Pampulha, legado e responsabilidade

Aécio Neves – Jornal Estado de Minas – 23/07/2016

Foi um feito notável. Há uma semana, ao conquistar o título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, o conjunto moderno da Pampulha se inscreveu em uma seleta lista de monumentos que, em todo o Brasil, soma apenas 20 nomes. Minas é o estado que reúne o maior número de bens inscritos, o que é revelador da nossa capacidade de fazer história e de gerar uma produção cultural relevante.

A Pampulha merece todos os louros que lhe são conferidos. Com ela nasce a moderna produção arquitetônica e urbanística brasileira, um território vasto de experimentações estéticas e estruturais cheias de vigor, técnica, beleza e conhecimento. Não à toa, ela continua a nos encantar 75 anos depois de vir ao mundo. Ainda hoje, é impossível não se emocionar com aquele conjunto de edificações sinuosas, em diálogo com o espelho d’água: a Igrejinha da Pampulha, o Iate Tênis Clube, o Cassino transformado em Museu de Arte, a Casa do Baile.

Esta explosão de modernidade se deve ao encontro histórico de duas almas destinadas à eterna juventude de espírito: Juscelino Kubitschek, o então jovem prefeito da acanhada Belo Horizonte, e Oscar Niemeyer, o jovem arquiteto carioca que entendeu como nenhum outro o potencial daquela encomenda para a jovem capital mineira. Os dois enxergaram longe. Era preciso romper com o convencional e fazer o que nunca havia sido feito, sem esquecer os ensinamentos de rebeldia que Minas já dera ao país. Anos depois a dupla repetiria o feito em Brasília, plantando uma colossal obra futurista no coração do país.

A Pampulha foi uma aventura, me disse o saudoso Oscar Niemeyer em uma de suas visitas às obras da Cidade Administrativa, um de seus últimos projetos a se concretizar. Era impossível não se apaixonar pelo que ele dizia: “A arquitetura tem de ser bonita, tem de criar surpresa e emocionar”. O mestre se projetou em Minas, fincou aqui uma série de realizações. Entendo que o reconhecimento da Pampulha como patrimônio mundial é também um tributo à dimensão ética e humanista presente na vida e obra de Niemeyer.

Por tudo o que representa como bem arquitetônico e paisagístico, a Pampulha é um legado de inestimável valor para cidadãos de todo o mundo. Para nós, mineiros e belo-horizontinos, este reconhecimento nos enche de orgulho, ao mesmo tempo em que amplia, em muito, a responsabilidade que nos cabe como guardiões desse tesouro.

A conquista do honroso título de patrimônio da humanidade foi fruto de uma mobilização intensa do poder público, em seus vários níveis, e da sociedade civil, que abraçou a causa com fervor. A prefeitura de Belo Horizonte, o governo do estado em várias gestões, o Ministério da Cultura por meio do Iphan, todos deram enorme contribuição para que a Pampulha se qualificasse a um reconhecimento internacional.

Agora, é preciso mais. É preciso conservar, promover e valorizar a Pampulha. Para isso, precisamos falar de meio ambiente, saneamento, urbanismo, cultura e de muitas outras questões que impactam a vida nas grandes cidades. Ao falar da Pampulha, estamos falando de compromissos com o futuro. E a esse legado de responsabilidade não podemos – nenhum de nós –, faltar.

Tancredo: trinta anos

Artigo do senador Aécio Neves – Jornal Estado de Minas – 18/01/2015

 

Nesses dias em que os brasileiros celebram as três décadas da eleição do primeiro presidente da República civil e de oposição após 20 anos de ditadura militar, uma diferenciação se impõe para entender melhor o importante papel que Tancredo Neves assumiu e desempenhou no processo de redemocratização do país: em tudo, ele era Minas.

Desde o começo – e especialmente nas horas mais difíceis – carregou e guardou consigo, a orientar suas decisões, as lições que apreendera com os seus e com aqueles que vieram antes dele e nos legaram um extenso conjunto de valores e princípios que tão bem caracteriza o homem público, na exata acepção da palavra.

Sua caminhada cívica, não por mera coincidência, sempre esteve lastreada pelo chão da história de Minas e foi da sacada do Palácio da Liberdade que ele corajosamente sinalizou a que vinha. Ficou para sempre marcado em nossa memória coletiva a sua inconfundível voz rouca e emblemática, carregada de civismo, proclamando que “o primeiro compromisso de Minas é com a Liberdade”.

