Aécio Neves – Entrevista sobre o Projeto de Transparência às propagandas públicas

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/06), em Brasília. Aécio falou sobre o projeto de lei, de sua autoria, que dá transparência às propagandas oficiais, sobre a decisão do TRF contra campanha publicitária do governo Dilma e as pedaladas fiscais.

 

Leia os principais trechos da entrevista do senador:

Sobre o projeto de lei que dá transparência às propagandas oficiais.

Apresentei um projeto de lei que defende a sociedade das inverdades praticadas pelos governos, em especial pelo governo federal. A inspiração foi o governo federal, que mentiu durante a campanha eleitoral e continua mentindo agora, através da propaganda oficial, com o dinheiro dos brasileiros.

A partir da aprovação desse projeto, quando uma publicidade oficial – seja da Presidência da República, dos governos estaduais ou das prefeituras – forem para o ar, naquele mesmo instante, o site do governo tem que estar explicando, classificando quais as fontes daquelas informações, quem avaliza aqueles dados que estão sendo transmitidos para a sociedade, para não assistirmos novamente coisas patéticas como, por exemplo, a responsabilização da seca do Nordeste pelo aumento das tarifas de energia.

Ou o governo, a partir da propaganda oficial, dizer que estava garantindo integralmente os direitos dos trabalhadores, quando propunha a supressão ou a diminuição do acesso ao seguro-desemprego, entre outros benefícios.

E o governante que comprovadamente iludir a população, ele será processado por crime de responsabilidade, por improbidade administrativa. O que nós estamos colocando é limite na manipulação de dados em favor de governos. É algo que nós fazemos em defesa da sociedade.

E hoje houve uma decisão de um juiz federal que na verdade acata uma ação do PSDB e determina que sejam retiradas do ar, da televisão, rádio, inclusive internet, essas propagandas mentirosas patrocinadas pelo povo brasileiro através do governo federal.

Hoje, o governo federal está sendo instado sobre pagamento de multa de 50 mil reais diários para que não continue a dizer à população brasileira ações que fez e que na verdade não fez. É algo em defesa da sociedade brasileira e em defesa da verdade.

 

Sobre reunião de ontem à noite sobre reforma política.

O que nós conversamos ontem com ministros do Supremo Tribunal Federal foi sobre a possibilidade de alguma dessas matérias serem discutidas de forma infraconstitucional, sem necessidade do quórum de emenda constitucional, que torna quase impossível a votação de questões estruturais do ponto de vista do processo político brasileiro.

Na verdade nós já estamos muito atrasados. Quem imagina uma reforma política em uma Câmara que tem 28 partidos, e se a essência da reforma deve ser o fortalecimento dos partidos políticos – portanto, o enxugamento desse quadro extremamente plural – se torna algo muito difícil. Mas nós pretendemos rediscutir a questão da cláusula de barreira, a questão do fim das coligações proporcionais, e também do financiamento público de campanhas, talvez de forma infraconstitucional.

 

Pedaladas fiscais em 2015: O sr. avalia que o governo pode estar incorrendo em mais irregularidades?  

Eu não tenho dúvida que sim. O governo quer se colocar acima da legislação e ninguém está acima da lei. A Lei de Responsabilidade Fiscal – e eu era líder partidário, do PSDB, na época, e lutamos muito para aprová-la, contra o voto do PT – ela tinha como seu pilar básico acabar com a farra dos bancos públicos que financiavam seu controlador. Isso existia no nível estadual, felizmente não existe mais, e existia também no nível federal. O que faz a presidente Dilma? Pelo descontrole absoluto das contas públicas no ano eleitoral, ela faz com que a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o BNDES financiassem programas de responsabilidade do Tesouro.

Houve uma irresponsabilidade consciente do governo federal ao gerir a política fiscal no ano passado. E se não houver uma punição, a penalização por parte dos responsáveis por isso, nós estamos dizendo o seguinte: o governo federal pode tudo. A lei só serve àqueles que estão abaixo do seu comando. O Tribunal de Contas está fazendo um trabalho seríssimo que não é de um conselheiro ou de um ministro; é feito por auditores do Tribunal, e os dados são acachapantes.

Nós entramos com uma ação criminal contra a presidente da República na PGR. Por quê? Porque foi cometido um crime. Lesou-se, violentou-se a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se a decisão for técnica, como deve ser e acreditamos que será no Tribunal de Contas, não há como aprovar as contas da presidente da República. E não adianta achar que essa responsabilidade pode ficar em escalões intermediários. É da presidente da República a responsabilidade pela condução de sua política econômica.

 

É uma ilegalidade que pode resultar em crime de responsabilidade?

É uma ilegalidade. E a lei previne quais as sanções. Comprovada essa ilegalidade, e eu não quero ir além disso, obviamente as sanções poderão vir.

Entrevista sobre o Projeto de transparência de publicidade Pública

“Apresentei um projeto de lei que defende a sociedade brasileira das inverdades praticadas pelos governos”, afirmou Aécio Neves, em coletiva à imprensa, hoje (24/06), ao apresentar Projeto de Lei que dá transparência à propaganda oficial paga com recursos públicos e penaliza governante que mentir por meio da publicidade.

 

Pronunciamento sobre as propagandas do governo

“A mentira tem perna curta”, diz senador Aécio Neves, em seu pronunciamento esta tarde (24/06), sobre a decisão judicial que considerou enganosa a propaganda do governo federal sobre ajuste fiscal. O senador apresentou hoje projeto de lei que amplia transparência nas propagandas oficiais e responsabiliza agentes públicos na divulgação de informações falsas.

