Irresponsabilidade

Aécio Neves – Jornal Estado de Minas – 31/10/2015

É preciso que se diga com clareza: o que o governo federal fez, ao se valer de manobras fiscais para melhorar artificialmente as contas públicas, constitui ato de ataque direto a um dos marcos institucionais mais importantes do país. Estamos falando da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), tão vilmente atingida pelas “pedaladas” fiscais arquitetadas pelo atual governo, que ao Tribunal de Contas da União (TCU) não restou outro caminho senão o de recomendar por unanimidade, recentemente, a rejeição das contas de 2014. É a primeira vez, em muitas décadas, que um presidente da República tem as suas contas rejeitadas, o que mostra o tamanho da irresponsabilidade praticada.


Mais que repudiar o uso de mecanismos capazes de inflar a contabilidade pública, o que importa aqui é refletir sobre o estrago que tal procedimento – usado como política de gestão – provoca na economia, na sociedade e na governança institucional do país. Não é pouca coisa.


Criada no governo Fernando Henrique Cardoso, em sequência à implantação do Plano Real, a LRF foi uma resposta direta ao quadro de desequilíbrio fiscal que reinava no setor público. Algumas medidas saneadoras já haviam sido tomadas, mas era preciso ir fundo no aperfeiçoamento da gestão pública.


A Lei de Responsabilidade Fiscal tornou-se peça fundamental ao impor, no caso de estados e municípios, limites a gastos e endividamento, e também ao traçar diretrizes rígidas e claras sobre o que é aceito ou não no processo orçamentário de todos os entes federados, incluindo a União. Ou seja, governantes foram obrigados a cumprir rituais básicos de gestão: planejar com rigor para não gastar mais do que se arrecada, controlar custos, cumprir o que foi previsto, prestar contas para os órgãos de controle e para a sociedade. Em outras palavras: transparência nas contas públicas.


A lei fez muito bem às finanças públicas do país. Pouco a pouco, no entanto, os governos do PT – partido que fez o que pôde para impedir a implementação da LRF, é bom não esquecer – começaram a minar alguns dos pilares básicos que a sustentam. As contas públicas pioraram ano a ano, alcançando um rombo histórico que nem mesmo a mais pródiga contabilidade criativa seria capaz de encobrir. O resultado é este: o Brasil vive grave recessão, com desemprego crescente, juros altos, inflação sem controle, famílias endividadas e com poder de compra corroído.


Sem saída para a crise que ele mesmo criou, o governo apela para o aumento de tributos, ampliando a cota de sacrifícios dos mais vulneráveis. Ironicamente, é a mesma receita aplicada em Minas. Ao contrário do que fizemos na gestão do estado, reduzindo a tributação de mais de 200 produtos, o governo atual aumentou impostos sobre mais de 100 produtos, como medicamentos e material escolar, além de onerar ainda mais o custo da energia para setores importantes, como o do comércio


A Lei de Responsabilidade Fiscal passa por um duro teste. Ainda debutante, ela pode e deve ser aperfeiçoada. Antes de tudo, porém, cabe defendê-la como um patrimônio coletivo da nação. Atacá-la significa golpear a democracia. Sem o cumprimento da lei, não há estabilidade. Sem estabilidade na economia, não há confiança nem perspectiva de se retomar o crescimento. E quem paga o preço pela irresponsabilidade dos maus governantes é sempre a população. Especialmente os mais pobres.
Não há justificativa para o que estão fazendo com o país.

Aécio Neves apresenta projeto que garante mais transparência às contas públicas

O senador Aécio Neves quer garantir maior transparência às contas públicas do Brasil, reforçando assim, um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para isso, apresentou nessa quarta-feira (17-12-14) um projeto de lei complementar (PLS Complementar) à LRF que determina que União, estados e municípios publiquem a cada dois meses demonstrativo dos pagamentos em atraso de despesas e outros compromissos financeiros já contraídos e também aqueles que representem parcelamento ou renegociação.

