Votação PEC prorrogação DRU

O senador Aécio Neves durante votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 31/2016, que prorroga a DRU – Desvinculação das Receitas da União, permitindo ao governo federal uso de até 30% de suas receitas em despesas emergenciais. A PEC 31 foi aprovada, na noite desta quarta-feira (24/08), no plenário do Senado, e é considerada fundamental para o equilíbrio das contas públicas.

Aécio Neves Plenário Senado PEC

Foto: George Gianni

Presidente Dilma repete velhas promessas não cumpridas em mensagem ao Congresso, critica Aécio

O senador Aécio Neves afirmou, nesta terça-feira (2), que a presidente Dilma Rousseff repetiu velhas promessas não cumpridas no discurso feito esta tarde, na reabertura do ano legislativo no Congresso. Para o senador, a presidente não apresentou propostas consistentes para ajudar o Brasil a superar a grave recessão econômica causada pelos erros cometidos pelo governo e pelo PT nos últimos anos.

“Ela repete as mesmas propostas constantes das outras mensagens enviadas ao Congresso Nacional e que jamais foram cumpridas. Um ano atrás a presidente dizia da necessidade que o governo teria de controlar a inflação ou controlar as contas públicas. O Brasil foi rebaixado por duas agências internacionais e a inflação continua sem controle. Lamentavelmente, o que nós assistimos aqui foi mais do mesmo, repetição de promessas vazias de uma presidente da República que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou”, afirmou Aécio, presidente nacional do PSDB.


Não à CPMF

Aécio Neves também criticou a presidente Dilma Rousseff por propor na mensagem ao Congresso a volta da cobrança da CPMF. Na avaliação do senador, a presidente quer que a sociedade brasileira pague o rombo nas contas públicas provocado pela irresponsabilidade fiscal do governo. Ele ressaltou que o PSDB lutará para que a população não seja penalizada com a recriação do imposto.

“O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária, e não vejo nela condições de pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira. A presidente foi incapaz de fazer mínima mea culpa que fosse, mostrando ao país de forma de clara que reconhece os erros que cometeu ao longo do seu primeiro mandato. A oposição, e o PSDB em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país”, ressaltou Aécio.


Vaias no plenário

O senador avaliou que a ausência de propostas concretas e a repetição de promessas foram os motivos das vaias contra a presidente na reabertura do Congresso.

“Parecia que a presidente estava assumindo hoje, e não que o seu partido estivesse há 13 anos no poder sem encaminhar nenhuma das reformas que hoje ela se propõe a fazer. A presidente veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E ela, aqui, pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária”, criticou.

O senador disse ainda que a falta de credibilidade da presidente Dilma fará com que 2016 seja mais um ano difícil para os brasileiros.

“Confiança e credibilidade, quando se perde, é muito difícil de se reconquistar. E a presidente da República, a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, jogou fora todo crédito que tinha para poder liderar o processo de recuperação do país”, afirmou.


Zika vírus

Durante a entrevista, o senador Aécio Neves voltou a criticar o uso de cargos no Ministério da Saúde feito pela presidente Dilma para atender a partidos políticos. Ele disse que ao fazer uso político de uma área de fundamental importância para a população, a presidente perdeu a autoridade até mesmo para liderar uma campanha de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus.

Aécio destacou que ceder cargos importantes em troca de apoio no Congresso, a presidente mostrou sua falta de compromissos com saúde dos brasileiros.

“Que autoridade tem a presidente da República para liderar esse processo de combate ao zika vírus, tendo ela distribuído os principais cargos e próprio Ministério da Saúde a aliados seus? Única e exclusivamente para ter alguns votos, para se manter no poder”, lamentou Aécio Neves.

Visita da presidente Dilma ao Congresso

“A presidente Dilma veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E, aqui, ela pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária. O PSDB, em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país”, diz senador Aécio Neves, hoje, em coletiva, após a abertura do ano legislativo, onde senadores e deputados ouviram à execução do Hino Nacional e, em seguida, a presidente da República leu a mensagem do governo.

