Aécio Neves defende redução da carga tributária no Brasil e critica intervencionismo do governo federal

Diante de um público de cerca de 400 pessoas, entre políticos, empresários e artistas, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, defendeu, nesta sexta-feira (02/05), a redução da carga tributária paga pelos brasileiros e condenou o excesso de intervencionismo da presidente Dilma Rousseff na economia.

Segundo Aécio, o PSDB deverá propor a criação de uma secretaria extraordinária que terá como meta apresentar ao Congresso Nacional, em seis meses, uma proposta de simplificação da cobrança de tributos. Esse seria o primeiro passo para um processo de redução da carga tributária, uma demanda antiga de empresários e trabalhadores brasileiros.

“Vivemos uma crescente e escorchante carga tributária que tem sido inibidora da competitividade daqueles que se aventuram a vir para o Brasil. Somos vítimas de um excesso de intervencionismo e, infelizmente, a conta perversa que será legada ao próximo governante passa por inflação alta, e já, nos próximos meses, acima do teto da meta, crescimento baixo e uma perda crescente da nossa credibilidade”, declarou o senador.

 

Fórum

O assunto foi abordado por Aécio durante palestra proferida no Fórum de Comandatuba. O evento, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), é realizado anualmente e, em 2014, tem como tema “Uma agenda para o desenvolvimento do Brasil”.

Para Aécio, a falta de capacidade gerencial do PT tem feito com que o Brasil esteja discutindo em 2014 problemas que pareciam ter sido resolvidos no passado.

“No momento em que deveríamos estar aqui falando de produtividade,  falando de competitividade, falando de uma nova relação com o mundo, estamos voltando a uma antiga agenda exatamente essa, a agenda da estabilidade, entre tantas outras”, afirmou.

De acordo com Aécio, o retrocesso também se verifica na questão da infraestrutura. “Infelizmente perdemos uma década de preconização das privatizações, das parcerias com o setor privado e estamos aí com a mesma agenda de dez anos atrás no que diz respeito à infraestrutura. Sabemos o estado das nossas rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos”, declarou.

Aécio fez questão de ressaltar que os avanços conquistados pelo Brasil não podem ser encarados como obra de um só governo ou partido. “Não acho que o Brasil foi descoberto a partir de 2003. O Brasil é uma construção de muitas gerações. Se nós hoje somos um país mais desenvolvido, somos um país com maiores oportunidades, uma país mais respeitado no mundo, é porque desde o processo de redemocratização nós viemos construindo etapa, etapa, esse grande edifício que hoje habitamos”, afirmou.

 

Modelos de administração

Aécio ressaltou ainda as diferenças entre o modelo de gestão pública defendido pelo PSDB e o atual governo. “Nada mais perverso para um país que quer se desenvolver do que essa visão paternalista do Estado que resolve os seus problemas. Quem melhora a vida de cada um é ele próprio, que rala, que estuda, que trabalha, que se esforça. O Estado tem que ser o parceiro. É preciso restabelecer nas pessoas a confiança do empreendedorismo, receber das pessoas a esperança de que se dedicarem, se estudarem, vão ter uma inserção social”, apontou.

O senador voltou a destacar o compromisso do PSDB na aprovação de uma reforma política, que incluiria o fim da reeleição, o estabelecimento de um mandato presidencial de cinco anos e a adoção do voto distrital misto.

Ao falar sobre educação, Aécio destacou as conquistas de sua gestão como governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2010, que garantiu ao estado o melhor desempenho em educação básica em todo o país. Isso foi garantido a partir de um programa estadual através do qual todos os servidores do estado são submetidos a avaliações periódicas e são recompensados com um salário extra quando atingem as metas estabelecidas, o Prêmio por Produtividade.

O senador terminou sua apresentação ressaltando que não acredita em uma política pautada por divisões acirradas, como faz o PT: “Não posso permitir que continuem dividindo o Brasil entre ‘nós’ e ‘eles’. Quem apoia o governo, quem bajula o governo, são os patriotas? Quem critica, quem aponta equívocos, são os pessimistas? Não. Nós somos todos brasileiros”.

Pronunciamento do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, durante encontro empresarial em São Paulo

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, falou hoje a mais de 500 empresários brasileiros reunidos em São Paulo, pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE). O encontro contou com a participação de lideranças de empresas que representam 51% do PIB brasileiro. Aécio Neves respondeu perguntas, falou sobre os principais desafios a serem superados pelo país e expôs as diretrizes que nortearão o plano de governo a ser apresentado pelo PSDB durante a campanha presidencial. Ao final, foi aplaudido de pé pelo público presente.

Enquete realizada pelo LIDE entre os empresários presentes mostrou que 56% deles acreditam que Aécio Neves vencerá as eleições deste ano.

 

Conheça principais trechos da palestra do presidente do PSDB:  

Inicio com uma confissão de fé na democracia e nas nossas instituições. Somos filhos da democracia e da liberdade. Minha geração conheceu como foi nefasta, como foi perversa para o Brasil a privação das liberdades e da democracia.