No curso da difícil transição política que se cumpria naquele tempo, ele jamais se afastou, um instante sequer, desses princípios. No calor da vontade popular e com o país tomado pelo anseio por amplas liberdades, forjou, com a delicadeza de um artífice e a segurança das suas convicções, as importantes pontes políticas que nos permitiram finalmente fazer a grande travessia sem retrocessos, quando esgotaram-se as possibilidades do sonho comum, das Diretas-Já.

Não era a primeira vez que o país o convocava, adernado em graves crises. Foi assim em outros momentos da sua longa trajetória política, como parlamentar, ministro da Justiça no Governo Vargas, primeiro-ministro de Jango e aliado da primeira hora de JK. Mudavam as circunstâncias, mas não mudavam o brio e a coragem do democrata convicto.

Foi esse democrata que, de cabeça erguida, caminhando lado a lado com outros gigantes daqueles dias, entrou no Colégio Eleitoral, onde, refletindo o desejo da população nas ruas, foi eleito presidente da República. No seu discurso, falou ao coração do Brasil: “Esta foi a última eleição indireta do país”.

Ao recordar  a intensidade da  comoção daqueles dias, impossível não lembrar da postura adotada pelo PT que se recusou a votar em Tancredo e chegou a expulsar da legenda três parlamentares que, ouvindo as vozes das multidões e das próprias  consciências, não seguiram a determinação do partido, dando seus votos ao novo presidente.  Já há trinta anos,  sempre que precisa escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolhe o PT.

Aqueles foram dias especialmente difíceis. Silencioso como era quando se recolhia em sua São João Del Rei para refletir, Tancredo tinha a exata dimensão do que lhe reservara o destino. Por isso, jamais titubeou em aceitar o sacrifício que as circunstâncias lhe impunham e seguiu firme, determinado, até o ultimo momento, pensando primeiro no Brasil.

Quando levou ao extremo a sua preocupação com o país e sucumbiu à doença, deixou-nos importantes exemplos de desprendimento pessoal e patriotismo.

Um de seus traços mais marcantes,  a busca permanente pela construção de consensos, dava moldura à política como ele defendia e professava – a mais nobre e recompensadora das atividades humanas quando colocada a serviço do bem comum. Para ele, consenso não significava unanimidade nem fraqueza. Pelo contrário,  significava a coragem de abrir mão de interesses menores . Significava a  capacidade de não perder de vista o prioritário e  de encontrar caminhos que pudessem servir às grandes causas do país.

Ao lado de gigantes, como Ulysses, Montoro, Brizola, Teotônio, Arraes entre outros, Tancredo deixou-nos como maior legado o compromisso  com as liberdades democráticas, fim e caminho  da Nova República que ainda hoje sonhamos, podemos e merecemos ser.

Reitero, como brasileiro, o meu  profundo reconhecimento aos grandes líderes que, há 30 anos, não faltaram ao país.

Como neto, me debruço mais uma vez  sobre a saudade, na  certeza de que guardo comigo a mais preciosa de todas as heranças: seu exemplo.

Aécio Neves – Entrevista coletiva no Recife (PE)

O candidato à Presidência da República e presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (18/06), em Recife. Aécio Neves falou sobre políticas para o Nordeste, definição do vice, viagem a Pernambuco, encontro com governador João Lyra e ataques do ex-presidente Lula.

 

Leia trechos da entrevista do senador:

Indicação de um nome do Nordeste para vice. 

É uma possibilidade sim. Existem nomes extremamente qualificados aqui. Mas, mais importante que o vice, são ações objetivas que atendam os interesses da população nordestina. E isso nosso governo vai ter. Assim como foi um mineiro, o presidente Juscelino Kubitschek, que teve o primeiro olhar generoso em relação ao Nordeste, com a criação da Sudene, 60 anos atrás, espero, se vencer as eleições, poder demonstrar que tratar essa região de forma diferenciada é muito importante para todo o Brasil, não apenas para o Nordeste. Só se diminuem as diferenças se você trata as regiões que são desiguais de forma desigual. Obviamente, falo em maiores investimentos, em prioridades na conclusão das obras que estão abandonadas – e algumas delas inacabadas – na região, com sobrepreços. Vamos reintroduzir o planejamento na gestão pública brasileira. E o foco do nosso governo, não tenham dúvidas, e a cada dia vocês perceberão isso, será o Nordeste. Como fiz em Minas Gerais, que, para muito orgulho nosso, tem um Nordeste em seu território. Gastei três vezes mais per capita no Nordeste mineiro do que nas regiões mais ricas do Estado. E pretendo fazer isso também, se vencer as eleições para presidente da República.