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves – Entrevista sobre o discurso da presidente Dilma no Congresso

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (02/01), em Brasília. Aécio falou sobre o discurso da presidente Dilma Rousseff no Congresso, reformas, Zika Vírus, CPMF e DRU.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
O que vimos hoje no Congresso Nacional foi uma presidente da República muito mais em busca de uma fotografia do que de um resgate de sua própria credibilidade. Ela repete as mesmas propostas constantes das outras mensagens enviadas ao Congresso Nacional e que jamais foram cumpridas. Um ano atrás a presidente dizia da necessidade que o governo teria de controlar a inflação ou controlar as contas públicas. O Brasil foi rebaixado por duas agências internacionais e a inflação continua sem controle.

O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária, e não vejo nela condições de pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira. A presidente foi incapaz de fazer mínima mea culpa que fosse, mostrando ao país de forma de clara que reconhece os erros que cometeu ao longo do seu primeiro mandato.

Parecia que a presidente estava assumindo hoje, e não que o seu partido estivesse há 13 anos no poder sem encaminhar nenhuma das reformas que hoje ela se propõe a fazer.

A presidente da República busca no Congresso a solidariedade, essa necessária, ao combate ao zika vírus. Há que haver sim uma mobilização grande, não apenas do Congresso, não apenas do poder público, mas de toda a sociedade no combate desta epidemia que assola o país. Mas que autoridade tem a presidente da República para liderar esse processo de combate ao zika vírus, tendo ela distribuído os principais cargos e próprio Ministério da Saúde a aliados seus, única e exclusivamente para ter alguns votos, para se manter no poder? Não vejo que a presidente da República tenha ajudado, ela própria, a melhorar e aumentar a sua confiança. Mais um tempo perdido.


Reformas

Quero dizer, como presidente do PSDB, que qualquer discussão em relação às reformas, mais uma vez aqui anunciadas pela presidente da República, só serão discutidas por nós no momento em que elas vierem com o apoio da sua base de apoio, pois ela fala em reforma da Previdência no mesmo instante em que o seu partido PT diz que ela é desnecessária.

Lamentavelmente, o que nós assistimos aqui foi mais do mesmo, repetição de promessas vazias de uma presidente da República que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou.


A oposição também faz a análise de que esfriou o impeachment?

O impeachment será decorrência de um clímax que há na sociedade brasileira. Acho que a presidente ou os seus aliados não deveriam comemorar esse arrefecimento porque o que estamos percebendo é que haverá uma agonização, haverá uma piora nos indicadores econômicos. E o Brasil já está mergulhando em uma gravíssima crise social, terá essa crise, infelizmente, atingindo ainda uma parcela maior da sociedade brasileira.

O fato concreto, e o sentimento que nós da oposição temos, é o de que a presidente da República não tem mais condições de liderar o Brasil na saída dessa crise. Ela transfere responsabilidades, hoje comemora a melhoria do índice dos reservatórios como se pudesse ter sido o seu governo responsável pelo aumento das chuvas, mas sem assumir qualquer responsabilidade pelo desastre da sua intervenção no setor elétrico, pelo desastre na condução macroeconômica do país e a sua responsabilidade para com a situação pela qual passam hoje milhões de brasileiros.


E as vaias durante o discurso?

Acho que esperadas. A presidente veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E ela, aqui, pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária. A oposição, e o PSDB em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país no último ano e, infelizmente, continuará mergulhando por este e pelo próximo ano.


A presidente não vai ter o apoio da oposição na criação da CPMF, mas e em relação à DRU?

Para que a oposição possa discutir qualquer uma dessas propostas, a presidente tem que apresentá-las com apoio da sua base de sustentação. O que temos assistido corriqueiramente é a presidente e determinados ministros falarem uma coisa e a sua base aqui dizer o contrário, como se pudesse ter vários governos em um só.

Portanto, confiança e credibilidade quando se perde é muito difícil de se reconquistar. E a presidente da República, a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, jogou fora todo crédito que tinha para poder liderar o processo de recuperação do país. Vou dizer não apenas como líder da oposição, mas como um senador da República e um homem público de muitos anos de mandato nesta Casa, achei a figura da presidente da República e as reações ao discurso dela um momento patético para ela própria e para o seu mandato.

Aécio Neves – Entrevista em Belo Horizonte

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (20/11), em Belo Horizonte (MG). Aécio falou sobre impeachment da presidente Dilma, Dia da Consciência Negra e tragédia em Mariana.

