Aécio defende investigações da Lava Jato e critica PT por ataques à Justiça

“É muito triste quando um grupo político e lideranças políticas passam a ter como adversários não os seus oponentes no campo político, mas a Justiça. É o que vem acontecendo hoje com o PT”, diz senador

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, defendeu hoje (18/03) o trabalho da Justiça Federal e do Ministério Público (MP) nas investigações da Operação Lava Jato e criticou os ataques feitos pelo ex-presidente Lula e dirigentes do PT aos tribunais e instituições públicas. Aécio afirmou que as manifestações nas ruas esta semana – provocadas pela indignação da sociedade com a gravidade do diálogo mantido entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula – não têm precedentes na história do país.

“O que assistimos acontecer no Brasil, a partir da notícia da indicação do ex-presidente Lula para a Casa Civil e da divulgação das razões objetivas que levaram a esta nomeação, é algo que não tem paralelo na história democrática do Brasil. As pessoas foram espontaneamente para as ruas, em paz, no Brasil inteiro, demonstrar a sua indignação”, afirmou Aécio, em entrevista coletiva, no Senado.

Acompanhado do líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, Aécio Neves avaliou que as reações contra a posse de Lula como ministro da Casa Civil mostram que a sociedade brasileira não aceita mais ser tratada com desdém pelos governantes. Ele criticou os ataques feitos por Lula – revelados nas ligações telefônicas autorizadas pela Justiça – contra o juiz Sérgio Moro, o Procurador geral da República, Rodrigo Janot, e ministros do STF.

“É muito triste quando um grupo político e lideranças políticas passam a ter como adversários não os seus oponentes no campo político, mas a Justiça. É o que vem acontecendo hoje com o PT. O PT hoje trava um embate não no campo das ideias, não no Congresso Nacional para defender o seu governo e suas realizações. O PT hoje trava um embate com a Justiça e a história universal, não apenas brasileira, mostra que o desfecho para esses momentos de tensão e de radicalização, é sempre em favor dos poderes constituídos, das nossas instituições. O papel das oposições, neste instante, é defendê-las de qualquer tipo de assédio”, afirmou.

Nova fraude denunciada

Na coletiva, Aécio Neves exibiu um panfleto com falsas informações que voltaram a ser distribuídas nas capitais e cidades do interior, com ameaças sobre o fim dos programas Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. A mesma estratégia foi usada pelo PT na campanha eleitoral de 2014, quando panfletos e carros de som percorriam as ruas com ameaças de cancelamento dos programas sociais, caso o voto não fosse em Dilma.

“Panfletos apócrifos estão sendo distribuídos em todo o Brasil para justificar convocações ou mobilizações que os apoiadores do governo já não têm mais condições de fazer com argumentos legítimos. É mais uma vez a fraude, o engodo que permeou toda a campanha eleitoral conduzindo essas manifestações. Estão sendo distribuídos em todo o Brasil, no Nordeste em especial, com carros de som, como aconteceu durante a campanha eleitoral e nós denunciamos isso, inclusive ao TSE”, alertou.

O senador leu trechos do panfleto com as seguintes afirmações: “Urgente, vão acabar com Minha Casa, Minha Vida. Querem destruir o Lula e a Dilma para que todos os subsídios sejam pagos com juros e as prestações vão aumentar. Vão expulsar seus filhos da escola. Querem acabar com o Bolsa Família e deixar todos sem este benefício”.

Aos jornalistas, Aécio Neves mostrou o panfleto e concluiu que o governo do PT é hoje a maior ameaça às conquistas dos brasileiros.

“Quem está inviabilizando o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, as obras do PAC, é este governo que quebrou o Brasil. Quem está levando o desemprego e o desespero a milhões de lares brasileiros é este governo, pela sua incompetência e pela sua irresponsabilidade. Quem levou mais de 60 milhões de brasileiros ao endividamento foi este governo perdulário. Que gastou o que não podia para vencer as eleições e hoje transfere à sociedade brasileira a conta que deveria ser paga por ele”, disse Aécio.

