Aécio Neves e Aloysio Nunes – Entrevistas sobre maioridade penal, visita à Venezuela e governo federal

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (16/06), em Brasília, onde conduziu a reunião da Executiva nacional do partido. Durante o encontro, foram colocados para discussão os projetos de lei sobre maioridade penal e requerimentos que serão feitos ao governo federal sobre investimentos sociais insuficientes na garantia de creches e escolas em tempo integral para crianças e adolescentes.

 

Leia os principais trechos da entrevista:

Aécio Neves

Em primeiro lugar a Comissão Executiva nacional do PSDB acaba de fechar a questão em relação às nossas propostas sobre a discussão que está ocorrendo na Câmara dos Deputados e ocorrerá também no Senado em relação à maioridade penal. Entre as duas propostas colocadas, seja a redução linear da maioridade para 16 anos proposta por alguns setores da Câmara dos Deputados e a proposta de simplesmente deixar como está hoje, que vem sendo a posição do PT e do governo, o PSDB fica com uma posição intermediária e a meu ver, equilibrada.

É a mesma posição que defendíamos durante a campanha eleitoral. A proposta do senador Aloysio Nunes, e que tem uma emenda apresentada na Câmara pelo deputado Jutahy Júnior, que permite, ouvido o Ministério Público, a condenação ou eventual condenação de um maior de 16 anos em caso dos crimes hediondos, crimes extremamente graves. Nesses casos, o juiz pode determinar que aquele adolescente, aquele jovem a partir de 16 anos seja processado com base no Código Penal, cumprindo a eventual pena em estabelecimento separado, seja dos menores de idade, seja dos adultos.

Portanto, a nossa proposta é a defesa da PEC do senador Aloysio Nunes. A segunda proposta é uma proposta capitaneada pelo governador Geraldo Alckmin que permite a extensão de três para oito anos com uma penalização máxima para os jovens acima de 16 anos, também em estabelecimentos separados.

E uma terceira proposta, de minha autoria, que está para ser votada já na pauta para amanhã na Comissão de Constituição e Justiça que chega a triplicar a pena para os adultos que utilizem menores de idade no cometimento de crimes. Essa pena hoje é de apenas até quatro anos, podendo chegar a até 12 anos.

Essas três propostas foram aprovadas pela executiva nacional do partido e serão as propostas a serem encaminhadas para as nossas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

 

Sobre viagem à Venezuela

Estamos determinados a irmos à Venezuela na próxima quinta-feira, cumprindo uma missão de caráter até mesmo humanitário, para reforçar uma pressão que é hoje do mundo, inclusive hoje mesmo a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas anuncia uma posição a favor da liberdade imediata e incondicional dos presos políticos. Vamos fazer coro a várias nações democráticas ou a lideranças de vários países do mundo já que o governo brasileiro tem sido absolutamente omisso nessa questão. E essa omissão tem, de alguma forma, estimulado a escalada autoritária nesse país irmão.

A nossa solidariedade é, portanto, ao povo venezuelano. Acabo de falar a ex-deputada Maria Corina, ontem mesmo com Lilian Tintori. Estão nos aguardando na quinta-feira e vamos fazer uma manifestação pacífica em favor da libertação dos presos políticos e da definição da data para as eleições parlamentares que deverão ser acompanhadas por organismos internacionais.

Cumpriremos, portanto, um papel que o governo federal, ao longo desses últimos anos, não vem cumprindo.

 

Houve, de fato uma negativa do governo da Venezuela nesse sentido?

Aécio Neves: Houve, por parte do senador Aloysio, presidente da Comissão de Relações Exteriores, e do presidente do Senado, Renan Calheiros, uma solicitação ao Ministério da Defesa que encaminhou essa solicitação ao governo venezuelano ou à área militar do governo venezuelano. Não tivemos, até agora, uma resposta em relação a essa autorização. Passo a interpretar que, já que temos uma viagem marcada para depois de amanhã, se não há uma autorização para que desçamos na Venezuela, isso significa que não há uma vontade, na minha interpretação, do governo venezuelano de que estejamos lá. Mas teremos outras alternativas. E hoje à tarde vamos definir se vamos em aeronave custeada pelos partidos políticos de oposição, ou mesmo em voos de carreira, se houver essa possibilidade.

Eu acabo de reiterar à deputada Maria Corina, como fiz a Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, que se encontra há 23 dias em greve de fome, que estaremos na próxima quinta-feira na Venezuela. O senador Aloysio pode falar sobre isso, porque ele conversou diretamente com o ministro.

Aloysio Nunes: O ministro Jacques Wagner foi solicitado pelo presidente do Senado a ceder uma aeronave da FAB para levar essa delegação, que é uma delegação oficial, foi resultante de uma deliberação do Senado. O ministro Wagner encaminhou essa solicitação às autoridades venezuelanas porque, em se tratando de um avião militar, é preciso de autorização para pouso, e, até agora, não há uma resposta. Então, diante disso, nós vamos e entendemos que é uma negação.

É uma interpretação ou de fato ocorreu uma informação – ainda que extraoficial – por parte do ministro Wagner para o presidente Renan, de que a Venezuela havia negado o pouso dessa aeronave militar?

Aloysio Nunes: O ministro Wagner não me disse isso. O ministro Wagner me disse ontem, às 7 horas da noite, que até aquele momento não tinha ainda obtido qualquer autorização do governo venezuelano.

Houve outras tentativas, inclusive com ex-presidentes da América Latina, que foram impedidos de ter acesso aos presos. Como vocês vão tentar contornar isso?

Aloysio Nunes: Nós iremos lá e pediremos autorização para visitar. Se nos negarem, será mais uma negativa. Nós vamos chegar a quem administra o presídio e pedir para visitar. Se ele disser não, como já disse a outros, nós levaremos isso em conta, e faremos outras manifestações.

Em relação à participação da Venezuela no Mercosul. Há uma corrente no Senado dizendo que a falta do respeito aos princípios democráticos deveria viabilizar uma moção de repúdio. O PSDB concorda com isso?

Aloysio Nunes: A moção de repúdio já foi votada pelo Senado. Já foi aprovada. Estamos estudando, inclusive, medidas judiciais, porque o comprometimento da Venezuela com a cláusula democrática atende a um acordo que foi firmado pela Venezuela e pelo Brasil, quando a Venezuela ingressou no Mercosul, e é uma das cláusulas democráticas do Mercosul e também é da OEA. Mas é preciso que a OEA e o Mercosul se pronunciem sobre a questão da permanência da Venezuela, dada a infringência notória das cláusulas democráticas.

 

Sobre comissão especial de congressistas e omissão do governo federal.

Aécio Neves: Quem nos convida a ir à Venezuela são as oposições. Em especial, as esposas de Leopoldo López, Lilian Tintori, a esposa do prefeito de Caracas que se encontra também preso, Mitzy Ledezma, e a deputada Maria Corina. Inclusive, as três estarão com outras lideranças da oposição, nos recebendo no aeroporto. E caberá a eles construir a nossa agenda. Dissemos que temos sim interesse em tentar contato com os presos políticos. Portanto, é uma manifestação a favor da democracia. E quando se fala de democracia, de liberdade, não existem fronteiras.

Nós mesmos, quando vivemos aqui sob as trevas do regime autoritário, não foram poucas as manifestações de outros países, de países democráticos, de lideranças democráticas de várias partes do mundo que vieram aqui se solidarizar inclusive com presos políticos brasileiros. O que me causa enorme estranheza – e falo como presidente do PSDB e senador da República – é o governo brasileiro não estar utilizando, exercendo o papel que tem do ponto de vista econômico, geográfico, populacional, a força que tem na região para ajudar que a Venezuela atue no respeito às liberdades democráticas, em respeito aos seus opositores. Não há nenhuma ação visível, concreta, consistente no governo brasileiro e o governo teria força para isso, para impedir essa escalada autoritária na Venezuela. Vamos cumprir um papel que deveria estar sendo cumprido pelo governo do PT, pelo governo brasileiro ao longo de todos esses últimos anos.

 

Sobre eleições parlamentares na Venezuela

Aécio Neves: A segunda questão que vamos tratar é exatamente a definição da data das eleições parlamentares que estariam marcadas para esse segundo semestre, mas ainda sem data determinada. Acho que um gesto adequado seria exatamente a disposição do governo da Venezuela, como fez por exemplo o governo brasileiro, em nos receber lá. Porque há uma semana chegou ao Brasil o presidente da Assembleia venezuelana. Veio aqui sem agenda pré-marcada. Foi recebido pelas principais autoridades do país, inclusive pela presidente da República. Não consideramos isso uma intromissão em questões internas brasileiras. Países democráticos, que prezam a democracia, devem considerar isso natural, como a meu ver a Venezuela deveria considerar natural que líderes da oposição no Brasil estejam lá para conversar com líderes com os quais encontram afinidade. A não-resposta, a ausência de resposta, na nossa interpretação, se ela não ocorrer ainda hoje, em relação ao pouso, a liberação para o pouso, para mim e para nós será considerado uma negativa. E vamos viabilizar a nossa chegada à Venezuela de outra forma.