Sobre impeachment da presidente Dilma?

Essa não é uma questão que dependa do PSDB e tenho dito isso de forma reiterada. A presidente da República cometeu crime de responsabilidade como foi atestado pelo Tribunal de Contas, mas somos minoria no Congresso Nacional e temos que aguardar que essa decisão seja tomada por quem tem responsabilidade para tomá-la. Não podemos ter como única e exclusiva agenda das oposições a questão do afastamento da presidente.

Nossa avaliação é de que ela perdeu as condições de fazer a economia voltar a girar, os empregos voltarem a ser gerados no país. Agora, nós, do PSDB, temos uma preocupação com o dia seguinte, com o futuro, e é por isso que estamos nos esforçando para, atualizando nossas propostas, fazermos um debate sobre a situação real das pessoas. O Brasil entra no ano de 2016 com o desemprego lá no alto, com inflação saindo do controle, com as pessoas endividadas como nunca tiveram. Precisamos ter uma solução para isso, para o dia seguinte do PT no governo, e é isso que vamos construir agora ainda este ano, a partir do dia 8, um conjunto de propostas no campo social que possa minimizar os efeitos dessa trágica crise na qual o PT nos mergulhou.

Enquanto isso, obviamente, vamos cobrar das autoridades que façam o que devem fazer. Nossa posição em relação ao presidente da Câmara já havia sido anunciada e ontem ficou de forma mais explícita ainda, clara. Achamos que o presidente da Câmara perdeu as condições de conduzir a Câmara dos Deputados.


O impeachment é a melhor saída?

É a alternativa que se coloca hoje, mas não podemos, como disse, ter essa agenda como exclusiva das oposições. Estamos vendo o que está acontecendo com o Brasil, o desânimo é absoluto. Vamos entrar no ano que vem, no primeiro semestre, com o desemprego entre os mais jovens chegando a 25%. É algo inédito na nossa história. É um patamar que a Espanha viveu há quase uma década. Lembramos o que significou para aquele país.

Se a presidente vai ou não vai sair não depende de nós. Isso depende obviamente do conjunto do Congresso Nacional, das provas que possam ser colhidas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiga se dinheiro da propina da Petrobras foi utilizado na campanha eleitoral da presidente. Mas nós não ficaremos apenas aguardando que os tribunais, ou o próprio Congresso, decida essa questão. Nós vamos continuar apontando os equívocos do governo e apresentando propostas para minimizar os efeitos dessa crise, principalmente sobre os mais pobres.


O PSDB e a oposição de forma geral em 2016 terão uma posição diferente, mais propositiva?

O PSDB é um partido de oposição que expressa o sentimento de uma parcela da sociedade brasileira. A questão do impeachment não foi uma criação do PSDB. O impeachment foi um sentimento, e as pesquisas mostram isso, que tomou conta e ainda toma conta da maioria dos brasileiros, que não enxergam na presidente as condições para superar a crise na qual o PT nos mergulhou. O impeachment continua sendo uma possibilidade e uma possibilidade concreta, porque, lamentavelmente, e esse é o diagnóstico que nós fazemos, a crise ainda vai piorar antes de melhorar.

Nós vamos entrar no ano que vem ainda com o agravamento do desemprego, com a economia paralisada e, como eu disse, com a inflação ainda em alta. Será que a presidente da República terá condições de nos tirar desse poço, desse buraco profundo no qual o governo do PT nos mergulhou? Tenho muitas dúvidas e pode ser que esse sentimento pelo afastamento volte ainda com mais vigor no ano que vem.

Vamos combater, como oposição, o aumento de carga tributária. O PSDB é radicalmente contra a criação de novos impostos. Vamos combater a criação da CPMF, porque ela ajuda ampliar a recessão e não ajuda o Brasil a sair da crise. Ao mesmo tempo existem propostas, por exemplo, como a Desvinculação das Receitas da União (DRU), um instrumento de governança, isso pode ajudar a melhorar, mesmo que minimamente, a execução do Orçamento na área da saúde e na área da educação, e estamos admitindo, nessa questão específica, votar favoravelmente.

Isso é uma demonstração de que o PSDB não é oposição ao Brasil. Jamais seremos. Ao contrário. Somos oposição a esse governo. Queremos suceder esse governo e achamos que temos melhores condições, mais autoridade, mais credibilidade para fazer a roda da economia e do emprego voltar a girar no país.

Se estamos terminando o ano sem que essa questão do impeachment tenha sido objeto de deliberação no Congresso, porque não depende de nós, PSDB. Não estamos nessa balança de “me salve que eu lhes dou o impeachment”. Não. Acho que o presidente da Câmara já teria, a meu ver, todas as condições de ter colocado essa questão para ser discutida, aberto o processo na Câmara dos Deputados, mas não vamos negociar, no que diz respeito à ética, em absolutamente nada. Nossa posição sobre o presidente da Câmara é clara e em favor do impeachment também tem sido clara, mas vamos apresentar cada vez mais propostas para o Brasil sair da crise.


A interrupção do mandato da presidente não é mais traumático para o país?

Traumático para o Brasil é o desemprego chegando no patamar que estamos hoje. A economia parada, a inflação sem controle, ninguém mais investindo no país, e o Brasil se transformando – entre as nações emergentes – naquela que vai ter a pior equação de crescimento esse ano. No G20, sabe que lugar o Brasil vai estar entre os países que se reuniram agora recentemente na Turquia, no grupo das vinte maiores economias do mundo? No que diz respeito a crescimento e geração de empregos. Em 20ºlugar. Somos o último. Essa crise, ao contrário do que quer dizer o governo, foi gerada aqui.

Eu lhe pergunto: Será que o melhor para o Brasil é que continuemos por mais um, dois, três anos com a economia paralisada? O desemprego aumentando no Brasil, a carestia chegando à mesa dos brasileiros? Acho que não. Cabe à presidente da República demonstrar que tem condições de retomar o comando do país. Hoje ela não governa. A presidente terceirizou tudo. Terceirizou a condução da economia, terceirizou a política, o que está se fazendo hoje com a nomeação de cargos é algo criminoso. A desqualificação hoje da máquina pública é algo vergonhoso.

Para o PSDB o calendário constitucional está aí, em 2018. O PSDB estará preparado para ele, mas, se o Brasil continuar sendo desgovernado como hoje, e a presidente da República uma mera inauguradora de Minha Casa, Minha Vida, acho que a população brasileira é que vai pedir o seu afastamento.


Sobre o Dia da Consciência Negra.

Quero dizer da importância de estar aqui hoje, em Minas Gerais, ao lado dos nossos companheiros do Tucanafro em especial, participando das homenagens do Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil. E vamos ser realistas: nosso país ainda discrimina e discrimina muito. Portanto, combater o preconceito, apoiar políticas inclusivas do ponto de vista do trabalho, da igualdade salarial, das oportunidades, valorizando também a presença cada vez maior dos negros nas escolas, nas universidades, será sempre uma prioridade para o PSDB.

Minha vinda hoje ao Diretório do PSDB, ao lado de vários companheiros parlamentares, dirigentes do partido, e, em especial, do Tucanafro, nosso movimento que combate a desigualdade, é para sinalizar de forma clara que esta será sempre uma causa prioritária para o PSDB.


Em relação à tragédia de Mariana, o sr. acha suficiente o que foi feito? Tem algo errado ou atrasado nessa história?

Acho que a empresa tem responsabilidades enormes e tem que responder pela sua responsabilidade nessa tragédia sem precedentes na história de Minas, e acho que do Brasil, porque não alcança apenas Minas Gerais. O que temos agora é que tomar providências objetivas, como fazer com que as multas impostas pelo Ibama não acabem indo para um fundo que amanhã vai ajudar apenas a fazer superávit de caixa. Têm que ir para as vítimas.

Existe um projeto do senador Anastasia, que faz com que o dinheiro das multas vá diretamente para a recuperação dos danos, seja dos imóveis, casas, para a reconstrução da vida dessas pessoas, com emprego, com novas atividades econômicas ou qualificação. Temos que tirar essa intermediação. Essa é a questão, eu diria hoje, pontual que mais me preocupa, porque estamos vendo um conjunto de ações, multas sendo aplicadas e não estou vendo em Mariana, ou em outras cidades do Rio Doce, as pessoas tendo a perspectiva de que esse dinheiro, daqui a 15 dias ou um mês, vai estar lá botando tijolo nas casas, telhado na casa dessas pessoas, e o mínimo de tranquilidade para que elas possam reorganizar suas vidas.

Nosso foco, o senador Anastasia está hoje inclusive em Mariana, ele é presidente de uma Comissão que criamos no Senado para conjugar todas essas ações, dar a elas um ordenamento, dar a elas consequência. Nosso esforço é para que todos os recursos das sanções que a empresa estiver recebendo sejam investidos nas pessoas que foram vítimas desse acidente e, obviamente, na recuperação da flora e da fauna de toda a região.

Aécio Neves – Entrevista em Belo Horizonte

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (19/11), em Belo Horizonte (MG). Aécio falou sobre cadastramento biométrico, impeachment, crise de governabilidade, ajuste fiscal, Eduardo Cunha e tragédia de Mariana.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre o cadastramento biométrico.

Em primeiro lugar gostaria de dizer da razão de minha visita hoje ao TRE de Minas Gerais, atendendo convite de seu presidente e de outros membros do nosso tribunal, que estão numa cruzada extremamente meritória, que é de permitir que a biometria, mais um instrumento de segurança para as eleições, possa chegar o mais rapidamente possível a todo território mineiro.

A minha presença aqui hoje, na verdade, é uma demonstração não apenas de apoio, mas, mais do que isso, de consciência, e tenho certeza que os mineiros cada dia mais compreenderão que a biometria é um instrumento a favor do aprimoramento do processo eleitoral e obviamente da sua segurança.

Portanto meus cumprimentos ao TRE de Minas Gerais e o meu estímulo para que continue nesse grande esforço, claro que Minas é um estado enorme, de dimensões territoriais muito amplas, precisaremos de um tempo maior para alcançar os 853 municípios do estado, mas o início é alvissareiro, é uma demonstração de que começa a haver consciência da importância de os mineiros se submeterem a biometria, dando um passo além na garantia na eficiência e da transparência das eleições.

Ontem, na minha avaliação, houve também um estímulo importante: a decisão do Congresso Nacional de derrubar o veto presidencial e permitir que, a partir das eleições gerais de 2018, possa, ao lado do voto eletrônico, que já foi um avanço extremamente importante, possa haver também a impressão do voto sem que ele seja acessado pelo eleitor, ficando apenas para uma conferência eventual futura a partir de decisões da Justiça Eleitoral.

É uma sinalização cada vez maior que o eleitor brasileiro, o cidadão brasileiro, pode ter tranquilidade e confiança em seu sistema eleitoral. Da mesma forma que ao longo das últimas décadas nós viemos avançando o Brasil agora se alia a outras democracias do mundo que utilizam o voto eletrônico, mas que têm também a precaução de permitir que o voto impresso seja uma alternativa ou uma possibilidade eventual, em circunstâncias específicas, e não reste qualquer dúvida em relação ao pleito, seja ele municipal, regional e mesmo nacional.


Há uma divisão hoje no PSDB em relação ao comportamento partido no Congresso, a pergunta é porque ontem o governador Alckmin fez uma crítica direto ao comportamento da bancada na Câmara em relação à votação de temas fiscais?

Ao contrário, vejo o PSDB talvez vivendo seu melhor momento nesses últimos 27 anos. O PSDB, na última eleição, despertou o sentimento de uma parcela da sociedade que estava adormecido. O PSDB é hoje o contraponto, a alternativa mais qualificada, mais preparada para que nós possamos encerrar esse ciclo perverso de governo do PT e iniciarmos outro ciclo virtuoso, onde a eficiência e a ética possam caminhar juntas.

É claro que no ocorrer das votações na Câmara dos Deputados temos divergências. Nós somos um partido que não tem dono. Somos um partido com opiniões múltiplas, mas somos um partido da responsabilidade para com o Brasil, tanto é que em matérias que nós consideramos essenciais ao país, não ao governo, o PSDB já sinalizou a disposição de discutir e votar favoravelmente, como a DRU, por exemplo.

É natural que no Congresso, e na Câmara em especial, o embate se dê forma mais acirrada, é ali no dia-a-dia que o confronto político se dá de forma mais dura. Acho que o próprio governador Alckmin, como eu, temos uma compreensão em relação sobre os posicionamentos da nossa bancada, mas hoje, eu repito, e as pesquisas mostram isso – eu inclusive tive oportunidade ontem apresentar uma pesquisa, feita pelo Instituto GPP de Campinas, sobre as perspectivas dos partidos políticos – o PSDB é o partido preferido para filiação de 14,5% dos brasileiros, enquanto o PT é o partido rejeitado para filiação, aquele que cerca de 66% dos brasileiros jamais se filiariam.

O PSDB, portanto, vive desde seus 27 anos de fundação, o momento a meu ver de maior vigor, obviamente com seus problemas, seus enfrentamentos que temos que fazer no dia-a-dia, mas a nossa marca mais expressiva é a da nossa unidade e é com ela que vamos enfrentar as eleições de 2016 e chegar às eleições de 2018.


A discussão do impeachment acabou? O Eduardo Cunha disse que só em 2016. Como o PSDB vai fazer agora?

O impeachment não pode ser a pauta e o projeto de qualquer partido político, e nunca foi para nós do PSDB. O que é o impeachment? O impeachment é uma previsão Constitucional, desde que a presidente da República cometa crimes, como atesta o Tribunal de Contas, no caso crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, portanto, crime de responsabilidade, ele é uma previsão. Se amanhã se comprovasse, por exemplo, que houve utilização de dinheiro da propina, como investiga o Tribunal Superior Eleitoral, na campanha da presidente da República, sanções também deverão vir. Não depende do PSDB, até porque não temos número para isso no Congresso Nacional, para aprovar o impeachment.

Obviamente, se ele for colocado em votação, o PSDB se colocará a favor da lei, a favor da decisão do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal de Contas da União.

O que eu percebo, nesse momento, é que o governo fez realmente um grande esforço, uma distribuição sem limites de cargos e funções públicas, no pior dos mecanismos e dos instrumentos para viabilizar-se no poder, eu tenho dito sempre que a grande prioridade da presidente da República é manter-se no cargo, nada além disso, mesmo que para isso tenha terceirizar a economia, abdicando das suas convicções. Mesmo que tenha que lotear de forma absolutamente irresponsável a máquina pública, como ocorre hoje, no quarto, quinto, sexto escalão de todos os ministérios, em troca de alguns votos no Congresso Nacional.

Pode ser que nesse primeiro momento, em razão até mesmo das denúncias em relação ao presidente Eduardo Cunha, ele tenha perdido parte da condição de conduzir esse processo. Mas, infelizmente, nada do que fez o governo superou, nos permitiu superar, o central, o essencial, que é a crise econômica na qual o governo do PT mergulhou o Brasil.

Nós vamos iniciar o ano de 2016 com a inflação já acima de 10%. Já está em 10% hoje. A inflação de alimentos já em média acima de 15%, com o desemprego também alcançando já os 10%. O desemprego para os jovens no primeiro semestre do ano que vem, para os jovens até 24 anos, chegará em determinadas regiões a 25%. Cerca de 60 milhões de brasileiros estão endividados, portanto com prestações atrasadas. Os juros estão na estratosfera. Portanto, essa tempestade perfeita está sendo armada para o ano que vem.

Obviamente, se a presidente da República não demonstrar condições de liderar um processo de saída da crise, de recuperação dos investimentos e da confiança dos brasileiros, obviamente o seu mandato ainda está sob risco.

O que nós temos que deixar claro: o impeachment é uma previsão constitucional. Se amanhã os pressupostos jurídicos forem atendidos e houver um ambiente político para isso, é uma possibilidade dentro do que a democracia hoje nos reserva.


O senhor acha que já existem esses pressupostos jurídicos para o impeachment.

Eu acho que sim. Mas não basta eu achar, é preciso que a maioria do Congresso Nacional ache. A decisão inédita do Tribunal de Contas, acontecida pela primeira vez desde o governo Getúlio Vargas, da rejeição das contas presidenciais é um atestado claro de que o governo federal, de forma deliberada, descumpriu a legislação, a Lei de Responsabilidade Fiscal, com objetivos meramente eleitorais.