Tancredo demonstrou, ali [na noite em que João Goulart foi deposto da Presidência], uma enorme indignação.

Escuta-se, nas gravações daquela sessão, a voz de Tancredo ao fundo, dizendo: “Canalhas! Canalhas! Vocês vão enterrar o Brasil numa ditadura de 20 anos!”

Vejo na sociedade brasileira uma indignação pelo fato de estarmos voltando a discutir uma agenda que já deveria ter sido superada.

O início do governo Lula adensou programas sociais feitos no governo de Fernando Henrique.

Eu não acredito – como alguns que hoje governam o Brasil – que o Brasil foi descoberto em 2003. Faço o registro histórico porque foi a partir da redemocratização, com a contribuição de tantos brasileiros, que nós passamos a ter ganhos, passamos a ter conquistas que nos trouxeram até aqui.

Eu não acho que alguém, só por estar no outro campo político, só tenha defeitos; tampouco acho que alguém, só por ser meu aliado, só tenha virtudes. O presidente Lula teve virtudes – duas grandes: a primeira, do ponto de vista econômico, ao esquecer toda a pregação, todo o discurso da campanha eleitoral e manter ali sólidos os postulados, os pilares macroeconômicos (meta de inflação, câmbio flutuante, superávit primário). E o outro foi abandonar o Fome Zero e fazer o que nós já deveríamos ter feito, que é a unificação dos programas de transferência de renda.

Infelizmente, essa rigidez na condução da política macroeconômica dura até meados do segundo mandato do presidente Lula. De lá pra cá, começa a haver uma flexibilização nesses primados.

Quando, em 1999, o ‘BRICS’ foi criado, era uma lista dos países que almejavam estar ao lado dos países ricos. Hoje, o Brasil é colocado ao lado dos países em crise.

Essa é a realidade de um cenário que, se felizmente ainda não é trágico, precisa de uma urgente correção de rumos.

O governo Lula dispôs de um tripé raro: situação econômica estável, ampla base de sustentação no Congresso, e uma autoridade pessoal do governante. Se tivesse havido ali vontade política para impor, ou pelo menos apresentar para valer ao Congresso, um conjunto de reformas estruturantes, certamente a situação do Brasil seria diferente da que vivemos hoje.

Nós [governadores estaduais da oposição durante o governo Lula] dissemos que estaríamos dispostos a apoiar uma reforma tributária que pudesse caminhar para diminuição da carga e para simplificação de nosso sistema, e a construir uma agenda que não era do governo, e sim do Estado brasileiro.

Há [no Brasil atual] uma explosão nos gastos públicos. Apenas nos dois primeiros meses desse ano houve um crescimento dos gastos públicos do governo federal em torno de 15%, e as receitas (que não são poucas) aumentaram apenas a metade disso.

A fotografia do momento não mostra um país em graves crises. Mas o filme que nos espera no futuro – em razão de equívocos gravíssimos da condução da política econômica, na gestão do Estado – pode nos levar a um cenário de imensas, extraordinárias preocupações.

Me preocupo quando vejo uma declaração desses dias do ministro da Fazenda, dizendo que está tudo sob absoluto controle, que uma inflação no teto da meta é razoável e adequada. Não é e não pode ser. E nós sabemos que a inflação – que hoje está em torno de 6%, e num viés de crescimento – só está nesse patamar porque temos preços controlados de energia, de combustíveis, de transporte públicos.

Nós sabemos que essa tampa dessa panela de pressão uma hora terá que ser aberta, e ai vamos ter índices inflacionários em torno de 8,5% ou mais.

Houve um equívoco na percepção de como fazer o Brasil crescer.

[Sobre o superávit primário] É maquiado, e de forma absolutamente incompetente, porque não se engana todo mundo o tempo todo. Está muito claro que nós não teremos as receitas que tivemos nos últimos anos para alcançar um déficit primário melhor do que o proposto anteriormente.

A grande realidade é que hoje há um sentimento de descrença em relação à condução da política econômica do Brasil.

Tancredo dizia que talvez o ativo mais valioso da política seja o tempo. Da mesma forma que nós perdemos 20 anos com a ditadura – 20 anos em que vocações políticas deixaram de se interessar pela vida pública, em que a sociedade deixou de ser ouvida – algumas ações do atual governo não se recuperarão a curto prazo.

Houve a demonização das privatizações – com o distanciamento do setor privado do público durante 10 anos.  Agora, [o governo federal] curva-se à realidade da necessidade de se estabelecer essas parcerias, mas se faz de forma açodada, sem projetos técnicos adequados, e a meu ver na base do improviso

[Os governos do PT] destroçaram e destruíram uma das principais conquistas do governo do PSDB – do ponto de vista de uma nova concepção de modelo de Estado – que foram as agências reguladoras.

As agências reguladoras viraram cabides de emprego. E essa também é uma marca perversa da visão que se tem da forma de ocupar os cargos públicos.

Nós estamos voltando a falar de inflação, de credibilidade da economia, quando tínhamos que estar falando em competitividade, em inovação.

[Sobre a redução da competitividade da economia brasileira] Isso é apenas uma sinalização clara do equívoco de nós termos apenas investido e apostado, como apostou o atual governo, no consumo e na oferta de crédito fácil, sem nos preocuparmos com a outra ponta, que é da oferta adequada, do estímulo à competitividade.

Eu sou um devoto da gestão pública eficiente, das parcerias do setor público com o privado.

Minas é o único estado brasileiro em que 100% dos seus servidores são avaliados por seu desempenho. Eles têm metas e, se cumprirem as metas, são bonificados. Isso levou Minas – que não é um estado dos mais heterogêneos – a ter hoje a melhor avaliação de educação fundamental do Brasil. Nos levou a ter indicadores de segurança pública e saúde muitas vezes melhores do que a média nacional.

Essa semana, o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] considerou o sistema de PPPs de Minas não só o mais avançado do Brasil mas também um ‘benchmark’ internacional.

[Sobre o início de sua gestão em MG, a partir de 2003] Nós estabelecemos uma prioridade: a educação. E passamos a criar esses instrumentos de avaliação. Hoje, 92% das crianças de Minas com 8 anos de idade leem e escrevem adequadamente.

Não sei como alguém pode governar com qualidade um Estado que passou por um gigantismo como o brasileiro. Falo com a autoridade de quem, quando assumiu o governo de Minas, reduziu de 22 para 15 o número de secretarias, acabou com um terço dos cargos comissionados, racionalizou as ações do governo.

No futuro governo do PSDB, nós acabaremos com metade dos atuais ministérios, e criaremos uma única secretaria extraordinária temporal para que, num prazo de seis meses, apresente uma proposta num primeiro momento de simplificação do sistema tributário e, a médio prazo, busque a diminuição da carga tributária. Essa deve ser a prioridade absoluta de qualquer governo sério que queira enfrentar os problemas que nós vivemos hoje.

A escolha que fez o atual governo – com as desonerações pontuais – não se mostrou algo efetivo, com resultados adequados à economia. Tampouco a ação do BNDES, que escolhe aqueles que serão de algumas formas apoiados nos seus empreendimentos, acho que deve ser coisa do passado.

Eu gosto muito dos juros do BNDES, mas eu quero viver num país em que haja juros do BNDES para todo o conjunto da economia, e não apenas para meia dúzia de escolhidos ou escolhidas. Para mudar isso é preciso clareza, é preciso rigidez fiscal.

O que nós pretendemos, se o PSDB vencer as eleições, é a construção de uma nova e ousada agenda para o Brasil. Uma agenda com parceria com o setor privado, de resgate das agências reguladoras, de racionalização da máquina pública e de foco na inflação – no centro da meta, e não no teto, como ocorre hoje.

Falaram que nós [PSDB] íamos privatizar as empresas públicas, privatizar o Banco do Brasil. Balela. Irresponsabilidade. Falsidade. Nós enfrentamos isso, e é curioso que alguns anos se passaram eu me vejo aqui, hoje, na condição de dizer a cada um de vocês, quando olho tudo o que acontece na Petrobras. Quero dizer que no governo do PSDB nós vamos reestatizar a Petrobras. Tirá-la das garras de um grupo político, de um conjunto de interesses privados que se sobrepuseram a ação da empresa ao interesse real da população. A Petrobras não deve existir para fazer política econômica. É um instrumento de desenvolvimento econômico do país.

Queremos resgatá-la, profissionalizá-la. Estabelecer a meritocracia não apenas na Petrobras, mas na ocupação de cargos públicos.

Estou aqui hoje porque acredito – e acredito profundamente – na nossa capacidade de reverter todas essas expectativas que vão se avolumando em nosso entorno. Não quero fazer um governo do PSDB, mas um governo dos brasileiros, das melhores cabeças, das melhores inteligências. Que nos permitam a reconexão das empresas brasileiras nas cadeias globais de produção. Que nos tire dessa amarra ideológica com o Mercosul que não nos tem levado a lugar algum.

Nós temos que ter uma política externa que abra, que discuta, e que brigue por mercados para as nossas empresas, os nossos produtos, e não esse alinhamento que não nos tem levado a lugar algum.

O Brasil deve exercer uma posição de liderança em nossa região, e nem isso nós conseguimos mais. O Brasil cresceu ao longo dos últimos anos em torno de 2%; ano passado, mais apenas que a Venezuela, para falar de América do Sul. Ano retrasado, mais apenas que o Paraguai. Será que esse é o nosso destino? Isso é adequado, é razoável para um país como o Brasil? Temo que daqui a pouco o Brasil comece a se acostumar  – Deus queira que isso não ocorra – com a mediocridade dos indicadores, como se o que estivesse acontecendo aqui fosse razoável. Não. O mundo está em uma outra discussão, o mundo retoma o crescimento, e o Brasil está fora desse ciclo.

O que eu tenho feito é reunir as melhores inteligências em cada área e discutir um projeto que, repito, não pode ser de um partido ou de um grupo político, mas dos brasileiros.

Nós somos quase um Estado unitário hoje, em que a União tudo tem, tudo pode, e com efeitos perigosos em relação à própria democracia. Hoje, 96% dos municípios brasileiros não estão em condições de celebrar um convênio com a União, porque a dependência passa a ser absoluta. O exercício da própria oposição política fica cerceada.

Apresentaremos uma proposta clara e objetiva para que o Brasil tenha uma política clara de segurança, mais solidária do ponto de vista estratégico e financeiro.

O que eu tenho oferecer é a minha história, os resultados que obtivemos em Minas Gerais, e a minha confiança e a minha esperança de que nós teremos capacidade de superar as dificuldades atuais.

O que está em jogo não é a vitória do partido A, do partido B, a derrota da presidente da República. Está em discussão um novo modelo; daqui a poucos meses, estaremos diante de uma encruzilhada. De um lado, o que está ai, o que conhecemos; e eu temo que uma vitória desse modelo dê a ele a confiança de que estavam no caminho certo.

Pronunciamento do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, durante encontro empresarial em São Paulo

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, falou hoje a mais de 500 empresários brasileiros reunidos em São Paulo, pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE). O encontro contou com a participação de lideranças de empresas que representam 51% do PIB brasileiro. Aécio Neves respondeu perguntas, falou sobre os principais desafios a serem superados pelo país e expôs as diretrizes que nortearão o plano de governo a ser apresentado pelo PSDB durante a campanha presidencial. Ao final, foi aplaudido de pé pelo público presente.

Enquete realizada pelo LIDE entre os empresários presentes mostrou que 56% deles acreditam que Aécio Neves vencerá as eleições deste ano.

 

Conheça principais trechos da palestra do presidente do PSDB:  

Inicio com uma confissão de fé na democracia e nas nossas instituições. Somos filhos da democracia e da liberdade. Minha geração conheceu como foi nefasta, como foi perversa para o Brasil a privação das liberdades e da democracia.

Tancredo demonstrou, ali [na noite em que João Goulart foi deposto da Presidência], uma enorme indignação.

Escuta-se, nas gravações daquela sessão, a voz de Tancredo ao fundo, dizendo: “Canalhas! Canalhas! Vocês vão enterrar o Brasil numa ditadura de 20 anos!”

Vejo na sociedade brasileira uma indignação pelo fato de estarmos voltando a discutir uma agenda que já deveria ter sido superada.

O início do governo Lula adensou programas sociais feitos no governo de Fernando Henrique.

Eu não acredito – como alguns que hoje governam o Brasil – que o Brasil foi descoberto em 2003. Faço o registro histórico porque foi a partir da redemocratização, com a contribuição de tantos brasileiros, que nós passamos a ter ganhos, passamos a ter conquistas que nos trouxeram até aqui.

Eu não acho que alguém, só por estar no outro campo político, só tenha defeitos; tampouco acho que alguém, só por ser meu aliado, só tenha virtudes. O presidente Lula teve virtudes – duas grandes: a primeira, do ponto de vista econômico, ao esquecer toda a pregação, todo o discurso da campanha eleitoral e manter ali sólidos os postulados, os pilares macroeconômicos (meta de inflação, câmbio flutuante, superávit primário). E o outro foi abandonar o Fome Zero e fazer o que nós já deveríamos ter feito, que é a unificação dos programas de transferência de renda.

Infelizmente, essa rigidez na condução da política macroeconômica dura até meados do segundo mandato do presidente Lula. De lá pra cá, começa a haver uma flexibilização nesses primados.

Quando, em 1999, o ‘BRICS’ foi criado, era uma lista dos países que almejavam estar ao lado dos países ricos. Hoje, o Brasil é colocado ao lado dos países em crise.

Essa é a realidade de um cenário que, se felizmente ainda não é trágico, precisa de uma urgente correção de rumos.

O governo Lula dispôs de um tripé raro: situação econômica estável, ampla base de sustentação no Congresso, e uma autoridade pessoal do governante. Se tivesse havido ali vontade política para impor, ou pelo menos apresentar para valer ao Congresso, um conjunto de reformas estruturantes, certamente a situação do Brasil seria diferente da que vivemos hoje.

Nós [governadores estaduais da oposição durante o governo Lula] dissemos que estaríamos dispostos a apoiar uma reforma tributária que pudesse caminhar para diminuição da carga e para simplificação de nosso sistema, e a construir uma agenda que não era do governo, e sim do Estado brasileiro.

Há [no Brasil atual] uma explosão nos gastos públicos. Apenas nos dois primeiros meses desse ano houve um crescimento dos gastos públicos do governo federal em torno de 15%, e as receitas (que não são poucas) aumentaram apenas a metade disso.