 

Sobre pacote de medidas para indústria a ser anunciado pelo governo.

É o pacote do desespero. Aplaudo qualquer medida que venha ajudar a retomada do crescimento. Mas acho que o setor produtivo brasileiro tem a sensação de que é uma agenda muito mais eleitoral do que uma agenda estruturante. O Brasil precisa de planejamento, não precisa de improviso. O Brasil vai avançar quando nós tivermos um governo que trabalhe mais focado nos anos futuros do que na pauta eleitoral. E isso, infelizmente, o governo da atual presidente já abandonou há muito tempo. É um governo que se movimenta única e exclusivamente pelos indicadores de pesquisa. Mas todas as medidas que venham reanimar a economia e nos permitir sair dessa situação hoje, do pior crescimento em toda a nossa região, são bem vindas. Mas eu acho que confiança é um ativo muito valioso. E quando se perde, é difícil recuperar.

 

Sobre viagem ao Recife.

É a primeira visita que faço ao Nordeste como candidato à Presidência da República, oficializado na convenção de sábado passado, e é natural que eu comece essa caminhada por Pernambuco, em razão da importância desse Estado, e para dizer que nós apresentaremos ao longo dessa campanha um projeto extremamente bem elaborado de investimentos em infraestrutura e obviamente também de ações sociais em toda a região Nordeste brasileira. Eu venho de Minas Gerais, onde fui governador, e nós conseguimos, ao final do governo, ter investido três vezes mais per capita na região Nordeste do nosso Estado – que tem um IDH parecido com o Nordeste brasileiro – do que nas regiões mais ricas. Então vamos apresentar à discussão dos brasileiros uma proposta formulada por nordestinos que permitirá a melhoria do IDH, mais investimentos em educação, em saúde, e com choque de infraestrutura, para que as obras inacabadas e com sobrepreço possam ser concluídas e gerar os benefícios que ainda não têm sido gerados à população de Pernambuco e do Nordeste.

 

Sobre o desempenho do PT no Nordeste nas últimas eleições.

No Nordeste foi sempre onde o PT buscou os melhores resultados nas últimas eleições. Mas aqui já há uma percepção clara do fim de ciclo por que passa esse governo. O governo do PT perdeu a capacidade de transformar, de apresentar uma agenda para o Brasil. Hoje, a prioridade do PT é a manutenção do poder. E aí entramos nesse vale tudo. O Brasil é o país que menos cresce na região, a inflação está, infelizmente, de volta, atormentando a vida do trabalhador, da dona de casa, os indicadores sociais do Brasil nos colocam na lanterna, nos últimos lugares, também na América do Sul. Nossa educação é de péssima qualidade, a omissão do governo federal no tratamento da saúde é enorme. Hoje, se gasta 10% a menos do governo federal em saúde do que se gastava quando o PT assumiu o governo. E, na segurança pública, eu diria que a omissão do governo federal chega a ser criminosa. Apenas 10% do orçamento do Fundo Penitenciário foi investido pelo governo, apenas 35% do Fundo Nacional de Segurança foi investido, o que mostra um descompromisso do governo federal com essa questão, hoje, tão grave por que passa o Brasil e o Nordeste brasileiro, que é a questão da segurança pública. O que nós queremos é estabelecer um governo onde haja ética, decência; onde as empresas públicas não sofram o que estão sofrendo, como acontece com a Petrobras, por exemplo. E onde haja, ao lado disso, a eficiência. Planejamento. Resgatar o planejamento no Brasil, fazer um choque de infraestrutura no Nordeste, com avanços dos indicadores sociais, vai ser a primeira página a estar emoldurando o nosso programa de governo.

 

Como conquistar o eleitor do Nordeste?  

