã?

Não vou tomar iniciativa individual nessa direção, mas a CPMI tem que estar aberta a todas as possibilidades. Vamos atuar em conjunto com os partidos de oposição. Há um entendimento nosso, coordenado pelo líder na Câmara, deputado Carlos Sampaio, que pode falar um pouco mais sobre isso, no sentido de termos uma atuação ordenada, conjunta e com uma estratégia muito bem traçada porque, como você sabe, somos minoria na Comissão, não temos os postos de comando na Comissão. Mas certamente podemos, amparados na realidade dos fatos, nas informações e, sobretudo, com o apoio da opinião pública, fazermos com que essa CPI efetivamente funcione.

 

Voltando às declarações da presidente Dilma, o sr. vê nelas uma tentativa de retirar a responsabilidade desse governo em relação à corrupção?

Provavelmente, essa declaração é fruto das últimas conversas que ela teve com seu marqueteiro. A presidente, mais uma vez, tenta levar os brasileiros à ilusão de que vivemos em um país que não é real. Porque, no país da presidente, funcionários da Petrobras, em entendimento com dirigentes de empresas privadas, fizeram uma grande articulação para lesar o Estado contra os interesses dos governantes, contra o interesse daqueles que indicavam os diretores da Petrobras. Nada mais falso. Tudo isso aconteceu de forma institucionalizada. Olha, quem diz não sou eu. Quem diz são os depoimentos, são os delatores porque isso beneficiava um projeto de poder. Era a hora sim – e falo isso de forma muito franca – da presidente da República fazer a sua mea culpa, olhar nos olhos dos brasileiros e dizer que o seu governo errou, e errou muito. Errou na condução da economia, errou durante a campanha eleitoral ao pregar a mentira, o terrorismo como arma de campanha, e errou principalmente no seu comportamento ético. Enquanto não houver a mea culpa do governo, os brasileiros continuarão a se sentir iludidos e lesados pela presidente da República e pelo seu governo.

 
O sr. acha que há um desespero da presidente Dilma e do PT diante dessas denúncias de US$ 200 milhões?

Nada muda a realidade dos fatos. Confesso que me surpreendi muito com a superficialidade do diagnóstico da presidente da República, sem em nenhum momento fazer referência à parte mais contundente do depoimento do sr. Pedro Barusco. Eu, como presidente do PSDB, acredito sim que ele fala a verdade, até porque em uma delação você tem que falar a verdade e comprovar. Acredito que ele, no governo do PSDB, por iniciativa própria – e é ele quem diz – fez sim o entendimento com o dirigente de uma empresa à qual havia beneficiado e recebeu uma propina individualmente, transferida para uma conta em seu nome. Isso é triste, é lamentável, e ele será punido também por isso. Mas o que é grave, o que estamos assistindo no Brasil é o que jamais havia acontecido na nossa história. É a institucionalização da corrupção em benefício de um projeto de poder. E se o senhor Pedro Barusco tem credibilidade, segundo a presidente da República, para dizer o que fez em 1997 e 1998, é preciso que a presidente da República e o governo deem credibilidade ao que ele disse que fez ao longo dos últimos 12 anos.

Aécio condena ordem de Cardozo para investigar delegados que criticaram o governo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, criticou, nesta sexta-feira (14/11), em São Paulo, a decisão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de investigar os delegados da Polícia Federal que se manifestam contrariamente ao atual governo e em favor da oposição. Para ele, há cerceamento à liberdade de expressão. Aécio recomendou que Cardozo se preocupe em apurar as irregularidades de dirigentes dos Correios e da Petrobras.

Quero aqui também manifestar a minha absoluta incompreensão em razão de uma atitude tomada pelo ministro da Justiça que abre o inquérito para investigar a posição individual e política de delegados da Polícia Federal. Isso é inaceitável. É retirar de uma categoria de servidores públicos, o direito constitucional à livre manifestação”, afirmou Aécio.

Para Aécio Neves, a decisão de Cardozo é a demonstração que o governo do PT quer impedir a liberdade de expressão dos funcionários públicos. “Como se quisesse dizer que funcionários públicos só podem se manifestar a favor do governo.  Isso é absolutamente inaceitável”, afirmou.

Aécio Neves prestou apoio e solidariedade aos delegados federais, que agora serão investigados, por suas manifestações críticas. “Quero aqui também manifestar a minha absoluta solidariedade a esses delegados da Polícia Federal”, afirmou. “É absolutamente incompreensível esta ação [do ministro da Justiça] porque eles [os delegados] se manifestaram, segundo tive notícias pelos jornais, em favor da nossa candidatura, em suas redes pessoais e privadas.”

 

Corrupção

O senador lembrou que estão em curso várias investigações sobre o envolvimento de dirigentes dos Correios em ações políticas, contrariando a ética pública. “Deveria o ministro da Justiça estar atento ao que fizeram, por exemplo os dirigentes da companhia da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos”, afirmou.

Para Aécio Neves, Cardozo deveria se preocupar também com as denúncias cada vez mais intensas relacionadas aos desvios envolvendo a Petrobras. “Deveria o ministro da Justiça se preocupar com servidores da Petrobras ou dirigentes da empresa envolvidos no maior escândalo de corrupção da nossa história”, disse.

 

Ordem

De acordo com a imprensa, o ministro da Justiça afirmou que a corregedoria da Polícia Federal investigará delegados que atuaram na operação Lava-Jato e criticaram nas redes sociais o PT a presidente da República e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a intenção é verificar se houve alguma ilegalidade nos atos dos servidores.