Aécio Neves – Entrevista Coletiva

Senado Federal – Brasília

Trechos da entrevista:

Em primeiro lugar, uma palavra em relação ao processo de impeachment que tramita na Câmara. Fizemos uma reunião agora com as lideranças do PSDB e os nossos membros na comissão. Há, realmente, uma expectativa hoje de que, muito rapidamente, a Câmara estará aprovando o processo de impeachment da presidente da República e o sentimento que colhemos no Senado em que, aprovado na Câmara com dois terços dos votos, é quase que impossível que o Senado impeça a continuidade desse processo, sempre respeitado o direito à ampla defesa da presidente da República.

Em um momento como esse é muito importante que as principais lideranças políticas do país, independentemente de partidos, conversem. E é o que tenho feito diuturnamente, tanto com líderes da oposição, quanto com líderes do PMDB, agora especialmente com o presidente Renan Calheiros. Mas, para responder uma pergunta que me foi feita hoje pela manhã, quero confirmar que tive ontem, em São Paulo, uma longa conversa com o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer. Uma conversa republicana, onde avaliamos os cenários que estão à nossa frente, obviamente dividimos preocupações graves com a situação econômica do país e com o agravamento da crise política.

Encontrei um vice-presidente muito sereno e consciente do seu papel neste instante, e é muito natural que presidentes de dois dos maiores partidos brasileiros conversem, sobretudo em um momento de crise como este. Já fizemos isso no passado, fizemos mais uma vez essa semana e é natural que façamos no futuro. E essas conversas temos que estender para dirigentes e lideranças de outras forças políticas porque, para nós, neste instante, há uma única prioridade, que é o Brasil. Como fazer com que o Brasil saia dessa situação caótica, trágica à qual estamos mergulhados, seja do ponto de vista moral, econômico ou social?

Nosso entendimento, mesmo considerando – como sempre disse às lideranças do partido que aqui estão, fizeram questão sempre de reiterar isso – para nós, sempre um mandatário legitimado pelos votos seria aquele que teria as melhores condições de fazer as reformas, de fazer os ajustes que o Brasil precisa viver. Mas, neste momento, há uma convergência do PSDB, assim como das outras forças de oposição, para a compreensão de que o impeachment é o caminho mais curto para possibilitar o Brasil iniciar uma nova fase na sua história.

Não é o PSDB o beneficiário direto disso, mas a necessidade que se impõe para que o Brasil possa resgatar a confiança mínima necessária, a retomada dos investimentos e, em consequência disso, dos empregos e da esperança para as pessoas. Nós, do PSDB, não fugiremos à nossa responsabilidade de ajudar o Brasil a superar essa crise. Se aprovado o impeachment, temos que estar prontos para ajudar o Brasil a construir uma agenda, uma agenda emergencial que implique na discussão de algumas reformas. Temos uma contribuição a dar e a nossa contribuição pelo menos na minha avaliação é esta: ajudar a construção e a viabilização de uma agenda ousada para o Brasil.

Hoje a presidente Dilma no discurso voltou a falar em golpe. Ela citou as mesmas coisas que se dizia na época da ditadura. O processo está dentro das normas democráticas?

O processo está absolutamente dentro daquilo que prevê a Constituição. E não somos nós, da oposição, que dissemos. O Supremo Tribunal Federal (STF) ao definir o rito para o processo de impeachment, na verdade constitucionaliza de forma absolutamente clara este processo. A própria base da presidente e o seu partido – ao votar pela criação da comissão, ao aprovar a criação da comissão do impeachment – dá o respaldo parlamentar à sua tramitação. O que eu vejo é uma oscilação. A presidente da República deixa de lado pelo menos em parte a arrogância com que veio agindo ao longo desses últimos anos, chegando ao ponto de transferir à oposição responsabilidades que são delas, e está numa posição agora de vitimização.

Quero reiterar: é preciso que seja garantido à presidente da República o direito de ampla defesa. E é necessário que a Câmara dos Deputados, não apenas a comissão, mas o plenário, se debruce sobre esta defesa. Mas o rito que está sendo cumprido é o rito estabelecido pela Constituição, avalizado pelo Supremo Tribunal Federal. Não há mais que se falar em absolutamente tentativa de golpe ou de qualquer manobra que não seja o respeito à Constituição. Portanto, vamos permitir que o Congresso Nacional, em primeiro lugar a Câmara, e depois o Senado, analise as provas, analise a defesa da presidente da República e soberanamente se manifeste.

Sobre declarações de Renan em relação ao processo de impeachment.

O presidente Renan tem a sua posição e temos de respeitar a sua posição, mas percebemos que a base do PMDB avança em uma velocidade maior que o presidente do Senado. Acho que o presidente tem sido cauteloso. Pelo que conheço do senador Renan, longe de mim querer definir aqui a sua posição, conversamos agora um pouco rapidamente, mas ele não ficará contra uma posição que seja majoritária do seu partido. O que estamos vendo novamente, assim como aconteceu no processo de afastamento do presidente Collor, assim como aconteceu nas Diretas Já, é a força da rua. Essa casa é capaz de muitas coisas, menos virar-se de costas para a opinião pública. Tenho certeza de que o que está acontecendo no Brasil é um sentimento não de objeção pessoal à presidente, mas de constatação de que ela não tem mais as condições de permitir ao Brasil a superação das dificuldades que são muito graves. Se ela pudesse chegar até lá, até 2018, talvez esse fosse o calendário mais adequado para todos. Inclusive para nós da oposição.

Desde que nós do PSDB estamos nos dispondo a apoiar uma saída, porque não é uma saída que beneficiaria o partido que teve praticamente a metade dos votos na última eleição. Ao contrário. Quem eventualmente assumirá o poder é alguém que participou desse governo até aqui, durante esses últimos 13 anos. Então, não é uma coisa simples para nós. Para nós, do PSDB, prevalece a responsabilidade para com o país. Não podemos simplesmente que a presidente da República não tem mais condições de governar o Brasil e virarmos as costas, por exemplo, como fez o PT no governo Itamar Franco. Não repetiremos isso. Só que no meu sentimento, falo como presidente do partido, a nossa contribuição não é ocupando cargos em um eventual futuro governo. É dando o nosso integral apoio político, usando da credibilidade que dispomos, da interseção que temos com setores importantes da sociedade para apoiar uma agenda emergencial para o Brasil.

Dilma Rousseff tenta se passar por vítima ao associar impeachment a golpe

“O processo está absolutamente dentro daquilo que prevê a Constituição. O que vejo é a presidente deixar de lado a arrogância desses últimos anos e estar agora numa posição de vitimização”, diz Aécio sobre declarações da presidente Dilma.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, rebateu, nesta terça-feira (22/03), a estratégia usada hoje pela presidente Dilma Rousseff de associar, em discurso, no Palácio do Planalto, o processo de impeachment que tramita no Congresso a um golpe contra a democracia.

Em entrevista no Senado, Aécio afirmou que o pedido de impeachment da presidente da República foi submetido ao Supremo Tribunal do Federal (STF) e cumpre regras da Constituição. Ele alertou que a presidente tenta, na verdade, é se passar por vítima da oposição ao invés de responder as acusações que pesam contra seu governo.

“O processo está absolutamente dentro daquilo que prevê a Constituição. E não somos nós, da oposição, que dissemos. O STF ao definir o rito para o processo de impeachment, constitucionaliza de forma absolutamente clara este processo. A própria base da presidente e o seu partido – ao votar pela criação da comissão, ao aprovar a criação da comissão do impeachment – dá o respaldo parlamentar à sua tramitação. O que eu vejo é a presidente da República deixar de lado, pelo menos em parte, a arrogância com que veio agindo ao longo desses últimos anos, chegando ao ponto de transferir à oposição responsabilidades que são dela, e está agora numa posição de vitimização”, criticou Aécio.

A declaração foi dada após reunião com parlamentares do PSDB que fazem parte da Comissão responsável pela tramitação do processo de impeachment no Congresso Nacional. A avaliação dos líderes tucanos é de que o processo de afastamento de Dilma tramitará com rapidez na Câmara dos Deputados para depois ser votado no Senado.

“Há uma expectativa hoje de que, muito rapidamente, a Câmara estará aprovando o processo de impeachment da presidente da República e o sentimento que colhemos no Senado em que, aprovado na Câmara com dois terços dos votos, é quase impossível que o Senado impeça a continuidade desse processo, sempre respeitando o direito à ampla defesa da presidente da República”, disse o senador.

Impeachment não é golpe

Aécio Neves destacou que o PSDB não será beneficiário direto do impeachment da presidente Dilma e que a posição do partido sempre foi favorável à convocação de novas eleições. Mas, ressaltou que os brasileiros exigem uma rápida superação da crise politica, moral e econômica que paralisa o país.

“O PSDB não é o beneficiário direto disso, mas a necessidade que se impõe é que o Brasil possa resgatar a confiança mínima necessária, a retomada dos investimentos e, em consequência disso, dos empregos e da esperança para as pessoas. Nós, do PSDB, não fugiremos à nossa responsabilidade de ajudar o Brasil a superar essa crise”, destacou.