Dizendo a verdade. Mostrando o que está acontecendo com o Brasil. Eu acho que aqui, no Nordeste, há uma percepção clara de que esse governo faliu. O governo da presidente Dilma fracassou. Fracassou na condução da economia, porque vai nos legar como herança, qualquer que seja o próximo Presidente da República, como eu disse, uma das piores equações econômicas de toda a nossa região – baixo crescimento, inflação de volta, perda crescente da nossa credibilidade. Na infraestrutura, o Brasil é um cemitério de obras inacabadas e sobrevalorizadas por todas as partes. As nossas empresas públicas – e a Petrobras é o maior dos símbolos que temos hoje – deixou a agenda econômica e as páginas econômicas do noticiário para frequentar as páginas policiais. Virou um instrumento de arrecadação de recursos para um grupo político. E os indicadores sociais, hoje, no Brasil, pararam de melhorar. Nós estamos voltando a ver o analfabetismo crescer aqui no Brasil. Como disse aqui hoje, na educação, estamos nos piores lugares nos rankings mais importantes, como o PISA, por exemplo. Então é hora de enterrarmos esse ciclo e iniciarmos um outro. É dizendo a verdade, ouvindo as pessoas. Esse é um governo que não tem tido a capacidade de ouvir. É um governo que tem um viés autoritário muito grande. Que fala, entre outras coisas, em cerceamento da liberdade de imprensa. Nós vamos combater isso dizendo a verdade e dizendo ao Brasil que é muito importante que nós possamos colocar fim a isso que está aí. O Brasil não merece o crescimento pífio que está tendo e os desmandos que se transformaram na principal marca desse governo.

 

Sobre amizade com o governador João Lyra.

Eu tenho uma relação pessoal com o governador João Lyra que extrapola as nossas figuras. Uma relação familiar. Fernando Lyra, seu irmão, foi um dos grandes amigos do meu avô Tancredo, um dos grandes construtores de sua candidatura e um amigo pessoal que tive durante toda sua vida e faz hoje enorme falta. O governador João Lyra, governador de Pernambuco, apóia o ex-governador Eduardo Campos, faz isso de forma absolutamente correta e vamos ver o que vai acontecer lá na frente. Agora, não perderei a capacidade de interlocução. Não apenas com aqueles que estão no meu campo político, mas com outras lideranças, como o governador João Lyra, que têm as preocupações que eu tenho em relação ao Brasil. Portanto, fiquei muito feliz de poder estar aqui com ele trazendo o meu abraço. Vamos respeitar a sua posição e vamos deixar que os brasileiros definam de que forma estaremos juntos.

 

Sobre o encontro com o governador de PE.

Foi uma conversa pessoal entre amigos. O governador João Lyra tem seus compromissos. Irá honrá-los todos com o governador Eduardo Campos, mas não podemos deixar de conversar. Conversar sobre o Brasil. E será sim um interlocutor extremamente privilegiado na relação pessoal que temos.

 

Sobre possível candidatura de Daniel Coelho em Pernambuco.

Daniel Coelho é um nome extraordinário, não apenas para Pernambuco, mas para o Brasil. Um dos novos quadros do PSDB que despontam com um futuro extremamente promissor. A decisão sobre as nossas alianças em Pernambuco sempre foram uma decisão tomada de forma compartilhada pela direção estadual do partido e cabe a mim respeitar. Majoritariamente, a direção nacional optou por este alinhamento com o candidato Paulo Câmara. Eu não colocarei o meu projeto presidencial acima dos interesses locais do partido. Vamos respeitar esta decisão. Acredito nas coisas naturais na política e, obviamente, nossos companheiros do PSDB, a começar pelo prefeito Elias, estarão no comando na coordenação da nossa campanha em Pernambuco.

 

Sobre críticas feitas pelo ex-presidente Lula aos candidatos de oposição.

No meu caso específico, meu governo em Minas Gerais. Não há nada mais inovador. Temos, por exemplo, ao contrário do aparelhamento da máquina pública federal, temos todos os servidores do estado de Minas Gerais avaliados por desempenho. Se você alcança uma meta estabelecida no início do ano, você recebe uma remuneração a mais. A conseqüência objetiva disso: Minas Gerais não é o mais rico dos estados brasileiros, tampouco o mais homogêneo dos estados brasileiros, mas tem a melhor educação fundamental do Brasil. Isto se chama meritocracia, chama-se de gestão eficiente. Também não somos o mais rico estado do Sudeste e temos a melhor saúde pública do Sudeste.