Aécio Neves – Pronunciamento no Senado Federal

“Quero dizer que estou encaminhando amanhã à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal, todos os documentos para que sejam analisados e comprovem, de forma absolutamente definitiva, que fui vítima de um ardil, fui vítima ou de uma vingança ou de uma operação política construída, mas sairemos disso ainda mais fortes, para, a partir desses próximo dias, intensificarmos as nossas ações na Câmara dos Deputados pelo impeachment da Presidente da República, para que o Brasil se livre deste governo e construa uma nova fase na sua história e na história de todos os brasileiros, afirmou o senador Aécio Neves em pronunciamento na tribuna do Senado nesta quinta-feira (16/03).

Leia a seguir a íntegra do pronunciamento:

“Eu subo a esta tribuna, hoje, com dois sentimentos: o primeiro é o da indignação, da profunda indignação dos homens de bem, quando são atacados na sua honra, quando são caluniados, quando são covardemente ofendidos.
Mas, trago um outro sentimento, que é o da serenidade daqueles que nada, absolutamente nada têm a temer. Eu não cheguei ontem a esta casa e tantos aqui são testemunhas disso. Tenho mais de 30 anos de mandatos conquistados com muito trabalho, mas também com muita honra e sempre dedicado à defesa dos interesses da minha gente em Minas Gerais e no Brasil. Tenho me preparado ao longo de todos esses últimos anos, para o enfrentamento. E o tenho feito à minha maneira: denunciando, acusando, quando necessário, e propondo quase sempre, mas sempre, sempre mantendo, no meu comportamento e nas minhas ações, o limite da responsabilidade, da ética e do respeito.

Nos últimos dois anos em especial, desde que me tornei um adversário em potencial do petismo, em especial deste governo, os ataques se avolumaram. Quem não se lembra dos ataques sórdidos a mim, à minha família, durante todo o processo eleitoral? Eu me lembrava, ontem, de manhã, de alguns episódios da campanha eleitoral, quando um dos principais jornais brasileiros – e, depois, seguido por vários outros – estampava, em sua primeira página, que o então candidato Aécio Neves havia construído, em terras particulares de um parente seu, um aeroporto na cidade de Cláudio.

Não adiantava eu mostrar que aquilo, a partir de denúncias do PT, já tinha sido arquivado pelo Ministério Público de Minas Gerais, rearquivado pelo Ministério Público. Aquela quase assombração me acompanhou durante a campanha eleitoral. Eu me lembro que, no espaço mais nobre da campanha, o Jornal Nacional, da Rede Globo, dos dez minutos, para nós, da oposição, tão caros e tão relevantes, mais da metade do tempo foi utilizado para que eu me defendesse de algo que não precisava de defesa.

Pois bem, o tempo passou, a campanha passou, os promotores do Ministério Público voltaram a investigar aquela obra, e o Conselho do Ministério Público, de forma definitiva e cabal, arquivou aquelas denúncias do Partido dos Trabalhadores por uma razão: considerou que a obra era correta. Não houve superfaturamento, não houve direcionamento. Ao contrário, beneficiou uma comunidade inteira sem privilégio a quem quer que fosse; ao contrário, em desfavor daquele parente meu citado.

Cito apenas esse episódio, porque nós estamos aqui frente a outros episódios que não são os primeiros. Desde o início das investigações da Operação Lava Jato, não foram poucas as tentativas de vincular nomes da oposição a essas apurações que vêm mostrando ao Brasil, de forma clara, de forma transparente, tudo aquilo que foi engendrado e operado por aqueles que se apoderaram do Estado nacional ao longo dos últimos anos, em busca de um projeto de poder.

As acusações a nós, da oposição – e não fui eu apenas a única vítima –, foram inúmeras. Mas todas elas, com o tempo, foram se desfazendo, porque não há nada, não há nada mais vigoroso, não há nada mais consistente do que a verdade. Ela sempre prevalecerá; prevaleceu nesse episódio ao qual me referi da campanha eleitoral e prevalecerá também nesses episódios.

Quero ser muito objetivo em trazer a esta Casa e aos meus pares que me conhecem há tanto tempo explicações; explicações que eu não deveria trazer. Não deveria ser necessário. E eu pensava comigo, Presidente Renan: qual teria sido a motivação, o que faria com que um Senador da Republica, pego cometendo um crime, me acusasse de forma tão leviana, tão irresponsável e tão improcedente?

Trouxeram-me, há poucos dias, uma notícia que circulou num importante jornal brasileiro, no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, com a seguinte manchete – eu não li na época –, logo após a prisão do Senador Delcídio:

“Delcídio não perdoa Aécio. Não é de bom tom pronunciar o nome de Aécio Neves na cela onde Delcídio Amaral está preso. Delcídio não esquece a frase do presidente do PSDB no dia de sua prisão [disse eu, segundo a transcrição]: O sentimento foi primeiro de perplexidade, quase que de descrença. Depois, quando os documentos começaram a ser distribuídos, o sentimento passou a ser de indignação. A gente viu que ele agiu quase como o chefe de uma grande máfia.”

Teria sido essa a razão para o senador Delcídio incluir na sua delação acusações tão torpes, tão vis, tão irresponsáveis como essas que hoje o Brasil inteiro desfruta? Ou simplesmente seria a intenção de equilibrar um pouco o jogo, já que os ataques ao governo eram muito duros? “Quem sabe se coloque aqui também algum nome da oposição, mesmo que de forma irresponsável e improcedente, para misturar um pouco as coisas.”

Pois bem. Os indícios de alguma coisa parecida não são poucos. Há uma semana, um grupo de parlamentares do PT esteve na Procuradoria-Geral da República e lá, segundo o relato que me trouxe um deles, foi dito pelo chefe daquela excursão ou daquela comitiva: “Investiguem o Aécio Neves, ele é o Presidente do PSDB. Não importa se seja procedente, se haja alguma coisa crível. Apenas investiguem que isso é bom para a PGR.”

Isso foi dito em uma reunião da qual participaram sete Parlamentares do PT, inclusive dois do meu Estado. Mas eu não quero aqui ficar apenas em tese, em teorias conspiratórias. Eu tenho o dever de trazer esclarecimentos e esclarecimentos definitivos em relação àquilo que é irresponsavelmente lançado sobre mim.

Eu queria dizer que até mesmo os inescrupulosos da política costumam ter algum bom senso, algum cuidado, algum pudor em não trazer, para o embate político, familiares nossos, cujas atividades não têm absolutamente nada a ver com aquela que aqui exercemos na política. Estamos prontos para o embate, para o enfrentamento, nos moldamos para isso.

Mas mesmo os mais inescrupulosos têm cuidado, têm pudor em fazer aquilo que fez o Senador Delcídio do Amaral.

Eu peço, neste instante, licença e desculpas a minha mãe, trazida a esse episódio, repito, da forma mais vil e cruel possível. Minha mãe foi casada, durante quase 30 anos, com um grande banqueiro brasileiro, um empresário das mais variadas atividades. E, no ano de 2001… E não precisaria nem eu estar trazendo isso hoje ou sequer uma revista semanal publicar, com ares de escândalo, essa notícia, porque ela já circula nos blogs do submundo do petismo, patrocinados pelo governo, há muito e muito tempo.

Esta questão surgiu na campanha eleitoras, esta questão vem surgindo, ao longo dos últimos anos, de forma extremamente insistente, mas nenhum veículo sério da Imprensa brasileira, ao ver aquela matéria, ao ver do que se tratava, ousou sequer trazer isso a baila por compreender que nada havia desse episódio que contaminasse o meu mandato e a minha atividade política.

Pois bem, devo aqui, por dever de consciência, prestar esse esclarecimento em rápidas palavras porque foram três as citações do senhor senador Delcídio do Amaral a meu nome. A primeira é essa: quero dizer aos senhores que a minha mãe no ano de 2001, estimulada pelo seu marido, iniciou procedimento de abertura de uma fundação legal, legitimamente constituída, que a partir da venda de imóveis que faria poderia deixar, no futuro, uma poupança para o estudo dos seus netos. Era essa sua intenção, o tempo se passou, ela não complementou os documentos dessa fundação, seu marido adoeceu e depois, infelizmente, veio a falecer. Para se ter uma ideia, essa fundação que não foi sequer constituída, nos seis anos em que esses documentos ali ficaram parados, teve a transferência, ela transferiu recursos para a fundação que totalizaram US$5 mil anuais. Durante sete anos, até a extinção de todo esse procedimento para a manutenção, de taxas que era cobrado por aquele que a formalizava, ela fez depósito de em torno de US$30 mil em seis anos, US$5 mil dólares anuais.