Reunião com Temer

Aécio Neves confirmou a reunião que teve com o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, ontem, em São Paulo. O senador destacou que, em um momento de grave crise como a que passa o Brasil, é natural que lideranças políticas de diferentes partidos dialoguem de forma republicana.

“É muito natural que presidentes de dois dos maiores partidos brasileiros conversem, sobretudo em um momento de crise como este. Já fizemos isso no passado, fizemos mais uma vez essa semana e é natural que façamos no futuro. Temos que estender essas conversas para dirigentes e lideranças de outras forças políticas porque, para nós, neste instante, há uma única prioridade que é o Brasil”, afirmou Aécio Neves.

Aécio Neves – Entrevista coletiva

“Não há mais que se falar em golpe ou de qualquer manobra que não seja o respeito à Constituição. Vamos permitir que o Congresso Nacional analise as provas e a defesa da presidente da República. O processo de impeachment está absolutamente dentro daquilo que prevê a Constituição”, afirmou o senador Aécio Neves, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (22/03), quando confirmou reunião com o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, para tratar de uma agenda emergencial para o Brasil.

Foto: George Gianni

Foto: George Gianni

Recomeçar

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 21/03/2016

Os últimos dias viram nascer um novo Brasil. Indignado, desperto, protagonista de seu destino, esse Brasil que se mobiliza e se agiganta contra um modelo de governo que arruinou o país deve ser a maior inspiração para o futuro que começa a ser desenhado.

Não há mais espaço para o ideário rançoso, equivocado e nada republicano que, levado à exaustão nos últimos 14 anos, mergulhou o país em uma crise sem precedentes e na pior recessão das últimas décadas. O Brasil daqueles que se julgam acima das leis está a caminho do lixo da história. É hora de recomeçar.

O momento delicado da vida nacional exige sobriedade e coragem. Precisamos reagir com veemência às tentativas de obstrução da Justiça. As gravações liberadas pela Operação Lava-Jato são reveladoras do desapreço que as principais lideranças do partido governista nutrem pelas instituições públicas.

As conversas que vieram a público compõem uma peça vexatória de desprezo pelas instituições, pela democracia e por quem é visto como obstáculo ao projeto de poder do partido. E não me refiro apenas à irresponsável citação ao meu nome na assumida estratégia de “vamos ficar em cima do Aécio”.

Diante da gravidade dos acontecimentos em curso não há como recuar. A hora é de defesa intransigente do trabalho da Justiça Federal, do Ministério Público, do STF e demais instituições.

A tarefa a ser feita será enorme e deverá mobilizar toda a sociedade. Afinal, depois de herdar um país nos trilhos, com as contas em dia e políticas de governança em aprimoramento, o PT avançou sobre este patrimônio de conquistas com uma voracidade rara. O resultado é este legado de infortúnios: uma recessão profunda, com inflação crescente, milhões de desempregados, empresas e famílias endividadas, a dívida pública nas alturas e o descrédito interno e internacional.

Contra o atual estado de coisas, não há saída senão o recomeço. Os brasileiros não suportam mais este teatro de mentiras. Cabe ao Congresso ouvir a voz das ruas e dar ressonância ao que hoje é um clamor nacional. Se o impeachment é o cenário mais provável diante do agravamento da crise, já que a presidente perdeu por completo as condições de governabilidade, devemos pensar com serenidade e responsabilidade no que pode vir a seguir.

As forças de oposição têm o dever de se organizar para ajudar a construir uma agenda de transição e reconstrução. Há um conjunto de reformas estruturantes que precisa ser empreendido para que o país possa enfrentar os desafios do novo tempo. É preciso desobstruir os caminhos que nos impedem de voltar a crescer. O Brasil que sonhamos tem plenas condições de reassumir um papel proeminente no mundo. Não nos falta confiança para seguir adiante.

Leia também aqui: http://bit.ly/1LAypAC

Aécio Neves – denúncia sobre panfletos com mentiras distribuídos no país

“Panfletos apócrifos como este estão sendo distribuídos em todo o Brasil para justificar convocações, manifestações ou mobilizações que os apoiadores do governo já não têm mais condições de fazer com argumentos legítimos, lícitos, de apoio a aquilo em que eles acreditam. É mais uma vez a fraude, o engodo que permeou toda a campanha eleitoral conduzindo essas manifestações”, afirmou o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, ao fazer um alerta aos brasileiros, nesta sexta-feira (18), sobre panfletos distribuídos no país com falsas informações sobre o fim dos programas sociais Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida.

