Aécio afirma que ilegalidades cometidas por Dilma castigaram milhões de brasileiros

O plenário do Senado começou a analisar nesta terça-feira o relatório da comissão especial do impeachment que recomenda que a presidente afastada Dilma Rousseff seja levada a julgamento final no processo que enfrenta no Congresso. Depois da discussão do parecer, o documento será colocado em votação. A expectativa é que a sessão dure aproximadamente 20 horas. Para tentar garantir a agilidade do processo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, subiu à tribuna e representou os tucanos. Em pronunciamento, Aécio defendeu o relatório aprovado pela Comissão Especial de Impeachment, de autoria do senador Antonio Anastasia, e lembrou que os crimes fiscais cometidos pelo governo Dilma na administração das contas públicas causaram a grave crise que atinge os brasileiros.

Sonora do senador Aécio Neves

“Estamos convencidos de que as ilegalidades cometidas pela Presidente da República – e que estão levando ao seu afastamento – trazem uma outra consequência muito mais perversa para o conjunto da sociedade brasileira. É preciso que se diga que essas mesmas ilegalidades, trouxeram a sua mais perversa face não para a classe política ou para a oposição, mas para milhões e milhões de brasileiros, porque foram essas mesmas ilegalidades que ensejam este processo que levaram o Brasil a ter hoje 12 milhões de desempregados.”

Aécio anunciou o voto da bancada do PSDB no Senado em favor do relatório. O presidente tucano destaca que a decisão do Senado é fundamental para pôr fim a esta crise vivida pelo Brasil.

Sonora do senador Aécio Neves

“Hoje é um dia decisivo para a vida brasileira, uma etapa que teremos que superar com a responsabilidade com que agimos até aqui e com compreensão em relação ao Brasil que queremos reconstruir. Estamos aqui para defender a Constituição, para dizer que nenhum brasileiro, e em especial o presidente da República, está acima da lei.”

Após os discursos, a acusação tem meia hora para apresentar argumentos, mesmo tempo concedido à defesa. Após pronunciamento das partes, haverá a fase de encaminhamento, última antes da votação. Só então o painel será aberto a voto. A base governista aposta em até 60 votos para tornar Dilma ré.

De Brasília, Shirley Loiola.

Boletim

Juventude em Alto Risco

Aécio Neves – Jornal Estado de Minas – 02/07/2016

Nas últimas semanas, episódios de violência chocaram o país, como os estupros coletivos no Rio de Janeiro e no Piauí, o assassinato de dois meninos e de um estudante por policiais em São Paulo e o acidente rodoviário que matou universitários no interior paulista, entre dezenas de outros casos. Em todos eles, as principais vítimas são jovens ou mesmo crianças. O país tem hoje mais de 50 milhões de pessoas na faixa dos 15 aos 29 anos, justamente aqueles onde a violência tem sido mais letal.

Em pleno século 21, a mortandade de jovens por causas violentas é um retrato cruel da incapacidade do país de enfrentar problemas históricos. Há um bom tempo, as estatísticas e pesquisas não deixam qualquer dúvida quanto ao grau de violência no cotidiano brasileiro. Somente no Rio de Janeiro, por exemplo, a cada duas horas uma mulher é estuprada – e as principais vítimas são menores de idade. Além de assustadores, os indicadores são moralmente inaceitáveis em uma sociedade democrática.

O Atlas da Violência divulgado em março deste ano, compilados pelo IPEA com dados de 2014, mostra que o Brasil se mantém o recordista mundial em número de homicídios – são quase 60 mil por ano, mais de 10% de todos os que ocorrem no planeta. Em sua grande maioria, jovens, negros, do sexo masculino e com baixa escolaridade.

Alguma coisa está muito errada quando se olha para estes números. Nas últimas décadas, o Brasil conquistou avanços na proteção à infância, na redução da mortalidade infantil e na inclusão escolar. Mas é necessário fazer mais e melhor. Na educação, por exemplo, fomos capazes de universalizar o ensino fundamental de 6 a 14 anos, mas a partir daí os jovens ficaram à deriva. A baixa adesão ao ensino médio e a péssima qualidade da educação brasileira, comprovada em todos os rankings internacionais de avaliação, são sinais de um enorme desafio a ser cumprido.

