Resultado do IPCA

Aécio Neves classificou o resultado do IPCA divulgado como o pior em 20 anos e disse que os mais pobres são hoje os principais atingidos pela alta dos preços e pelo crescimento do desemprego. No acumulado de 12 meses, o índice de Inflação chegou a 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.

“É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. A inflação está sem controle. A inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manterem no poder,  acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano”, disse.

 

Dilma introduziu a “renúncia branca” no país

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou em coletiva à imprensa, nesta quarta-feira (08/04), que a presidente Dilma Rousseff introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

“Há hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que a presidente combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato. Agora, ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a Presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais.

 

Aécio Neves: a presidente Dilma não governa mais o Brasil

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou em coletiva à imprensa, nesta quarta-feira (08/04), que a presidente Dilma Rousseff introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

 

Ouça a entrevista do senador:

A presidente Dilma não governa mais o Brasil, diz Aécio após a presidente da República transferir para seu vice a condução política do governo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (08/04), que a presidente Dilma Rousseff não governa mais o Brasil. Ao falar com jornalistas sobre a troca de comando na articulação política do governo com o Congresso, o senador afirmou que a presidente introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

Para Aécio, a decisão de transferir a responsabilidade da articulação política do governo para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) é mais uma prova da falta de autoridade da presidente da República, que já transferiu a condução da economia para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, também perdeu a capacidade de diálogo com os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

“Há hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que a presidente combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato. Agora, ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais. O que assistimos a partir desta decisão da presidente é uma renúncia branca. Hoje, quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma”, disse o senador Aécio Neves.

 

Fraude política

Ele avaliou que a fragilização da presidente da República é resultado, entre outros fatores, das promessas feitas à população e que não foram cumpridas, dos desvios e da corrupção ocorridos na esfera federal e dos repetidos erros cometidos na condução da política econômica.

“O PT se transformou na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada do que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente”, afirmou Aécio.

O presidente do PSDB classificou o resultado do IPCA divulgado como o pior em 20 anos e disse que os mais pobres são hoje os principais atingidos pela alta dos preços e pelo crescimento do desemprego. No acumulado de 12 meses, o índice de inflação chegou a 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.

“É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. A inflação está sem controle. A inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manterem no poder, acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano”, disse.

 

Protestos do dia 12

O senador também falou sobre os protestos contra o governo que estão sendo organizados por movimentos sociais para o próximo domingo. Aécio afirmou que o PSDB apoia as manifestações e incentiva a presença nas ruas de suas lideranças e militantes, mas que o partido não tem intenção de se apropriar dos protestos.

“Não importa o tamanho do movimento porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente”, afirmou.

Aécio Neves – Entrevista sobre a reunião da Executiva do PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (08/04), em Brasília (DF), onde participou da reunião da Executiva Nacional do partido. Aécio falou sobre a reunião, campanha de filiação do PSDB, IPCA, manifestações do dia 12, abertura do capital da CEF e concessões na Petrobras.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre reunião da Executiva do PSDB.

Fizemos uma reunião da Executiva com uma pauta pré-definida e tomamos aqui algumas decisões. No dia 5 de maio o PSDB estará lançando nas redes, também de forma presencial, em cada um dos estados uma ampla campanha de filiação, para que em um sentimento crescente que percebemos hoje e a aproximação de setores importantes da sociedade com o PSDB possa ter como consequência a militância dessas pessoas no PSDB. Compreendemos que esse é um momento importante para o partido de reafirmação das suas propostas, de contraponto ao governo que aí está, cada vez mais fragilizado.

Então, vamos fazer uma campanha com uma linguagem visual única focada principalmente em dois segmentos da sociedade: os jovens, e as últimas pesquisas nacionais já mostram que o PSDB é o partido preferido pelos jovens entre 16 e 24 anos, algo que não acontecia anteriormente, e nas mulheres. Há também uma movimentação grande do segmento feminino do PSDB e uma presença, quase que uma demanda muito grande de mulheres de todas as regiões do Brasil para participarem da vida partidária. O que temos é que mostrar que essa insatisfação, essa indignação precisa ser canalizada para uma agenda positiva para o país. E isso se faz, em parte, através da atuação dos partidos políticos.

Portanto, vamos fazer uma ampla campanha que permita que novos filiados tenham uma relação ativa com o partido, trazendo informações, demandas, sugestões e obviamente recebendo do partido também sobre os nossos vários posicionamentos. Estou muito otimista de que com isso vamos fazer uma grande renovada no partido, vamos ter um foco especial já nas universidades, já há uma presença crescente de lideranças com afinidade com o PSDB, disputando diretórios acadêmicos, diretórios estudantis de inúmeras faculdades públicas e privadas do país e queremos canalizar esse sentimento, esse despertar de uma parcela grande da sociedade brasileira para a militância partidária.

Tomamos uma decisão por unanimidade da Executiva Nacional do partido que vai possibilitar uma renovação também das nossas bases. Todos os diretórios ou comissões provisórias que nas últimas eleições parlamentares não obtiveram ou para deputado federal ou para deputado estadual a marca de 6% dos votos, que é a metade da média do desempenho do partido em todo o Brasil, não estarão autorizados a fazer as convenções municipais. E os estados em que não se alcançou o número mínimo de municípios com diretórios que estatutariamente define aqueles que estarão aptos a fazer essas convenções também não farão as convenções estaduais.

 

O sr. tem um mapa disso?

Vamos divulgar esse mapa hoje ainda. Queremos com isso estimular que haja um vínculo cada vez maior das bases partidárias com as lideranças do partido. O que percebemos é que em determinados diretórios não houve qualquer empenho, qualquer vínculo maior com as candidaturas colocadas pelo partido.

Não fiz esse casamento com as eleições majoritárias porque elas têm uma dinâmica própria, mas eu acho que é fundamental que os diretórios municipais do partido, se nós queremos ter um partido cada vez mais nacional, cada vez mais fortalecido, é preciso que haja um compromisso das bases do partido, das lideranças municipais, com as candidaturas do partido.

É algo absolutamente novo, mas eu ressalto que foi aprovado por unanimidade. Isso significa que cerca de 30% dos diretórios e comissões provisórias do PSDB não realizarão as convenções marcadas para maio. Poderemos ter uma segunda chamada, vamos chamar assim, em setembro, prazo final para a filiação daqueles que vão disputar as eleições municipais, onde esses municípios eventualmente estarão realizando as suas convenções, ou com o mesmo grupo, ou com outras filiações que poderão vir.

Por isso nosso empenho em antecipar esse processo de filiação porque muitos desses municípios e em outros onde o PSDB sequer estava organizado nós achamos que poderemos reorganizá-lo com novas lideranças. O partido vai se oxigenar, vai rejuvenescer, tanto na sua militância, quanto nos seus dirigentes municipais.

 

Nesses locais, como vai funcionar?

Simplesmente a comissão provisória. O diretório vai ser extinto a partir do cumprimento do prazo de validade daquela direção, que é agora o mês de maio porque foram prorrogados até maio. Em junho, assumirão novas direções estaduais, e caberá a essas novas direções estaduais reativar que essa comissão provisória onde ela se justifique, haja expectativa de que ela possa crescer, ou no lugar daquela que foi extinta atrair outros grupos políticos. O que nós queremos é acabar com os cartórios que existem hoje no PSDB. Diretórios que não demonstraram ao longo do tempo qualquer compromisso com o partido. Então, nesses municípios, haverá uma estratégia nova de atração de novas lideranças. E, a partir das eleições municipais, ou das eleições desses diretórios, serão estabelecidos também critérios de desempenho para as eleições municipais, que vão ser ainda estabelecidos e para as próximas eleições parlamentares. O que nós queremos é conectar as nossas bases com os nossos representantes, seja na Câmara de Vereadores, no caso das municipais, seja no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas.

 

O que o sr. diz sobre auditoria do governo Pimentel em Minas?

Acho que é um atestado de fracasso de um governo que não começou. Eu costumo dizer que quem dirige olhando pelo retrovisor, corre o risco de bater, bater forte. E no caso do PT de ter perda total. Então acho que é uma grande encenação.

 

O sr. contesta os números?

Isso será contestado em Minas Gerais por quem está avaliando. Uma encenação de um governo que ainda não começou. Desejo que o governador eleito de Minas Gerais esteja à altura do cargo de governador e possa atender a todas as promessas e compromissos que assumiu com a população.

Quero fazer apenas um comentário em relação a essas últimas movimentações do governo, e acho que a presidente Dilma Rousseff introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca. Há, hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que ela combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato, e agora ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais.

 

O sr. vai às ruas dia 12?

Estou avaliando. Hoje houve aqui uma discussão muito amistosa em relação a isso e vou avaliar até o último momento, mas eu quero aqui dizer que esse movimento é absolutamente legítimo. Os nossos companheiros devem estar nas ruas e estarão nas ruas demonstrando mais uma vez a sua indignação.

Há hoje apostas de reação ao governo de que o movimento será menor. Não importa o tamanho do movimento, porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente.