O fundamento técnico do projeto decorre do fato de as despesas registradas no cálculo do resultado fiscal (déficit ou superávit) serem somente aquelas efetivamente pagas (é o que se denomina despesas em regime de caixa). Durante o período em que  uma despesa não é paga, ou seja, se torna um compromisso a ser quitado, não entra nas contas do resultado primário. Por este caminho, atrasar pagamentos se torna uma maneira de se aumentar temporariamente o superávit fiscal.

Hoje, a conhecida “contabilidade criativa” do governo federal, com o objetivo de garantir um superávit primário aparentemente maior, esconde tais dados, sendo impossível se conhecer de fato a situação fiscal sobretudo da União.

“Em suma, nossa proposta nada mais é do que a de jogar luz sobre as contas públicas, para que os contribuintes, os investidores, as empresas e todos os demais agentes econômicos possam conhecer a efetiva situação fiscal da União, estados, Distrito Federal e municípios”, afirma Aécio Neves na justificação de seu projeto.

O senador vem alertando que o governo federal tem tentado burlar a LRF, uma das principais conquistas dos brasileiros nos anos 90 que, ao lado do Plano Real, assegurou a estabilidade da moeda e disciplinou os gastos dos poderes públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal tem, como uma de suas principais diretrizes, a transparência. Transparência esta que tem sido corrompida nos últimos anos, gerando alto grau de incerteza para os agentes econômicos.

“Com o patente objetivo de maquiar as contas públicas, o Tesouro tem promovido o atraso na quitação de suas obrigações, em especial quando estas têm como credores instituições e fundos públicos. É assim que, por exemplo, o Tesouro tem retido, sistematicamente, o repasse ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de valores arrecadados a título de multa paga pelas empresas em função de demissões sem justa causa. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) também tem sofrido com sistemáticos atrasos nos repasses do Tesouro para cobrir despesas com o seguro-desemprego”,cita o senador na justificativa do projeto.

Ele destaca ainda que os bancos oficiais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica, fazem pagamentos, na condição de agentes financeiro do Tesouro, e não recebem, de imediato, os recursos relativos à equalização de taxas de juros, subsídios em financiamentos habitacionais, por exemplo. O mesmo tem ocorrido com o BNDES, que acumula créditos junto ao Tesouro relativos às subvenções de taxas de juros concedidas no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

O objetivo da proposta do senador Aécio Neves é obrigar os entes públicos, principalmente o Governo Federal, a explicitar esse tipo de obrigação em um demonstrativo adicional, a ser apresentado no âmbito do Relatório Resumido da Execução Orçamentária, documento já consta da lei e é publicado pelos entes a cada dois meses.

De acordo com o senador, as manobras criativas do Tesouro Nacional já passam da casa dos R$ 30 bilhões em atrasos que escondem sob o tapete déficits não contabilizados.

Confira a íntegra do projeto aqui

Entrevista no Congresso Nacional (Parte 04)

O senador Aécio Neves participou, nesta terça-feira (25/11), no Congresso Nacional de sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Durante a reunião, Aécio protestou contra manobra da base do governo federal de votar em regime de emergência os 38 vetos presidenciais em tramitação no Congresso. Em seguida, Aécio Neves concedeu entrevista coletiva e falou sobre a votação de 38 vetos presidenciais, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Entrevista no Congresso Nacional (Parte 03)

O senador Aécio Neves participou, nesta terça-feira (25/11), no Congresso Nacional de sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Durante a reunião, Aécio protestou contra manobra da base do governo federal de votar em regime de emergência os 38 vetos presidenciais em tramitação no Congresso. Em seguida, Aécio Neves concedeu entrevista coletiva e falou sobre a votação de 38 vetos presidenciais, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Entrevista no Congresso Nacional (Parte 01)

O senador Aécio Neves participou, nesta terça-feira (25/11), no Congresso Nacional de sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Durante a reunião, Aécio protestou contra manobra da base do governo federal de votar em regime de emergência os 38 vetos presidenciais em tramitação no Congresso. Em seguida, Aécio Neves concedeu entrevista coletiva e falou sobre a votação de 38 vetos presidenciais, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal.