Aécio Neves – Entrevista sobre o Governo Dilma

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (09/04), onde reiterou que a presidente Dilma Rousseff fez uma “renúncia branca”. Aécio também comentou sobre Michel Temer estar à frente da articulação política do governo no Congresso, estelionato eleitoral e declarações do ministro Nelson Barbosa.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre renúncia branca da presidente Dilma.

Disse ontem e reitero que a presidente fez uma renúncia branca, o que eu quero dizer de forma muito clara é o seguinte: ela não renunciou ao cargo, mas renunciou ao governo. Esse é o fato concreto. Nós vamos ter que viver a partir de agora essa nova experiência: do presidencialismo sem presidente.

 

Sobre Michel Temer à frente da articulação política do governo no Congresso e o estelionato eleitoral.

Para o PSDB não muda nada. Nós somos contra esse modelo que está aí. Eu respeito pessoalmente o Temer, eu o sucedi na presidência da Câmara dos Deputados e tenho uma relação cordial com ele, mas ele representa hoje o governo que nós, o PSDB, combatemos. É o mesmo governo, é o mesmo estelionato que está aí a cada dia se apresentando de forma mais vigorosa. Os índices de inflação de março, por exemplo, que nós alertamos lá atrás que estavam por vir, o governo omitia.

O que é mais grave quando nós falamos de estelionato não é apenas o fato da mentira, que por si só já é gravíssimo. Foi o governo sabendo da necessidade de tomar determinadas medidas corretivas, não as ter tomado no tempo certo. Esse talvez tenha seja o maior crime de responsabilidade cometido por esse governo porque poderia ter tomado há dois anos, um ano atrás, medidas corretivas que agora busca tomar a um custo muito menor para a população.

Mas o governo não se importou que a inflação saísse de controle, que a perda de credibilidade fosse crescente, que o crescimento do PIB fosse negativo porque isso interessava ao projeto de poder dele, interessava ao projeto eleitoral. Então, entre o interesse da população e o interesse eleitoral do PT prevaleceu mais uma vez o interesse eleitoral do PT.

 

Sobre as declarações do ministro Nelson Barbosa em defesa dos ajustes para manutenção de programas sociais.

Não se mantém os programas sociais se o país não cresce. Se não se mantém os empregos, o país não cresce. Os dados do IBGE hoje mostram o desemprego crescendo. Tudo o que foi anunciado na campanha eleitoral e combatido com ferocidade pelo PT já era de conhecimento deles. Eles não souberam disso agora. Acho que esta indignação crescente da sociedade brasileira com o PT e com a presidente da República é fruto exatamente da consciência que, agora, as pessoas vão tendo de que foram lesadas. Foram privadas da verdade e, mais grave ainda, das providências necessárias para enfrentar a realidade que já existia, que não começou agora.

 

Sobre tesoureiro do PT (Vaccari) ter dito que o PSDB recebeu doações de empresas envolvidas na Operação Lava-Jato.

O PT passou boa parte da sua existência querendo provar que era diferente dos outros. Hoje, faz um esforço enorme para se mostrar igual aos outros. Mas não somos iguais ao PT. Não recebemos financiamento em troca de superfaturamento de obras, de desvio de recursos públicos, como aconteceu com o PT segundo as inúmeras delações premiadas feitas. Acho triste o partido que, em tão pouco tempo, pela segunda vez, vê o responsável pelas suas finanças sofrer os constrangimentos que sofreu hoje o sr. Vaccari. O simples fato de ele ir ao Supremo Tribunal Federal, lá em suma, em última instância, estar liberado de dizer a verdade, é para mim uma absoluta e definitiva confissão de culpa.

 

PSDB propõe cassação de registro de partidos que receberem propinas

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (18/03), que o partido vai apresentar um projeto de lei na Câmara dos Deputados prevendo a cassação do registro de partido político que receber dinheiro de corrupção.

“Quero afirmar que o PSDB está apresentando hoje um projeto, através do seu líder na Câmara dos Deputados, que determina que partido político que comprovadamente tiver recebido dinheiro da corrupção, tiver recebido propina, tenha imediatamente o seu registro cassado. E queremos pedir o apoio do PT para a tramitação deste projeto”, afirmou Aécio Neves.

A proposta do PSDB é uma resposta às reivindicações da sociedade por mais ética na vida pública. “Temos que resgatar a confiança da sociedade brasileira também na classe política”, ressaltou o presidente do partido.

De acordo com o senador Aécio Neves, o pacote contra a corrupção apresentado pela presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira, não traz novidade. Ele lembrou que as propostas feitas pela chefe do Executivo já tramitam no Congresso há vários anos e nunca contaram com o apoio do PT.

“Em todos os momentos que o governo é pressionado, ele volta com as mesmas e inócuas propostas. Na verdade vários desses projetos já tramitavam aqui no Congresso há muito tempo sem o que o governo se mobilizasse para que fossem aprovados”, criticou o presidente nacional do PSDB.

O senador Aécio Neves criticou também a falta de credibilidade das medidas anunciadas por Dilma Rousseff, citando, como exemplo, a falta de uma posição firme da presidente sobre o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no escândalo envolvendo a Petrobras.

“O que o Brasil clama é por exemplos. Na campanha eleitoral, já perguntava a presidente da República se ela confiava no tesoureiro do seu partido, responsável por arrecadar recursos para as campanhas eleitorais. Ela disse que sim. Volto a fazer a pergunta: a presidente da República ainda confia nas ações do tesoureiro do seu partido? Porque ele não é afastado até como um exemplo para que a sociedade acredite efetivamente na sinceridade das ações do governo. Mas lamentavelmente as respostas estão muito aquém das expectativas da sociedade brasileira”, disse Aécio Neves.

Apesar de avaliar que as propostas do governo são paliativas, o presidente do PSDB garantiu que a oposição irá analisá-las.

“Vamos discuti-las. Tudo que vier no sentido de dar transparência ao processo político, punir de forma exemplar as empresas, os agentes públicos que cometeram delitos certamente são bem-vindas, mas falta ao governo dar exemplos claros de que essas medidas são para valer. Não adianta apenas a legislação. É preciso que as pessoas corretas, honradas, estejam na condução dos negócios públicos, o que, infelizmente, não aconteceu em várias áreas do governo do PT ao longo desses últimos 12 anos”, reiterou Aécio Neves.

Oposição pedirá a ministro do STF investigação contra a presidente Dilma Rousseff

O senador Aécio Neves, se reuniu, nesta terça-feira (17/03), no Senado Federal, com lideranças do PSDB, PSB, DEM, PPS, PP, PMDB e Solidariedade. Os parlamentares reforçarão junto ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, o pedido de abertura de investigação feito pelo PPS para apurar o envolvimento da presidente Dilma Rousseff no escândalo de corrupção na Petrobras.

“Amanhã, a partir de uma iniciativa do PPS através dos deputados Jungman e Roberto Freire, os partidos de oposição estarão buscando se encontrar com o ministro Teori para, com base em jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal que, por duas vezes, já decidiu nesta direção, as oposições, em razão das citações nos depoimentos da delação premiada, vai pedir que se abra investigação em relação à presidente da República”, afirmou Aécio Neves em entrevista à imprensa.

O pedido de investigação contra a presidente Dilma ocorre dias depois de o Ministério Público Federal (MPF) denunciar o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no escândalo da Petrobras. Segundo a denúncia, Vaccari indicava contas de diretórios que deveriam receber propina disfarçada de doação para campanhas do PT.

Para Aécio, a denúncia contra o tesoureiro do PT é extremamente grave. “Se comprovado, teremos um quadro até do ponto de vista jurídico diferente no país. Repito à presidente da República a indagação que fiz durante a campanha eleitoral. Eu perguntei a ela: a senhora confia no tesoureiro do seu partido. Ela dizia que sim. Será que ainda continua confiando?”, questionou.

 

Crise

Durante o encontro dos partidos da oposição, os parlamentares fizeram avaliação das manifestações populares ocorridas em todo o Brasil no último domingo.

De acordo com Aécio, a constatação dos líderes é de que o país vive uma crise política e econômica, agravada pela inépcia do governo diante das reivindicações da sociedade. O presidente do PSDB chamou de patética a entrevista do ministro Miguel Rossetto, que atribuiu aos eleitores dele os protestos do 15 de Março.

“Se isso fosse verdade, se as pessoas que estão indignadas hoje por todo o Brasil e se manifestando de todas as formas, fossem as que votaram em mim, como candidato à Presidência da República, certamente o Brasil teria um outro governo, e nós seríamos poupados de uma manifestação tão patética como essa do ministro sobre os protestos”, afirmou.

Aécio também ironizou a declaração da presidente da República em que ela chama a corrupção de uma “velha senhora”. “A presidente da República tem razão apenas em uma questão: quando ela diz que a corrupção é uma velha senhora no Brasil, uma senhora idosa. É verdade. Só que essa velha senhora nunca se vestiu tão bem, nunca esteve tão assanhada como nesses tempos de PT. Na verdade, essa velha senhora hoje veste Prada e usa uma estrela vermelha no peito”, declarou o presidente do PSDB.