 

E o que o sr. achou do IPCA divulgado hoje? Em 12 meses está acima de 8%, bem acima do teto da meta.

É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. Inflação está sem controle, a inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Então, na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manter no poder acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano.

Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente. Repito, o que assistimos a partir desta decisão da presidente de ontem é uma renúncia branca. Hoje, quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma.

 

Dois dogmas do PT estão caindo num dia só: o sistema de partilha e a abertura do capital da caixa.

O PT se transforma na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Em relação à questão das concessões ou o de partilha eu alertei durante a campanha por inúmeras vezes. As perdas que o Brasil vinha tendo. Ficamos cinco anos sem leiloar nenhuma área no Brasil no momento em que mais de US$ 300 bilhões da indústria petroleira foram investidos no mundo. Exatamente porque prevaleceu a visão ideológica. Hoje, a Petrobras, sucateada e assaltada, não tem condições de manter a sua participação de 30% em cada um dos blocos que deveria estar sendo explorado. Isso significa os prejuízos que a inoperância deste governo, a irresponsabilidade deste governo causou ao país, ela não se limita apenas aos prejuízos da Petrobras, de Pasadena, de outros maus negócios ou da corrupção, se estende por toda a cadeia econômica. Nós, infelizmente, tivemos uma extraordinária descoberta que foi o Pré-sal, mas o atual governo inviabilizou a Petrobras para ser a principal exploradora desse tesouro encontrado.

Acho que a discussão do retorno do modelo de concessões é uma discussão que já propúnhamos lá atrás. Mais uma vez o que se percebe que o governo do PT é um na campanha eleitoral e outro contra o governo. No meu governo, por exemplo, não haveria a privatização da Caixa Econômica Federal. Não haveria partidarização do Banco do Brasil e não haveria a ocupação criminosa da Petrobras. Esta é a grande diferença entre nós e o governo que está aí. Repito, temos hoje no Brasil um governo refém de setores da sua base, com uma agenda econômica que não é a sua. Realmente não sei até onde isso vai.

 

O pessoal do Movimento Brasil Livre está chamando a oposição de molenga que não está participando das manifestações.

Acho que a oposição está fazendo o seu papel com absoluta responsabilidade. É obviamente a opinião de alguém que não acompanha o embate diário no Parlamento.

 

Eles querem que o sr. vá à marcha.

É um convite? Estou avaliando a minha presença com muita serenidade. Tenho dito sempre que este movimento não é o movimento do PSDB. É um movimento dos brasileiros. E quanto mais da sociedade ele for, mas legítimo ele será. Isso não impede que eu resolva ir. Não vou fazer nenhum anúncio prévio, nem tomar nenhuma decisão agora, porque aí sim, daria margem a todo tipo de especulação, de um certo aproveitamento do movimento que, repito, quanto mais da sociedade for, quanto mais espontâneo for, como está sendo, mais legítimo e maiores consequências ele terá. Quem sabe como cidadão eu resolva aparecer?

 

Aécio Neves – Pronunciamento sobre os 20 anos do Plano Real

O presidente nacional do PSDB e candidato do partido à Presidência da República, senador Aécio Neves, lembrou, nesta terça-feira (01/07), no plenário do Senado, os 20 anos do Plano Real e a implantação da moda em 1º de julho de 1994, quando as cédulas começaram a circular no país.

 

Leia o pronunciamento do senador:

Numa manhã, exatamente, no dia 1º de julho de 1994, portanto, há exatos 20 anos, começava,  a circular, no Brasil, a primeira cédula de Real, uma transformação absolutamente estruturante na vida de todos os brasileiros. O maior, sem dúvida alguma, o maior programa de distribuição de renda da nossa contemporaneidade, porque ela privou do perverso imposto inflacionário dezenas de milhões de brasileiros que conviviam aquele tempo – e fico apenas no período, pré-posse do Presidente Fernando Henrique – de 916% ao ano. Esse era o índice do IPCA quando o Presidente Fernando Henrique assumiu a Presidência da República.

Oito anos se passaram, a inflação veio ano a ano sendo reduzida, a credibilidade do País sendo recuperada e outras reformas estruturantes sendo efetivadas: as privatizações de setores como o de telecomunicações, como a da Embraer, como a da siderurgia, essenciais à busca da modernidade ou da inclusão do Brasil nas cadeias globais mundo afora, e depois a Lei de Responsabilidade Fiscal, outro marco absolutamente fundamental à administração pública brasileira.

Todas essas medidas, feitas com o esforço do Governo do PSDB, com o extraordinário apoio da sociedade brasileira, não foram conquistas fáceis, porque nós encontramos ali, em todas elas,  a oposição ferrenha do Partido dos Trabalhadores, seja em relação ao Plano Real, seja em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, recorrendo, inclusive – vejam vocês – ao Supremo Tribunal Federal, para buscar inviabilizá-la.