Estabelecer relações políticas altivas, transparentes sem permitir que essas negociações se transformem em um mercado, um balcão hoje como acontece com o PT, que para ter alguns segundos a mais de televisão, distribui nacos de poder, ministérios, diretorias de bancos. Isso é o novo. O novo é olhar para o mundo de forma mais generosa.  Olhar para os estados e municípios também buscando compartilhar responsabilidades. O governo do PT vem transformando o Brasil em um estado unitário. O compadrio prevalece nos alinhamentos políticos, na nomeação dos cargos públicos. Aparelharam as nossas essas empresas públicas de uma forma criminosa e quem diz isso é a Polícia Federal. No momento em que identifica uma organização criminosa e cito palavras expressas da Polícia Federal dentro da nossa maior empresa que perdeu metade do seu valor de mercado. Esse alinhamento ideológico atrasado, arcaico que submeteram o Brasil tem nos levado a ter o pior crescimento de toda a nossa região. A forma leniente como enfrentaram a questão da inflação fez com que ela recrudescesse hoje. Isso tudo é o atraso. Hoje não há nada mais atrasado do que a forma do PT de governar. De se apropriar do estado brasileiro como se fosse seu patrimônio.

Nós temos uma visão mais generosa de país. A eficiência do governo é uma premissa para você atender a todos os brasileiros. Não há nada mais perverso do que essa tentativa do PT de dividir o Brasil entre nós e eles. O nós, para eles, são aqueles que bajulam o governo, são aqueles que têm cargos públicos no governo e dizem amém às vontades da presidente da República. Os eles são aqueles que criticam o governo. Que apontam os equívocos, os descalabros, os atos de corrupção, a incapacidade de geracional do governo. O PSDB, se vencer as eleições, vai fazer um governo para todos os brasileiros, um governo inclusivo, porque os brasileiros são generosos e quem destila, hoje, ódio, certamente não somos nós.

Aécio Neves repete ato de Tancredo em São João del Rei

Dezenas de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira (13), para acompanhar a visita do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, à São João del Rei (MG). O ato é parte de uma tradição iniciada por seu avô, Tancredo Neves, que sempre visitava a cidade às vésperas de uma decisão importante. A visita marcou o começo da caminhada de Aécio à Convenção Nacional do PSDB, que será realizada neste sábado (14), em São Paulo, e oficializará sua candidatura à Presidência da República.

 

Sonora de Aécio Neves 

“Esse é um momento, talvez, o mais emocionante que vivi. Aqui estão minhas origens, a minha raiz, a minha história política. Vou levar comigo sempre os exemplos de Minas, os valores de Minas, a história de Minas e a coragem que mineiros ao longo da história tiveram para transformar o Brasil. Farei essa caminhada com a mesma dignidade, com a mesma coragem e, sobretudo, com o meu coração cheio de esperança, características tanto de Tancredo, quanto de Juscelino. Deixo Minas Gerais para andar pelo Brasil com a nossa pregação de decência na política, de eficiência na gestão pública, mas levarei sempre Minas dentro do meu coração.”

 

Boletim

Sonora

População acompanha visita de Aécio Neves a São João del Rei

Dezenas de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira (13), Dia de Santo Antônio, para acompanhar a visita do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, à São João del Rei (MG). O ato é parte de uma tradição iniciada por seu avô, Tancredo Neves, que sempre visitava a cidade às vésperas de uma decisão importante, e marca o começo de sua caminhada até a Convenção Nacional do PSDB, que será realizada neste sábado (14), em São Paulo.

Na ocasião, Aécio será oficializado pelo partido como candidato à Presidência da República.

Da janela de sua casa, a aposentada Isabel Lima Rezende, de 70 anos, testemunhou a passagem de Aécio pela cidade.

“Ele veio até aqui, me cumprimentou. É importantíssimo ele vir aqui, na terra dele. O povo quer carinho, quer toque né? Acho que isso mostra que ele é humilde, que ele está com o povo e quer o povo ao seu lado”, disse.

Outro apoiador do presidente nacional do PSDB, o arquiteto aposentado Osvaldo Lafaiete, de 64 anos, defendeu que o ciclo de governo petista chegou ao fim.

“Sou a favor do Aécio, a favor da renovação. Chega de Dilma. O PT já teve o momento dele. É hora do novo”, considerou. “Ele é um homem que conhece o interior. Governar na cidade é fácil, o importante é trazer isso para cá. Por isso que esse contato com as pessoas é importante. É calor humano”, acrescentou.

