Em encontro com políticos venezuelanos, Aécio volta a defender a democracia

REPÓRTER:

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, recebeu nesta quarta-feira, em Brasília, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Venezuelana, deputado Luis Florido acompanhado de Carlos Vecchio, exilado político. O encontro contou com a presença do senador Aloysio Nunes, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e do líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy. Os venezuelanos pediram apoio do PSDB às manifestações em favor do plebiscito que pode por fim ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela. Em entrevista coletiva, Aécio destacou que o PSDB apoia que as liberdades democráticas voltem a se estabelecer no país venezuelano e que se solidariza com os presos políticos, como Leopoldo Lopez.

SONORA DO SENADOR AÉCIO NEVES

“É mais um apelo que fazem lideranças democráticas da Venezuela para que o PSDB se manifeste, como vem fazendo, em favor da garantia das liberdades dos presos políticos e do respeito à democracia na Venezuela. Pedem agora apoio do governo do presidente Michel Temer para que o referendo que foi aprovado pelo número constitucional de venezuelanos possa ocorrer. O Brasil, através do chanceler (José) Serra, tem feito esforços no sentido de retirar o caráter ideológico da nossa política externa.”

REPÓRTER:

Aécio Neves falou também sobre o encontro agendado com o presidente interino, Michel Temer, na noite desta quarta-feira. O presidente tucano defendeu que Temer terá mais condições de liderar uma agenda de reformas necessárias para retirar o país da crise.

SONORA DO SENADOR AÉCIO NEVES

“As reformas são compromisso desse governo e vamos estar apoiando, estimulando que elas possam ocorrer. Os alertas que o PSDB vem fazendo são alertas que devem ser recebidos pelo governo como uma extraordinária contribuição. O presidente Michel, acredito eu, a partir já do final desse mês, será confirmado como presidente da República para cumprir o mandato até o final de 2018 e vamos discutir agenda sim. Vamos falar do que é possível fazer esse ano. O que não for possível fazer esse ano, de que forma podemos deixar encaminhado para que ocorra no ano que vem.”

REPÓRTER:

Além do presidente tucano, outros líderes do PSDB participarão do encontro com Temer.

De Brasília, Shirley Loiola.

Aécio Neves – Entrevista sobre encontro com lideranças venezuelanas

Sobre o encontro com lideranças políticas da Venezuela.

É mais um apelo que fazem lideranças democráticas da Venezuela para que o PSDB se manifeste, como vem fazendo, em favor da garantia das liberdades dos presos políticos e do respeito à democracia na Venezuela. Pedem agora apoio do governo do presidente Michel Temer para que o referendo que foi aprovado pelo número constitucional de venezuelanos possa ocorrer. O referendo revogatório é uma previsão constitucional na Venezuela.

O Brasil, através do chanceler (José) Serra, tem feito esforços no sentido de retirar o caráter ideológico da nossa política externa, permitindo, obviamente, que cada povo defina o seu caminho com respeito às regras democráticas. É esta que é a posição do governo brasileiro e o PSDB se solidariza com Leopoldo Lopez, com os demais presos políticos que lá estão, e espera que, respeitada a constituição venezuelana, esse povo irmão possa encontrar um caminho para a superação das suas já insuportáveis dificuldades.

Eles pediram a reunião?

Eles estão fazendo um périplo pela região, não apenas pelo Brasil, solicitando a solidariedade dos partidos democráticos. O PSDB já havia se manifestado por outras vezes. Estivemos lá com outros partidos de oposição ao governo da presidente Dilma. Não conseguimos alcançar os objetivos da visita. Fomos impedidos de avançar. Sentimos ali na pele o pouco apreço à democracia, ao contraditório, do governo venezuelano. Mas agora há um tempo novo na região e acho que o chanceler Serra é que tem sido porta voz da nova política externa brasileira, a meu ver, uma política muito mais correta, muito mais afim às tradições brasileiras que foram rompidas durante esses últimos 13 anos, com a submissão absoluta ao chamado bolivarianismo. Uma política externa ideológica que isolou o Brasil do resto do mundo, inclusive da nossa região.