Muitas promessas foram feitas a essa juventude. Ensino público de qualidade, acesso ao mercado de trabalho, perspectiva de um futuro com mais mobilidade social. A realidade nua e crua é que os jovens são os mais vulneráveis à crise que abala a economia brasileira. Entre os milhares de novos desempregados no Brasil, 75% tem até 24 anos. Há também um enorme contingente de jovens que não se coloca no mercado por falta de qualificação. Com tudo isso, toda uma geração corre o risco de não se inserir socialmente, perpetuando um ciclo de pobreza e desigualdade.

O Brasil precisa de um salto efetivo em cidadania. A desaceleração econômica, provocada pelos erros contínuos dos governos petistas, coloca em risco avanços sociais duramente conquistados. Um quarto dos brasileiros ainda é hoje beneficiário do Bolsa Família, dado este que, a despeito de toda a propaganda acerca da redução da pobreza no país, revela a dimensão de miseráveis no país.

Proteger, qualificar e investir em seus milhões de jovens deveria ser uma prioridade de todos os que têm responsabilidade com os destinos do país. O nosso futuro, em grande parte, está nas mãos dessa juventude que hoje busca um lugar ao sol. Este é um bom tema para se refletir no momento em que os brasileiros começam a se preparar para as próximas eleições.

Momento histórico

Aécio Neves – Estado de Minas – 16/04/2016

Amanhã o Brasil tem um encontro marcado com a história.

Caso se confirme a esperada autorização da Câmara dos Deputados para a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em absoluto respeito aos trâmites constitucionais, os brasileiros poderão dar um passo importante rumo à necessária reconstrução do país.

Vivemos horas de tensão compreensível, mas também de saudável esperança. Afinal, podemos estar próximos do fim de um ciclo de poder nefasto para a vida brasileira. Depois de tantos erros, desvios e descalabro administrativo, a presidente da República e o seu governo não apresentam mais as mínimas condições de conduzir o país.

O seu legado é indefensável. Enquanto a economia desce ladeira abaixo, deixando em seu rastro empresas falidas, milhões de desempregados nas ruas, famílias endividadas e sonhos soterrados, a agenda oficial só tem espaço para manobras cujo objetivo é o já tradicional salve-se quem puder, a sobrevivência, a todo custo e a qualquer preço, no poder.

Com o país à deriva, desgovernado, adensa-se o desastre anunciado: a pior recessão da história. Mas não é o caso, apenas, de uma administração fracassada.

A presidente mentiu reiteradamente à nação e cometeu crimes de responsabilidade inaceitáveis. O tamanho da tragédia provocada pela deterioração avassaladora da credibilidade do Brasil diante do mundo ainda está para ser medido em toda a sua extensão. Os responsáveis por esse caos precisam assumir as consequências de suas decisões.

As razões jurídicas para o impeachment – instrumento legal e legítimo da democracia – já são mais que conhecidos e reconhecidos, embora o PT insista em tratar o tema apenas por um equivocado viés político, esvaziando, com isso, o conteúdo desse importante debate. Essa é a forma que o partido encontrou para tentar se transformar em vítima das instituições e do povo.

Ainda que desgastante, o impeachment poderá dar ao Brasil uma oportunidade de se salvar desse atoleiro de erros. Os fundamentos do desastre já estavam colocados desde a ascensão do ideário petista ao poder, mas o que a atual gestão conseguiu fazer, nos últimos anos, é algo sem similar na história da República. O país não suporta mais esse estado de coisas. Não aceita o desrespeito à Constituição. Basta, é preciso mudar. E com urgência.

Se o impeachment for aprovado, o PSDB não será o beneficiário do processo de encerramento do mandato da presidente. Mas acreditamos que poderão ser criadas novas bases de governança, capazes de começar a tirar o país da UTI, ao mesmo tempo em que caberá ao novo governo criar uma plataforma sólida de medidas estruturantes.