Já para a bibliotecária Denise Lafaiete, 64 anos, a visita de Aécio chama a atenção do Brasil para a necessidade de conservar o patrimônio de São João del Rei. “Precisamos cuidar das nossas ruas, das nossas casas, tombadas como patrimônio histórico. O governo federal não investe o suficiente nessa conservação”, criticou.

 

Carta

Em frente ao Solar dos Neves, residência onde viveu Tancredo, se concentrou parte da população. Da sacada, Aécio agradeceu a presença de amigos, familiares, lideranças políticas e militantes. Ao seu lado, a filha do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, Maria Estela Kubitschek, leu uma carta de apoio e estímulo ao tucano.

“Hoje, Aécio, depositamos em suas mãos limpas nossa confiança e nossa esperança, de que finalmente poderemos realizar o Brasil que tantas vezes foi sonhado pelos nossos e que ainda permanece intocado. Segue em frente, senador. Com os compromissos e princípios que um dia orientaram os passos de Tancredo, com a ousadia, a coragem e o inconformismo de meu pai, Juscelino. Vamos fazer cumprir o destino”, diz trecho do documento.

Após a homenagem, Aécio percorreu as ruas do centro histórico de São João del Rei, cumprimentado moradores, e visitou a capela de Santo Antônio, construção erguida por volta de 1774. O presidente nacional do PSDB foi ainda ao Teatro Municipal e ao cemitério, onde visitou o túmulo de seu avô.

Aécio Neves – Entrevista em São João Del Rei sobre o início da caminhada pelo Brasil

O presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta sexta-feira (13/06), em São João del Rei (MG). Aécio Neves falou sobre o início da caminhada para a convenção nacional do partido, que será realizada amanhã, em São Paulo, e o indicará candidato à Presidência da República.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre visita a São João Del Rei.

Esse é um momento, talvez, o mais emocionante que vivi. Aqui estão minhas origens, a minha raiz, a minha história política começou aqui. Grande parte da minha história pessoal foi em São João Del Rei. Andei por essas ruas durante toda a minha vida. E reencontrar meus amigos, amigos de toda a vida, no momento em que inicio uma caminhada pelo Brasil é, para mim, extremamente simbólico. Vou levar comigo sempre os exemplos de Minas, os valores de Minas, a história de Minas e a coragem que mineiros ao longo da história tiveram para transformar o Brasil.

Fiquei muito emocionado com a manifestação da Maria Estela, filha do presidente Juscelino Kubitschek, que há 60 anos permitiu ao Brasil dar um salto de desenvolvimento. Trinta anos de passaram, coube a outro mineiro, meu avô Tancredo, reconciliar o Brasil com a liberdade, com a democracia. E ele sempre dizia. Nos seus momentos de maior inquietação, de maior dificuldade, era aqui em São João que ele buscava energia para continuar a sua caminhada. E sigo esse exemplo. É aqui em São João, hoje, que dou a largada para uma grande trajetória.

Não sei o que o destino me reserva. Mas o que posso garantir aos meus companheiros, minhas companheiras, aos amigos de São João Del Rei, de toda a minha terra, é que farei essa caminhada com a mesma dignidade, com a mesma coragem e, sobretudo, com o meu coração cheio de esperança, características tanto de Tancredo, quanto de Juscelino. Deixo Minas Gerais para andar pelo Brasil com a nossa pregação de decência na política, de eficiência na gestão pública, mas levarei sempre Minas dentro do meu coração.

 

Sobre o vice, por que não indicar amanhã?

Porque temos o tempo. Felizmente o nosso caso é de abundância de nomes qualificados. Como a legislação permite que até o dia 30 essa decisão possa ocorrer e como existem ainda instabilidades em outras forças políticas, estamos aguardando que o cenário se desenhe de forma mais clara para ver qual o perfil mais adequado. O que estou hoje podendo dizer hoje é que o PSDB nunca esteve tão unido, tão determinado, e as forças de oposição cada vez mais fortalecidas para expressarem esse sentimento de mudança claro e crescente que assistimos hoje em todo o país. A indicação do vice ocorrerá, como ocorrerá formalmente por parte de outros partidos, até o dia 30 desse mês. Não há porque apressar isso e, repito, felizmente nomes extremamente qualificados, que podem ajudar muito nessa caminhada e no governo do Brasil, estão se dispondo a caminhar ao nosso lado.

 

Sobre o PSD.