Vocês falaram sobre a questão do Mercosul, Venezuela/Uruguai/Brasil?

É o que eles têm dito aqui. Acho importante que a Venezuela continue a participar do Mercosul, mas também acho que não é o momento para que o governo venezuelano assuma a presidência do Mercosul. O que não teria sentido – foram palavras dele – assumir sem aquiescência, sem a solidariedade dos outros países. Portanto, é a posição muito parecida com a posição externada pelo chanceler José Serra e que nós apoiamos.

Sobre o jantar hoje com o presidente Michel Temer.

Acho que é uma conversa normal. Conversei com o Temer ontem. Converso com ele várias vezes. Não tem nada de novo. Criou-se uma expectativa de uma reunião. O presidente convidou alguns senadores para jantar, já fez isso outras vezes e eu aprendi que convite do presidente da República a gente não nega. É uma conversa para afinar um pouco as coisas. Não tem novidade.

O que o PSDB tem feito é defender o governo mais do que qualquer outra força política no país porque acredita que este governo tem um papel constitucional extremamente importante para o Brasil. E as reformas são compromisso desse governo e estamos apoiando, estimulando que elas possam ocorrer.

Os alertas que o PSDB vem fazendo são alertas que devem ser recebidos pelo governo como uma extraordinária contribuição para que se cumpra com as expectativas que existem. É uma conversa amena, entre amigos, entre brasileiros.

O presidente Michel, acredito eu, a partir já do final desse mês, será confirmado como presidente da República para cumprir o mandato até o final de 2018 e vamos discutir agenda sim. Vamos falar do que é possível fazer esse ano. O que não for possível fazer esse ano, de que forma podemos deixar encaminhado para que ocorra no ano que vem. Não tem novidades. O que acho é que, a partir da confirmação do afastamento definitivo da presidente Dilma, ele terá melhores condições para liderar a agenda de reformas, que é a principal razão do apoio do PSDB ao governo.

Isso tira o peso do Meirelles? Temer fica no comando?

Ele é o presidente. No presidencialismo, é quem lidera, quem comanda. Mas, obviamente, ele precisa comandar o seu time também.

Aécio Neves saúda definição da data de eleições legislativas na Venezuela e fim da greve de fome de López

Em discurso que centralizou as atenções do plenário do Senado nesta terça-feira (23/06), o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, comemorou a definição das eleições parlamentares na Venezuela, marcadas para dezembro, e o fim da greve de fome do opositor Leopoldo López, quatro dias após a viagem de senadores brasileiros a Caracas.

“Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão em exitosa, não imaginaríamos que, poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira, teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita, mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU, através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, possibilitaram a definição mais rapidamente da data”, disse o senador em pronunciamento nesta tarde.

Aécio Neves voltou a lamentar a violência sofrida pelo grupo de senadores brasileiros em Caracas, onde foram impedidos de se locomover por diferentes ações do militantes do regime de Nicolas Maduro, mas considerou que o alcance de duas das reivindicações feitas pela retomada da democracia no país representa um importante avanço.

O senador leu trecho da nota emitida pelo presidente da OAB em solidariedade aos senadores brasileiros e anunciando a organização de uma comitiva de advogados para avaliar as denúncias de violação aos direitos humanos nas prisões de oposicionistas ao regime Maduro. As informações são de que Venezuela mantém mais de 80 presos políticos.

“Recebi com muita alegria uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional, que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele país”, disse Aécio Neves.

 

Carta de Maria Corina

O senador recebeu hoje carta da deputada Maria Corina Machado em agradecimento à visita dos senadores brasileiros. Em nome dos venezuelanos, ela agradeceu a solidariedade recebida dos parlamentares brasileiros e classificou as agressões feitas à missão oficial do Senado como “um dos mais graves erros cometidos por Maduro”.

A esposa de Lopez, Lilian Tintori, que também recebeu a comitiva de senadores em Caracas, telefonou pela manhã ao presidente do PSDB, comunicando o encerramento da greve de fome de Lopez após 30 dias de protesto. Uma das agendas previstas pela comitiva brasileira era uma visita ao presídio onde Lopez é mantido preso.

 

Postura do governo

Aécio reiterou as críticas à omissão do governo brasileiro frente às violações de direitos humanos cometidas pelo regime de Maduro.

“Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país”, comparou.

Viagem de Senadores à Venezuela

O senador Aécio Neves saudou, hoje (23/06),  o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome de 30 dias do líder oposicionista Leopoldo Lopez, em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O senador Aécio Neves lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da União Europeia, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.

 

Veja os principais trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves:

Na última quinta-feira, dia 18, um grupo de senadores cumprindo uma determinação do plenário do Senado Federal, portanto do conjunto dessa Casa, em missão oficial, se dirige à Venezuela para em primeiro lugar cumprir uma missão humanitária, expressar a nossa solidariedade a presos políticos, a homens que, por divergirem do governo, por se oporem à forma como a Venezuela vem sendo governada,  foram privados da sua liberdade. Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo, um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país.  Não foram poucas as lideranças que se manifestaram em favor dos perseguidos políticos no Brasil. Inclusive, lideranças democráticas da Venezuela que visitamos.

Por isso, de toda essa conturbada viagem, o que fica para mim mais claro e mais incompreensível é a omissão e a fragilidade das posições do governo brasileiro em relação ao ocorrido em solo venezuelano. Não fomos à Venezuela armados. Não fomos atentar contra um presidente da República eleito. Fomos sim, legitimamente, cumprir o papel de parlamentares de nos solidarizarmos não apenas com os presos que eram o objetivo no primeiro momento, mas com todas as outras lideranças da oposição, e ouvimos dessas lideranças relatos pessoais em relação ao que vem ocorrendo na Venezuela.

Talvez, tivesse havido respeito ao Congresso brasileiro por parte do governo venezuelano, essa visita não teria tido a repercussão que teve. Cumpriríamos a nossa missão de paz, nos reuniríamos em uma mesa de unidade democrática que reúne mais de 10 partidos de oposição. Estaríamos com o candidato derrotado das eleições venezuelanas, Capriles. E provavelmente retornaríamos ao Brasil fazendo dessa tribuna um relato da nossa missão.

Mas o que ocorreu foi absolutamente surpreendente. Fomos impedidos de chegar ao nosso destino. Não com argumentos, mas com violência. O que me constrange nesse instante é saber, quando voltamos ao Brasil, que aqui desta tribuna, além da solidariedade que recebemos de senadores, como a senadores Ana Amélia, entre outros, ouvimos reparos, ouvimos críticas de colegas nosso à nossa postura.

Todos têm no regime democrático direito a se manifestar da forma que achar a mais adequada. Não podem tirar o nosso. Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão numa missão exitosa, não imaginaríamos que poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita – vamos ser absolutamente claros – mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, certamente, ao lado da nossa missão, possibilitaram a definição mais rapidamente daquela data.

E hoje pela manhã recebi, tomo a liberdade aqui de externar a cada um dos senhores, um telefonema de Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, que me informava que dentro de poucas horas estaria dando conhecimento de uma carta do preso político Leopoldo que aqui vou pedir que seja registrada nos anais desta Casa, e que depois de 30 dias encerrava sua greve de fome. E pedia Leopoldo à sua esposa Lilian que agradecesse de forma muito, mas muito especial, a presença em solo venezuelano da delegação brasileira, que, segundo palavras de sua esposa, teve para ele um efeito motivador porque ele sabe que conseguiu fazer o que era essencial: chamar atenção do mundo democrático para o que vem acontecendo na Venezuela.

Em nenhum momento fomos lá atiçar, fomos lá cobrar a derrubada de um presidente da República eleito. Fomos, sim, cobrar aquilo que cobraremos daqui até o dia das eleições: transparência nas eleições que estão por vir. Nada mais nos motiva do que termos aqui próximo a nós um povo irmão da Venezuela vivendo em paz, vivendo em segurança e buscando construir seu desenvolvimento econômico e social a partir da vontade da sua gente.

Quero registrar que recebi com muita alegria, como recebi  dos demais membros dessa delegação, uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que, passo a ler o texto do sr. Marcus Vinícius, “que devido a suspeitas  sobre desrespeito a direitos humanos e ao devido processo legal, a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele pais”.

Portanto, era uma causa que deveria unir os democratas deste país. Não vou aqui me ater mais uma vez, até porque sexta-feira já falamos de forma extremamente detalhada, sobre o ocorrido, sobre a participação maior ou menor que deveria ter havido do corpo diplomático brasileiro naquele país, para me ater à questão central: eram duas as demandas que levávamos à Venezuela. A demarcação da data das eleições  e a soltura dos presos políticos. E um apelo que lá fizemos, todos nós, pelo encerramento da greve de fome por parte de Leopoldo López. E isso ocorreu.

Encerra-se essa greve e nós teremos mais um grave combatente das oposições daquele país, em condições de conquistar aquilo que é essencial, a sua liberdade e a partir dela, democraticamente, apoio junto à população daquele país.

Portanto, o que fizemos, um conjunto de senadores de oposição e também da base governista, foi exercer uma prerrogativa fundamental de parlamentares eleitos. O que ocorreu na Venezuela não merece solidariedade por parte daqueles que eleitos pelo voto popular querem exatamente o que nós queremos. Uma missão de paz num país que se diz democrático não pode ser recebida como foi recebida a comissão brasileira. Porque naquele mesmo instante, muitos ou poucos dias antes  lideranças importantes da Venezuela, do governo venezuelano, como o presidente da Assembleia Nacional, foi recebido aqui, mesmo sem agenda pré-fixada, pela presidente  da República, pelo ex-presidente da República, e nós não fizemos nenhuma objeção a isso.

Portanto, para que fique aqui absolutamente claro. Eu quero cumprimentar cada um dos senadores que nos acompanharam, quero cumprimentar todos aqueles que votaram pela criação dessa comissão, pois a omissão, a grave omissão do Brasil nessa questão  foi suprida pela presença firme e corajosa  e altaneira dos senadores brasileiros.

Aécio Neves – Viagem de Senadores à Venezuela

O senador Aécio Neves saudou, hoje (23/06),  o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome de 30 dias do líder oposicionista Leopoldo Lopez, em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O senador Aécio Neves lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da União Europeia, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.

 

Veja os principais trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves:

Na última quinta-feira, dia 18, um grupo de senadores cumprindo uma determinação do plenário do Senado Federal, portanto do conjunto dessa Casa, em missão oficial, se dirige à Venezuela para em primeiro lugar cumprir uma missão humanitária, expressar a nossa solidariedade a presos políticos, a homens que, por divergirem do governo, por se oporem à forma como a Venezuela vem sendo governada,  foram privados da sua liberdade. Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo, um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país.  Não foram poucas as lideranças que se manifestaram em favor dos perseguidos políticos no Brasil. Inclusive, lideranças democráticas da Venezuela que visitamos.

Por isso, de toda essa conturbada viagem, o que fica para mim mais claro e mais incompreensível é a omissão e a fragilidade das posições do governo brasileiro em relação ao ocorrido em solo venezuelano. Não fomos à Venezuela armados. Não fomos atentar contra um presidente da República eleito. Fomos sim, legitimamente, cumprir o papel de parlamentares de nos solidarizarmos não apenas com os presos que eram o objetivo no primeiro momento, mas com todas as outras lideranças da oposição, e ouvimos dessas lideranças relatos pessoais em relação ao que vem ocorrendo na Venezuela.

Talvez, tivesse havido respeito ao Congresso brasileiro por parte do governo venezuelano, essa visita não teria tido a repercussão que teve. Cumpriríamos a nossa missão de paz, nos reuniríamos em uma mesa de unidade democrática que reúne mais de 10 partidos de oposição. Estaríamos com o candidato derrotado das eleições venezuelanas, Capriles. E provavelmente retornaríamos ao Brasil fazendo dessa tribuna um relato da nossa missão.