A fotografia do momento não mostra um país em graves crises. Mas o filme que nos espera no futuro – em razão de equívocos gravíssimos da condução da política econômica, na gestão do Estado – pode nos levar a um cenário de imensas, extraordinárias preocupações.

Me preocupo quando vejo uma declaração desses dias do ministro da Fazenda, dizendo que está tudo sob absoluto controle, que uma inflação no teto da meta é razoável e adequada. Não é e não pode ser. E nós sabemos que a inflação – que hoje está em torno de 6%, e num viés de crescimento – só está nesse patamar porque temos preços controlados de energia, de combustíveis, de transporte públicos.

Nós sabemos que essa tampa dessa panela de pressão uma hora terá que ser aberta, e ai vamos ter índices inflacionários em torno de 8,5% ou mais.

Houve um equívoco na percepção de como fazer o Brasil crescer.

[Sobre o superávit primário] É maquiado, e de forma absolutamente incompetente, porque não se engana todo mundo o tempo todo. Está muito claro que nós não teremos as receitas que tivemos nos últimos anos para alcançar um déficit primário melhor do que o proposto anteriormente.

A grande realidade é que hoje há um sentimento de descrença em relação à condução da política econômica do Brasil.

Tancredo dizia que talvez o ativo mais valioso da política seja o tempo. Da mesma forma que nós perdemos 20 anos com a ditadura – 20 anos em que vocações políticas deixaram de se interessar pela vida pública, em que a sociedade deixou de ser ouvida – algumas ações do atual governo não se recuperarão a curto prazo.

Houve a demonização das privatizações – com o distanciamento do setor privado do público durante 10 anos.  Agora, [o governo federal] curva-se à realidade da necessidade de se estabelecer essas parcerias, mas se faz de forma açodada, sem projetos técnicos adequados, e a meu ver na base do improviso

[Os governos do PT] destroçaram e destruíram uma das principais conquistas do governo do PSDB – do ponto de vista de uma nova concepção de modelo de Estado – que foram as agências reguladoras.

As agências reguladoras viraram cabides de emprego. E essa também é uma marca perversa da visão que se tem da forma de ocupar os cargos públicos.

Nós estamos voltando a falar de inflação, de credibilidade da economia, quando tínhamos que estar falando em competitividade, em inovação.

[Sobre a redução da competitividade da economia brasileira] Isso é apenas uma sinalização clara do equívoco de nós termos apenas investido e apostado, como apostou o atual governo, no consumo e na oferta de crédito fácil, sem nos preocuparmos com a outra ponta, que é da oferta adequada, do estímulo à competitividade.

Eu sou um devoto da gestão pública eficiente, das parcerias do setor público com o privado.

Minas é o único estado brasileiro em que 100% dos seus servidores são avaliados por seu desempenho. Eles têm metas e, se cumprirem as metas, são bonificados. Isso levou Minas – que não é um estado dos mais heterogêneos – a ter hoje a melhor avaliação de educação fundamental do Brasil. Nos levou a ter indicadores de segurança pública e saúde muitas vezes melhores do que a média nacional.

Essa semana, o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] considerou o sistema de PPPs de Minas não só o mais avançado do Brasil mas também um ‘benchmark’ internacional.

[Sobre o início de sua gestão em MG, a partir de 2003] Nós estabelecemos uma prioridade: a educação. E passamos a criar esses instrumentos de avaliação. Hoje, 92% das crianças de Minas com 8 anos de idade leem e escrevem adequadamente.

Não sei como alguém pode governar com qualidade um Estado que passou por um gigantismo como o brasileiro. Falo com a autoridade de quem, quando assumiu o governo de Minas, reduziu de 22 para 15 o número de secretarias, acabou com um terço dos cargos comissionados, racionalizou as ações do governo.

No futuro governo do PSDB, nós acabaremos com metade dos atuais ministérios, e criaremos uma única secretaria extraordinária temporal para que, num prazo de seis meses, apresente uma proposta num primeiro momento de simplificação do sistema tributário e, a médio prazo, busque a diminuição da carga tributária. Essa deve ser a prioridade absoluta de qualquer governo sério que queira enfrentar os problemas que nós vivemos hoje.

A escolha que fez o atual governo – com as desonerações pontuais – não se mostrou algo efetivo, com resultados adequados à economia. Tampouco a ação do BNDES, que escolhe aqueles que serão de algumas formas apoiados nos seus empreendimentos, acho que deve ser coisa do passado.

Eu gosto muito dos juros do BNDES, mas eu quero viver num país em que haja juros do BNDES para todo o conjunto da economia, e não apenas para meia dúzia de escolhidos ou escolhidas. Para mudar isso é preciso clareza, é preciso rigidez fiscal.

O que nós pretendemos, se o PSDB vencer as eleições, é a construção de uma nova e ousada agenda para o Brasil. Uma agenda com parceria com o setor privado, de resgate das agências reguladoras, de racionalização da máquina pública e de foco na inflação – no centro da meta, e não no teto, como ocorre hoje.

