PSDB é solidário aos brasileiros indignados com o que acontece no país, diz Aécio Neves

O senador Aécio Neves ressaltou, nesta quarta-feira (05/08), que a oposição é solidária aos brasileiros indignados com o que vem acontecendo no Brasil. Em resposta às declarações do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que pediu o apoio da oposição ao governo Dilma Rousseff, Aécio lembrou que o governo petista desconsiderou os alertas feitos pelo PSDB nos últimos dois anos sobre o descontrole dos gastos públicos e o agravamento da situação econômica do país.

“A nossa conexão, o nosso diálogo hoje, é com a sociedade brasileira. É com aqueles brasileiros que estão indignados com o que vem acontecendo ao Brasil. Portanto, é muito mais adequado que o governo busque reunir a sua base em torno de um projeto de país do que cobrar da oposição uma solidariedade a eles próprios. A nossa solidariedade é ao país, aos brasileiros e, obviamente, não é ao governo porque, infelizmente, não acreditamos no que tem vindo do Palácio do Planalto”, afirmou Aécio Neves em entrevista à imprensa no Senado.

O senador lembrou que o governo negou, durante toda a campanha de 2014, os problemas apontados pelo PSDB, como a piora das contas públicas, o descontrole da inflação e a desaceleração da economia.

“Por maior que tenham sido os nossos alertas em relação ao desequilíbrio fiscal, em relação à escalada da inflação, à corrupção generalizada em determinados setores do governo, o governo fez ouvido de mercador. Não há aqui nenhuma referência ao ministro Aloizio Mercadante, mas o governo optou por não dar atenção à realidade naquele momento. Escondeu dos brasileiros. Privou os brasileiros de saberem a verdade e da tomada de medidas que lá atrás teriam minimizado os efeitos desta crise. Essa crise é obra do governo do PT”, afirmou.

Ao tentar dividir a responsabilidade pela crise, Mercadante teve de reconhecer a importância do PSDB no processo de combate à hiperinflação e no processo de estabilidade da moeda, há 20 anos, quando o governo Fernando Henrique pôs fim a anos de inflação elevada.

“Recebo positivamente as declarações do ministro Aloizio Mercadante reconhecendo o papel fundamental do PSDB para a estabilidade da moeda, para o combate à inflação. Mesmo que tardio este depoimento é importante, principalmente porque desmente tudo aquilo que a sua chefe disse durante a campanha eleitoral, em especial, que o PSDB havia quebrado o Brasil pelo menos três vezes”, afirmou.


Ajuste fiscal

O presidente nacional do PSDB ressaltou ainda que o partido continuará agindo com responsabilidade na discussão de projetos no Congresso, em especial os relacionados ao ajuste fiscal, embora seja minoria quando comparado à base do governo.

“O PSDB tem discutido cada matéria. Existem posições dentro do partido em relação a algumas delas que podem ter gerado alguma controvérsia, mas a responsabilidade pela aprovação do ajuste é do governo. O PSDB tem no seu DNA a responsabilidade fiscal. É o partido da estabilidade. Mas, obviamente, se o governo não consegue reunir pelo menos a sua base para dar sustentação aos seus projetos, obviamente, não tem autoridade de cobrar, da oposição, solidariedade que ele consegue entre os seus, entre os que o apoiaram”, ressaltou Aécio Neves.

Entrevista sobre as declarações do ministro Aloizio Mercadante

“A nossa solidariedade é ao país, é aos brasileiros, obviamente não é ao governo, porque nós, infelizmente, não acreditamos naquilo que vem do Palácio do Planalto”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, em entrevista sobre as declarações do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que reconheceu hoje (05/08) a importância do PSDB para a estabilidade do país e pediu o apoio da oposição ao governo do PT.

Aécio Neves disse que o PSDB manterá sua conexão e o diálogo com os brasileiros indignados com o que vem acontecendo no Brasil. O senador reiterou que a crise econômica e a corrupção generalizada são obra do governo do PT.

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O governo deve reconhecer os seus equívocos

“A nossa solidariedade é ao país, é aos brasileiros, obviamente não é ao governo, porque nós, infelizmente, não acreditamos naquilo que vem do Palácio do Planalto”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, em entrevista sobre as declarações do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que reconheceu hoje (05/08) a importância do PSDB para a estabilidade do país e pediu o apoio da oposição ao governo do PT.

Aécio Neves disse que o PSDB manterá sua conexão e o diálogo com os brasileiros indignados com o que vem acontecendo no Brasil. O senador reiterou que a crise econômica e a corrupção generalizada são obra do governo do PT.

Aécio Neves – Entrevista sobre as declarações do Ministro Aloizio Mercadante

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (05/08), em Brasília. Aécio falou sobre as declarações do ministro Aloizio Mercadante, papel das oposições, ajuste fiscal e governabilidade.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

O clima hoje está mais pesado que há um apelo mais dramático por parte do governo?

Recebo positivamente as declarações do ministro Aloizio Mercadante reconhecendo o papel fundamental do PSDB para a estabilidade da moeda, para o combate da inflação, mesmo que tardio este depoimento é importante, principalmente porque desmente tudo aquilo que a sua chefe disse durante a campanha eleitoral, em especial, que o PSDB havia quebrado o Brasil pelo menos três vezes.

Quero dizer aos líderes do governo e ao país, que ao PSDB jamais faltou responsabilidade para com aquilo que interessa efetivamente aos brasileiros. E vamos continuar agindo com absoluta responsabilidade. Ao contrário, não posso dizer o mesmo do governo porque foi a irresponsabilidade deste governo que nos trouxe a esta crise sem precedentes. Por maior que tenham sido os nossos alertas em relação ao desequilíbrio fiscal, em relação à escalada da inflação, a corrupção generalizada em determinados setores do governo, o governo fez ouvido de mercador. Não há aqui nenhuma referência ao ministro Mercadante, mas o governo optou por não dar atenção à realidade naquele momento. Escondeu dos brasileiros. Privou os brasileiros de saberem a verdade e da tomada de medidas que lá atrás teriam minimizado os efeitos desta crise. Essa crise é obra do governo do PT.

O PSDB cumprirá o seu papel enquanto oposição a isso que está aí, agindo com a mesma responsabilidade que agimos quando governamos o país. Agora, esta mudança de tom de figuras importantes do governo, em especial do ministro da Casa Civil é mais uma demonstração, até porque é um discurso diametralmente oposto da campanha eleitoral, que governo efetivamente mentiu durante todo o processo de 2014.


Como o PSDB pode ajudar a melhorar este ambiente político?

Fiscalizando o governo, garantindo que as investigações possam continuar avançando sem qualquer tipo de constrangimento às instituições, seja o Ministério Público, a Polícia Federal, ao Tribunal de Contas, ao Tribunal Eleitoral, tendo responsabilidade na discussão de matérias que chegam ao Congresso Nacional. Mas a nossa conexão, o nosso diálogo hoje, é com a sociedade brasileira. É com aqueles brasileiros que estão indignados com o que vem acontecendo ao Brasil.

Portanto, é muito mais adequado que o governo busque reunir a sua base em torno de um projeto de país do que cobrar da oposição uma solidariedade a eles próprios. A nossa solidariedade é ao país, aos brasileiros e, obviamente, não é ao governo porque, infelizmente, não acreditamos no que tem vindo do Palácio do Planalto.


Sobre criticas a votações do PSDB na Câmara.

O PSDB tem discutido cada matéria. Existem posições dentro do partido em relação, algumas delas que podem ter gerado alguma controvérsia, mas a responsabilidade pela aprovação do ajuste é do governo. O ajuste que nos foi colocado é absolutamente rudimentar. Se sustenta apenas em dois pilares: aumento de impostos e diminuição de direitos sociais. O que não vem dando certo na condução da economia é porque as despesas vêm crescendo de forma extraordinária, em razão inclusive da necessidade do atual governo, por mais que o ministro da Fazenda não possa dizer isso publicamente, de pagar as pedaladas do ano passado.

Metade pelo menos dos R$ 20 bilhões a mais de aumento em custeio que tivemos durante este primeiro semestre, se deu em razão do governo pagar as pedaladas cometidas no ano passado para vencer as eleições. E vai continuar pagando ainda no ano que vem. O governo não tem como transferir uma responsabilidade que é sua às oposições. O PSDB tem no seu DNA a responsabilidade fiscal, é o partido da estabilidade. Mas, obviamente, se o governo não consegue reunir pelo menos a sua base para dar sustentação aos seus projetos, obviamente não tem autoridade de cobrar, da oposição, solidariedade que ele consegue entre os seus, entre os que o apoiaram.

O PSDB é minoria, o PSDB é o quarto – se não me engano – partido na Câmara dos Deputados. O que estamos percebendo hoje é que o único objetivo é que o único objetivo que move a engrenagem do governo – seus ministros, dirigentes de empresas, assessores – é a manutenção do mandato da presidente da República. Não há mais projeto de país, não há mais ambição por parte do governo. Eles unicamente se contentam com a continuidade do mandato e para isso estão estabelecendo o maior mercado de trocas de favores e distribuição de cargos, esse sim o maior da história do país. Jamais antes na história do Brasil se viu tanta oferta de cargos para, única e exclusivamente, garantir o mandato da presidente da República.


Governabilidade

O desfecho de todo esse processo, repito, não será protagonizado pelas oposições e sim pela sociedade brasileira, e dependerá da capacidade que o governo demonstrar ter de recuperar a governabilidade. Esse governo tem que voltar a falar a verdade, tem que olhar nos olhos dos brasileiros e dizer o quanto errou e onde errou para que os brasileiros possam acreditar que ele está disposto a corrigir esses erros. Então apelos que vêm à distância, de solidariedade da oposição, neste momento não têm sentido.


Então essa admissão de culpa tem que vir da própria presidente e não de ministros ou do vice presidente.

Sem dúvida nenhuma. Não se terceiriza responsabilidades, até porque essa é uma prática antiga do PT, e como estamos vendo não tem deu certo até aqui.

Aécio Neves e bancada do PSDB protestam contra manobra que deixou partidos de oposição sem assento na Mesa do Senado

A bancada do PSDB no Senado Federal retirou-se nessa noite do plenário em protesto contra as articulações feitas para impedir que os partidos da oposição tivessem assento na Mesa Diretora da Casa, responsável pela formulação de políticas, pauta de votação, bem como supervisão e fiscalização dos atos administrativos do Senado.

O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, e outros líderes tucanos e de outros partidos de oposição defendiam que fosse respeitado o critério da proporcionalidade, que garante aos partidos representação na Mesa Diretora proporcional ao tamanho de suas bancadas.

Ao deixar o plenário ao lado dos senadores do PSDB, após fazer dois discursos (leia abaixo), protestando contra a manobra comandada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e a base do governo, o senador Aécio Neves concedeu entrevista à imprensa.

 

Leia a transcrição da entrevista:

Senador, como fica o clima depois dessa discussão que o senhor teve?

O senador Renan fez a opção por ser presidente de uma parte do parlamento.  Na verdade a degradação que tomou conta do governo federal infelizmente chega a essa Casa. Isso é absolutamente inaceitável.  Agora, nós do PSDB não precisamos de lugar na mesa, não precisamos de cargos nessa Casa para exercermos a oposição que temos que exercer a tudo isso que está aí.

A nossa responsabilidade é sermos intérpretes, sermos porta-vozes do sentimento de indignação da população brasileira com o descumprimento dos compromissos pela presidente da República que está dando aos brasileiros uma receita amarga de aumento de tributos por um lado e supressão de direitos trabalhistas por outro. Esse é o nosso papel.

Infelizmente, o presidente eleito do Congresso Nacional não compreendeu a dimensão do cargo que ocupa. Acha que o Senado Federal pode ser instrumento de uma aliança. Até quem sabe para protegê-lo. Hoje, dissemos de forma absolutamente clara que defenderemos a instituição sem qualquer cargo, por isso não participamos da votação. O senador Paulo Bauer retira o seu nome.

Vamos exercer, no limite das nossas forças, oposição àqueles que não respeitam a democracia. Um grupo de líderes partidários opta por subverter a vontade da população brasileira, que nos trouxe aqui nesse momento com 11 senadores da República. É lamentável, é triste, mas felizmente estamos mais unidos do que nunca para combater esse tipo arcaico, atrasado e inaceitável de prática política.

 

Como vai ficar a relação da oposição com o Renan e no andamento dos trabalhos?

Quem rompeu as relações foi o presidente Renan ao expelir da mesa partidos que, legitimamente, tinham o direito de dela participar para democraticamente conduzir a Casa, estabelecer a pauta. Este rolo compressor será rejeitado não apenas por nós da oposição, mas pela opinião pública brasileira. Eles esquecem que estamos sintonizados com o sentimento dos brasileiros que não aceitam mais esta velha e carcomida prática política da imposição, da violência, do conchavo, da falta da verdade, da ausência de transparência que conduziu todo este processo. O PSDB sai mais fortalecido e mais unido do que nunca deste episódio.

 

Os senhores não participam das reuniões de líderes, por exemplo?

Esta é uma outra questão. Mas certamente, as dificuldades para construir consensos na Casa serão muito maiores no momento em que o presidente, talvez para cumprir compromissos assumidos na sua campanha, subverte a ordem natural das coisas nesta Casa e violenta a posição, a vontade dos brasileiros que trouxe o PSDB como uma bancada muito sólida. Ao não respeitar a proporcionalidade, na verdade, ele desrespeita o conjunto da instituição.

 

Primeiro discurso do senador Aécio Neves no plenário do Senado Federal:

Algo de muito grave está acontecendo aqui hoje e é fundamental que os Srs. Parlamentares e que a sociedade brasileira saibam aquilo que está sendo construído e busquem compreender as suas razões.

Somos, senador Renan Calheiros, homens públicos experientes. Recebi, com muito prazer, V. Exª no meu gabinete, poucas horas antes da votação que o consagrou mais uma vez Presidente desta Casa. Disse-lhe, com todas as letras, inclusive na condição de Presidente Nacional do PSDB, e é nessa condição que também me dirijo a V. Exª, que votaríamos com o Senador Luiz Henrique; e V. Exª compreendeu. Disse ainda a V. Exª, na presença do Senador Jucá, que o acompanhava, que V. Exª tinha uma oportunidade única de iniciar essa nova Legislatura buscando respeitar a democracia interna, olhando para o sentimento da sociedade brasileira, percebendo que aquilo que esperam de nós é muito mais do que essa funesta disputa por espaços administrativos na Casa.

Senador Renan Calheiros, lamentavelmente, tenho que dizer que V. Exª me surpreendeu e surpreendeu negativamente. Falo com todo o respeito. O que está aqui sendo construído é uma articulação e que certamente não ocorreria sem o beneplácito, sem a concordância pelo menos de V. Exª, de excluir da Mesa Diretora do Senado Federal os partidos que não sufragaram o seu nome na eleição para a Presidência.

Sabemos todos, Senador Renan Calheiros, que a eleição para a Presidência é uma disputa política, e V. Exª compreendeu lá, de forma muito clara, a nossa posição, como compreendeu dois anos atrás, quando apoiamos a candidatura do Senador Pedro Taques, e da mesma forma apoiamos a candidatura do Senador Randolfe dois anos antes. Fizemos isso para manifestar a nossa discordância em relação à condução da Casa, em relação à independência que ela não alcançava. Essa é a grande verdade. Isso acontece corriqueiramente no Parlamento e obviamente essa questão não pode ser transferida para os cargos administrativos desta Casa.

Eu corrijo, com enorme respeito, uma informação equivocada do Líder do PT, Humberto Costa, que disse que quando disputei a Presidência da Câmara dos Deputados não tinha a maior bancada e tive o apoio do PT. Duas informações desencontradas. Era, sim, o representante do maior bloco partidário, já que a aliança nossa era com o PTB naquela época, o que me fez o candidato da proporcionalidade.

Mas nem por isso, Senador Humberto Costa, o seu companheiro de partido, hoje Ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, deixou de disputar. Disputou comigo, teve 90 votos. Foram nove candidatos. Ganhei no 1º turno. O meu primeiro gesto foi garantir a composição da Mesa da Câmara dos Deputados, respeitando a proporcionalidade.

Se houve lá algo que incomoda V. Exª – o PT ter ficado em uma suplência –, se houve algum equívoco – não conheço em profundidade essa distribuição dos cargos na Câmara –, não podemos trazer esse equívoco para o Senado Federal.

Permita-me, Senador Renan Calheiros, não se trata – como disse V. Exª agora há pouco – de candidaturas avulsas que a Mesa da Câmara e V. Exª não podem inibir. Não é isso que aqui está em jogo. Tanto que as candidaturas avulsas buscam exatamente retirar da Mesa Diretora o PSDB e o PSB, violentando uma proporcionalidade, que nós não alcançamos aqui pela benevolência de V. Exª ou de quem quer que seja. Alcançamos, a partir dos votos que os Parlamentares do PSDB obtiveram nas urnas nas duas últimas eleições.

O que se trata, Presidente Renan Calheiros, é de que V. Exª opta por constituir uma Mesa Diretora com aqueles que o apoiaram na última eleição. Lamentavelmente – e digo isso ao Brasil que esperava de nós aqui um tratamento de questões relevantes –, se engendrada essa grande articulação, lamentavelmente, Presidente Renan Calheiros, V. Exª deixará de ser o Presidente de toda esta Casa e será o presidente daqueles que o apoiaram.

É um gesto de violência inusitado nesta Casa, sem precedentes. E que fique aqui muito claro, neste instante. Em nome dos companheiros do PSDB, da brava companheira Lúcia Vânia, desprendida, que aceitou uma ponderação da Bancada, que nunca duvidou do seu voto e retirou o seu nome, quero dizer que não haverá disputa, Senador Renan Calheiros. Não haverá disputa, porque o PSDB, se apresentado um outro nome que desrespeite a proporcionalidade para a 1ª Secretaria, o PSDB se retirará dessa disputa e deixará claro que V. Exª governará com aqueles que o apoiaram – dignos Parlamentares, honrados Parlamentares –, mas perde a oportunidade histórica de reconciliar o Senado Federal com a sociedade brasileira.

Deus lhe deu, Senador Renan, inúmeras oportunidades na vida e agora mais uma que, lamentavelmente, V. Exª joga fora. Não espere das oposições a compreensão que nós tivemos ao longo destes últimos anos, quando solicitados por V. Exª. O que nós aqui buscamos é o respeito à proporcionalidade, é a representação que nós alcançamos pelo voto dos brasileiros.

Não nos interessa ter cargos na Mesa, mas essa proporcionalidade é fundamental para o bom andamento das relações entre Parlamentares. Estamos numa Casa que dialoga, onde as pessoas se comunicam, e V. Exª, lamentavelmente, neste momento, não se coloca à altura da Casa de Rui Barbosa, ao optar por ser Presidente dos 62% que lideram o seu voto.

Portanto, Senador Renan Calheiros, ao final, peço uma reflexão, porque não se trata – e fique aqui muito claro – de candidaturas avulsas, isoladas, mas de uma chapa construída sob os auspícios da Mesa Diretora e de V. Exª, que pune a proporcionalidade, alija aqueles que tiveram uma posição contrária à de V. Exª, não respeita a democracia interna.

Hoje, Presidente Renan Calheiros, se engendrada essa articulação, infelizmente viveremos mais uma triste tarde nesta Casa e, em nome do PSDB, com a licença do Líder Cássio Cunha Lima, em nome do bravo Senador Paulo Bauer, nome indicado com todos os méritos para participar da Mesa Diretora, e da Senadora Lúcia Vânia, assim como de nossos demais Pares, nós não disputaremos esse cargo e que V. Exª governe, se achar que isso é melhor para o País, com aqueles que o elegeram.

 

Segundo discurso do senador Aécio Neves

Serei bastante breve, presidente Renan, mas é preciso que fique aqui explicitada, de forma absolutamente clara para a população brasileira a manobra que acaba de ser conduzida no Senado Federal, com beneplácito de V. Exª, Presidente Renan Calheiros.

Um grupo de Líderes representativo, como diz o ex-presidente Collor – 15, 10, 12; não importa quantos –, está subvertendo a vontade da população brasileira ao construir aqui um acordo de aliados políticos que fere a essência do funcionamento do Parlamento, que é o respeito à proporcionalidade. As portas estão, Presidente Renan, escancaradas para que V. Exª conduza isso também, por exemplo, na indicação das comissões. Olha, veja bem o que está acontecendo.

Por que o Regimento do Senado, da Câmara e dos parlamentos espalhados pelo mundo inteiro prega a proporcionalidade? Porque é um parlamento, uma casa onde se deve parlamentar, discutir, divergir e, às vezes, fazer entendimentos.

Lamento, Presidente Renan Calheiros. V. Exª sabe do apreço pessoal que lhe tenho, mas – sei lá por quais razões, talvez pelos compromissos que assumiu durante a sua campanha eleitoral e que têm, agora, necessariamente, que ser honrados –, Presidente Renan, nenhum compromisso de apoio que, eventualmente, V. Exª tenha recebido justifica fazer com que V. Exª se diminua e diminua o Senado da República.

Pois, a partir deste instante, o PSDB, neste instante, que indicaria para auxiliar a Mesa Diretora do Senado Federal o nome do digno e honrado Senador Paulo Bauer, não só retira o nome do Senador Paulo Bauer como se retira deste plenário, porque V. Exª, para atender a conveniências que nem consigo imaginar quais sejam, opta, neste instante, por ser Presidente apenas daqueles que o elegeram. Lamentavelmente, o Senado sai menor. E V. Exª, com a liderança que tem, não a colocou a serviço desta Instituição.

Eu disse, Presidente Renan Calheiros, e falo isso de forma absolutamente clara, como sabe V. Exa que é uma característica que tenho: V. Exa teve nas mãos uma oportunidade extraordinária de ser o Presidente da instituição, de ser o Presidente de um Poder, e V. Exa apequena esse Poder ao colocar a proporcionalidade abaixo, única e exclusivamente para atender aos entendimentos que eventualmente foram feitos na sua campanha eleitoral.

V. Exa será o Presidente dos ilustres Senadores que o apoiaram, mas V. Exa perde a legitimidade para ser Presidente dos partidos de oposição nesta Casa, Senador Renan Calheiros.

“Quem vai governar o Brasil”?, pergunta Aécio diante da fragilidade do governo no Congresso

O senador Aécio Neves afirmou, nesta terça-feira (03/02), que a presidente Dilma Rousseff proporcionou vergonhoso início de ano para o Legislativo. Em entrevista à imprensa no Senado, Aécio fez duras críticas ao jogo de “toma lá, dá cá” oficializado pela presidente na reabertura dos trabalhos legislativos.

“Assistimos ontem ao mais vergonhoso início de uma sessão legislativa da história contemporânea do país. A mensagem trazida pelo chefe da Casa Civil da presidente da Republica foi uma só: a presidente da República vai pessoalmente nomear os membros do segundo escalão do governo com base no apoio político. É o “toma lá, dá cá” mais franco da história política recente do país”, criticou Aécio Neves.

A declaração é uma resposta ao anúncio feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, na reabertura do Congresso na segunda-feira (02/02). O petista afirmou que a presidente Dilma negociará pessoalmente a nomeação de cargos de 2º escalão com base no apoio parlamentar.

O presidente do PSDB também criticou a mensagem oficial enviada pelo Planalto ao Congresso. No texto, o governo Dilma ignora a atual crise econômica enfrentada pelo país, com inflação saindo de controle, contas públicas no vermelho e a retração da indústria.

“No momento em que se esperava uma admissão de culpa, de responsabilidades e até um pedido de desculpa aos brasileiros pelos desatinos do primeiro mandato, ela apresenta aos brasileiros um país que não é real, como se estivesse ainda em cima de um palanque. E o ministro da Casa Civil diz com todas letras que a presidente vai se dedicar pessoalmente às nomeações do segundo escalão com base no apoio político. Eu pergunto, quem vai governar o Brasil?”, questionou Aécio Neves.

Para Aécio, o governo sai bastante fragilizado da eleição das duas mesas diretoras do Congresso. “O que ficou claro nesse início de legislatura é que a presidência da República conta, na Câmara dos Deputados, mesmo com essa distribuição sem limites de cargos públicos, com cerca de 130 parlamentares. Jamais, no período pós-democratização, um governo termina tão fragilizado. Fragilizado na sua sustentação política e fragilizado no seu discurso”, afirmou.