Nós estamos vendo hoje um déficit que alcança R$ 115 bilhões. Isso é algo quase que criminoso. Qualquer país que preze as suas instituições e as suas leis, isso já seria motivo sim de afastamento da presidente da República, e isso aconteceu, o que é mais grave, e a Lei de Responsabilidade Fiscal agrava as sanções, para benefício eleitoral. Agora, é óbvio que é preciso que o Congresso Nacional tenha essa compreensão.

Por outro lado, abre-se agora, a partir dessa semana, uma ação investigativa em relação a várias denúncias que existem em relação á campanha da presidente da República. Essas denúncias serão investigadas, e o TSE poderá apontar também outros indícios de fraude.

Nós não temos pressa. O papel da oposição é garantir que as instituições funcionem, que elas não sejam blindadas pelo governo, que elas não sejam atacadas pelo governo, ou de alguma forma constrangidas pelo governo. E elas vêm funcionando, como funciona o Ministério Público, como funciona a Polícia Federal.

E temos também a preocupação de falar para o futuro. Eu estarei no próximo dia 08 de dezembro fazendo um pronunciamento no Congresso Nacional, mostrando de forma muito clara e didática o mal que esses 13 anos de PT fizeram ao país, sobretudo no campo social, e apresentando novos caminhos também para a superação da crise. Vamos ser críticos, mas vamos ser também propositivos.


Senador, e sobre o Eduardo Cunha, a situação dele? O senhor é a favor da saída dele?

Olha, já externamos de forma oficial e pública a nossa posição. Nós votaremos pelo afastamento do presidente Eduardo Cunha no Conselho de Ética e na Câmara dos Deputados. E pelo que aconteceu nesses últimos dias, e em especial hoje, a nossa sensação é de que ele perdeu as condições de conduzir a Câmara dos Deputados, porque uma instituição da importância do poder Legislativo não pode ser conduzida em função de interesses pessoais de quem quer que seja. O sentimento hoje coeso, unânime da bancada do PSDB, é de que ele perde as condições de governabilidade.

Por que que ele perderia as condições? As denúncias e as respostas muito pouco satisfatórias que ele deu, como já tive oportunidade de dizer quando o PSDB, de forma muito clara, na Câmara dos Deputados, afirmou que estaria votando pelo seu afastamento, tanto no Conselho de Ética quanto no Plenário.


Senador, o senhor acha que essas pequenas vitórias que a Dilma teve agora na votação do ajuste fiscal, ela ainda é capaz de recuperar a governabilidade ou não?

Olha, eu vejo essa leitura, mas ela não me convence. Basta você ver o resultado que a presidente teve a favor. O que existe, na verdade, é que em determinadas matérias há da nossa parte a responsabilidade para com o país. Nós somos oposição a esse governo, nós achamos que esse governo não tem mais condições de governar, de levar o Brasil à superação dessa crise que todos nós, que vocês vivenciam todos os dias. Esse é o nosso sentimento.

Na verdade, o que a presidente fez com a ocupação dos cargos públicos por aliados talvez tenha sido adiar um pouco o desfecho desse processo. Os resultados que ela teve mostram que ela sequer tem metade dos votos na Câmara dos Deputados. Continuo dizendo: a questão central é a economia. Enquanto a presidente não mostrar condições de sinalizar aos brasileiros de que as coisas vão melhorar, de voltar a gerar esperança, confiança nas pessoas, todo esse loteamento de cargos, todas essas barganhas que estão sendo feitas à luz do dia serão, a meu ver, absolutamente inócuas. Eu acho que a presidente inicia o ano de 2016 numa situação ainda pior do que iniciou o ano de 2015


A tragédia de Mariana está completando 15 dias. Que avaliação o senhor faz das respostas que foram dadas até aqui pelos governos federal e estadual e pela classe política em geral envolvida no processo?

Em primeiro lugar, é preciso que se constate a maior tragédia ambiental de toda a história de Minas Gerais e que deve realmente, minimamente, propiciar uma unificação nas ações, mais do que nos discursos. Nós estamos, por exemplo, do ponto de vista do Congresso Nacional, propondo medidas objetivas, como uma proposta do senador Anastasia, apoiada por todos nós, que faz com que as multas estabelecidas pelo Ibama não venham alimentar o fundo do Ibama, que ninguém sabe para onde vai e grande parte dele fica retido no governo federal. Esses recursos das multas podem ir diretamente para o atendimento a essas famílias, para a possibilidade do reinício da vida dessas famílias, seja do ponto de vista habitacional, de geração de novas rendas.