Falaram que nós [PSDB] íamos privatizar as empresas públicas, privatizar o Banco do Brasil. Balela. Irresponsabilidade. Falsidade. Nós enfrentamos isso, e é curioso que alguns anos se passaram eu me vejo aqui, hoje, na condição de dizer a cada um de vocês, quando olho tudo o que acontece na Petrobras. Quero dizer que no governo do PSDB nós vamos reestatizar a Petrobras. Tirá-la das garras de um grupo político, de um conjunto de interesses privados que se sobrepuseram a ação da empresa ao interesse real da população. A Petrobras não deve existir para fazer política econômica. É um instrumento de desenvolvimento econômico do país.

Queremos resgatá-la, profissionalizá-la. Estabelecer a meritocracia não apenas na Petrobras, mas na ocupação de cargos públicos.

Estou aqui hoje porque acredito – e acredito profundamente – na nossa capacidade de reverter todas essas expectativas que vão se avolumando em nosso entorno. Não quero fazer um governo do PSDB, mas um governo dos brasileiros, das melhores cabeças, das melhores inteligências. Que nos permitam a reconexão das empresas brasileiras nas cadeias globais de produção. Que nos tire dessa amarra ideológica com o Mercosul que não nos tem levado a lugar algum.

Nós temos que ter uma política externa que abra, que discuta, e que brigue por mercados para as nossas empresas, os nossos produtos, e não esse alinhamento que não nos tem levado a lugar algum.

O Brasil deve exercer uma posição de liderança em nossa região, e nem isso nós conseguimos mais. O Brasil cresceu ao longo dos últimos anos em torno de 2%; ano passado, mais apenas que a Venezuela, para falar de América do Sul. Ano retrasado, mais apenas que o Paraguai. Será que esse é o nosso destino? Isso é adequado, é razoável para um país como o Brasil? Temo que daqui a pouco o Brasil comece a se acostumar  – Deus queira que isso não ocorra – com a mediocridade dos indicadores, como se o que estivesse acontecendo aqui fosse razoável. Não. O mundo está em uma outra discussão, o mundo retoma o crescimento, e o Brasil está fora desse ciclo.

O que eu tenho feito é reunir as melhores inteligências em cada área e discutir um projeto que, repito, não pode ser de um partido ou de um grupo político, mas dos brasileiros.

Nós somos quase um Estado unitário hoje, em que a União tudo tem, tudo pode, e com efeitos perigosos em relação à própria democracia. Hoje, 96% dos municípios brasileiros não estão em condições de celebrar um convênio com a União, porque a dependência passa a ser absoluta. O exercício da própria oposição política fica cerceada.

Apresentaremos uma proposta clara e objetiva para que o Brasil tenha uma política clara de segurança, mais solidária do ponto de vista estratégico e financeiro.

O que eu tenho oferecer é a minha história, os resultados que obtivemos em Minas Gerais, e a minha confiança e a minha esperança de que nós teremos capacidade de superar as dificuldades atuais.

O que está em jogo não é a vitória do partido A, do partido B, a derrota da presidente da República. Está em discussão um novo modelo; daqui a poucos meses, estaremos diante de uma encruzilhada. De um lado, o que está ai, o que conhecemos; e eu temo que uma vitória desse modelo dê a ele a confiança de que estavam no caminho certo.

Aécio Neves afirma que há uma “explosão” de gastos públicos no Brasil

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, criticou nesta segunda-feira o avanço da carga tributária e demonstrou preocupação com o futuro econômico do Brasil. No encontro com quase 520 executivos do Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo, Aécio defendeu a correção urgente nos rumos da política econômica do país. O senador destacou que os gastos públicos cresceram, apenas nos dois primeiros meses desse ano, em torno de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Sonora de Aécio Neves

“O que percebemos de forma muito clara hoje, há uma explosão no Brasil dos gastos públicos. Aquilo que nos espera no futuro, em razão de equívocos gravíssimos na condução da política econômica, na gestão do Estado, pode nos levar a um cenário de imensas e extraordinárias preocupações. Na verdade, o que assistimos ao longo deste período, foi a continuidade do avanço da carga tributária, o que sinaliza para uma outra questão extremamente danosa e perversa para com a administração do país e para o próprio país que é essa concentração de receitas nas mãos da União que gera ineficiência, gera incapacidade de estabelecer as prioridades corretas e enfrentá-las.”

 

Aécio também ressaltou o problema com o controle da inflação e o receio de investidores em apostar no país.

 

Sonora de Aécio Neves

“Sabemos que a inflação de alimentos que é aquela que responde pela receita de em torno de 30% e 35% das famílias de até três salários mínimos não está em nenhuma das capitais pesquisadas no Brasil abaixo de 10%. Além da fragilização da condução da nossa política econômica, com uma sinalização extremamente preocupante para o investidor, para os senhores, para os empresários nacionais, mas também externos, há hoje há um sentimento de descrença em relação à condução da política econômica do Brasil.