Aécio Neves – Entrevista sobre a visita à Venezuela

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, hoje (15/06), sobre a ida de uma comissão de parlamentares a Caracas (Venezuela).

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a visita à Venezuela.

O senador Aloysio Nunes, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e eu estaremos liderando uma comissão especial de senadores que embarca na próxima quinta-feira com destino a Caracas, na Venezuela.

Uma viagem política de um lado, para manifestarmos nossa absoluta solidariedade aos democratas da Venezuela, mas também humanística. Um dos principais líderes da oposição, Leopoldo Lopez, se encontra já há 22 dias em greve de fome, buscando com esse gesto sensibilizar as autoridades da Venezuela para a libertação dos presos políticos e para a definição da data das eleições parlamentares naquele país.

Essas seriam as duas questões centrais que iremos  tratar. Vamos nos solidarizar com os presos e fazer mais um apelo à sua libertação e também parta que haja definição da data das eleições parlamentares na Venezuela, com o acompanhamento também de organismos internacionais.

Eu tenho dito que quando se fala de democracia e de liberdade não há que se respeitar fronteiras. Vamos, portanto, um grupo suprapartidário, de forma absolutamente respeitosa, dizer que na nossa região o tempo do autoritarismo já passou. É hora de fortalecermos a democracia. A democracia pressupõe respeito ao contraditório.

Acabo de conversar com Lilian Tindori, esposa de Leopoldo Lopez confirmando a nossa ida.

Há por parte deles um apelo já há algum tempo para que isso ocorra e ocorre a meu ver num momento adequado. Nós estaremos, na verdade, suprindo com o nosso gesto, a omissão, a gravíssima omissão do governo brasileiro em relação a essa questão.

Não estamos falando de apoio a A ou B. Estamos falando de democracia, de respeito às liberdades. E se o governo brasileiro se omite nessa questão, o Congresso Nacional fará a sua parte se fazendo presente a partir de quinta-feira na Venezuela.

 

Esperam alguma reação do governo venezuelano, acusação de intromissão nos assuntos internos com essa ida dos senadores?

Não. Até porque nós estaremos lá  pregando aquilo que é essencial ao mundo civilizado, que é o respeito à democracia e às liberdades. Não há mais espaço para presos políticos nem na nossa região, nem em qualquer outra parte do mundo. Ao contrário. Eu espero que o governo venezuelano entenda essa nossa ida como uma manifestação do Congresso brasileiro em nome da grande, da esmagadora maioria dos brasileiros. O que nós queremos é respeito à democracia, à data das eleições e, obviamente, a libertação dos presos políticos. Até porque a democracia pressupõe embates, pressupõe eleições, mas pressupõe também respeito aos adversários.

 

Sobre a agenda.

A partir dessa definição feita oficialmente pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, em conversa inclusive com o presidente Renan, atendemos a um convite que as oposições nos fazem. A agenda deve ser definida, acredito eu, até amanhã. Houve uma solicitação por parte do presidente do Senado Federal ao ministro da Defesa, que se dispôs inclusive a viabilizar uma aeronave. Parece que existem algumas dificuldades para autorização por ser uma aeronave militar, autorização para o pouso em território venezuelano. E, não havendo essa autorização, iremos partir de uma aeronave viabilizada pelo Senado Federal.

 

É esperado para essa semana a decisão do governo da presidente Dilma com relação ao fator previdenciário, se veta ou sanciona a mudança aprovada pelo Congresso. Qual é a expectativa do sr.?

Temos que aguardar a definição da presidente. O que dizíamos na campanha eleitoral, Aloysio e eu, e reafirmamos, é preciso uma evolução em relação ao fator previdenciário, que amenize a punição a setores importantes da sociedade brasileira, obviamente em especial aos aposentados. É preciso que agora aguardemos a decisão do governo, qualquer que seja ela, para vermos se o veto vem acompanhado de uma medida minimamente razoável. O Congresso tomou a sua decisão e a bola agora está com a presidente da República.

 

Sobre a votação do TCU.

Uma outra questão relevante, que também é iniciativa do senador Aloysio Nunes e minha, diz respeito à expectativa da votação por parte do TCU daquilo que se estabeleceu chamar de pedaladas fiscais, na verdade uma burla à Lei de Responsabilidade Fiscal cometida pelo governo durante o ano passado, e já determinada pelo Tribunal de Contas pelo seu relator. Falta agora a votação do pleno daquele tribunal. O que assistimos ao longo desses últimos dias foi algo absolutamente inédito e inaceitável, a presença quase que diária de ministros de Estado, do advogado-geral, dentro do TCU, que é um órgão acessório do Poder Legislativo, tentando influenciar a decisão dos membros do Tribunal.

Temos enorme respeito pelo Tribunal de Contas, que é composto por homens e mulheres altamente preparados e temos absoluta convicção de que a decisão do Tribunal de Contas será a decisão técnica, e se a decisão for técnica, obviamente, por todas as informações já divulgadas, que inclusive levou o estabelecimento, a entrada de uma ação criminal junto à Procuradoria-Geral da República, deverá ser pela rejeição das contas. E nós iremos, líderes da oposição, amanhã, no final da manhã, fazer uma visita de cortesia ao presidente daquela corte para reiterar a nossa confiança de que a decisão seja a decisão técnica, sabedores de que esse tipo de chantagem ou de pressão que se estabeleceu nos últimos dias não terá ali qualquer influência.

Aécio Neves comemora aprovação de projeto que amplia garantia aos beneficiários do Bolsa Família

O senador Aécio Neves comemorou hoje a vitória das oposições que aprovaram, por apenas um voto de diferença, projeto de lei de sua autoria que amplia garantias para famílias atendidas pelo programa Bolsa Família. Aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, a proposta de Aécio que defende melhor acesso das famílias ao Bolsa Família vem sofrendo forte resistência do PT e da base aliada do governo federal, que tenta impedir avanços no programa. O projeto de Aécio foi aprovado por 10 votos a 9. Os senadores do PT e aliados votaram contra melhorias do Bolsa Família.

 

Sonora do senador Aécio Neves

“O discurso do PT de defesa dos pobres é incoerente com a sua prática. O PT votou hoje contra os beneficiários do Bolsa Família apenas para utilizar esse programa como instrumento da campanha eleitoral. Reconhecemos a necessidade e a importância do Bolsa Família, mas queremos aprimoramentos. Queremos que ele faça parte da Loas. Seja um programa definitivo, independente de qualquer que seja o próximo governo. Esse projeto é um passo concreto para que o Bolsa Família saia da agenda eleitoral e atenda aqueles que realmente precisam do programa.”

 

Boletim

Sonora

Comissão aprova projeto de Aécio Neves que garante 
avanços ao Bolsa Família

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou nesta quarta-feira o projeto de lei em que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, garante por mais seis meses o recebimento do benefício do Bolsa Família em caso de alteração da renda familiar, seja pelo ingresso ou pelo retorno ao mercado formal de trabalho, ultrapassando o limite hoje estabelecido para ser atendido pelo programa. Foram dez votos favoráveis contra nove votos de senadores do PT e aliados do governo, que tentaram derrotar a proposta.

 

Sonora de Aécio Neves

“Nós aprimoramos o Bolsa Família. Nós estamos estimulando a formalidade e agora muitos dos beneficiários do Bolsa Família estarão estimulados a ir para a formalidade. O incrível, o inaceitável é que o PT não quer nenhum avanço num programa tão relevante, tão importante como esse, porque prefere  ter um programa para chamar de seu. O PT ao votar contra o nosso outro projeto que permite que o Bolsa Família seja incluído na LOAS, portanto que saia da agenda eleitoral, é na verdade votar contra quem mais precisa deste programa. O discurso do PT de defesa dos pobres é incoerente com a sua prática. O PT hoje aqui votou contra os beneficiários do Bolsa Família.”

A proposta agora segue para análise da Comissão de Direitos Humanos. Aécio Neves também é autor do projeto que incorpora o Bolsa Família à Loas, transformando o benefício em política permanente de Estado.

 

Boletim

Aécio Neves – Entrevista sobre o Bolsa Família

O presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta quarta-feira (28/05), em Brasília, sobre o Bolsa Família. Aécio Neves falou sobre a aprovação do projeto de lei de sua autoria que garante o pagamento do Bolsa Família por pelo menos seis meses continuados para o beneficiário que aumentar a renda familiar, seja pelo ingresso ou pelo retorno ao mercado formal de trabalho, ultrapassando o limite hoje estabelecido para ser atendido pelo programa.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre a aprovação pela Comissão de Assuntos Sociais.

Aprimoramos o Bolsa Família. Estamos estimulando a formalidade. Um cidadão que encontrar um emprego que vá além do teto para receber o Bolsa Família poderá por seis meses receber também o Bolsa Família. Por quê? Para que ele seja estimulado a ir para a formalidade. O incrível, o inaceitável, é que o PT não quer nenhum avanço em um programa tão relevante, tão importante como esse, e prefere ter um programa para chamar de seu.

O PT, ao votar contra o nosso outro projeto, que permite que o Bolsa Família seja incluído na Loas, portanto, que saia da agenda eleitoral, vota contra quem mais precisa desse programa.  O discurso do PT de defesa dos pobres é incoerente contra a sua prática. O PT, hoje, votou contra os beneficiários do Bolsa Família apenas para utilizar esse programa como instrumento da campanha eleitoral.

Felizmente, prevaleceu a sensatez do Senado Federal e, agora, muitos dos beneficiários do Bolsa Família estarão estimulados a ir para a formalidade. Como tenho dito, o Bolsa Família, para mim, é apenas um ponto de partida. Infelizmente, para o PT, parece ser o ponto de chegada.

 

Quais são os próximos passos?

Vamos para a Comissão de Direitos Humanos e espero que lá possamos repetir esse placar. Vejo o constrangimento da base governista ao votar contra algo que interessa ao país. O Bolsa Família é uma evolução do Bolsa Escola, do Bolsa Alimentação, do Vale-Gás, que foram concebidos no governo do presidente Fernando Henrique. Deixar de aprimorá-lo ao longo de dez anos é virar as costas para quem precisa desse programa.

O PT tem mostrado que prefere muito mais ter o Bolsa Família como um instrumento da disputa eleitoral do que como um programa que efetivamente alcança os que mais precisam. Reconhecemos a necessidade, a importância do Bolsa Família, até porque o iniciamos lá atrás, mas queremos aprimoramentos. Queremos que ele saia da agenda política e que faça parte da Loas. Que seja um programa definitivo, independente de qualquer que seja o próximo governo. Esse programa é um passo concreto para que o Bolsa Família saia da agenda eleitoral e atenda aqueles que realmente precisam do programa.

 

Sobre a proposta.

A proposta que aprovamos significa que um cidadão que conseguir um emprego, sendo ele beneficiário do Bolsa Família, por seis meses poderá continuar recebendo, concomitantemente com seu salário, formalizado em carteira, também o Bolsa Família. Porque hoje há um desestimulo das pessoas se formalizarem, porque têm receio de não dar certo no emprego, ser demitido com um ou dois meses, e aí prefere ter a segurança do Bolsa Família. É uma luz que se abre. Queremos a qualificação daqueles que recebem o Bolsa Família, isso consta no projeto, e a possibilidade deles estarem estimulados a buscar a formalização, a sua reinserção no mercado de trabalho. É um avanço e essa Casa tem a responsabilidade de proporcionar avanços.

 

Não é um impacto sobre as contas públicas?

Não, absolutamente que não.

Aprovada proposta de Aécio Neves que amplia garantias para famílias do Bolsa Família

Aprovado, nesta manhã (28/05), projeto de lei do senador Aécio Neves que garante o pagamento do Bolsa Família por até seis meses continuados para o beneficiário que aumentar a renda familiar, seja pelo ingresso ou pelo retorno ao mercado formal de trabalho, ultrapassando o limite hoje estabelecido para ser atendido pelo programa. A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado e segue, agora, para análise da Comissão de Direitos Humanos.

Foram 10 votos pela aprovação do projeto de lei do Senado 458, de 2013, contra 9 votos de senadores do PT e aliados do governo, que tentaram derrotar a proposta.

Aécio Neves também é autor do projeto que incorpora o Bolsa Família à Loas, transformando o benefício em política permanente de Estado.

 

Abaixo, trechos do discurso do senador Aécio Neves na Comissão de Assuntos Sociais durante a discussão do projeto:

“Chega a ser comovedor o esforço das principais lideranças do PT de impedir qualquer aprimoramento ou avanço de tamanha importância no programa. Mas a minha surpresa nessa ou em outras discussões não tem limite. Ouço agora, minutos atrás, o senador Paim fazendo um relato da história, lendo um documento provavelmente produzido pelo governo, primeiro, afirmando que um programa que deu certo não precisa de aprimoramentos. Meu Deus. Todos os programas precisam de aprimoramentos!

Dois projetos encaminhei que vêm absolutamente nessa direção.  Um deles corrobora não com o voto do senador Paim, mas com o discurso do senador. Quero transformar o Bolsa Família em um programa de Estado, incluí-lo na Loas, para que ele não seja um instrumento de campanha eleitoral exclusivamente e, mais do que isso, seja utilizado para atemorizar, levar suspense às famílias que o recebem com as ameaças permanentes que são feitas nesse período.

Lia o senador Paim um documento que dizia que o Bolsa Família, criado em 2003, e por aí vai… A história ninguém reescreve, está escrita. Faltou uma frase: o Bolsa Família, criado em 2003, a partir da unificação dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale-Gás, incorporando o Cadastro Único, já com 6,9 milhões famílias no Bolsa Família. Jamais tiramos esse mérito do presidente Lula. Foi um avanço. O Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação também estavam certo, permitiam o controle da frequência escolar e da vacinação de famílias sob maior vulnerabilidade. Davam certo, foram avanços extraordinários. O que ocorreu? Foram aprimorados a partir da presença do presidente Lula no momento em que ele os unifica, e sempre reconhecemos isso.

Agora, parar no tempo? Impedir que ele seja aprimorado como estamos propondo aqui? Os argumentos da base do governo rodeiam na mesma direção e não dizem absolutamente nada. O que queremos é garantir, com base na experiência do Bolsa Família, que aquele cidadão que encontrar o emprego, puder se inserir na sociedade com um trabalho que extrapole o teto do benefício, possa ter pelo menos seis meses para  estar estimulado a entrar no mercado de trabalho.

Porque hoje o que acontece é que em determinados casos, quando, por exemplo, esta revisão é feita em setembro, agosto ou mesmo julho, e em outubro é feito o desligamento desse cidadão, ele se sente desestimulado a arriscar, ir para o mercado de trabalho, assinar uma carteira, se desligar do programa e, amanhã, não dar certo neste emprego e entrar na fila novamente. O que queremos é estimular que as pessoas possam arriscar, buscar o emprego no mercado de trabalho. Se qualificar, como propõe o senador Cristóvão, e aqui a proposta é ainda aprimorada pela senadora Lúcia Vânia.

Me lembro que, em 2011, o governo fez uma bilionária propaganda com o dinheiro público para dizer que a partir daquele momento não existia mais miserável no Brasil, porque todos recebiam pelo menos 1,25 dólar por dia, a partir do momento em que se ofereceu R$ 70 por cidadão. Não existia mais miserável no Brasil. Esqueceram de conduzir adequadamente a política econômica e o que ocorreu? O dólar obviamente cresceu e para que aquela afirmativa de 2011 fosse verdadeira hoje, o Bolsa Família precisaria estar em R$ 83 e não em R$ 77. E o governo esqueceu-se de, novamente, fazer uma propaganda para dizer, olha, vocês voltaram para abaixo da linha da miséria.

O que estamos querendo aqui é acabar com ações como aquela do candidato apoiado pelo PT no Maranhão há pouquíssimas semanas. O senhor Edinho Lobão conseguiu fazer um discurso no Maranhão, gravado e exibido nas redes locais, dizendo: o candidato do PSDB, Aécio Neves, quer acabar com o Bolsa Família. Vocês acreditam nisso? ‘Quer acabar com o Bolsa Família, gente’.

Esta é a lógica do PT. O PT não quer um programa para ser aprimorado, para dar tranquilidade e transitoriedade a estas famílias. Quer um programa para chamar de ‘seu’. A discussão séria estaria levando agora o PT a apoiar este projeto.

Se a questão for autoria, porque em muitos momentos me parece que a questão da autoria é mais relevante que o conteúdo do projeto, abro mão desta autoria. Dou esta autoria ao senador Suplicy que luta por esta matéria há tanto tempo.

O que estamos fazendo aqui é aprimorar o programa como fizemos quando apresentamos o outro projeto incluindo o Bolsa Família na Loas. Votar contra este projeto é simplesmente dizer que não quer um programa estável, que beneficia efetivamente os que mais precisam, mas simplesmente um programa para chamar de ‘seu’ e para ser irresponsavelmente utilizado em campanhas eleitorais.”