A história está escrita. Ninguém vai reescrevê-la. Nós podemos consultá-la e interpretá-la. Mas o fato concreto é que a mais importante reforma estruturante ocorrida no Brasil nos anos recentes foi exatamente o Plano Real, o reencontro do Brasil com a estabilidade.

Isso foi possível porque nós vivíamos em um regime democrático e faço aqui um registro, até por oportuno, sobre a responsabilidade que teve, em um instante ainda de incertezas da vida nacional, o presidente que assume a Presidência da República na ausência do Presidente Tancredo Neves. V. Exa, Presidente Sarney – fica aqui este registro – foi o condutor do Brasil rumo à consolidação das suas instituições democráticas e à convivência com as liberdades, sobretudo a liberdade de imprensa, hoje – ainda que veladamente – ameaçada.

Venho a esta tribuna para fazer este registro, porque foi com a coragem e competência daqueles que governavam o Brasil naquele instante que o Brasil criou as condições para implementar outras importantes reformas.

O tempo passou, a vida caminhou, outras conquistas nós obtivemos, e não tenho o mau costume de alguns dos nossos adversários de considerar aqueles que estão no outro campo político como inimigos a serem batidos a qualquer custo. O Brasil de hoje é certamente um Brasil muito melhor do que o Brasil de décadas atrás, foi uma construção de vários governos sob a responsabilidade de diferentes partidos políticos.

A grande realidade de hoje, e é a razão que me traz a esta tribuna, é que, infelizmente, uma agenda que julgávamos ultrapassada e superada, a agenda da estabilidade da moeda e da credibilidade do País, fundamentais à retomada do crescimento em bases mais sólidas, volta a ser a agenda do nosso cotidiano.

Novamente, a inflação volta a atormentar a vida dos brasileiros, sempre rondando o teto da meta, mesmo com preços controlados nas áreas de energia, de combustíveis e de transportes públicos.

O que faltou ao Brasil nesses últimos anos foi coragem política para implementar as reformas necessárias para que o país não sofresse hoje o constrangimento e nós, brasileiros, as consequências, de sermos o País que menos cresce na nossa região. Na verdade, o quadro é de estagflação – estagnação do crescimento da economia, 0,2% de crescimento no primeiro trimestre deste ano, com inflação recorrente.

Mais do que nunca os brasileiros terão oportunidade, dentro de exatos três meses, de escolher que caminho querem seguir. Ou a recuperação da capacidade de implementar reformas esquecidas e abandonadas ao longo desta última década, para que o Brasil possa efetivamente reencontrar o caminho do crescimento e, a partir da daí, da melhoria de seus indicadores sociais, ou simplesmente a manutenção dessa perversa maquiagem fiscal e, a partir dela, a desorganização do Estado brasileiro como jamais visto no aparelhamento da máquina pública em toda nossa história.

Fica, portanto, aqui um registro de cumprimento àqueles que tiveram a coragem política lá atrás de acreditar naquele plano econômico. E aqui a minha homenagem àquele que exatamente desta tribuna que falo hoje nos fez companhia por muitos anos num período mais remoto, mas por seis meses em um período mais recente, o então Presidente Itamar Franco.

Ocupava ele exatamente este microfone, por isso fiz questão de, deste microfone, fazer a homenagem a todos os brasileiros que nos ajudaram a construir essa extraordinária transição do país da hiperinflação, do país sem credibilidade, do país atormentado por inseguranças no seu cotidiano, para um país estável, que passou a poder programar o seu futuro.

Hoje, infelizmente,  os desafios voltam a ser aqueles, em parte, que nós vivemos há cerca de 20 anos. O que posso assegurar aos brasileiros que aqui estão é que, no nosso campo político, assim como não faltou lá atrás, não faltará agora coragem e competência para recolocar o Brasil no rumo que querem os brasileiros.

Eu quero e tenho esse sonho, como cada um de nós tem os seus, de ver, dentro de muito pouco tempo, no Brasil, reconciliada a ética e a eficiência, pressupostos fundamentais para que o Brasil possa se reencontrar definitivamente com cada brasileiro.

Fica, portanto, o registro de cumprimentos ao Presidente Itamar Franco, de reconhecimento ao papel histórico do Presidente José Sarney e também o meu cumprimento, porque não poderia deixar de ser, ao grande homem público e grande Presidente Fernando Henrique Cardoso, timoneiro dessa transição.

Muito obrigado.

Brasília, 1 de julho de 14.