Tudo isso é muito importante. Mas, mais do que isso, eu tenho alertado desde 2007, quando nós iniciamos quase que uma cruzada pela aprovação do novo código, da necessidade de aprovar o marco regulador do setor mineral. De lá pra cá, não houve nenhuma ação do governo federal no sentido de priorizá-lo. E esse código poderia já ter permitido aos estados e municípios terem uma receita maior para enfrentar dificuldades como essa e, mais do que isso, regras e exigências mais claras para que as empresas tivessem tido alertas anteriores a esse.

Portanto, o adiamento da votação do código, do marco regulatório do setor mineral, na verdade, é um dos responsáveis pelos poucos investimentos das empresas em prevenção e, mais do que isso, também na pouca capacidade que os municípios, eles próprios, têm também de ajudar nessa prevenção e naquilo que é essencial a atividade mineradora, que é atividade matriz na nossa economia, que é possibilitar, após o encerramento do ciclo minerador, que é finito, que outras atividades econômicas possam se desenvolver naquelas localidades, com a qualificação da mão-de-obra para essas novas atividades, para que não fique ali apenas a erosão da mineração.

Tudo isso foi alertado. Nós fizemos aqui uma campanha em Minas envolvendo gente da sociedade, artistas, enfim, para chamar a atenção do governo federal para a necessidade de se aprovar esse código. Infelizmente, ele continua onde sempre esteve no governo do PT: parado.


A Samarco foi negligente?

Eu acho que ela tem uma gravíssima responsabilidade, tem que responder por essa responsabilidade. Ela é a primeira responsável e, obviamente, os órgãos de fiscalização também.


O senhor esteve com o prefeito de Mariana? E o que vocês conversaram, o que ficou acertado?

Eu estive com ele logo nos dias da tragédia em Mariana, pessoalmente, no dia que ele tinha sido internado. Convidamos para que ele estivesse em Brasília. Ele esteve lá essa semana, discutindo com o conjunto de parlamentares da Câmara e do Senado as medidas objetivas que propiciem a continuidade da vida econômica do município. Uma comissão no Senado foi criada e será presidida pelo ex-governador Antonio Anastasia, que estará indo amanhã a Mariana para, in loco, definir uma agenda dessas medidas.

O prefeito está muito preocupado com o dia de amanhã, com o futuro econômico do seu município, mas eu tenho absoluta convicção de que é possível, sim, que a Samarco seja a principal interessada em mais rapidamente possível, até pelas sanções graves e importantes que vem recebendo, se dedicar a reconstruir a vida daqueles cuja a vida ainda pode ser reconstruída.

Mas é preciso que a gente vá além disso. É preciso que os recursos do Ibama e é preciso que os recursos da área do Ministério das Minas e Energia, que estão sendo contingenciados ao longo de todos os últimos anos para fazer superávit, possam servir, a partir da fiscalização, para a prevenção de novos acidentes como esse que ocorreu em Mariana.


O PSDB e o PSB, do prefeito Marcio Lacerda, estão conversando para lançar um candidato único já no primeiro turno?

Nós temos uma aliança com o prefeito Marcio Lacerda de muito tempo, desde o início da caminhada do prefeito Marcio Lacerda na política, como meu secretário de Desenvolvimento, depois como candidato a prefeito, depois como candidato a reeleição. Eu acho que é uma aliança natural, uma aliança em favor de Belo Horizonte, de avanços na administração atual que alcançou êxitos importantes.

A política tem um tempo próprio. Nós não devemos antecipá-lo, mas também não podemos correr o risco de sermos engolidos por ele. Então, temos o entendimento, temos conversado que vamos deixar essas definições para o início do ano.

Mas o meu sentimento é de que nós devemos fazer uma grande aliança, não apenas com o prefeito Marcio, com outras forças políticas, com forças da sociedade de Belo Horizonte para nos contrapormos a esse modelo do petismo que tanta infelicidade trouxe ao Brasil e nós não queremos que chegue a Belo Horizonte.