GHG_9237

George Gianni

Projeto de Aécio amplia transparência nas propagandas oficiais e responsabiliza agentes públicos na divulgação de informações falsas

O senador Aécio Neves protocolou hoje (24/06) projeto de lei que amplia as obrigações previstas na Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527) com o objetivo de impedir o uso de campanhas institucionais de governo nas esferas federal, estadual e municipal para difusão junto à população de informações falsas e/ou de opiniões de interesse político-partidário.

O projeto de lei acrescenta aos artigos 8º e 22º da Lei de Acesso à Informação a obrigatoriedade de que os governos federal, estaduais e municipais e as estatais disponibilizem publicamente todas as fontes de origem e as bases oficiais de dados utilizados nas propagandas custeadas com recursos públicos, assim como a autoridade ou agente político responsável pela veracidade das informações prestadas.

O PL prevê como ato de improbidade administrativa que viola os princípios que regem a Administração Pública a conduta de divulgação de informação sabidamente falsa ou não confirmada por fonte oficial, penalizando a autoridade e agente político responsável por informações finais prestadas à população.

Com o objetivo de aumentar a transparência do setor, o  projeto de lei propõe ainda que os custos de cada campanha publicitária sejam explicitados com a relação de fornecedores, veículos e valores disponibilizados de forma simplificada para acesso do cidadão.

Todas essas informações, de acordo com a proposta, devem ser publicadas nos portais governamentais na mesma data de início da divulgação da campanha institucional e disponibilizadas de forma clara e direta ao usuário, que poderá solicitar inclusive mais esclarecimentos sobre a publicidade realizada.

A proposta do senador Aécio Neves acrescenta parágrafo único à Lei de Acesso à Informação para estabelecer expressamente que as sociedades de economia mista também passem a publicar as informações exigidas pelo art. 8º da Lei.

No caso de veiculação publicitária  de afirmação ou informação falsa e/ou  de natureza político-partidária, o projeto de lei estabelece a suspensão da divulgação nos veículos de comunicação e exibição, em substituição à campanha, da respectiva decisão judicial que aponta a infração cometida, além da responsabilização pessoal da autoridade ou agente político responsável pela divulgação indevida.

Havendo as infrações legais previstas, a medida judicial deve ser veiculada nos mesmos horários, frequência, espaços, locais e páginas usados na publicidade original.  O ressarcimento aos cofres públicos de despesas com a publicidade enganosa deverá ser solicitado pela Justiça ou Ministério Público.

 

Motivação

O projeto de lei foi motivado pela campanha publicitária do governo federal em defesa do ajuste fiscal. A campanha usou o pretexto de informar a população sobre as medidas do ajuste fiscal para promover saldos positivos de governo que não condiziam com a verdade dos fatos. Utilizou-se de estatísticas e de dados de desempenho passados, embora todos eles já negativos no período da veiculação publicitária.

A campanha oficial fez ainda clara defesa da imagem política do governo, a partir da veiculação de afirmações genéricas, irreais e até mesmo de promessas futuras não relacionadas a nenhuma das medidas governamentais tomadas no ajuste que motivou a campanha institucional.

A campanha também veiculou informações sabidamente falsas, como a justificativa da seca no Nordeste como única razão para o aumento da tarifa de luz, dois anos depois de a presidente ter prometido, em rede nacional de radio e TV, baixá-las. Ou ainda a exibição de dados de investimentos passados na educação, quando, na verdade, a medida de governo para o ajuste foi de corte na área.

 

Veja alguns trechos da campanha:

Locutor: Entenda porque o Brasil está fazendo ajustes para avançar.

Cid Pires – Eu queria saber na prática o que o Brasil está fazendo e por que agora?

Locutor – Pois é Cid, desde 2008, o mundo passa por uma crise cujos efeitos no Brasil foram amenizados com ações do Governo Federal.  (Afirmação é genérica e sem comprovação oficial. Diferentes indicadores oficiais apontam para o contrário: o mundo já não vive mais a  mesma crise aguda que em 2008, a maior parte dos países já está se recuperando e crescendo e o Brasil, ao contrário, reverteu a curva de crescimento para indicadores negativos.

O Governo manteve o crescimento do emprego e da renda, (Indicadores oficiais mostram evolução da taxa de desemprego e de queda de renda dos brasileiros), o salário mínimo valorizado e a ampliação dos créditos subsidiados ao acesso à educação. (Créditos subsidiados à educação sofreram cortes, como no caso do Pronatec e do Fies)

A redução de impostos também foi importante para o desenvolvimento do País. (Afirmação de caráter político- partidário e sem comprovação oficial. O próprio ministro da Fazenda Joaquim Levy classificou a política de desoneração de “brincadeira que custou caro ao país”. Afirmativa publicitária também é inversa às medidas governamentais do ajuste que cancelou ou diminuiu desonerações fiscais de 56 setores da economia).

Agora, o governo propõe ao Congresso ajustes para que essas vitórias tenham continuidade (Afirmação de caráter político e não relacionada às medidas governamentais que justificaram a campanha) Os direitos trabalhistas e benefícios conquistados estão todos assegurados,  (Medidas do ajuste fiscal cancelou e alterou direitos e benefícios trabalhistas).

As tarifas de energia tiveram que ser aumentadas em função da seca. (Afirmação sem amparo oficial e que desconhece pareceres técnicos especializados  que creditam a iniciativas do governo parte importante do aumento da conta de luz. A seca no Nordeste já era realidade em anos anteriores, inclusive quando o governo anunciou redução da tarifa).