Há uma agenda mínima a ser trabalhada, envolvendo reformas importantes e sempre adiadas. O Estado precisa ser profissionalizado, a máquina pública tem de ser enxugada, os desperdícios têm que ser contidos e é preciso criar condições efetivas para que o país volte a crescer, com regras claras, em ambiente de confiança. Para tanto, a solidez fiscal precisa ser restabelecida.

O Brasil precisa respirar novos ares, novas esperanças. Por tudo isso, a maioria esmagadora dos brasileiros deseja que, amanhã, os parlamentares cumpram os seus compromissos com o país que é de todos, e não de poucos.

Precisamos salvar o Brasil. E a hora é agora.

Queda Livre

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 22/02/2016

O novo rebaixamento da nota de risco do Brasil, apenas seis meses depois de o país perder o selo de bom pagador, não surpreendeu ninguém.

Ainda que previsível, diante da deterioração crescente da economia e da incapacidade do governo de reagir, esse é um fato que jamais deveria ser banalizado. Mas são tantas as notícias ruins, que corremos o risco de nos acostumarmos com elas.

O rebaixamento afeta o dia a dia de todos os brasileiros, mesmo que, para muita gente, pareça algo incompreensível. É a vida cotidiana que se torna ainda mais dura. Significa juros mais altos para nossas empresas, redução de investimentos, produtos mais caros, inflação e mais inadimplência, além do desemprego crescente. É também um período de maior dificuldade para o governo brasileiro se financiar e mais impostos no futuro para pagar essa dívida e a necessidade de cortes maiores das despesas.

O Brasil precisou percorrer uma longa estrada, que se iniciou com FHC e o Plano Real, em 1994, para ganhar o selo de bom pagador. Em menos de uma década, o governo do PT, com suas políticas equivocadas, nos tirou essa conquista.

É preciso registrar que o total de desempregados no país cresceu 41,5% em um ano e já ultrapassou 9 milhões de brasileiros. A redução nas vendas mostra o consumo das famílias em queda acelerada em todos os segmentos. Com a inflação alta e o crédito apertado, os brasileiros diminuíram a compra de eletrodomésticos, automóveis, roupas, material de construção, alimentos. Na etapa seguinte, o que se corta são os serviços. Quem é pai ou mãe sabe o quanto dói mudar a escola do filho.

É o Brasil, sem disfarces ou truques de marketing, mostrando a sua cara.

O rebaixamento não é obra do acaso. A tormenta tem nome, sobrenome e RG. Não veio de fora, como um ataque alienígena, como sempre querem fazer crer para justificar o injustificável. Segundo Lisa Schineller, da agência S&P, “o rebaixamento foi resultado da política doméstica, de ações ou falta de ações domésticas”. É, portanto, obra de um governo, de um partido, de um conjunto de ideias rasas e equivocadas que estão destruindo um patrimônio de conquistas que é de todos nós.

De uma amostra de 30 países que perderam o grau de investimento desde 1980, poucos recuperaram suas posições. A vida entre as nações da segunda divisão vai cobrar um preço alto dos brasileiros. E não há saída fácil.

Será preciso liderança política, uma equipe competente e compromisso com uma ampla agenda de reformas para superarmos a atual crise, que já é a maior das últimas décadas. Infelizmente faltam a este governo convicção, capacidade e estatura moral para conduzir o país nesta direção.

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Made in Brasil

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 31/08/2015

Agora é oficial: com a queda de 1,9% do PIB no trimestre, o país entra de vez em grave recessão. Carimbada e assinada pelo PT.

A notícia é catastrófica e triste. Assusta pelo tamanho e profundidade, e entristece pelos danos causados à sociedade e pela ineficácia das propostas apresentadas pelo governo para superá-la.

Nunca em nossa história republicana ostentamos tantos índices ruins. O tamanho do rombo na economia é proporcional ao desgoverno em ação. Com rara originalidade e exemplar mediocridade, o primeiro governo da presidente Dilma fez um estrago considerável nas contas públicas. Agora não adianta chorar o leite derramado, alegar desconhecimento prévio das dificuldades e impor ao país uma cota de sacrifícios que está levando a nossa economia à bancarrota.

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