Mas o que ocorreu foi absolutamente surpreendente. Fomos impedidos de chegar ao nosso destino. Não com argumentos, mas com violência. O que me constrange nesse instante é saber, quando voltamos ao Brasil, que aqui desta tribuna, além da solidariedade que recebemos de senadores, como a senadores Ana Amélia, entre outros, ouvimos reparos, ouvimos críticas de colegas nosso à nossa postura.

Todos têm no regime democrático direito a se manifestar da forma que achar a mais adequada. Não podem tirar o nosso. Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão numa missão exitosa, não imaginaríamos que poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita – vamos ser absolutamente claros – mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, certamente, ao lado da nossa missão, possibilitaram a definição mais rapidamente daquela data.

E hoje pela manhã recebi, tomo a liberdade aqui de externar a cada um dos senhores, um telefonema de Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, que me informava que dentro de poucas horas estaria dando conhecimento de uma carta do preso político Leopoldo que aqui vou pedir que seja registrada nos anais desta Casa, e que depois de 30 dias encerrava sua greve de fome. E pedia Leopoldo à sua esposa Lilian que agradecesse de forma muito, mas muito especial, a presença em solo venezuelano da delegação brasileira, que, segundo palavras de sua esposa, teve para ele um efeito motivador porque ele sabe que conseguiu fazer o que era essencial: chamar atenção do mundo democrático para o que vem acontecendo na Venezuela.

Em nenhum momento fomos lá atiçar, fomos lá cobrar a derrubada de um presidente da República eleito. Fomos, sim, cobrar aquilo que cobraremos daqui até o dia das eleições: transparência nas eleições que estão por vir. Nada mais nos motiva do que termos aqui próximo a nós um povo irmão da Venezuela vivendo em paz, vivendo em segurança e buscando construir seu desenvolvimento econômico e social a partir da vontade da sua gente.

Quero registrar que recebi com muita alegria, como recebi  dos demais membros dessa delegação, uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que, passo a ler o texto do sr. Marcus Vinícius, “que devido a suspeitas  sobre desrespeito a direitos humanos e ao devido processo legal, a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele pais”.

Portanto, era uma causa que deveria unir os democratas deste país. Não vou aqui me ater mais uma vez, até porque sexta-feira já falamos de forma extremamente detalhada, sobre o ocorrido, sobre a participação maior ou menor que deveria ter havido do corpo diplomático brasileiro naquele país, para me ater à questão central: eram duas as demandas que levávamos à Venezuela. A demarcação da data das eleições  e a soltura dos presos políticos. E um apelo que lá fizemos, todos nós, pelo encerramento da greve de fome por parte de Leopoldo López. E isso ocorreu.

Encerra-se essa greve e nós teremos mais um grave combatente das oposições daquele país, em condições de conquistar aquilo que é essencial, a sua liberdade e a partir dela, democraticamente, apoio junto à população daquele país.

Portanto, o que fizemos, um conjunto de senadores de oposição e também da base governista, foi exercer uma prerrogativa fundamental de parlamentares eleitos. O que ocorreu na Venezuela não merece solidariedade por parte daqueles que eleitos pelo voto popular querem exatamente o que nós queremos. Uma missão de paz num país que se diz democrático não pode ser recebida como foi recebida a comissão brasileira. Porque naquele mesmo instante, muitos ou poucos dias antes  lideranças importantes da Venezuela, do governo venezuelano, como o presidente da Assembleia Nacional, foi recebido aqui, mesmo sem agenda pré-fixada, pela presidente  da República, pelo ex-presidente da República, e nós não fizemos nenhuma objeção a isso.

Portanto, para que fique aqui absolutamente claro. Eu quero cumprimentar cada um dos senadores que nos acompanharam, quero cumprimentar todos aqueles que votaram pela criação dessa comissão, pois a omissão, a grave omissão do Brasil nessa questão  foi suprida pela presença firme e corajosa  e altaneira dos senadores brasileiros.

Discurso na Tribuna do Senado

O senador Aécio Neves saudou hoje (23/06) o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome do líder oposicionista Leopoldo Lopez, que durante 30 dias em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O presidente do PSDB lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.