O PSD tem hoje uma aliança nacional. Enquanto esse partido tiver uma aliança com o governo federal não cabe a mim fazer qualquer especulação. O que tenho visto é que tanto em relação ao PSD, ao próprio PMDB, ao PP e a vários outros partidos, é que no âmbito regional a maioria dessas forças está se somando ao nosso lado, porque elas querem mudança. A presidente da República, com um esforço enorme, com oferta de cargos públicos a rodo hoje no Brasil, consegue ficar com o tempo de televisão de alguns desses partidos, mas não ficará com o trabalho com a crença desses partidos no seu projeto. Podem esperar que teremos dissidências cada vez mais amplas por todo Brasil, e essas dissidências fortalecerão a oposição, porque elas representam o sentimento que é dos brasileiros hoje, sentimento de mudança e de mudanças profundas. Estamos saindo hoje de São João de Rei para dar a vitórias às oposições e atendermos a esse clamor por mudança que hoje tem mais de 70% da população brasileira.

 

Sobre resultados de pesquisas.

O que é mais relevante nessas pesquisas, e acreditem nisso, continuo repetindo, é esse sentimento de mudança, esse sentimento crescente de mudança. No estado de São Paulo ele passa de 80%, em Minas chega próximo disso. Isso avança por todo país. E cabe a nós da oposição, e cabe a mim, em especial, como candidato do maior partido de oposição e da mais sólida aliança da oposição, representar e expressar esse sentimento de mudança corajosa, mudança verdadeira, mudança com quadros qualificados e é isso que vou dizer pelo Brasil. Estamos prontos para iniciar um novo ciclo no Brasil, onde a decência e a eficiência possam caminhar juntas. E é óbvio que as pesquisas que apontam um crescimento sólido da nossa candidatura nos animam e animam principalmente a nossa turma, a nossa militância, os nossos companheiros.

 

Sobre manifestações contra a presidente da República ontem no Itaquerão.

Acho que ela colhe um pouco aquilo que plantou ao longo dos últimos anos. Alguém que governa com mau-humor permanente, com enorme arrogância, sem dialogar com a sociedade brasileira, de costas para a sociedade, achando que por ter a caneta na mão tudo pode, sem se preocupar com o que virou o governo do ponto de vista ético, com essas sucessivas denúncias de corrupção, querendo vender para o Brasil um país que não existe, um país virtual, onde na propaganda oficial a Petrobras é a melhor das empresas públicas, a mais bem gerida do mundo, onde a saúde é de alta qualidade, onde não existe inflação. Esse não é o Brasil real.

E cada vez mais que se confrontar com o Brasil real acho que ela tem de estar preparada para manifestações da população brasileira. Na verdade, o que temos hoje é uma presidente sitiada, que não pode aparecer em público. Não, como ela diz, pelo pessimismo da oposição, mas, infelizmente, por um governo que fez perder nossos principais pilares macroeconômicos.

Somos o país que menos cresce na nossa região, a inflação volta a atormentar a vida daqueles que menos têm e mais precisam da ação do Estado. A saúde pública é de péssima qualidade com a omissão crescente do governo federal, que gasta hoje cerca de 10% a menos do que gastava quando ela assumiu o governo. Nossa educação ponteia os últimos lugares em todos os rankings sérios internacionais. Na segurança pública, repito que a omissão do governo federal é criminosa e, a permear tudo isso, um descompromisso com a ética, um descompromisso com a correção no exercício da vida pública.

Estamos vendo aí os sete ministros que foram afastados por denúncia de corrupção, ministros do governo, estamos caminhando para o final e o que aconteceu, o que foi apurado pelo governo? Qual a consequência daquelas demissões? Absolutamente nada.  Estão aí as denúncias em relação à Petrobras que aviltam, trazem indignação a todos nós brasileiros. A nossa principal empresa pública hoje vale metade do que valia quando ela assumiu o governo. Olhe as nossas agências reguladoras o que viraram: um balcão de negócios. Esta é que é a realidade do país. Os fundos de pensão, patrimônio dos trabalhadores brasileiros também atacados pela volúpia, pela sanha de grupos que estão hoje no poder. Setores do PT que aproveitaram esses fundos também para fazer negócios, levando alguns deles a prejuízos históricos, como o fundo dos Correios, por exemplo, o Postalis.

É o conjunto da obra. O conjunto da obra deste governo faz com que a população brasileira, cada vez mais, queira mudanças. E seremos a mudança que a população brasileira espera.

 

Ouça a entrevista do senador: