Aécio diz que perda de autonomia da CGU será um ato criminoso

O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, classificou como um retrocesso histórico a proposta da presidente Dilma Rousseff de retirar da Controladoria-Geral da União (CGU) a autonomia no trabalho de controle interno dos atos do governo e seus ministérios. A medida em estudo pela presidente da República dentro da reforma ministerial prevê a submissão da CGU a ministérios e, com isso, a perda de independência do órgão, que hoje fiscaliza e dá transparência a medidas tomadas pela presidência da República e ministros de Estado.

“O que a presidente está propondo em relação à Controladoria-Geral da União é algo criminoso. Ela se apropriou lá atrás de algo que foi criado no governo do presidente Fernando Henrique, chamada Corregedoria-Geral da União, depois transformada em Controladoria, que veio crescendo e se fortalecendo ao longo dos últimos anos. Ao tirar o status ministerial da Controladoria e ao submetê-la, como se anuncia, a dois ou três ministérios, o que significa fatiar esse importante órgão de controle é, na verdade, fazer o trabalho daqueles que não querem apuração alguma”, afirmou o senador Aécio Neves, em entrevista à imprensa, no Senado.

O senador avaliou que a decisão, caso seja confirmada, desmente o discurso feito pela presidente Dilma na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), anteontem, em Nova York, quando disse que o governo brasileiro não tolera a corrupção.

“O que a presidente consegue ao final dessa reforma é desqualificar ainda mais o governo e desmontar um importante órgão de controle, a CGU. No momento em que ela fica subordinada a ministros de Estado, a decisão não é mais técnica, passa a ser política. Vocês imaginem, por exemplo, o ministro da Justiça, se há uma denúncia em relação a um colega seu de ministério, e não falo aqui do atual ministro, e sim em qualquer situação ou em qualquer governo, ele vai ter autonomia ou independência para mandar fazer essa investigação? Não. Tirar o status ministerial da Controladoria é estimular a não apuração, a não investigação das inúmeras denúncias que recaem sobre o governo em todos os instantes”, afirmou Aécio.

Dilma e PT fazem do governo uma feira livre

Na entrevista, o presidente do PSDB reafirmou suas críticas à volta no governo do PT da negociação de ministérios em troca de votos dos partidos no Congresso. Para Aécio, a presidente Dilma erra novamente ao transformar o governo numa feira livre com oferta de cargos federais.

“A forma como a presidente da República está distribuindo nacos de poder, como numa feira livre, distribuindo para quem der a melhor oferta, áreas de tamanha relevância para a vida dos brasileiros, como o Ministério da Saúde, sendo trocado por 20, 30 votos, o Ministério da Infraestrutura por outros 10 votos, é a negação de tudo que o Brasil precisava estar vivendo. Essa reforma ministerial, pelo que se anuncia, terá como resultado a entrega de áreas importantes do governo em troca de alguns votos no Congresso Nacional”, criticou Aécio.

Pronunciamento no Senado Federal

O senador Aécio Neves cumprimentou e desejou êxito ao colega no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, que anunciou filiação à Rede Sustentabilidade, partido liderado pela ex-ministra e ex-candidata a presidente da República, Marina Silva. Durante pronunciamento hoje no Senado Aécio Neves protestou contra a proposta em estudo pela presidente Dilma Rousseff de enfraquecimento da Controladoria-Geral da União (CGU) e subordinação do órgão a ministros de Estados.

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Foto: George Gianni

Aécio Neves – Entrevista coletiva

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (29/09). Aécio falou sobre reforma ministerial, fatiamento da CGU e financiamento de campanha.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre distribuição de ministérios para o PMDB.
É o fim de um governo. O presidente Fernando Henrique disse uma frase que resume o que nós estamos vivendo no Brasil hoje. A presidente já não governa. A presidente é governada. A lógica da presidente hoje, das suas ações é única e exclusivamente a sua manutenção no poder por mais alguns dias. Então, vai dar o Ministério da Saúde em troca de 15, 20 votos, aí fala-se em Infraestrutura, se precisar cria-se outros ministérios e a lógica daquilo que poderia ser talvez a última oportunidade de uma reconexão da presidente da República com a sociedade, fazendo o enxugamento da máquina, algo meritório, onde a qualificação orientasse a nomeação dos dirigentes de empresas ou dos ministros de Estado, ela trocou tudo isso por uma lógica que o Brasil não merece mais viver, que é essa do toma lá, dá cá. Essa da troca de cargo sem preocupação com a qualificação faz que, sem juízo de valor, a nomeação de A ou B, sem qualquer preocupação com a efetividade das ações de cada uma dessas áreas. Essa chamada reforma administrativa, na verdade está tendo como resultado a desqualificação ainda maior de um governo muito pouco qualificado.

A forma como a presidente da República está distribuindo nacos de poder, como numa feira livre, distribuindo para quem der a melhor oferta, áreas de tamanha relevância para a vida dos brasileiros, como o Ministério da Saúde, sendo trocado por 20, 30 votos; o Ministério da Infraestrutura por outros 10 votos, é a negação de tudo que o Brasil precisava estar vivendo. Essa reforma ministerial, pelo que se anuncia, terá como resultado a entrega de áreas importantes do governo em troca de alguns votos no Congresso Nacional, e mais do que isso, a forma desorganizada como ela está tratando a questão dos órgãos de controle.

Sobre enfraquecimento da CGU.

O que a presidente está propondo em relação à Controladoria-Geral da União é algo criminoso. Em primeiro lugar, ela se apropriou lá atrás de algo que foi criado no governo do presidente Fernando Henrique, chamada Corregedoria-Geral da União, depois transformada em Controladoria, que veio crescendo e se fortalecendo ao longo dos últimos anos. E no bojo dessa reforma, além da entrega da Saúde, em troca de 20, 30 votos na Câmara dos Deputados, a outra marca é a fragilização desse importante órgão de controle. Ao tirar o status ministerial da Controladoria e ao submetê-lo, como se anuncia, a alguns ministérios, a dois ou três ministérios, fatiar esse importante órgão de controle é, na verdade, como disse o próprio ex-ministro Hage hoje nos jornais, é fazer o trabalho daqueles que não querem apuração alguma. O que a presidente consegue ao final dessa reforma é desqualificar ainda mais o governo por um lado e desmontar um importante órgão de controle, a CGU. No momento em que ela fica subordinada a ministros de Estado, a decisão não é mais técnica, passa a ser política.

Então vocês imaginam que amanhã, por exemplo, o ministro da Justiça, se há uma denúncia em relação a um colega seu de ministério, e não falo aqui do atual ministro, e sim em qualquer situação ou em qualquer governo – ele vai ter autonomia ou independência para mandar fazer essa investigação? Não. Tirar o status ministerial da Controladoria é estimular a não apuração, a não investigação das inúmeras denúncias que recaem sobre o governo em todos os instantes. Portanto, melhor teria sido se a presidente sequer fizesse essa reforma, porque o resultado será ainda pior. Repito o que disse ontem, em um evento do Rio de Janeiro: vejo esse governo dando seus últimos suspiros, os seus estertores.

Sobre PEC do financiamento de campanha.

Acho que é necessário que se vote aqui, independentemente de qual seja o resultado. Quero aqui externar uma preocupação que tenho com essa decisão do Supremo, tomada obviamente com a melhor das intenções. Da mesma forma em que foi muito bem intencionado que o Supremo, lá atrás, por exemplo, revogou a cláusula de barreira, que havíamos, em um trabalho muito árduo, aprovado aqui na Câmara dos Deputados. Isso trouxe como consequência um número enorme de partidos políticos. Hoje, se ela estivesse funcionando, ou vigendo, teríamos 7 ou 8 partidos políticos no país. Temos 30 partidos políticos no Congresso Nacional. Foi com a melhor das boas intenções que o Supremo Tribunal definiu que o mandato pertencia aos partidos, mas criou uma saída, para os novos partidos é possível que se mude e que se leve o tempo de televisão e uma parcela do fundo partidário. A consequência qual foi? Essa proliferação de novos partidos políticos por coisas inusitadas. Partidos que já nascem garantindo uma coligação com outro determinado partido, que são tudo, menos partidos políticos.

Faço esse alerta porque essa decisão do Supremo, a meu ver, sem a devida discussão pode estar, no futuro, nos remetendo ao tempo do Caixa 2, ao tempo em que aqueles que têm estrutura política, portanto que detêm nacos de poder e são governo, terão uma prevalência, terão um favorecimento muito grande em relação aos outros candidatos. Estabelecer limites e transparência para o financiamento privado mais rígido do que os atuais, acho que é algo que me parece mais adequado ao funcionamento do sistema político do que essa decisão. Ela deve ser respeitada, é uma decisão do Supremo, mas quem faz as leis é o Congresso.

Discutimos isso hoje com o presidente Renan [Calheiros]. Parece que a intenção dele é colocar a PEC para ser votada. E qualquer que seja o resultado, terá que ser respeitado. Faço aqui esse alerta, como fiz lá atrás em relação ao fim da cláusula de barreira, que trouxe consequências muito ruins para o processo político. Então acho que a discussão serena, sem paixões, sem olhar quem é o beneficiário imediato, se oposição ou governo, partido A ou partido B, deveria presidir a discussão dessa PEC no Congresso Nacional. Defendo que ela seja discutida rapidamente na Comissão de Justiça e venha a Plenário, e que a maioria faça prevalecer o que achar mais adequado.


Dá tempo de fazer a discussão até a campanha?

Não estou tão preocupado com essa parte. Vale para eleição daqui ou vale para a eleição de lá. A minha preocupação é: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) hoje tem uma dificuldade muito grande para investigar dez empresas que são denunciadas por serem empresas de fachada e que atuaram na campanha da presidente da República. Vocês imaginam se os Tribunais Regionais Eleitorais e o Tribunal Superior Eleitoral terão condições de averiguar a capacidade de centenas de milhares de doadores individuais. Se eles tinham lastro, se eles tinham condições financeiras para fazer aquela doação? Temo que possamos estar dando, com a melhor das intenções dos senhores ministros do STF, um passo atrás. Não sou o dono da razão, mas a minha experiência parlamentar e a minha posição como dirigente de um importante partido político me levam a trazer à luz do dia essa discussão. E acho que aqui, no Senado, onde se fazem as leis, e na Câmara dos Deputados, essa questão tem que ser decidida.

Pronunciamento no Senado Federal

“A presidente da República, se confirmado aquilo que hoje está sendo anunciado, permite um retrocesso histórico, que eu chamaria de criminoso, em relação aos avanços que obtivemos do ponto de vista da transparência e da fiscalização da atuação dos agentes políticos. É algo, portanto, extremamente grave o que está em curso, e faço esse pronunciamento até mesmo como um alerta”, afirmou o senador Aécio Neves, nesta terça-feira (29/09), na tribuna do Senado, ao protestar contra a proposta em estudo pela presidente Dilma Rousseff que prevê a perda de autonomia da Controladoria-Geral da União (CGU) e subordinação do órgão a ministros de Estados.

Aécio Neves ressaltou que a CGU exerce um papel fundamental no controle e na fiscalização do uso dos recursos públicos e é responsável, entre outras atribuições, pelo Portal da Transparência. O senador avaliou que a decisão, se confirmada, tornará as decisões do CGU, hoje baseadas em critérios técnicos, em atos políticos, colocando em risco a apuração de desvios e de corrupção no governo federal.

Entrevista sobre a fragilização da CGU

Em entrevista coletiva, nesta terça-feira (29/09), Aécio Neves condenou a proposta do governo que retira autonomia da Controladoria Geral da União (CGU), órgão que faz hoje o controle dos atos da Presidência da República e dos ministérios, e trabalha na prevenção de corrupção. “O que a presidente está propondo em relação à Controladoria-Geral da União é algo criminoso. Tirar o status ministerial da Controladoria é estimular a não apuração, a não investigação das inúmeras denúncias que recaem sobre o governo em todos os instantes”, afirmou.

Aécio Neves – Entrevista sobre a Marcha dos Prefeitos, Distritão e MPs Ajuste Fiscal

O senador Aécio Neves concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (26/05), em Brasília, onde participou da 18º Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Aécio falou sobre o evento, impeachment da presidente Dilma, reforma política, distritão e MPs do ajuste fiscal.

 

Confira a transcrição da entrevista do senador:

Sobre ausência da presidente da República na Marcha dos Prefeitos.

Temos hoje uma presidente da República sitiada. Uma presidente da República que não pode sair do Palácio do Governo a não ser com uma grande escolta. Uma presidente da República que, infelizmente, não pode olhar nos olhos dos brasileiros, e em especial dos prefeitos brasileiros, porque mentiu. Mentiu durante a campanha eleitoral. Apresentou um conjunto de propostas que sabia que não poderia cumprir.

Enquanto nós buscamos trazer o debate para o Brasil real, o Brasil que precisaria de ajustes, a presidente disse que o Brasil cresceria com taxas extraordinárias, que os juros cairiam, que a inflação estava sob controle, e que o emprego continuaria pleno. Infelizmente, o Brasil tem hoje a pior equação econômica da nossa região, da América Latina – será o país que ao lado da Venezuela menos vai crescer esse ano – e em grande parte pela irresponsabilidade do governo que, sabendo da necessidade de fazer ajustes nos últimos dois anos, pelo menos, não os fez. Por quê? Porque priorizou exclusivamente a eleição.

O governo iludiu os brasileiros, iludiu os municípios que hoje pagam a parte mais dura dessa conta, porque já pagaram no momento do estímulo ao crescimento da economia com as desonerações de impostos que são compartilhados e, agora, o governo, para corrigir os seus equívocos, busca aumentar tributos, penalizando de forma geral todos os brasileiros, em especial os trabalhadores, mas faz nos tributos de apropriação exclusiva da União, que são as contribuições.

Isso significa que, mais uma vez, os prefeitos estão pagando a conta. Só nesses primeiros quatro meses desse ano de 2015, foram, só na saúde e na educação, 1 bilhão de reais a menos em transferências para os municípios. E na área de políticas sociais, menos 500 milhões de reais. O que é mais triste é que isso vai continuar. E, lamentavelmente, prefeitos que adquiriram máquinas, prefeitos que iniciaram a construção de creches e de escolas, terão que interrompê-las, porque a União não terá mais condições de dar a sua contrapartida.

 

Sobre pedido à PGR de ação penal contra a presidente Dilma Rousseff.

O PSDB é o primeiro signatário dessa ação que mostra que a presidente da República cometeu um crime comum. Os bancos não podem financiar os seus controladores, como aconteceu ao longo de todo o último ano, no início, nos primeiros meses desse ano, como nós alertávamos, inclusive, durante a campanha eleitoral. Estaremos, portanto, na PGR, entrando agora com essa ação, de crime comum, pedindo ao procurador-geral da República que inicie a investigação em relação ao crime cometido pela presidente da República.
Há um recuo do pedido de impeachment?

Não, de forma alguma. O que existe são vários movimentos, e nós temos que respeitar a todos, e cada um com seu timing, cada um com a sua estratégia. Do ponto de vista dos partidos de oposição, entendemos que essa ação junto à PGR neste momento é aquela que mais efeitos práticos vem a trazer, até porque é um fato notório que não temos ainda na Câmara dos Deputados o ambiente necessário à aprovação de uma proposta de afastamento. Mas não abandonamos a busca de informações. As denúncias se sucedem. Agora mesmo chegam outras relativas ao pagamento de propina de uma empresa da Holanda que já era de conhecimento da Controladoria-Geral da União. E houve ali uma omissão da CGU exatamente para que passasse o processo eleitoral.

Existem, nessas novas delações, denúncias que chegam cada vez mais próximas do caixa eleitoral do PT nessas eleições de 2014 e nas eleições de 2010. E, no momento em que acharmos que o conjunto das denúncias e das comprovações seja suficiente, nós poderemos avançar para o impeachment. Neste momento, a nossa responsabilidade orienta, e de forma conjunta todos os partidos da oposição, é entrarmos com essa ação junto à PGR.
Sobre distritão.

Estamos agora com a discussão na Câmara dos Deputados, e eu reuni agora os líderes e vice-líderes do meu partido, para manifestar a minha posição, e a posição formal do PSDB contra o ‘distritão’. O ‘distritão’ tem por consequência a fragilização definitiva dos partidos políticos e a individualização do exercício do mandato. Não me parece que uma reforma política que venha com esse nome, de reformar, e reformar para melhorar, possa permitir um retrocesso dessa dimensão. E se não conseguirmos avançar no voto distrital misto, que é a proposta histórica do PSDB, e me parece a mais adequada, devemos centrar os nossos esforços no fim das coligações proporcionais, como já fizemos no Senado.

Por si só o fim das coligações proporcionais já leva ao enxugamento desse número, a meu ver, extremamente exagerado de partidos políticos em funcionamento no Brasil. Apenas na Câmara com 28 partidos e vocês hão de convir que é muito difícil você estabelecer negociações para projetos estruturais, projetos que realmente interessem ao Brasil, com partidos políticos tão fragmentados. Qualquer projeto do conjunto da reforma política que venha na direção da fragilização dos partidos políticos e do estímulo à individualização do exercício dos mandatos terá a oposição do PSDB.
Sobre MPs do ajuste fiscal.

Esse ajuste fiscal é extremamente rudimentar. Ele se escora em dois pilares apenas. Um deles é a supressão de direitos trabalhistas, tudo aquilo que a candidata do PT disse que não faria durante a campanha eleitoral. E o outro: aumento de carga tributária, que não resolverá o problema do Brasil. Enquanto o governo federal não der exemplos na sua própria carne, não reorganizar a máquina pública, não racionalizá-la, não diminuir esse número astronômico de ministérios, de cargos em comissão, que hoje são divididos e distribuídos para que a base vote com o governo, o PSDB se coloca contrário à esse ajuste. Até porque não enxergamos nele a capacidade essencial de fazer com que o Brasil retome a confiança dos mercados, a confiança dos agentes econômicos e volte a crescer.