Os brasileiros

Artigo do senador Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 02/03/2015

 

Após nove meses de ausência provocada pela campanha presidencial, agradeço à Folha o convite para retornar a este que é um dos mais importantes espaços da imprensa brasileira.

Como já fiz antes, recebo esta responsabilidade como uma oportunidade para refletir sobre o Brasil, respeitando as diferenças de pensamento e os princípios democráticos, sem, no entanto, me omitir diante dos graves problemas que dominam o quadro político nacional.

Certo é que, desde a minha última coluna, em junho de 2014, a nossa situação se agravou muito. Há hoje, dispersa, uma sensação preponderante de que o país vai mal e piora. São visíveis as contradições do governo central e seu crescente distanciamento da realidade.

 

Leia mais aqui.

Retrospectiva 2014

Aécio viveu um ano muito especial. O trabalho árduo no Congresso Nacional , as eleições presidenciais, o nascimento dos filhos Julia e Bernardo e o enorme carinho recebido de brasileiros de todos os cantos do país fez de 2014 um ano inesquecível.

Mas ainda há muita luta pela frente. Por isso, não vamos nos dispersar. Juntos, podemos buscar um país cada vez melhor.

Um grande 2015, de muita prosperidade, alegria, justiça e dignidade.

 

Copa Inesquecível: 1970

Ao ser convidado a escrever sobre uma Copa inesquecível, fiquei em dúvida sobre de qual falar: sempre fui um apaixonado por futebol desde que, pelas mãos de meu querido e saudoso pai, Aécio Cunha, muito cedo comecei a frequentar não só os estádios mas inúmeras vezes até os treinos do meu time do coração, o Cruzeiro, do qual ele foi por muitos anos vice-presidente.

Pensei em lembrar o time mágico de Telê Santana em 82, com Zico, Falcão e Sócrates, mas logo me veio a lembrança de Paolo Rossi e desisti da ideia. Ou do esforço do pouco acreditado campeão de 94, comandado por Dunga, Romário e Bebeto. Pensei ainda em lembrar o sofrimento de 98 na França (eu estava lá) ou a heroica conquista de 2002 com os gols mágicos do maior artilheiro de todas as Copas, meu amigo Ronaldo.

Mas resolvi viajar ainda mais no tempo para falar da primeira Copa a que assisti. A do tri, em 1970 (México).

Eu tinha então dez anos de idade e sabia, mesmo sem entender direito que alguma coisa ruim acontecia no país, fosse pelas conversas em voz baixa nas visitas que nos fazia meu avô Tancredo ou pelas inúmeras reuniões que aconteciam na minha casa, em que as conversas eram interrompidas sempre que as crianças entravam na sala.

Mas era tempo de Copa e, com meu álbum de figurinhas completo debaixo do braço, fazia questão de ser dos primeiros a chegar ao Instituto Zilah Frota para repetir, como se fosse profundo conhecedor da matéria, tudo o que ouvia meu pai comentar com os amigos.

Minha primeira bronca fora com o corte de Dirceu Lopes, craque celeste e hoje um querido amigo. Depois para dizer que só um louco poderia achar que não havia lugar para Pelé e Tostão no mesmo time (e tinha gente que achava). E, por fim, para defender um lugar para Piazza no time. Não por coincidência, todos cruzeirenses.

A Copa começou, a TV colorida que meu pai disse que encomendara jamais chegou. Tenho até hoje sérias dúvidas se essa encomenda existira mesmo. Nem sei se na época havia transmissão em cores ou se foi apenas uma fantasia para alimentar a minha imaginação. Mas não importa. A categoria do time de Pelé e cia. coloria a tela.

Foram quatro semanas de alegria e êxtase. Depois da final contra a Itália, saímos para comemorar no Aero Willys de meu pai, que, disciplinador enérgico, pela primeira vez me deixou sentar no capô do carro. Era a glória! Comemorei muito e cheguei a me orgulhar do Brasil.

Não passaram muitos anos para eu perceber que fora das quatro linhas não havia do que nos orgulhar.

Volto a 2014. A bola rola em mais uma Copa do Mundo, agora na nossa casa, e meu sentimento é que nos preparamos para duas históricas vitórias: a primeira delas em julho, dentro de campo, e a segunda, a da democracia, em outubro, fora dele. Ambas farão muito bem ao Brasil!

 

Leia também aqui.

Indústria já considera 2014 um ano perdido

Diante da piora nas expectativas e da previsão de crescimento da economia cada vez menor, setores dinâmicos da economia dão como perdido o ano de 2014. Incapazes de vislumbrar de onde virá o aquecimento da atividade econômica e com a alta disseminada no nível dos estoques, empresários industriais reveem para baixo suas estimativas, que vão de queda até uma leve alta na produção. Enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê avanço de 1,5% na indústria da transformação, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) passou a projetar queda de 0,8% na produção nacional este ano, sem boas perspectivas para 2015. A previsão anterior da Fiesp era de crescimento de 1%.

O longo ciclo de alta de juros, a reversão de desonerações tributárias e a provável alta no custo de produção, sobretudo em função do encarecimento da energia elétrica e dos insumos importados, estão entre os fatores que dificultam a vida dos fabricantes. Segundo o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, o chamado carry-over (efeito estatístico que informa quanto do crescimento do ano anterior foi transferido para o seguinte) foi muito negativo para o setor, que virou o ano passado com queda de 3,7%. Além disso, 2014 começou pouco promissor, com redução do consumo das famílias e do crédito, associado a outros fatores “complicados”, como Copa do Mundo e eleições.

— A sensação que temos é que 2014 será mesmo um ano perdido — afirma Francini.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, disse que, em 2014, não haverá crescimento da produção de eletroeletrônicos. O faturamento do setor deve subir entre 3,5% e 4%, mas puxado pelas importações, que correspondem a 26% dos produtos acabados.

A pesquisa de sondagem junto às empresas associadas à Abinee, que será divulgada na próxima semana e foi adiantada ao GLOBO, mostra uma piora nos negócios do setor em março: 44% dos empresários entrevistados responderam que houve aumento nas vendas, contra 61% em fevereiro, e 17% deles informaram que as vendas ficaram estáveis, percentual que correspondia a 25% em fevereiro. Para 39% das empresas, houve queda nas vendas, contra 14%, no mês anterior.

— Diante do calendário que nós temos, o ideal seria que este ano passasse bem rápido — destacou Barbato.

A indústria de máquinas e equipamentos, depois de amargar uma redução de 3% no faturamento em 2012 e de 5,7% em 2013, espera uma estagnação, ou até mesmo uma nova queda de até 3% nos resultados deste ano. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, com a conjuntura atual, uma retomada dos investimentos será possível apenas a partir de 2016.

— Este ano é de eleições. E o ano que vem será de ajustes, de corte de despesas, com um cenário que não será favorável para a indústria — disse.

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) estima um crescimento do setor de 4,5% no faturamento este ano mas, diante da desaceleração nas vendas de materiais de construção no varejo, o presidente da entidade, Walter Cover, avisou que os números podem mudar. Já a Anfavea, representante dos fabricantes de veículos automotores, espera que, no fechamento de 2014, seja registrado um crescimento de 1,4% na produção de veículos e de 1,1% nos licenciamentos (mercado interno). No ano passado, esses percentuais foram de 10% e -0,9%, respectivamente.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, reconheceu que, na atual conjuntura, o setor registra avanço em ritmo menos acelerado que o verificado durante a crise de 2008/2009. Ele observou, porém, que hoje as bases de comparação são bem maiores.

— Isso faz parte de um processo absolutamente natural que costumo batizar de dores do crescimento. Quando se vende pouco, é mais fácil registrar um aumento elevado. Mas, num patamar lá em cima, é mais difícil ter o mesmo ritmo de crescimento — disse Moan.

Dados da Anfavea mostram que o licenciamento de veículos registrou queda de 15,2% em março, com 240,8 mil unidades, na comparação com igual mês do ano passado. No primeiro trimestre, o recuo foi de 2,1%.

Perda de competitividade

Para o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo, o setor deve registrar crescimento em 2014, mas em cima de uma base reprimida. No caso do aço bruto, que registrou retração de 1% no ano passado, as projeções são de crescimento de 5%. As vendas internas devem subir 4,1% e as exportações, 2,3%, depois de uma queda de 17,5% em 2013.

Ele destacou que toda a indústria de transformação vem perdendo competitividade de forma sistemática, sobretudo com a entrada de importados, e não consegue aumentar as exportações. Já Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecção (Abit), disse que a expectativa para a produção é entre alta de 1% e queda de 1%.

— Este ano deverá repetir 2013, porém com mais emoções. Temos eleições e Copa do Mundo, o que altera o movimento no comércio — disse Pimentel.

De acordo com o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo Júnior, as pesquisas de sondagem industrial realizadas pela instituição entre fevereiro e março revelam crescimento disseminado do nível dos estoques nos setores industriais, sobretudo automotivo, mecânico, têxtil, vestuário e calçados, associado a uma demanda fraca, tanto no mercado interno, quanto externo.

— Não quero ser alarmista, mas não vejo sinais positivos na indústria, que deve terminar o ano em ritmo lento de atividade — disse o professor.

Ele destacou que a conjuntura é desfavorável aos investimentos. Lembrou que o setor de bens de capital, depois de resultados positivos entre o fim de 2012 e boa parte de 2013, com aumento nas vendas de caminhões e máquinas agrícolas, voltou a se desacelerar. A queda no índice de confiança neste segmento, salientou Campelo, deve se estender até o segundo semestre. Outro fator agravante são as incertezas envolvendo o setor energético.

 

Leia também aqui.

Feliz Brasil Novo

A última imagem do ano para milhões de brasileiros solidários é a do sofrimento das famílias vítimas da violência das chuvas. O Brasil assiste a um novo capítulo da mesma tragédia muitas vezes anunciada.

Nenhum governo é responsável por desastres naturais, por chuvas ou enchentes que arrastam vidas e esperanças. Mas são responsáveis pelo que fazem e deixam de fazer.

 

Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/aecioneves/2013/12/1391336-feliz-brasil-novo.shtml

A ‘Lei Falcão’ do PT

O Senado fez valer a máxima de Bertolt Brecht, segundo a qual a verdade é filha do tempo, e não da autoridade.

A Casa devolveu, simbolicamente, o mandato de senador ao líder comunista Luís Carlos Prestes, cassado em 1948. Fez justiça a um brasileiro merecedor de respeito mesmo entre aqueles que discordavam do seu projeto para o país. Quis o destino que essa reparação se desse no mesmo momento em que o governo federal colocava em marcha seu rolo compressor para impedir novas candidaturas nas eleições presidenciais de 2014.

Leia Mais:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/aecioneves/1266548-a-lei-falcao-do-pt.shtml