Aécio Neves – Entrevista sobre a nomeação do ex-presidente Lula

Brasília

Em primeiro lugar, uma palavra em relação à chegada do presidente Lula ao Ministério da presidente Dilma, se é que, daqui por diante, ela poderá ainda ser chamada de presidente. Quero aqui falar de três aspectos que considero dessa nomeação absolutamente equivocada. O primeiro, do ponto de vista da própria presidente, que, na verdade, abdica agora de forma definitiva dos poucos poderes e iniciativas que lhe restavam. Mesmo com as sucessivas denúncias de irregularidades na campanha, a presidente havia tido a maioria dos votos. Ela abdica, portanto, desse mandato em favor do presidente Lula. O segundo aspecto diz respeito à economia. Temo que isso possa ser a última sinalização, e mais perigosa, de um retorno ao populismo, de um retorno àquela velha matriz econômica que nos trouxe a esse calvário de hoje.

Portanto, o retorno ao populismo pode ser uma das marcas dessa nova fase do governo com o presidente Lula na Casa Civil. E nada pior do que isso para que possamos iniciar o processo de retomada do crescimento a partir de novos investimentos que serão afugentados a partir das primeiras iniciativas e discursos que estamos assistindo. E o outro equívoco é o da política, porque ficará absolutamente claro, de forma definitiva, que a razão da posse do presidente Lula no Ministério tem um sentido que supera todos os outros: é obstacular, é impedir o bom andamento das investigações, seja da Operação Lava Jato ou daquelas conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo. Essa marca é indelével, é definitiva. Portanto, o que constato ao final é de que não temos mais um governo e nada, absolutamente nada freará o ímpeto da sociedade brasileira e a ação do PSDB, como de outros partidos políticos, para que o impeachment seja votado o mais rapidamente possível, porque, com a presidente Dilma, mesmo como uma figura folclórica ou figurativa no comando da Nação, não há possibilidade de readquirirmos aquilo que é essencial para o Brasil voltar a crescer e gerar empregos, que é confiança e credibilidade, e isso ela já não tem mais.

A oposição vai tentar tomar alguma medida para impedir a posse do presidente Lula?

Algumas ações já foram impetradas por vários partidos de oposição, mas eu quero dizer que, além dessas ações, o que nós temos que fazer é acelerar o rito do impeachment, acelerar os prazos dentro daquilo que o regimento nos permite. Temos que dar uma satisfação ao sentimento amplamente majoritária da sociedade brasileira, e há uma constatação que é generalizada, e não é porque a oposição quer isso, é porque a presidente da República perdeu, aos olhos dos cidadãos brasileiros, aos olhos do mercado, daqueles que investem, aos olhos, portanto, do conjunto da sociedade, nas suas mais variadas manifestações, a capacidade de nos guiar para fora dessa crise. É claro que você tem a questão do TSE que deve continuar a ser investigada, mas os nossos esforços políticos, nesse momento, estão concentrados na aceleração, no avanço, da discussão e da aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados.

A presidente deixou uma brecha de poder usar as reservas para a questão da dívida, não necessariamente para investimento. O senhor acha que seria uma irresponsabilidade de gestão?

Na verdade, é um gesto extremo, de consequências extremamente perigosas para o país. Hoje tive a oportunidade de conversar com alguns economistas, entre eles o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. As expectativas de mercado com esse anúncio, com essa possibilidade de utilização de parte das reservas é a pior possível. Portanto, é preciso que estejamos absolutamente atentos à tentação, que pode significar a chegada de Lula ao ministério, de voltarmos a atitudes do ponto de vista macroeconômico de condução da economia absolutamente irresponsáveis, como, a nosso ver, seria a utilização de parte das reservas, seja para pagamento da dívida ou mesmo para investimentos. O que vai permitir o retorno dos investimentos no Brasil é confiança, credibilidade, são regras estáveis, é um governo enxuto, organizado, que acredite naquilo que prega, que produza resultados, e não um governo que tem como único objetivo hoje a sua sustentação por mais algumas semanas, por mais alguns dias.

Em relação à revista Época, aos documentos hoje trazidos. O que o senhor tem a dizer?