 

Boletim

Aécio Neves – Entrevista sobre o encontro com empresários no Lide

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta segunda-feira (31/03), em São Paulo (SP), após encontro com empresários do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE). Aécio Neves falou sobre a participação no evento, sobre eleições 2014, CPI da Petrobras e a crise na economia brasileira.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador Aécio Neves:

Sobre a definição do candidato a vice na coligação do PSDB na campanha presidencial deste ano

Não é uma indicação do eventual candidato. Veja bem, não sou ainda oficializado como candidato do PSDB. Mas, o sentimento é de que, ao lado dos partidos que hoje se manifestaram à disposição de caminhar ao nosso lado, como o Democratas e o Solidariedade, obviamente ouvindo figuras de liderança expressiva do nosso campo, o próprio ex-presidente Fernando Henrique, vamos chegar a um nome que seja consensual.

Qual é o foco, o objetivo? Um nome que amplie a penetração das nossas propostas, tenha sintonia com o pensamento que defendemos hoje em relação ao Brasil, à gestão pública, à inserção no mundo e seja alguém disposto a enfrentar uma luta. Uma luta árdua.

 

Sobre indicação de SP e reunião do partido dia 22

São Paulo sempre será relevante, independente da questão do vice haverá sim uma dedicação específica da nossa campanha ao estado de São Paulo, seja pela força do PSDB em São Paulo, pela força do governador Geraldo Alckmin, das nossas bancadas federal e estadual. Vamos ter uma campanha muito sólida do ponto de vista da apresentação das nossas propostas em São Paulo. E eu tenho uma enorme expectativa em relação ao resultado em São Paulo, nas últimas pesquisas isso já vem aparecendo, um crescimento sólido da nossa candidatura. Essa é uma decisão que espero poder estar anunciando entre a última semana de maio e a primeira semana de junho.

No dia 22, o PSDB faz uma reunião da sua Executiva Nacional com a participação de todos os presidentes estaduais, os 27 presidentes estaduais, para definir já a data da convenção, obviamente será em junho, mas vamos definir no dia 22 a data da convenção, e faremos uma última avaliação dos arranjos estaduais, das coligações estaduais. No próximo dia 22 de abril.

 

Sobre a tentativa do governo federal de incluir novos temas no âmbito da CPI da Petrobras

O que não aceitamos é que o PT zombe com os brasileiros. As investigações em relação à Petrobras vão ocorrer. Vão ocorrer porque existe um fato determinante e existe uma expectativa da sociedade brasileira que chega à indignação, em relação a tudo que ocorreu na empresa. O governo tem maioria, o governo pode apresentar requerimentos de CPI sobre qualquer assunto. Que faça. Que faça as investigações. Não tememos nenhum tipo de investigação. Mas querer amordaçar a CPI da Petrobras, para que ela não investigue nada, com esse tipo de ameaça, não cederemos a esse tipo de chantagem.

Repito. O PT, os setores do PT zombam da sociedade brasileira e dos brasileiros ao quererem manipular ou impedir essas investigações. Repito: façam investigações sobre quaisquer temas onde haja fato determinante, que cumpra a Constituição e que achem relevante. Queremos, neste momento, é que tudo isso que vem ocorrendo na Petrobras – que não se resume à Pasadena, chega a refinarias como Abreu e Lima, passa pelas denúncias em relação à empresa holandesa que eventualmente teria pago propina a funcionários da Petrobras, passa pelas plataformas que estão sendo colocadas no mar sem os devidos componentes de segurança. Portanto, existe um fato determinante, e é isso que precisa ser apurado.

               

Sobre redução da maioridade penal

Defendo a proposta do senador Aloysio, inspirada inclusive na proposta do governador Geraldo Alckmin. Não há a redução automática da maioridade para todos. Existe o seguinte: em caso de reincidência de crimes violentos, vamos nos referir aqui aos “Chambinhos”, aos crimes violentos, reincidentes. Nesses casos, ouvir do Ministério Público da Criança e do Adolescente, o juiz, em razão da periculosidade daquele jovem acima de 16 anos, poder determinar naquele caso especificamente o fim da menoridade, podendo ele ser condenado pelo Código Penal. Cumpriria essa pena em um estabelecimento diferente do estabelecimento prisional. Mas não se restringiria a pena aos três anos que hoje é o limite máximo para que o jovem possa estar retido ou estar nessas casas-albergues. É uma discussão que precisamos enfrentar. Mas essa proposta especificamente, que permite em determinados casos, em razão da gravidade e da reincidência, e há a relação dos casos em que seria possível, é uma proposta que eu defenderei na campanha.

 

Sobre redução do número de ministérios

Existe um estudo na Universidade de Cornell, nos EUA, feito em mais de 120 países do mundo, que considerou mais eficiente – por mais que, para alguns, isso possa ter mais relevo e para outros menos – apresentou um estudo onde os países que têm entre 22 e 24 ministérios apresentam melhores resultados. Acho que um número em torno disso é um número razoável. Na verdade, é aquilo que aconteceu no governo do presidente Fernando Henrique  Quando ele deixou o governo, tinha mais ou menos isso, 22 ou 23 ministérios. Seria algo, a meu ver, muito próximo a isso.