Muitas vezes menos do que aquilo que o Banco Central orienta ou determina que sejam publicados, que sejam declarados, mas mesmo assim após a morte do seu marido, do seu companheiro, e ela tendo extinto esse procedimento, não tendo querido dar continuidade porque não sabia sequer como conduzir isso, ela recebe esses documentos da extinção desse processo da fundação sem que nenhum recurso dessa fundação – nós estamos falando do ano de 2007 – tivesse sido ali movimentado, recebe, portanto, uma conta onde esses recursos dessa manutenção haviam sido depositados, cerca, em média de US$5 mil anuais, consulta um advogado, já a partir da morte do seu marido e ele diz que ela deveria declarar, naquele instante, essa movimentação do seu ela fez isso ela declarou no seu Imposto de Renda é essa movimentação no seu Imposto de Renda. Ela fez isso, ela declarou no seu Imposto de Renda essa movimentação lá atrás.

Pois bem, a partir de uma investigação que foi feita na residência desse responsável por essa instalação, por essa propositura da fundação, por inúmeras outras ações que ele havia cometido, esse documento é encontrado e, nesse documento, o Ministério Público argui a senhora minha mãe, ela dá todas as explicações cabais.

O que fez o Ministério Público do Rio de Janeiro? Naquele ano, pediu o arquivamento desse procedimento. O que fez a Justiça Federal? Atendeu o Ministério Público e arquivou esse procedimento. Faço aqui uma pergunta: onde está o dolo? Onde está a vinculação dessa questão de um ato privado da minha mãe e do seu marido com a minha atividade pública? Onde está o vínculo? Ele simplesmente não existe!

Mas, mesmo assim, um deputado do PT, no ano passado, pegou esses dados que circulavam em um ou em vários desses blogs do submundo da política e solicitou ao Procurador-Geral da República que reabrisse essa investigação.

Ele recebeu os dados, analisou-os, buscou informações. E o que faz o Procurador-Geral da República? Arquivou novamente esse procedimento, porque, repito, não há nenhuma ilegalidade, não há nenhum dolo, não há nenhum ato que comprometa, não apenas a mim, mas a minha própria mãe neste episódio.

Pois bem, ele foi trazido à baila, e eu peço aqui esse esclarecimento aos brasileiros. Portanto, esse procedimento, que já estava nos blogs do PT, repito, há muitos e muitos anos, é tratado hoje como um escândalo, como uma coisa nova.

Não há nada de novo, é um procedimento usual, um procedimento que teve o aval da sua idoneidade e da sua correção dado pelo Ministério Público e pela Justiça do Rio de Janeiro.

Quero aqui ater-me à segunda referência que faz o senador Delcídio do Amaral ao meu nome: a fatídica, a conhecida farsa da chamada lista de Furnas.
Mais uma vez, essa lista de Furnas já levou à prisão o estelionatário que a formulou. Na verdade, não é uma, são inúmeras listas de Furnas. Quando esse cidadão foi preso, foi encontrado no computador dele a mesma lista com nomes do PT. Isso é público, isso está no inquérito Polícia Federal!

Eu utilizei isso para demonizar os parlamentares do PT que eram adversários políticos? Nunca! Mas volta e meia esse assunto surge. Vários dos Parlamentares que aqui estão conhecem bem a lista de Furnas, porque foram irresponsavelmente incluídos nela também.

O que diz o Senador Delcídio? “A lista pode ser falsa, mas o seu conteúdo pode ser verdadeiro”. E diz o senador na sua delação, falando dos recursos – abro aspas: “Ele não sabe ao certo quem os recebia e de que forma. Não sabe quem são os operadores do esquema e como esses repasses são feitos” – fecha aspas.

Mas sabe que eu era beneficiário desse esquema. Isso é falso! Isso é irresponsabilidade! Isso na verdade vem sendo dito, nos corredores, vem sendo dito na sarjeta da política há muito e muito tempo, sem que absolutamente nada pudesse ser provado em relação à minha conduta, porque ela é honrada, ela é ética.

Portanto, essa foi a segunda irresponsável citação do senador Delcídio amparada no que já havia dito um doleiro, que depois se desmente ao dizer que jamais na vida havia tido qualquer contato comigo, nem a distância.

Vamos à terceira questão. Eu não quero paralisar as votações do Congresso Nacional. E mais uma vez agradeço a paciência e a atenção dos meus pares do Congresso Nacional. Diz o senador Delcídio do Amaral que quando presidente da CPI dos Correios era eu governador do Estado de Minas Gerais – e aqui não me lembro de ter estado uma vez sequer a tratar desse assunto – teria atendido a pleitos que a ele teriam sido levados por terceiros. Esses terceiros, como o prefeito do Rio, desmentem de forma categórica essa ação.

Quero aqui, de público, agradecer a manifestação espontânea, líder Imbassahy, e peço que leve a ele esse reconhecimento, que fez o deputado Osmar Serraglio, relator da CPI dos Correios, que disse que em nenhum momento, em nenhum instante esse tema foi levado à CPI e ele sequer tomou conhecimento de alguma ação que pudesse ser de meu interesse durante todo o procedimento da CPI. E seria ele, como relator, a figura central a de alguma forma conduzir aquilo que o senador chamava de algum arranjo. Isso não existe. Não tive nenhuma relação próxima com o Banco Rural durante toda a minha vida. Poderia até ter tido, mas não tive. Não tive conta, não tive empréstimo, nenhuma, absolutamente nenhuma relação com o banco! Não há, como ficará provado de forma clara, nenhum interesse meu, pessoal, e acredito de todos aqueles que ao meu lado estavam, no meu governo, com as questões relativas àquele banco.

Mas surge esta denúncia: “Não, o senador tinha interesses naquela questão”. E aí eu tenho que agradecer ao senador Delcídio, porque, como se diz na minha terra, o diabo mora nos detalhes, porque resolve dizer que esteve comigo para tratar desse assunto em Belo Horizonte, na sede do governo, e que depois eu mandara levá-lo ao Rio de Janeiro. Sim, o senador Delcídio esteve comigo na sede do governo. Solicitou uma audiência comigo na sede do governo. Sabem quando? Mais de dois meses depois do encerramento da CPI, mais de dois meses depois de o relatório ter sido votado. Poderia eu naquele tempo, em junho, no ano de 2006, estar solicitando a ele um empenho em algo que já havia sido finalizado?

Eu quero de forma absolutamente serena, mas absolutamente firme dizer: Cada uma dessas questões será esclarecida, porque eu não vou fazer aqui uma defesa, atacando as nossas instituições, atacando a Operação Lava Jato, o Ministério Público, atacando a Polícia Federal. Que façam o seu trabalho.

Estou encaminhando todos os documentos que mostram, de forma cabal e definitiva, aquilo que aqui estou atestando. Vão a fundo, avaliem e investiguem e me deem um atestado de absoluta correção.

Não aceitarei que uma vida pública honrada, respeitada pelos brasileiros, em especial, pelos mineiros, seja manchada por alguém, para que de alguma forma se proteger ou se safar de medidas que a ele seriam impostas, venha atacar a honra daqueles que fazem política, porque acreditam na política como instrumento de transformação da vida da nossa gente.

Quero aqui dizer que a minha determinação, a minha coragem de mudar este País é cada vez maior, são com ataques como esse, como aconteceu na campanha eleitoral, por inúmeras vezes, que eu vejo a minha força ainda aumentada, a minha disposição e a minha determinação, além da minha coragem recrudescida. Vou continuar combatendo este governo que aí está. Este governo que destruiu as nossas empresas, que destruiu as nossas economias, mas que eu não vou permitir que destrua a minha reputação.

Nós vamos continuar lutando por um Brasil diferente, onde a ética e a eficiência possam efetivamente caminhar juntas. Quero, portanto, parlamentares, dizer que estou encaminhando amanhã à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal, todos os documentos para que sejam analisados e comprovem, de forma absolutamente definitiva, que fui vítima de um ardil, fui vítima ou de uma vingança ou de uma operação política construída, mas sairemos disso ainda mais fortes, para, a partir desses próximo dias, intensificarmos as nossas ações na Câmara dos Deputados pelo impeachment da Presidente da República, para que o Brasil se livre deste governo e construa uma nova fase na sua história e na história de todos os brasileiros.”

Apoio às investigações da Operação Lava Jato

“Defendo que tudo seja apurado, investigado em profundidade. É isso que vai separar o que eventualmente é verdadeiro daquilo que é falso, daquilo que é uma tentativa de nivelar a todos. Nós não seremos nivelados. Não seremos nivelados àqueles que ocuparam, que se apropriaram do Estado Nacional em benefício de um projeto de poder e em benefício próprio. Continuo onde sempre estive: combatendo o PT, combatendo o partido do senador Delcídio, – o que fiz a vida inteira – combatendo o governo da presidente Dilma, que vem infelicitando o país. E, agora, o que temos que buscar rapidamente é uma saída para o Brasil, e a saída que queremos para o Brasil não cabe a presidente da República, que perdeu as condições mínimas de governabilidade”, afirmou o senador Aécio Neves, em entrevista coletiva nesta terça-feira (15/03), depois de divulgada a delação de Delcídio Amaral, do PT, com acusações falsas ao presidente nacional do PSDB.

Aécio Neves disse que as acusações não são verdadeiras e que aumentaram o seu apoio e esforços para que as investigações da Operação Lava Jato alcancem todos os envolvidos.

“Já alertava lá atrás desde o início para essa tentativa sucessiva de vincular nomes da oposição nesse processo. Acho que tudo que vier tem que ser investigado a fundo. Obviamente, vocês encontrarão aí argumentos para dizer que isso é verdadeiro e que isso é falso, como já aconteceu no passado. Estou absolutamente preparado não apenas para mais essa tentativa, mas para outras futuras que virão”, afirmou.

RESPOSTA À DELAÇÃO DO SENADOR DELCÍDIO DO AMARAL

O senador Delcídio do Amaral citou o nome do senador Aécio Neves em três circunstâncias, todas elas falsas:

São citações mentirosas que não se sustentam na realidade e se referem apenas a “ouvir dizer” de terceiros.

1 – Delcídio do Amaral se refere a uma fundação que a mãe do senador planejou criar no exterior. Trata-se de assunto requentado já amplamente divulgado nas redes petistas na internet e, inclusive, já investigado e arquivado pela Justiça e pelo Ministério Público Federal há vários anos.

O assunto em questão foi devidamente analisado e arquivado, há mais de cinco anos, em 2010, após a Justiça Federal e o MPF do Rio de Janeiro constatarem a inexistência de qualquer irregularidade. Não houve sequer abertura de ação penal.

Ano passado, membros do PT reuniram material divulgado na internet e voltaram a apresentar a mesma falsa denúncia à Procuradoria Geral da República. Após o fornecimento das informações, o assunto foi novamente arquivado. Desta vez pela PGR, mais uma vez constada a inexistência de qualquer irregularidade.

Em 2001, a mãe do senador Aécio Neves cogitou vender alguns imóveis e aplicar os recursos no exterior. No entanto, o projeto foi suspenso em função da doença do marido dela e a fundação não chegou a ser implementada de fato.

Para o projeto, ela buscou a assessoria de um profissional que havia sido durante anos representante oficial de instituição financeira internacional, legalmente constituída no Brasil, sr. Norbert Muller. À época do contato, não existia qualquer razão para se duvidar da idoneidade profissional do representante.

Durante os seis anos em que o projeto ficou em suspenso (período entre assinatura dos primeiros documentos e o cancelamento definitivo do projeto, em 2007, em função do agravamento do estado de saúde de seu marido), a responsável fez dois pagamentos, em moeda nacional, e no Brasil, ao sr. Muller, referentes a despesas cobradas por ele. Esses valores corresponderam a uma média anual de cerca de 5 mil dólares.

Esses valores foram transferidos pelo representante para uma conta e corresponderam à totalidade dos depósitos realizados que foram integralmente consumidos em pagamentos de taxas e honorários. A conta nunca foi movimentada.

A criação da fundação foi devidamente declarada no Imposto de Renda da titular.

2 – Sobre a menção ao nome do senador Aécio com relação a Furnas, Delcídio repete o que vem sendo amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição.

É curioso observar a contradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos.

3 – O delator relaciona o nome do senador Aécio ao Banco Rural no contexto da CPMI dos Correios. O senador jamais tratou com o delator Delcídio de nenhum assunto referente à CPMI dos Correios. Também jamais pediu a ninguém que o fizesse.

Nunca manteve qualquer relação com o Banco Rural, teve conta corrente na instituição ou solicitou empréstimos.

É fácil demonstrar que o PSDB não atuou na CPMI dos Correios com o objetivo de proteger ninguém. Pelo contrário, pode ser comprovado o posicionamento do PSDB na CPMI em favor do aprofundamento das investigações de todas as denúncias feitas durante os trabalhos da Comissão, incluindo aquelas relacionadas a nomes de integrantes do partido.

Segue anexa cópia da nota divulgada à época sobre o relatório final dos trabalhos da CPMI dos Correios, no qual é sugerido o indiciamento de integrantes do PSDB envolvidos.

Por fim, e ainda sobre esse assunto, é fácil demonstrar que Delcídio do Amaral não está falando a verdade. Ele diz que foi a Minas tratar com o então governador Aécio de assunto referente à CPMI. É mentira. O relatório final da CPMI data de abril de 2006 e a viagem de Delcídio a Minas ocorreu dois meses depois, no dia 7 de junho de 2006. O que demonstra que ele não poderia ter tratado de assunto da CPMI já encerrada. Na verdade, o encontro ocorrido foi a pedido dele para tratar do apoio partidário a seu nome nas eleições estaduais, em 2006, quando ele pretendia ser candidato no Mato Grosso do Sul.

Assessoria de Imprensa do Senador Aécio Neves

Brasília, 15 de março de 2016

Aécio Neves – Pronunciamento no Senado

“Não vamos nos intimidar. Vamos continuar apoiando todas as investigações e estamos convocando os brasileiros para dizermos, no dia 13 de março: Chega! Basta de tanta irresponsabilidade e de tanto desgoverno”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, ao afirmar sua indignação contra as tentativas que têm sido feitas de envolver o seu nome e de outros líderes da oposição nas investigações da Operação Lava Jato, em pronunciamento no Senado, nesta tarde. Antes, o senador concedeu entrevista coletiva à imprensa.

Foto: George Gianni

Foto: George Gianni

Aécio Neves – Entrevista sobre a política nacional

Brasília

Sobre suposta citação em delação do senador Delcídio do Amaral.

Quero mostrar aqui minha indignação com mais esta tentativa irresponsável de vincular nomes da oposição, o meu em especial, na Operação Lava Jato. Isso não é novidade. Isso já aconteceu outras vezes e as acusações foram desmascaradas porque eram falsas. Como essas serão desmascaradas.

Quero aqui reafirmar que isso não nos intimida. Ao contrário, continuamos apoiando a Operação Lava Jato e o aprofundamento de todas as investigações. Estaremos prontos para dar respostas a quaisquer indagações que venham. E vamos continuar firmes nas ruas no próximo domingo mostrando que o Brasil merece um futuro melhor do que este que o PT tem nos dado.

Portanto, vamos estar prontos para reagir à altura a essa tentativa de misturar aquilo que não é igual. Não somos iguais a aqueles que trouxeram para a vida do Brasil talvez o período de maior infelicidade. Não apenas na economia, mas principalmente na vida real das pessoas. Fica aqui a minha manifestação serena, mas firme. Não vamos nos intimidar. Vamos continuar apoiando todas as investigações e estamos convocando os brasileiros para dizermos. no dia 13 de março, chega, basta de tanta irresponsabilidade e de tanto desgoverno.

Como o sr. vê a possibilidade de Lula assumir um ministério para de repente escapar de uma prisão?

Estou surpreso e acho que vocês já fazem a análise sobre o que significaria isso. Acho que falta ainda por parte do governo, do ex-presidente e de todas as outras pessoas que têm fugido de investigações, as respostas. A sociedade brasileira está carente da verdade, de respostas. Nenhum homem público, seja eu, o ex-presidente Lula, o João ou a Maria, está acima da lei. Está isento de dar respostas a quaisquer questões que lhe sejam imputadas.

Percebo que não há respostas. Se isso realmente se consagrar, a ida dele para o ministério – é claro que a presidente tem essa prerrogativa, mas é algo extremamente preocupante no que diz respeito ao avanço das investigações.

O senhor acha que significa assinar um atestado de culpa?

Essa é a interpretação que vocês estão fazendo. Prefiro comentar esse assunto se isso se consolidar. Lá atrás já se falou nessa possibilidade. Hoje ela volta a ser aventada. Para mim seria algo surpreendente e não há como escapar de uma percepção de que isso tenha realmente a ver com uma tentativa de, de alguma forma, obstruir a Justiça.