Eu vou até, inclusive, falar no plenário sobre isso. É incrível que um assunto que já era de conhecimento público, que habitava os blogs sujos do petismo, financiados sempre com dinheiro público, ao longo de mais de um ano, seja tratado agora com ares de escândalo. O que é grave nesse momento é que assuntos privados que nenhuma relação tem com a minha atividade política sejam trazidos de forma irresponsável à baila. Eu quero aqui mostrar a minha absoluta indignação.

O que foi feito pela minha mãe, e é triste eu ter que defendê-la, trazê-la neste momento, mas eu faço isso por dever de responsabilidade para com tantos brasileiros que confiam em nós, foi algo que ela fez ao lado do seu marido, um banqueiro e empresário muito conhecido no Brasil, quando ela iniciou a constituição de uma fundação, fundação legalmente constituída. A partir da doença do marido e da sua morte, em 2008, este processo foi extinto. Essa fundação, para vocês terem ideia, movimentou em seis anos uma média de recursos de US$ 5 mil apenas para sua manutenção, não houve nenhum depósito além disso. E ela foi interrompida com a morte do marido dela. Ela a partir deste momento ela declara em seu Imposto de Renda esses recursos que ali foram investidos em razão de uma investigação que houve não a ela obviamente, mas a quem orientou a formação dessa fundação, que quando fez isso sobre a ele não recaía nenhuma denúncia.

A partir do momento em que há essa investigação ela é chamada a se manifestar. Se manifestou à época, se não me engano no ano de 2009, ou até mesmo antes disso, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu o arquivamento desta ação porque não houve dolo, não houve nenhum ato ilícito e a Justiça Federal do Rio de Janeiro arquivou a pedido do Ministério Público esta ação. Depois disso, como jogo político bruto, um deputado do PT entrou com uma ação na PGR pedindo o desarquivamento desta ação. O que fez depois de analisar esta questão a PGR? Arquivou novamente. Isso não tem a menor vinculação com a minha atividade política. É preciso que as pessoas respeitem os atos e a privacidade daqueles que mesmo parentes nossos não têm conexão com a nossa atividade. Não há ilicitude. Não há ilegalidade. Não há irregularidade.

E quero aqui responder a isso com indignação de um homem de bem que tem 30 anos de vida pública irretocável e que vem sendo alvo ao longo de toda essa operação Lava Jato até antes disso, durante a campanha eleitoral. Os ataques mais torpes, os ataques mais vis, seja a mim, seja a minha família. Responderei a todos com indignação, mas com a serenidade daqueles que não têm o que temer.

Portanto, esta questão ela é pública há muito e muito tempo, portanto não há nenhuma ilegalidade – quem diz isso é a procuradoria-geral, quem diz isso é a Justiça Federal, quem diz isso é o Ministério Púbico Federal – e eu estarei respondendo, uma a uma, todas as acusações que já me fizeram, como fiz no passado, e que fazem agora. Não tenho o que temer. Isso não vai diminuir a minha determinação, em momento algum, de continuar combatendo esse governo que se apropriou do nosso Estado Nacional, que acabou com as nossas empresas públicas, que destruiu a nossa economia e que agora quer destruir reputações. Comigo não. Não me meçam pela régua desse governo e de muitos dos seus membros.

A favor do Brasil

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 29/02/2016

Temos um embate muito claro no Brasil de hoje. De um lado, ideias ultrapassadas que insistem em um modelo que privilegia o Estado centralizador, demoniza o capital privado, subestima os fundamentos econômicos e dispõe da máquina pública para servir a um projeto de poder. O resultado é o país imerso em escândalos e com a economia em frangalhos.
De outro lado – e estamos falando da grande maioria dos brasileiros – estão os que acreditam na urgência de se promover mudanças capazes de resgatar o país e recolocá-lo em uma rota de crescimento e credibilidade.
Ciente de suas responsabilidades neste momento delicado, a oposição tem dado provas concretas de que fará o que for possível em favor do Brasil.
Duas vertentes têm nos mobilizado: a primeira passa por manter o apoio claro e decidido à operação Lava Jato, assim como às investigações que se dão no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral e por fortalecer a crítica aos descaminhos desse governo.
A segunda é o esforço para, mesmo sendo minoritários nas duas Casas do Congresso Nacional, garantir a aprovação de iniciativas que possam sinalizar o início de um novo momento no país. Alguns projetos em tramitação ilustram bem este movimento. A mudança na lei do petróleo, proposta pelo senador José Serra, é um bom exemplo. A iniciativa é tão significativa que a Firjan já calcula que a nova regra, ao destravar os processos licitatórios e estimular a cadeia de fornecedores da indústria, pode trazer US$ 420 bilhões em investimentos até 2030.
Também é urgente enfrentar o loteamento político no Estado e a ineficiência dos serviços públicos, que tanto prejudicam os brasileiros
O projeto de lei 555, de autoria do senador Tasso Jereissati, estabelece normas de governança corporativa para as empresas públicas e torna a gestão mais transparente. Já o projeto do senador Paulo Bauer combate o aparelhamento político dos fundos de pensão das estatais, que, sob o comando de sindicalistas ligados ao PT, estão hoje com um rombo bilionário, ameaçando o futuro dos beneficiários. Outra proposta pronta para ser votada é a que apresentei e que limita o número e garante critérios de meritocracia para o preenchimento dos cargos comissionados, hoje em grande parte ocupados pelos “companheiros”.
Essas iniciativas, dentre outras, não vão por si só nos tirar do abismo econômico em que as administrações petistas nos lançaram, mas servem de alento em um país que se especializou em medidas equivocadas.
A verdade é que o Brasil não aceita mais este padrão de governo, incompetente na administração, conivente com a corrupção, incapaz de prover os cidadãos de serviços mínimos de qualidade em qualquer área.

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Presidente Dilma repete velhas promessas não cumpridas em mensagem ao Congresso, critica Aécio

O senador Aécio Neves afirmou, nesta terça-feira (2), que a presidente Dilma Rousseff repetiu velhas promessas não cumpridas no discurso feito esta tarde, na reabertura do ano legislativo no Congresso. Para o senador, a presidente não apresentou propostas consistentes para ajudar o Brasil a superar a grave recessão econômica causada pelos erros cometidos pelo governo e pelo PT nos últimos anos.

“Ela repete as mesmas propostas constantes das outras mensagens enviadas ao Congresso Nacional e que jamais foram cumpridas. Um ano atrás a presidente dizia da necessidade que o governo teria de controlar a inflação ou controlar as contas públicas. O Brasil foi rebaixado por duas agências internacionais e a inflação continua sem controle. Lamentavelmente, o que nós assistimos aqui foi mais do mesmo, repetição de promessas vazias de uma presidente da República que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou”, afirmou Aécio, presidente nacional do PSDB.


Não à CPMF

Aécio Neves também criticou a presidente Dilma Rousseff por propor na mensagem ao Congresso a volta da cobrança da CPMF. Na avaliação do senador, a presidente quer que a sociedade brasileira pague o rombo nas contas públicas provocado pela irresponsabilidade fiscal do governo. Ele ressaltou que o PSDB lutará para que a população não seja penalizada com a recriação do imposto.

“O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária, e não vejo nela condições de pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira. A presidente foi incapaz de fazer mínima mea culpa que fosse, mostrando ao país de forma de clara que reconhece os erros que cometeu ao longo do seu primeiro mandato. A oposição, e o PSDB em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país”, ressaltou Aécio.


Vaias no plenário

O senador avaliou que a ausência de propostas concretas e a repetição de promessas foram os motivos das vaias contra a presidente na reabertura do Congresso.

“Parecia que a presidente estava assumindo hoje, e não que o seu partido estivesse há 13 anos no poder sem encaminhar nenhuma das reformas que hoje ela se propõe a fazer. A presidente veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E ela, aqui, pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária”, criticou.

O senador disse ainda que a falta de credibilidade da presidente Dilma fará com que 2016 seja mais um ano difícil para os brasileiros.

“Confiança e credibilidade, quando se perde, é muito difícil de se reconquistar. E a presidente da República, a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, jogou fora todo crédito que tinha para poder liderar o processo de recuperação do país”, afirmou.


Zika vírus

Durante a entrevista, o senador Aécio Neves voltou a criticar o uso de cargos no Ministério da Saúde feito pela presidente Dilma para atender a partidos políticos. Ele disse que ao fazer uso político de uma área de fundamental importância para a população, a presidente perdeu a autoridade até mesmo para liderar uma campanha de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus.

Aécio destacou que ceder cargos importantes em troca de apoio no Congresso, a presidente mostrou sua falta de compromissos com saúde dos brasileiros.

“Que autoridade tem a presidente da República para liderar esse processo de combate ao zika vírus, tendo ela distribuído os principais cargos e próprio Ministério da Saúde a aliados seus? Única e exclusivamente para ter alguns votos, para se manter no poder”, lamentou Aécio Neves.

Nota do senador Aécio Neves

A presidente Dilma reuniu hoje o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) para tratar de uma suposta pauta positiva para o país. Infelizmente, a presidente com essas ações levanta dúvidas ainda maiores sobre o real compromisso do governo no encaminhamento de reformas para a superação da crise.

Mais uma vez, o governo sinaliza com o aumento de crédito subsidiado em mais de R$ 80 bilhões; a mesma politica que foi adotada desde 2009 e que não levou ao aumento do investimento. A presidente parece esquecer que, sem confiança e credibilidade mesmo que houvesse queda dos juros, os empresários não irão investir sem que o governo aprove medidas estruturais de controle do gasto. Além disso, com o nível de endividamento das famílias hoje em 46% da renda e com o risco de perder emprego, os consumidores não entrarão em uma aventura de aumentar a sua dívida.

Causa surpresa que, apesar do elevado desequilíbrio fiscal, o governo ainda insista em falar em banda fiscal. O que é preciso é o compromisso claro do governo Dilma com alguma meta de primário, qualquer que seja essa meta, e o encaminhamento ao Congresso Nacional de um conjunto de reformas estruturais que sinalizem para o menor crescimento do gasto público.

Mas o governo, mesmo depois de 13 anos no poder, não tem ainda convicção do que fazer. Qual a proposta do governo de reforma tributária? Qual a proposta do governo de reforma da previdência? Qual a proposta do governo para retomar os investimentos no setor de petróleo? Simplesmente não sabemos.

É inútil reunir 92 pessoas quando todos nós sabemos que hoje o maior empecilho para se estabelecer o consenso mínimo para reformas estruturais é a posição do Partido dos Trabalhadores que tem se mostrado contrário ao ajuste fiscal e demanda a volta da desastrosa política econômica denominada “Nova Matriz Econômica”.

Infelizmente, o governo parece ainda não ter a exata dimensão da gravidade da situação econômica do Brasil. A melhor forma de o governo combater a crise econômica, moral e de credibilidade é reconhecendo os seus erros, sendo mais transparente nas suas propostas e, com o apoio da sua base, encaminhar ao Congresso Nacional um conjunto de reformas estruturais. Medidas pontuais de expansão do crédito de bancos públicos aumentam o custo financeiro da dívida, o subsídio, e dificultam o ajuste fiscal.

Infelizmente, ao invés de mostrar concretamente suas propostas de reformas, o governo federal mais uma vez faz uso de manobras midiáticas para tentar artificialmente criar uma agenda positiva. No final, essas medidas de marketing apenas agravarão a crise de credibilidade deste governo e dificultarão ainda mais o ajuste macroeconômico a ser feito.

Infelizmente, o governo está perdido em meio a crises de naturezas diversas que vêm empobrecendo os brasileiros e tirando deles a esperança de um futuro melhor. E mais uma vez faltou a coragem necessária para fazer o que precisa ser feito.

A verdade é que sem o resgate da confiança, com a apresentação de uma agenda clara de reformas, não haverá o retorno dos investimentos e, sem eles, não superaremos nossas enormes dificuldades. E esse Governo, ao que parece, infelizmente, já não tem mais condições de nos tirar do atoleiro em que ele próprio nos jogou.

Aécio Neves – Presidente Nacional do PSDB

Reconquistar a confiança no Brasil

Aécio Neves – Valor Econômico – 18/12/2015

As múltiplas crises que atingem o Brasil ­ no plano fiscal e econômico, no campo moral e político ­ se alimentam mutuamente e caminham a passos largos para um agravamento ainda maior, dada a ausência de rumo do governo Dilma Rousseff. É zero a confiança que a gestão do PT inspira hoje tanto nos investidores quanto em quem trabalha e produz. Ou, pelo menos, naqueles que ainda restam depois de o país ser novamente rebaixado.

Vivemos um retrocesso de no mínimo uns 20 anos. Experimentamos sensações que pareciam ter ficado no passado, mas ora ressurgem. Corremos céleres para uma nova década perdida.

É importante entender que as causas por trás da combinação perversa de crescimento negativo, inflação de dois dígitos, desemprego caminhando para ultrapassar 10% já no início de 2016, crescente desequilíbrio fiscal e perda de confiança da população e dos investidores no governo são domésticas, e não externas.

É verdade que o menor crescimento mundial, em especial da China, derrubou os preços de commodities a partir de 2011. Mas nossos vizinhos exportadores de matérias-primas, ao contrário de nós, continuaram e continuam crescendo.

No Brasil, uma sucessão de decisões erradas e políticas de governo ruinosas adotadas desde 2009 geraram o cenário atual, que não é outro senão o de um desastre de grandes proporções, que ora se transforma em aguda crise social. O fracasso poderia ter sido pelo menos atenuado se houvesse nos últimos anos algum compromisso do governo petista que não fosse apenas com seus interesses próprios. Nunca houve.

Neste e no próximo ano duas quedas sucessivas importantes acontecerão: do PIB e da renda per capita, esta acumulando baixa de 9% entre 2014 e 2016. São os brasileiros empobrecendo, é o país andando para trás.

Um exemplo da irresponsabilidade com que o governo vem conduzindo o país ­ e tudo indica que a vontade da presidente da República é perseverar nos erros ­ foi a expansão da dívida pública a partir de 2009. O que deveria ter sido um instrumento temporário de combate à restrição do crédito decorrente da crise mundial naquele ano acabou se transformando em política permanente de concessão de subsídios, aumentando o endividamento bruto em mais de R$ 500 bilhões. Quem ganhou com isso?

Em momento posterior, essa expansão da dívida pública e das subvenções dadas levou às pedaladas fiscais, quando o Tesouro Nacional atrasou de forma planejada o ressarcimento dos subsídios concedidos pelos bancos públicos. O problema das pedaladas não foi o Minha Casa Minha Vida ou outros programas sociais, mas sim os empréstimos para empresas amigas e o atraso em pagamentos de subsídios de mais de R$ 50 bilhões.

Ao invés de promover reformas estruturais fundamentais para o país (tributária, trabalhista e previdenciária) e definir marcos regulatórios adequados para atrair investimento privado em infraestrutura, o governo do PT percorreu o caminho contrário: agigantou o Estado, interviu onde não deveria e aprofundou distorções.

Junto a isso, uma política pretensamente nacionalista voltada a aumentar o investimento nos setores de petróleo, gás e energia transformou-­se num desastroso controle de preços que levou ao crescente desequilíbrio financeiro das duas principais estatais brasileiras, a Petrobras e a Eletrobras. A conta está sendo paga agora pela população.

A redução forçada das tarifas de energia ­ em torno de 20% ­ em 2013 resultou em aumentos de mais de 76% nos últimos dois anos, na queda de investimentos e na paralisia do setor, que precisará ainda de novos aumentos de tarifas para restaurar o equilíbrio dos contratos. Ao mesmo tempo, nossa matriz energética tornou-­se mais suja, na contramão da sustentabilidade.

Com o controle artificial dos preços dos combustíveis, a Petrobras foi afetada não apenas no seu fluxo de caixa e no aumento exponencial de seu endividamento, mas também pela sua utilização como instrumento de desvios de recursos públicos para financiar, segundo o STF, uma organização criminosa. Uma empresa de excelência com mais de 60 anos de história foi desestruturada, está hoje imersa em graves problemas administrativos e financeiros, obrigada a cortar investimentos e a vender ativos na bacia das almas.

Como se não bastasse, a estratégia de equívocos foi ainda agravada pela política ideológica que nos isolou do comércio mundial e atrasou ainda mais nosso parque produtivo, hoje reduzido a uma sombra do passado. A cada ano, despencamos nos rankings mundiais de competitividade.

Às consequências de todos esses erros somou­-se a constatação de que os brasileiros foram deliberadamente enganados durante as eleições do ano passado: a bonança apresentada e prometida pela presidente-­candidata em sua campanha não existia. Com isso, o segundo governo Dilma começou com enorme déficit de credibilidade, o que contribuiu para inviabilizar a agenda de reformas estruturais, muitas vezes adiada, mas necessária para nos tirar da crise.

Ao contrário do que costuma apregoar o governo, o problema do país não é a oposição. O governo Dilma simplesmente não sabe aonde ir e não mobiliza mais sequer sua base política em torno de suas propostas. Como liderar assim um país como o Brasil?

Mesmo se contasse hoje com apoio suficiente no Congresso para fazer os ajustes necessários, como já teve, falta ao governo e ao PT a convicção sobre o quê fazer. Falta-lhes clareza até sobre quais metas almejam com suas políticas públicas. Sua única certeza é tentar dar continuidade a seu projeto de poder, custe o que custar, doa a quem doer.

Vive o país hoje sem parâmetros fiscais, sem perspectiva de retomada de crescimento, sem horizonte para investimentos. O que deveria ser um ajuste fiscal se revelou mero corte de investimentos públicos (redução de 40% reais) e arrocho sobre os trabalhadores. Terminaremos o ano com um déficit primário de 1% do PIB ou de 2% do PIB com o pagamento das pedaladas fiscais. Em qualquer hipótese, o pior resultado já registrado. Ou seja, o buraco fiscal aumentou ao invés de diminuir. Agora, em plena recessão, a saída encontrada pelo PT é aumentar ainda mais os impostos. Assim não dá.

À paralisia e dificuldade em apontar rumos soma-­se o cruel aparelhamento da máquina pública feito por um governo que parece acreditar que partido, governo e Estado são as mesmas coisas. Não são.

A verdade é que depois de 13 anos no poder o PT não tem respostas para os principais desafios do país, como educação e saúde com qualidade, oportunidades de trabalho, a simplificação tributária para quem empreende ou a reforma da previdência, entre outros tantos. Não sabe como lidar de maneira equilibrada com o orçamento público, não consegue levar adiante os projetos estruturantes necessários.

O atual governo perdeu a confiança da população, das forças produtivas e as condições básicas para formular e liderar uma ampla coalizão política pró­ reformas, capaz de promover a retomada do nosso crescimento econômico. E essa é a base para a construção de soluções capazes de nos tirar do abismo em que fomos colocados: confiança.

O país só retomará o rumo da prosperidade, do desenvolvimento e da verdadeira superação das desigualdades sociais quando voltar a dispor de um novo governo com credibilidade e que inspire confiança em quem trabalha, em quem produz, em quem investe.

Esse caminho precisa ser construído com responsabilidade, dentro dos limites da Constituição, respeitadas as nossas instituições. É pelo que o PSDB vem lutando no Congresso, nas ruas e onde governa. Para o bem do Brasil e dos brasileiros.

Aécio Neves afirma que alta da inflação demonstra incapacidade do PT de governar o país

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, de Minas Gerais, afirmou nesta quarta-feira que a alta da inflação em novembro demonstra que a presidente Dilma Rousseff não governa mais o país. O tucano ressaltou o governo do PT trouxe prejuízo à economia do Brasil, o que tem gerado grave crise social. Os dados do IBGE mostram que, em 12 meses, a inflação acumulada está em 10,48%, bem acima do teto da meta fixada pelo Banco Central, de 6,5% ao ano. Foi o pior resultado desde novembro de 2003.

Sonora do senador Aécio Neves
“O que nós percebemos é que não há mais governo. Não há mais liderança do governo na casa. E a grande questão que fica para a sociedade é: até quando? Será que ela terá condições de se manter no cargo por mais três anos dessa forma, nesse desgoverno que virou o Brasil? A economia se esfacelando. Hoje o IPCA demonstra a inflação já acima de 10%. É algo impensável. Com 60 milhões de brasileiros endividados, com mais de um milhão e meio de brasileiros que perderam o emprego apenas da eleição até aqui. Essa é a equação, esse é o conjunto da macabra obra de governo do PT”.

Sobre a abertura do processo de impeachment, Aécio Neves afirmou que é uma previsão constitucional e defendeu que a presidente Dilma responda pelo crime de responsabilidade fiscal, apontado pelo Tribunal de Contas da União. De Brasília, Shirley Loiola.

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