Aécio Neves – Entrevista sobre a Petrobras e a CPMI

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (04/02), em Brasília. Aécio comentou a saída de Graça Foster, ressaltando que o seu desligamento tardio da diretoria da estatal trouxe diversos prejuízos para a Petrobras. O senador afirmou, também, que a coleta de assinaturas para a instalação de uma nova CPMI da Petrobras já começou.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre demissão Graça Foster. 
Ao longo desse último ano, a presidente Dilma teve todos os motivos para demitir a diretoria da Petrobras. Seja pela má governança, seja pela corrupção sem limite que tomou conta da companhia. Agora escolheu o único momento em que a presidente Graça Foster falou a verdade. No momento em que ela registra um prejuízo de ativos da Petrobras de mais de R$ 80 bilhões em razão da corrupção. No momento em que, no balanço, a Petrobras assume o prejuízo de obras das refinarias do Ceará e do Maranhão, que não deveriam ter sido iniciadas sequer se os pareceres técnicos valessem alguma coisa no governo do PT. Exatamente no momento em que ela diz a verdade, ela cai. Mas ela não cai porque foi demitida, ela cai porque ficou insustentável a sua permanência.

 

Quais foram os prejuízos dessa saída tardia dela?
Os prejuízos são enormes para a Petrobras. A maior empresa brasileira, a maior petroleira da América Latina é conhecida no mundo como a empresa da corrupção. E a questão vai além dos prejuízos financeiros. A governança da Petrobras inexistiu ao longo desses últimos anos. Obras absolutamente inexequíveis do ponto de vista econômico e financeiro foram realizadas. E o que eu quero afirmar é que nós estaremos instalando uma nova CPMI, e todas as irresponsabilidades e todas as irregularidades que foram cometidas continuarão a ser apuradas. A presidente Graça Foster buscou blindar a presidente da República ao longo de todo esse último ano, mas isso não foi suficiente. Nós vamos investigar quem foram os responsáveis pelos desatinos que comandaram as decisões da Petrobras ao longo desses últimos anos de governo do PT.

 

Uma nova diretoria pode mudar isso?
Certamente, será melhor do que a atual. Mas isso não apaga as irresponsabilidades, os crimes que foram cometidos contra o erário. Eu já dizia isso na campanha eleitoral. A Petrobras, na verdade, se transformou em um grande caixa para financiar um projeto de poder. Como diz a Polícia Federal, uma organização criminosa se instalou no seio da nossa maior empresa para sustentar um projeto de poder. Os responsáveis por isso têm que ser punidos exemplarmente, e é isso que a oposição estará fazendo no Congresso Nacional: exigindo a punição e a responsabilização daqueles que lesaram o patrimônio público.

 

A coleta das assinaturas da CPMI já começou?

Já começou. Na Câmara, já alcançamos, já foi protocolado o requerimento. Estamos colhendo hoje do Senado para buscar uma instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

 

O PSDB vai ficar fora da mesa, senador?

Nós vamos discutir isso aqui agora.

Aécio Neves – Entrevista sobre a eleição no Senado

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, em entrevista coletiva, neste domingo (01/02), em Brasília, falou sobre as eleições no Senado. Segundo ele, foi uma grande vitória da oposição, analisando do ponto de vista quantitativo. “Tivemos uma votação que jamais tivemos anteriormente”, declarou Aécio.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre eleições no Senado.

Do ponto de vista das oposições, foi a nossa maior vitória. Do ponto de vista quantitativo, tivemos uma votação que jamais tivemos anteriormente. O senador Renan se reelege. Claro que ele deve agradecer a todos que votaram nele, mas o que eu posso afirmar, pelo menos é essa a constatação que fazíamos agora ao final da votação, é que o PSDB votou fechado contra a candidatura do senador Renan, a favor da candidatura do Luiz Henrique, e me parece que o PT votou fechado com o Renan Calheiros. Por isso, essa diferença. Acho que o senador Renan deve uma palavra especial de agradecimento à bancada do PT que, mais do que à do PMDB, seu próprio partido, garantiu a sua vitória. O que eu espero é que o senador Renan seja neste seu mandato mais presidente de um Poder e menos aliado do Poder Executivo. O Congresso Nacional não pode continuar sendo um puxadinho do Palácio do Planalto, a fazer aqui as suas vontades, como fez de forma melancólica no final do ano passado ao anistiar a presidente da República de um crime de responsabilidade que ela havia cometido e tendo como preço a pagar a flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal, o maior dos avanços que tivemos nas últimas décadas nessa Casa. Mas, o governo federal pode esperar uma oposição articulada, uma oposição revigorada pelos votos que teve nessas eleições, e conectada com a sociedade, algo que não vemos na base do governo.

 

Dada a crise que paira no Congresso.

Estamos vendo uma base do governo constrangida, até pelas ações do governo que contrariam radicalmente o discurso da candidata à Presidência da República. Vejo setores da base envergonhados com o que acontece hoje. E, cada vez mais, a cada medida que o governo toma, mais claro vai ficando que, na campanha eleitoral, falamos a verdade, apontamos as dificuldades pelas quais passava o Brasil. E a irresponsabilidade do governo federal ao adiar a tomada de determinadas medidas única e exclusivamente para ter benefícios eleitorais faz com que hoje essas medidas custem muito mais caro à sociedade brasileira e, principalmente, aos mais pobres. Está aí a confusão no setor elétrico, a irresponsabilidade e o populismo do governo, que levou à maior crise do setor da nossa história. Está aí um ajuste fiscal pelo viés do aumento de tributos, por um lado, e da supressão de direitos trabalhistas por outro, que não era a receita do PSDB. A senhora presidente da República e o governo podem esperar uma oposição extremamente combativa, e refletindo aqui, expressando o sentimento de indignação que é, hoje, de grande parte da sociedade brasileira, acredito até que de sua maioria, porque setores que votaram na presidente da República devem estar hoje frustrados com a verdade que aparece, que não era aquela pregada pela presidente.

 

Senador, não são poucos votos, são 30 votos. Então, é uma demonstração de que a oposição não é tão minoria quanto antigamente.

Acho que, mais do que os votos, o que existe hoje, e é algo novo em relação às últimas eleições. Existe uma oposição conectada com a sociedade. A sociedade despertou nessas eleições. Os brasileiros estão cobrando da oposição vigor no combate a esse governo. Vamos cumprir aquilo que a Constituição determina aqui no Congresso Nacional: fiscalizar o governo, cobrar atitudes do governo, denunciar as irresponsabilidades do governo, e vamos começar já essa semana a colher as assinaturas para a criação de uma nova CPMI da Petrobras. Acho que esta aí ainda é a ponta de um iceberg que ainda vai assustar muita gente.

 

A partir da vitória do senador Renan Calheiros, como o senhor acha que o Senado deve se posicionar em relação ao governo?   

Tivemos um belo resultado, melhor até aqui. O que mostra que há claramente um sentimento no Congresso Nacional por mudanças. O PT votou unido a favor do senador Renan Calheiros, isso deu a ele essa margem de vitória. O que eu espero é que o senador Renan seja mais o presidente de um Poder e menos um aliado do Palácio do Planalto, para que não assistamos à reedição de cenas lamentáveis como a do final do ano passado, onde o Congresso Nacional se coloca a serviço do Palácio do Planalto para anistiar a presidente da República do Crime de Responsabilidade que ela havia cometido ao preço de fragilizarmos a Lei de Responsabilidade Fiscal. Vamos estar com musculatura nova, revigorados e sintonizados com grande parte da sociedade brasileira para fazer oposição a esse governo que mentiu aos brasileiros.

 

Esses 31 votos do senador Luiz Henrique. Esse é o tamanho da oposição aqui?  

Acho que ela pode crescer. Pelo o que estamos vendo hoje, as ações do governo, que contrariam imensamente tudo aquilo que foi dito na campanha eleitoral, faz com que dentro da própria base de governo haja uma grande frustração. Acho que o governo federal tem que se preparar, porque vai enfrentar a mais revigorada, a mais qualificada e mais dura oposição que já teve até hoje, e faremos isso em nome dos cidadãos brasileiros.

Entrevista sobre a Petrobras

Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (30/01), em Brasília, de reunião da bancada do PSDB no Congresso Nacional, para discutir a crise energética e a conjuntura política nacional. Em entrevista coletiva, Aécio falou sobre o rebaixamento de notas da Petrobras.

Entrevista sobre a Nova CPMI da Petrobras

Aécio Neves, participou, nesta sexta-feira (30/01), em Brasília, de reunião da bancada do PSDB no Congresso Nacional, para discutir a crise energética e a conjuntura política nacional. Em entrevista coletiva, Aécio falou sobre a CPMI da Petrobras.

Aécio Neves – Entrevista em Brasília

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (30/01), em Brasília, onde participou de reunião da bancada do PSDB, no Congresso Nacional, para discutir a crise energética e a conjuntura política nacional.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a eleição no Congresso, qual a orientação do PSDB?

A minha posição pessoal é muito clara e eu venho trazê-la hoje à nossa bancada como presidente do partido. No momento que existem duas candidaturas da base governista e uma candidatura que se coloca como independente e que surge a partir da iniciativa de um partido político que, inclusive no segundo turno esteve conosco na última eleição presidencial, o caminho natural do PSDB é fortalecer a candidatura do deputado Júlio Delgado. É a candidatura que, a meu ver, apresenta as melhores condições de garantir a independência fundamental que a Câmara dos Deputados não teve nos últimos anos.

E no Senado não é diferente. A candidatura do senador Luiz Henrique na verdade atende esta mesma aspiração: não termos um Legislativo acuado, submisso, e principalmente, submetido às vontades e às orientações do Palácio do Planalto, como assistimos durante todo este último período e de forma mais escancarada ainda no final do ano passado no momento em que, com uma violência enorme, o comando do Legislativo, atendendo a orientação do Palácio do Planalto, feriu de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal ao operar a LDO.

Portanto, na minha visão, temos duas grandes oportunidades, em apoiar a candidatura de Julio Delgado na Câmara Federal, apresentando uma agenda para o Poder Legislativo que iniba mais uma vez a edição das medidas provisórias, que inclusive possa votar, e ele tem este compromisso, o projeto que relatei no Senado Federal, aprovado por unanimidade no Senado no início da legislatura passada e que ficou engavetado também por orientação do Palácio do Planalto na Câmara que impede que medidas provisórias possam tratar de temas não correlatos, criando uma mínima relação de respeitabilidade entre os poderes.

No Senado, da mesma forma, estaremos ao lado do senador Luiz Henrique. Inclusive, hoje à tarde, no ato de lançamento da sua candidatura que, a meu ver, é uma candidatura extremamente competitiva.

 

Os seus colegas de partido disseram que independentemente do que aconteça no domingo no Congresso, vai ser um ano muito difícil na Casa. O senhor concorda com eles, independentemente de quem estiver na presidência será um ano complicado para os parlamentares?

Acho que poderá ser um grande ano para o Poder Legislativo, sobretudo em razão da fragilização do governo federal. O que estamos assistindo no dia a dia é o atestado absoluto de falência do governo. Um governo que não tem sequer a hombridade, a dignidade de reconhecer os seus erros, que não se julga no dever de explicar à população brasileira o que o Brasil de hoje é tão diferente do Brasil cantado em verso e prosa na campanha eleitoral poucos meses atrás.

Este é o grande momento de afirmação do Poder Legislativo. Não podemos continuar submetidos única e exclusivamente como ocorreu ao longo dos últimos anos à agenda do governo federal. E mais do que isso, do ponto de vista das denúncias sucessivas, das denúncias que não cessam de irregularidades de corrupção no governo, devemos centrar fileiras para já, imediatamente, nesta semana colhermos as assinaturas necessárias à recriação da CPMI da Petrobras, além de outras que estão sendo também cogitadas.

Mas a prioridade deve ser o Congresso Nacional retomar as investigações em relação aos desvios na Petrobras porque estamos ainda vendo a ponto do iceberg. Acho que temos a responsabilidade enquanto poder fiscalizador das ações do Poder Executivo, de avançarmos nessas investigações que já vem sendo feitas com competência pelo Ministério Público, pela Polícia Federal, mas o Poder Legislativo não pode deixar de dar também a sua contribuição.

 

As últimas medidas da Petrobras impactam fortemente alguns investimentos inclusive no Nordeste, região em que a presidente Dilma teve grande votação. Como o senhor avalia?

É uma vergonha. Destruíram a nossa maior empresa e não tiveram sequer a capacidade de agora, reconhecendo os desvios, minimizar essas perdas. Hoje, a perda de grau de investimento feita pela Moody’s (de Baa2 para Baa3) é uma sinalização clara de como o mundo vê o Brasil e não é só a Petrobras. Infelizmente, o que o Brasil hoje está provando é o veneno, o fel de um governo que agiu irresponsavelmente ao longo de todos os últimos anos. Tudo que denunciamos durante a campanha eleitoral hoje aparece para a população brasileira de forma absolutamente cristalina. Seja com relação aos dados da economia, aos dados fiscais do governo, seja com relação à corrupção na Petrobras, às denúncias cada vez mais grave em relação aos desvios nos fundos de pensão e no BNDES. Portanto, cada vez mais vai ficando claro que quem venceu as eleições foi a mentira.

 

Sobre a saúde na economia, registra o primeiro déficit primário desde 2001. Como a oposição pode colaborar para mudar este quadro.

Quem tem a responsabilidade por esse quadro é exclusivamente o governo. Cabe à oposição denunciar, fiscalizar e impedir manobras fiscais, manobras contáveis que vieram sendo feitas sem qualquer constrangimento ao longo dos últimos anos. Mas isso não dura para a vida toda. Estamos percebendo, agora, de forma absolutamente clara, que o governo não priorizou o Brasil. O governo priorizou as eleições. E medidas que agora estão sendo tomadas, se tivessem sido tomadas de forma responsável, e não foram, ao longo do ano passado, ao longo dos últimos anos, certamente minimizariam seus efeitos para a população brasileira.

Quem vai pagar a conta da incompetência e irresponsabilidade do governo da presidente Dilma são os mais pobres. E estamos vendo aí. A receita do atual governo não é nossa receita. Vou falar sobre isso hoje aqui. A receita do atual governo é fazer o ajuste pelo aumento de impostos por um lado e a supressão dos direitos trabalhistas por outro.  Essa não é a receita do PSDB e não podemos deixar que isso seja confundido com ela.

 

O setor elétrico está tendo várias crises. A presidente Dilma falava tempos atrás em redução de tarifa e não é o que está acontecendo.

Mais um grande engodo. Me lembro muito bem que no Congresso Nacional quando eu alertava para os riscos da Medida Provisória nº 579 fui acusado diretamente pela presidente de pessimista e torcer contra o Brasil.

Não se faz redução de tarifas, sem que haja uma política fiscal responsável, sem que haja planejamento. O que a presidente fez com o setor elétrico é mais uma demonstração da marca autoritária do seu governo, do absoluto desconhecimento que ela tem sobre do setor, e isso se estende à Petrobras, comandada por ela com mãos de ferro, durante todos esses últimos 12 anos. E, mais uma vez, o preço está sendo pago pela população brasileira, pelo contribuinte  brasileiro, com a perspectiva de aumentos expressivos na conta de luz, mais de 20% agora já no início do ano.

Cada vez mais, a cada dia que passa, se comprova que os nossos alertas eram os alertas corretos. A presidente da República não permitiu que o Brasil debatesse, durante a campanha eleitoral, medidas para superação da crise. Ela vendeu o país da fantasia: do conto da Carochinha, onde tudo ia muito bem, o país crescia, do pleno emprego e não havia necessidade de qualquer ajuste.

Hoje o custo dos ajustes é muito mais alto pela irresponsabilidade do governo, que não tomou, no momento que deveria ter tomado, as providências para conter esses equívocos todos e, infelizmente vai sobrar, mais uma vez, para o bolso do cidadão brasileiro, do contribuinte brasileiro.

 

Sobre eleições na Câmara

Desde o final do ano passado, o PSDB assumiu compromisso com Júlio Delgado. O PSDB agirá como partido político. O PSDB não se permitirá cooptações individuais, qualquer candidato que acha que poderá fazê-lo irá se frustrar. O PSDB votará em Júlio Delgado na sua integralidade. É o que eu espero.

Aécio Neves – Entrevista sobre as denúncias de corrupção na Petrobras

Em entrevista nesta segunda-feira, 22 de dezembro, o senador Aécio Neves falou sobre a gravidade dos novos escândalos de corrupção na Petrobras, que agora recaem sobre a Presidente da estatal, Graça Foster, divugadas pelo programa Fantástico, da Rede Globo.

O senador cobrou novas investigações no Congresso Nacional e reafirmou a intenção de colher assinaturas para uma nova CPI da Petrobras.

Na entrevista, Aécio também criticou a falta de credibilidade e as contradições da nova política econômica do governo do PT.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

 

Senador vamos repercutir a entrevista de Venina da Fonseca de ontem no Fantástico. Qual a leitura que o senhor dá aqui, daquela declaração dela que esteve com a presidente Graça e disse e relatou a ela os problemas, além de ter enviado e-mail?

As informações são extremamente graves, porque quando a corrupção deixa de ser o fato feito por ausência de caráter de um individuo ou de um grupo político, já é grave. Quando é algo institucionalizado em uma empresa e as providências não são tomadas, mesmo com tantos alertas feitos, é realmente algo inédito na nossa história contemporânea. E além da crise moral, além do prejuízo financeiro que vem tento a Petrobrás, há uma crise de governança que nós vamos infelizmente demorar muito tempo para superar. A Petrobrás, nós estamos assistindo ao longo de todos esses últimos anos, não teve quaisquer controles mínimos que empresas, muito menos complexas do que ela, determinavam ter. Então esse assunto se torna extremamente grave, porque não há uma clareza em relação à participação seja da presidente da Petrobras, de demais diretores da Petrobras e com um agravante, no Congresso Nacional, na CPMI, quando indagada se tinha conhecimento das denúncias ou informação que levasse a suspeitas mais profundas em relação a desvios da Petrobras, a atual presidente Graça Foster disse que não sabia de nada disso, apenas depois do inquérito da Operação Lava- Jato é que tomou conhecimento desses desvios. Portanto, a cada dia uma nova notícia e todas elas nos levam a ter uma gravíssima preocupação, porque se na Petrobras era assim, será que nas outras empresas também não era assim? Essa mesma governança? Infelizmente esse é o pior dos legados que o governo do PT nos deixa. Uma enorme desconfiança em relação à empresa, em relação aos investimentos privados que deveriam ter continuidade no Brasil e obviamente quem paga a conta ao final é o cidadão brasileiro.

Agora no caso da Venina da Fonseca há também algumas pendências que indicam que ela também cometeu ilícitos. Então até que ponto ela é confiável?

Acho que tudo isso tem que ser investigado. Ela tem que ser investigada, a direção da empresa tem que ser investigada e por isso que nós há mais de um ano fomos ao Supremo Tribunal Federal para garantir uma investigação do Congresso Nacional. E quem avançou foi o Ministério Público, foi a Polícia Federal e nós vamos retomar, logo após o recesso parlamentar, buscando assinaturas para uma nova CPMI, porque o sentimento que temos é que durante esse mês de janeiro teremos novas informações e não é possível que com tantas delações, com tantas confissões, já inclusive com retorno de dinheiro para o Brasil, o Congresso Nacional se mantenha blindado em relação a esse gravíssimo escândalo. O Congresso Nacional tem a responsabilidade, por ser a casa do cidadão, do povo brasileiro, de participar das investigações e de ajudar nas suas apurações punindo todos aqueles, independentemente de partido político, que tiverem responsabilidade com esses desvios que a cada dia mais trazem indignação a todos os homens e mulheres de bem do Brasil.

 

Por quê a presidente Dilma, ao seu ver, insiste em manter Graça Foster na presidência da Petrobras?

Acho que a presidente da Petrobrás perdeu todas as condições de ficar a frente da empresa. Cabe à presidente da República substituí-la e vai fazer isso no tempo. Talvez o estilo da presidente seja esse de tentar até o último minuto manter aquilo que a meu ver é impossível de ser mantido. Hoje não há capacidade da atual direção da empresa, eu me refiro a toda ela, de garantir o resgate da credibilidade para que a Petrobras estabeleça um novo portfólio de investimentos. Porque a Petrobras, ela vive hoje uma crise que vivem as demais petroleiras em razão da queda do preço do barril do petróleo, mas envolta nessa crise de desconfiança, de ausência de governança, corrupção sem limites e nós temos aí a premência, a necessidade de fazermos investimentos inclusive em relação ao pré sal. Apenas uma diretoria profissional, tudo que nós cobrávamos durante a campanha eleitoral, ao meu ver, resgata as condições de investimento, de financiamento da companhia.

Senador, essa nova CPMI incluiria as delações premiadas? Porque me parece ser um ponto fundamental.

Acho que esse é o ponto de partida da nova CPMI, pois a partir daí ela não poderá mais desconhecer a realidade. Por que o que fez a base do governo até aqui? Blindou a CPMI com a sua maioria, desconheceu, até porque não eram públicos ou não eram oficiais todas as informações até quanto pôde. E nós já tínhamos denúncias, já chegavam a nós no Congresso Nacional há muito tempo denúncias e desvios na Petrobras. A próxima CPMI e acredito que o governo tem obrigação, até para fazer coro ao que diz a presidente da República, que quer apurar isso até as últimas consequências, independente de quem sejam os responsáveis, é absolutamente fundamental que tenhamos o apoio da base do governo para instalação já a partir dos próximos dias de fevereiro, do início da sessão legislativa, de uma nova CPMI que terá como base, como ponto de partido, as confissões que são as delações premiadas.

 

Não só com a Petrobras, mas parece que o governo perdeu a credibilidade em outras áreas econômicas. Como o senhor vê este anúncio desta nova equipe econômica que vai começar em 2015. Isso vai ajudar a resolver? É o caminho certo?

A indicação e o discurso da nova equipe econômica é a negação de tudo o que a candidata Dilma falou durante a campanha eleitoral e a confirmação que tudo aquilo que nós avisamos que estava acontecendo no Brasil. O diferente é que para este governo sem credibilidade o custo do ajuste será muito mais alto porque falta algo que é essencial para que as medidas sejam menos dramáticas para a população brasileira. Já estamos vendo anúncio de aumento de impostos, de corte de direitos trabalhistas que não era a receita do PSDB. E tudo isso vem se agravando ao longo deste ano porque se o governo tivesse tomado medidas anteriormente, antes do processo eleitoral, por mais que isso eventualmente trouxesse prejuízo eleitoral, mas seria muito mais adequado para os cidadãos brasileiros porque seria menor o custo dos ajustes que serão feitos agora. Existe uma esquizofrenia na condução da política econômica hoje. De um lado, a nova equipe anuncia um ajuste fiscal duro, talvez de 100 bilhões de reais no ano que vem para chegar a este superávit de 1,2 % do PIB. E ao mesmo tempo, a atual equipe econômica insiste em fragilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, apresentar de novo proposta de recurso para o BNDES sem que o governo tivesse arcado inclusive com os subsídios já dados ao longo dos últimos anos. Então, o tempo vai nos mostrar se a presidente Dilma tem convicção de que o caminho do ajuste é o melhor caminho ou se o gesto da nomeação dos novos ministros foi apenas uma sinalização necessária e emergencial aos mercados, mas que ao longo do tempo eles continuarão fazendo como sempre fizeram até hoje.

 

Durante a campanha, o senhor falava que 2015 e 2016, dado ao cenário fiscal e econômico, eram praticamente dois anos mortos. O senhor vê a situação agora pior?

Serão dois anos difíceis, mas certamente serão piores porque este governo fará um ajuste muito mais penoso, repito, porque não tem credibilidade. Há ainda uma retração grande dos investimentos em absolutamente todos os setores. O Brasil é um país visto com enorme desconfiança hoje. E, agora sim, com a recuperação da economia americana, é mais um aspecto a trazer preocupação aos brasileiros. A fragmentação das agências reguladoras, por exemplo, e a incerteza que os mercados têm, que os cidadãos comuns têm de como será o processo de ocupação desses cargos, tudo isso agrava o ajuste. Por exemplo, a presidente da República inicia já o seu mandato refém de uma ampla base de apoio e caminhando na mesma direção em que terminou. E talvez ainda mais dependente. Então, são feudos distribuídos para partidos políticos, nacos de poder distribuídos para saciar a ânsia da sua base e tudo isso impacta negativamente nas expectativas. Economia é expectativa. Estamos vendo já um grande pacote. Tudo o que eu disse que não faríamos. A nossa gestão seria da previsibilidade. Mas como há uma expectativa dos mercados em saber como reagirá a presidente no próximo mandato, se torna necessário fazer algo muito mais duro do que faríamos certamente.

 

Hoje a presidente Dilma disse que é uma atitude de quem não sabe perder, se referindo ao pedido de cassação do registro eleitoral apresentado pelo PSDB na semana passada. O que o senhor teria a dizer a respeito?

Ao contrário. O primeiro brasileiro a reconhecer a derrota fui eu ao ligar para a presidente da República. Mas o Estado de Direito permite que você acione a Justiça não para impedir a posse da presidente da República, mas para apurar eventuais crimes cometidos durante a campanha eleitoral. Isso se faz na democracia e vamos exercer no limite daquilo que seja obviamente legal e razoável, esse nosso direito, como exerceriam outros partidos políticos. Se houve a utilização de uma empresa pública em benefício de uma determinada candidatura, tem de haver sanção. Tem de haver uma punição. Não estou falando aqui de cassação de mandato. E nós não podemos permitir que este discurso do PT de terceiro turno prevaleça. Porque a presidente venceu as eleições, mas ela não ganhou salvo-conduto para continuar fazendo o que vem fazendo ao longo de todos esses últimos anos e que tanto dano trouxe para a economia brasileira à imagem das nossas empresas e à vida dos cidadãos.

 

Durante a campanha o senhor fez críticas à questão do porto Mariel em Cuba. E com a volta da relação diplomática entre Estados Unidos e Cuba, o PT tem dito que foi uma grande jogada investir naquele porto. O senhor acha que muda alguma coisa?

Isso é quase uma piada do PT. O porto de Mariel é um porto construído com recursos financeiros que será, obviamente, benéfico a Cuba e administrado por uma empresa de Singapura, sem que traga qualquer benefício ao Brasil. Os benefícios ao Brasil ocorreriam se os portos dos quais os investimentos do BNDES tivessem sido feitos, fossem nos portos brasileiros. Não se justifica tanto porque a presidente fugiu deste debate durante todo o tempo. Mas eu saúdo o reatamento das relações. Acho que é um passo na diplomacia internacional extremamente marcante, mas para o qual não teve qualquer participação do Brasil.

Senador, na última sexta-feira o deputado Eduardo Cunha disse que ele é o único candidato da independência nessa disputa entre Júlio Delgado e Arlindo Chinaglia. Ele falou até que o PSDB vai ou pretende apoiá-lo. Como o senhor vê essa possibilidade?

Essa é uma decisão da Câmara. Temos que respeitar a autonomia dos deputados federais. Mas o sentimento que colhi nessa última semana em Brasília, é de que a ampla maioria da bancada opta, até em um gesto de reciprocidade, apoiar a candidatura do deputado Julio Delgado do PSB. E vamos ver como isso avança em relação a segundo-turno. Me parece que essa é a posição hoje de maior conforto para pelo menos a maioria do PSDB. Não há uma unanimidade claro, mas a maioria do PSDB deverá ir nessa direção.

 

O senhor defende alguma posição nesse caso?

Acho que esse é o caminho que me parece hoje mais adequado.

 

Senador, como o senhor avalia essas novas denúncias que chegam em relação a Petrobras? O que a oposição pretende fazer em relação a isso? A gerente que fez, à época, denúncias para a Graça Foster, a posição da Dilma Rousseff. Como o senhor avalia isso?

As denúncias são extremamente graves e não cessam. A cada dia é uma novidade. a cada dia é uma informação nova. A presidente Graça Foster esteve no Congresso Nacional e disse que não tinha qualquer conhecimento em relação a qualquer tipo de irregularidade ou desvios na Petrobras. O que estamos vendo é que a presidente Graça Foster mentiu ao Congresso Nacional. Eu considero a sua situação hoje na Petrobras, a sua sustentação, absolutamente inviável. Porque a Petrobras, além dos escândalos, além dos prejuízos financeiros, enfrenta um problema com a queda do preço do barril do petróleo. Isso encontra a nossa empresa no momento em que ela tem que definir os seus investimentos, sobretudo em relação ao pré-sal. E para que a credibilidade da empresa seja resgatada, é preciso que ali esteja uma diretoria profissional. Isso não é uma necessidade de um governo, é uma necessidade do país. E eu estou convencido que mais dia, menos dia, isso terá que ocorrer.

 

E o que a oposição pretender fazer? Como o senhor avalia o posicionamento da presidente Dilma?

Eu, quando candidato, em alguns dos debates, dei à presidente a oportunidade de se desculpar com o brasileiros pela ausência de governança na empresa e pelos prejuízos que a empresa causava ao Brasil. Os escândalos depois da eleição foram tão maiores que aqueles que imaginávamos que sequer direito a desculpas eu acredito que a presidente tenha mais. Eu não acho que a presidente tenha se beneficiado pessoalmente de desvios, até fiz sempre essa ressalva. Mas do ponto de vista político isso aconteceu. E temos que agora, como oposição, estar vigilantes aguardando que as investigações continuem ocorrendo, aguardando o conteúdo das delações premiadas, porque acho que essa história ainda está no começo. Acho que estamos vendo ainda apenas a ponta do iceberg. Porque segundo, inclusive, um dos principais delatores, Paulo Roberto [da costa], o que ocorria na Petrobras ocorria também em outras empresas públicas brasileiras. O papel da oposição é garantir às instituições, seja Ministério Público, Polícia Federal, autonomia e independência para que continuem investigando até o final sem qualquer tipo de cerceamento, obviamente tentando impedir qualquer manobra que impeça que todos os envolvidos, todos eles, sejam agentes políticos, sejam dirigentes de empresas privadas, sejam dirigentes da Petrobras, todos eles sejam exemplarmente punidos.