Em coletiva à imprensa, Aécio destacou que a mesma estratégia foi utilizada pelo PT na campanha eleitoral de 2014 e acrescentou:

“Quem levou mais de 60 milhões de brasileiros ao endividamento e hoje, sem condições de saldar suas dívidas, pendurados alguns no cartão de crédito e outros em outros tipos de dívida, foi este governo perdulário. Que gastou o que não podia para vencer as eleições e, hoje, transfere à sociedade brasileira a conta que deveria ser paga por ele”.

Aécio defende investigações da Lava Jato e critica PT por ataques à Justiça

“É muito triste quando um grupo político e lideranças políticas passam a ter como adversários não os seus oponentes no campo político, mas a Justiça. É o que vem acontecendo hoje com o PT”, diz senador

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, defendeu hoje (18/03) o trabalho da Justiça Federal e do Ministério Público (MP) nas investigações da Operação Lava Jato e criticou os ataques feitos pelo ex-presidente Lula e dirigentes do PT aos tribunais e instituições públicas. Aécio afirmou que as manifestações nas ruas esta semana – provocadas pela indignação da sociedade com a gravidade do diálogo mantido entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula – não têm precedentes na história do país.

“O que assistimos acontecer no Brasil, a partir da notícia da indicação do ex-presidente Lula para a Casa Civil e da divulgação das razões objetivas que levaram a esta nomeação, é algo que não tem paralelo na história democrática do Brasil. As pessoas foram espontaneamente para as ruas, em paz, no Brasil inteiro, demonstrar a sua indignação”, afirmou Aécio, em entrevista coletiva, no Senado.

Acompanhado do líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, Aécio Neves avaliou que as reações contra a posse de Lula como ministro da Casa Civil mostram que a sociedade brasileira não aceita mais ser tratada com desdém pelos governantes. Ele criticou os ataques feitos por Lula – revelados nas ligações telefônicas autorizadas pela Justiça – contra o juiz Sérgio Moro, o Procurador geral da República, Rodrigo Janot, e ministros do STF.

“É muito triste quando um grupo político e lideranças políticas passam a ter como adversários não os seus oponentes no campo político, mas a Justiça. É o que vem acontecendo hoje com o PT. O PT hoje trava um embate não no campo das ideias, não no Congresso Nacional para defender o seu governo e suas realizações. O PT hoje trava um embate com a Justiça e a história universal, não apenas brasileira, mostra que o desfecho para esses momentos de tensão e de radicalização, é sempre em favor dos poderes constituídos, das nossas instituições. O papel das oposições, neste instante, é defendê-las de qualquer tipo de assédio”, afirmou.

Nova fraude denunciada

Na coletiva, Aécio Neves exibiu um panfleto com falsas informações que voltaram a ser distribuídas nas capitais e cidades do interior, com ameaças sobre o fim dos programas Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. A mesma estratégia foi usada pelo PT na campanha eleitoral de 2014, quando panfletos e carros de som percorriam as ruas com ameaças de cancelamento dos programas sociais, caso o voto não fosse em Dilma.

“Panfletos apócrifos estão sendo distribuídos em todo o Brasil para justificar convocações ou mobilizações que os apoiadores do governo já não têm mais condições de fazer com argumentos legítimos. É mais uma vez a fraude, o engodo que permeou toda a campanha eleitoral conduzindo essas manifestações. Estão sendo distribuídos em todo o Brasil, no Nordeste em especial, com carros de som, como aconteceu durante a campanha eleitoral e nós denunciamos isso, inclusive ao TSE”, alertou.

O senador leu trechos do panfleto com as seguintes afirmações: “Urgente, vão acabar com Minha Casa, Minha Vida. Querem destruir o Lula e a Dilma para que todos os subsídios sejam pagos com juros e as prestações vão aumentar. Vão expulsar seus filhos da escola. Querem acabar com o Bolsa Família e deixar todos sem este benefício”.

Aos jornalistas, Aécio Neves mostrou o panfleto e concluiu que o governo do PT é hoje a maior ameaça às conquistas dos brasileiros.

“Quem está inviabilizando o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, as obras do PAC, é este governo que quebrou o Brasil. Quem está levando o desemprego e o desespero a milhões de lares brasileiros é este governo, pela sua incompetência e pela sua irresponsabilidade. Quem levou mais de 60 milhões de brasileiros ao endividamento foi este governo perdulário. Que gastou o que não podia para vencer as eleições e hoje transfere à sociedade brasileira a conta que deveria ser paga por ele”, disse Aécio.