Aécio Neves declara apoio ao diplomata Eduardo Saboia

O senador Aécio Neves elogiou, ontem (27/08), o diplomata brasileiro Eduardo Saboia por ter salvo o senador boliviano Roger Molina, detido por mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz, e que estava em risco de vida. O diplomata, no entanto, foi punido pela presidente Dilma Rousseff.

Fala do senador Aécio Neves

“Uma decisão extremamente equivocada, mostra o governo, brasileiro que tinha uma tradição secular de respeito aos direitos humanos, aos tratados internacionais, se curvando a um alinhamento ideológico. É algo a ser lamentado, a posição do governo brasileiro, que não esforçou, ao longo de 450 dias, para que houvesse o salvo-conduto ao senador, gerando obviamente uma decisão extremada do diplomada, que recebe absoluta e total solidariedade da oposição brasileira, em especial do PSDB.

 

Boletim

 

Sonora

Aécio Neves: governo federal foi omisso em caso de senador boliviano

O senador Aécio Neves defendeu, nesta terça-feira (28/08), a atuação do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, em razão da omissão do governo federal no episódio envolvendo o senador boliviano Roger Molina. O diplomata coordenou operação para retirar Molina da Bolívia e trazê-lo em segurança ao Brasil, após sua detenção durante 15 meses na Embaixada Brasileira em La Paz, em condições precárias.

“A questão central é o que o governo brasileiro nesses cerca de 450 dias não se empenhou para que houvesse por parte do governo boliviano aquilo que dele se esperava: o salvo-conduto. Em não havendo, o diplomata tomou a decisão correta, que foi de preservar a vida do senador, trazendo-o para o Brasil. E aqui ele deve receber o asilo formal e, obviamente, ter as garantias de vida dadas pelo governo do Brasil”, disse Aécio Neves em entrevista coletiva.

Na tarde desta terça-feira, o senador Aécio Neves divulgou nota oficial lamentando a punição determinada pela presidente Dilma Rousseff a Eduardo Saboia. No texto, Aécio manifestou o apoio do PSDB ao diplomata e lembrou a postura histórica do Itamaraty reconhecida pela defesa à liberdade e aos direitos humanos.

“Historicamente, a prática do Itamaraty sempre se pautou no respeito aos direitos humanos, na defesa intransigente da liberdade, na obediência estrita ao estado democrático de direito. O PSDB manifesta seu irrestrito apoio à defesa da dignidade humana, ao respeito a valores universais do estado democrático e ao direito irrevogável de ir e vir reservado aos cidadãos de bem”, observou Aécio Neves.

Na entrevista, Aécio Neves rebateu as críticas de que Saboia desobedeceu procedimentos do Ministério das Relações Exteriores ao realizar a viagem de carro por 1.600 quilômetros até a fronteira com o Brasil. O senador lembrou o episódio em que a senhora Aracy Guimarães Rosa e o embaixador Luiz Martins de Souza Dantas, na Alemanha nazista, descumpriram ordens superiores ao auxiliar judeus em risco de vida.

“O que foi feito pelo diplomata brasileiro sediado na Bolívia foi um gesto humanitário, que me faz lembrar gestos de outros diplomatas brasileiros que, no tempo de Hitler, contrariaram ordens superiores do próprio Itamaraty para que inúmeros refugiados do nazismo viessem para o Brasil. Hoje, são reconhecidos como heróis, até pelo governo do PT. Uma decisão extremamente equivocada mostra o governo brasileiro, que tinha uma tradição secular de respeito aos direitos humanos, se curvando a um alinhamento ideológico”, disse.

Aécio Neves – Entrevista sobre a crise no Itamaraty

O senador Aécio Neves conversou, hoje (27/08), com a imprensa, no Senado, em Brasília, sobre a crise no Itamaraty, o afastamento do diplomata Eduardo Saboia e a proposta de reforma política.

 

Leia a entrevista completa:

 


Sobre a atuação do governo brasileira no caso do senador boliviano Roger Molina

Mais uma decisão extremamente equivocada da diplomacia brasileira, que se curva ao alinhamento ideológico. O que foi feito pelo diplomata brasileiro sediado na Bolívia foi um gesto humanitário, que me faz lembrar gestos de outros diplomatas brasileiros no tempo de Hitler. Era o tempo do nazismo. A senhora Aracy Guimarães Rosa e o embaixador [Luiz Martins de] Souza Dantas, que, contrariando ordens superiores do próprio Itamaraty à época, permitiram que inúmeros refugiados do nazismo viessem para o Brasil e, portanto, não morressem, e são reconhecidos hoje como heróis, até pelo governo do PT. Uma decisão extremamente equivocada mostra o governo brasileiro, que tinha uma tradição secular de respeito aos direitos humanos, aos tratados internacionais, se curvando a um alinhamento ideológico. É algo a ser lamentado: a posição do governo brasileiro, que não se esforçou, ao longo de 450 dias, para que houvesse o salvo-conduto ao senador, gerando obviamente uma decisão extremada do diplomata, que recebe absoluta e total solidariedade da oposição brasileira, em especial do PSDB.\

 

Esse caso terminou com a saída do chanceler brasileiro, do ministro das Relações Exteriores

Mais uma decisão também inexplicável. Mas tirar ou não embaixadores ou ministros é uma responsabilidade da presidente da República. Não entro nessa questão. O que vejo é que esse caso, na verdade, vem na sequência de outros, como o retorno, a entrega dos boxeadores cubanos, que buscavam asilo no Brasil. A situação do Zelaya, de aproximação do governo do PT com o regime iraniano. Uma série de alinhamentos ideológicos que não fazem jus à história da diplomacia brasileira. Repito, o que fez o diplomata deve ser respeitado por nós como uma decisão humanitária e, portanto, mais uma decisão equivocada do governo brasileiro que se curva ao alinhamento ideológico.

 

Sobre a situação, agora, do senador Molina

Ele tem que ser respeitado aqui no Brasil e recebido como asilado político e ter todas suas garantias de vida respeitadas. É o que se espera de um país democrático como o Brasil e, sobretudo, que tem tradição de respeito aos direitos humanos. A questão central é o que o governo brasileiro nesses cerca de 450 dias não se empenhou para que houvesse por parte do governo boliviano aquilo que dele se esperava: o salvo-conduto. Em não havendo, o diplomata tomou a decisão correta, que foi de preservar a vida do senador, trazendo-o para o Brasil. E aqui ele deve receber o asilo formal e, obviamente, ter as garantias de vida dadas pelo governo do Brasil.

 

Como o sr. vê o fato de a presidente Dilma não ter sabido de nada desse episódio?

Foi um caso extremado. O lamentável é que não tenha havido por parte do governo brasileiro, da presidente da República, do próprio chanceler Patriota, o empenho necessário para que o asilo temporário dado na embaixada, no escritório da embaixada em La Paz, viesse acompanhado do salvo-conduto. Existia ali uma posição extrema. E foi em uma outra situação extrema, como essa a que me referi durante o regime nazista, que vidas foram salvas. Acredito que o diplomata ajudou a salvar a vida do senador boliviano.

 

O presidente Renan anunciou que na quinta-feira será realizada a primeira seção temática do Senado, com a presença da presidente do TSE, sobre reforma política. Vai adiantar essa sessão temática?

Há um esforço quase que secular dessa Casa para avançar nas questões relativas à Reforma Política. Em reforma política não é possível você construir consenso onde tantos interesses contraditórios estão em jogo, mas é possível construir maiorias. O PSDB definiu, pelo menos, cinco temas que considera que venham aprimorar o processo político brasileiro. O fim das coligações proporcionais, o voto distrital misto, o tempo de televisão vir a ser calculado apenas pelo partido que compõem a chapa e não por um a um partidos cooptados, sobretudo por governos, e o fim da reeleição com mandato de 5 anos. Essas são as questões, para nós centrais e, a maioria que pudermos construir em torno delas, acredito são boas para o país. Agora, é preciso reconhecer, quem tem maioria é a base do governo, não somos nós.