O governador Anastasia, com uma equipe extraordinária de técnicos, inclusive da administração pública federal, está desenhando para me apresentar, e à nossa equipe, a proposta que chegaria a esse número. Nós pretendemos fazer isso durante a campanha eleitoral. Obviamente, alguns seriam fundidos, outras funções não seriam ocupadas por ministros, mas por secretários. Até porque grande parte desses ministérios que foram aí criados estão servindo para acomodação política, disso que o ex-presidente Fernando Henrique tem repetido, e eu já tinha dito também há algum tempo atrás, de governismo de cooptação. Amanhã, se houver mais algum partido nanico com três segundos na televisão, é capaz de criarem mais um ministério para colocá-lo para dentro.

A sinalização tem que ser o seguinte: os ministérios são aqueles necessários para que administração pública funcione, até para que o presidente da República possa saber quem são cada um dos seus ministros e cobrar deles respostas. Vocês são jornalistas, têm muito mais capacidade do que eu de averiguar isso. Existem Ministros do Estado que é há um ano não conversa com a presidente da República. A última instância do presidencialismo acima do ministro de estado é o presidente. Presta contas a quem? Não sei.

               

Sobre o controle de preços por parte do governo federal

Qualquer governo minimamente responsável , claro que isso você não vai fazer de um dia para o outro, vai ter que tirar essa tampa da panela de pressão. O governo federal acha que o melhor momento é depois das eleições. Talvez se não estivesse em um ano eleitoral, tomaria as medidas, no caso da energia, agora. No caso da gasolina, também. Temos efeitos colaterais no setor sucroenergético extremamente graves, para não falar no próprio caixa da empresa. Então, acho que necessariamente essa política de trazermos a inflação, hoje controlada, para a inflação real é necessária.

 

Sobre o ex-presidente Lula ter comparado a presidente Dilma ao técnico Tite. E o senhor, qual técnico seria?

Do ponto de vista do técnico, não sei. Não vou aqui no lugar comum, até porque não ousaria dizer que serei um Felipão. Mas existia um técnico antigo, que vocês logo se lembrarão, lá do meu estado de Minas Gerais, mas uma figura nacional, que sabia escolher como nenhum outro. Chamava-se Telê Santana, sabia fazer o time jogar. E jogar muito bem.

 

Sobre a probabilidade de o PT indicar o ex-presidente Lula para a eleição presidencial deste ano

Não sou a figura mais adequada para dizer se está mais para cá ou mais para lá. Mas a gente ouve isso o dia inteiro. Tem gente dentro do PT que estimula, que não tem constrangimento em abertamente defender isso. Quero repetir que nossa disputa não é pessoal. Não é com a presidente da República ou com o ex-presidente da República, é contra este modelo que está aí. E vou dizer de forma muito clara: não temo essa eleição qualquer que seja o nosso adversário. E quando permitimos que o monólogo que hoje conduz as discussões políticas – porque hoje fala para a grande massa da população apenas o governo, através da propaganda institucional, cadeia de rádio e de televisão, e é natural a mídia espontânea que a presidente tem – no momento em que houver espaço para a discussão, para o debate, para o contraditório, não tenho dúvidas de que esta será uma eleição onde o governo estará na defensiva.

O governo da presidente Dilma fracassou na condução da economia, os riscos são iminentes, nos deixa uma equação perversa de crescimento baixo e inflação alta, descontrole das contas públicas, perda crescente da credibilidade. Fracassou na construção da infraestrutura necessária a aumentar a competitividade do Brasil. O Brasil é um cemitério de obras inacabadas, com sobrepreços, está aí a Transposição do São Francisco, Transnordertina, Abreu e Lima, um cardápio enorme. Porque demonizaram durante dez anos as parcerias com o setor privado. Isso atrasou em dez anos o Brasil. Inclusive o setor do petróleo. Dos cinco anos que ficamos absolutamente sem leiloar absolutamente nenhuma área, foram US$ 300 bilhões que o setor petroleiro investiu no mundo. Zero no Brasil. E, agora, quando vem o pré-sal, já não era o mesmo momento. O Golfo do México, a costa africana descobriram também nas suas petrolíferas importantes. Então, perdemos um momento que não recuperamos mais.

E nas questões sociais o governo está paralisado. Estamos vendo os riscos de analfabetismo recrudescerem no Brasil. Na educação, você olha o Pisa e é vergonhosa a posição em que o Brasil está. A saúde pública é dramática e o governo gasta hoje 7 %, 8% a menos do que gastava há dez anos o governo federal. E na segurança pública não precisa nem dizer: a omissão do governo federal é quase criminosa. Não temos até hoje uma política nacional de segurança. Não dá mais para terceirizar. Não dá mais para jogar na herança passada. Tudo isso é responsabilidade do atual governo. Na hora em que este debate for iniciado, vamos estar prontos para ele qualquer que seja o adversário.