Entrevista Aécio – Embaixador China no Brasil – 31-03-21

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Me reuni, como presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, com o embaixador da China no Brasil, sr. Yang Wanwing, quando tratamos de questões extremamente relevantes em relação à oferta por parte da China de vacinas e, principalmente, de insumos ao Brasil. Nos garantiu o embaixador que não haverá qualquer atraso na oferta dos insumos necessários à fabricação seja pelo Butantan como pela Fiocruz de imunizantes produzidos aqui no Brasil. Tratamos de uma transferência de tecnologia em que o Brasil possa adquirir a capacidade de produzir aqui mesmo, em território nacional, esses insumos extremamente importantes.

O IFA é um ingrediente farmacêutico ativo. É a matéria-prima essencial à fabricação das vacinas. A parceria com a China é estratégica nesse momento para o Brasil, em razão de serem eles o país que mais exporta vacinas dentre todos aqueles que a produzem no mundo. E, da mesma forma, como presidente da Comissão de Relações Exteriores temos encontros marcados com o embaixador dos Estados Unidos na busca também da transferência para o Brasil de excedentes de vacinas que já existem nos Estados Unidos e que já estão chegando ao México e ao Canadá.

Temos conversas também com representantes da União Europeia para garantir que a produção da Pfizer, feita na Noruega, possa, sem qualquer tipo de entrave, chegar nos prazos estabelecidos ao Brasil. E nosso papel agora é somar esforços com o governo federal, o Congresso, os empresários, a sociedade brasileira, para que, o mais rapidamente possível, possamos chegar a um número em torno de 1 milhão e meio de pessoas vacinadas diariamente no Brasil.

Só a ampliação e a aceleração no processo de vacinação permitirão ao Brasil fazer regredir essa curva crescente de casos de infectados e também de óbitos que nos angustia a todos. Como presidente da Comissão de Relações Exteriores, vou continuar fazendo contatos com todas as regiões do mundo. E já temos, inclusive, para a próxima semana um encontro marcado, uma conversa virtual, com o presidente da OMS. Na verdade, o cargo é seu diretor-geral, para que possamos demonstrar que atender prioritariamente ao Brasil hoje significa atender a toda nossa região e, além de ajudar a salvar vidas de brasileiros, também trata-se de impedir que novas variantes desse vírus possam alcançar outras regiões do mundo.

Esse tem sido nosso trabalho. No mesmo dia que convidamos já para estar conosco na Comissão de Relações Exteriores, através de requerimento de minha autoria, aprovado hoje, o ministro de Estado de Defesa, general Braga Neto, que recém assume o ministério, e também o embaixador Carlos França, novo chanceler, novo ministro das Relações Exteriores, para tratarmos, dentre tantas questões, fundamentalmente dessa, importação mais ágil, mais célere, em quantidades maiores de vacinas e insumos e também da logística para a ampliação da sua aplicação no território nacional.

Entrevista Aécio – Rádio Itatiaia – 29-03-21

Em entrevista à Rádio Itatiaia, o ex-governador lamentou a ausência de Minas Gerais do debate nacional e diz que vacinação dos brasileiros é prioridade absoluta.

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Leia o pronunciamento de Aécio após eleição na CREDN

Pronunciamento do deputado Aécio Neves durante instalação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

Brasília – 12-03-21

Caros colegas parlamentares,

É com muita honra que assumo essa enorme responsabilidade que os senhores me outorgaram de dirigir essa importante Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Os temas tratados nessa Comissão sempre foram prioridade no exercício de minha já longa vida pública, que conta com 35 ininterruptos anos de exercício de mandato popular, a maior parte deles nessa Casa à qual devo grande parte da da minha formação política e que tive a honra de presidir em tempos de importantes transformações no país . Da mesma forma, esses temas sempre estiveram presentes em inúmeras discussões do meu partido, o PSDB, que nos últimos 10 anos presidiu por 6 vezes essa prestigiosa comissão e ofereceu ao país quadro extraordinários como chanceleres quadros como Fernando Henrique Cardoso, Celso Lafer, e mais recentemente José Serra e Aloysio Nunes Ferreira.

Esse último, meu companheiro de chapa na eleição presidencial de 2014, coordenou recentemente um belíssimo trabalho, que em parte reproduzo aqui que traduz as opiniões que sempre defendemos é que acredito que essas ideias que elenco aqui hoje poderão subsidiar os debates que travaremos aqui.

Afirmo, desde já, que serei sempre fiel à minha história e minhas enraizadas convicções democráticas, garantirei que todos os temas trazidos serão debatidos e garantirei todas as opiniões respeitadas.

Senhoras e senhores parlamentares,

Cada vez mais a forma com que o Brasil se insere no mundo traz consequências cruciais para o desenvolvimento de nosso País e para a condição de vida de nossa gente. Assim, a política externa, agora como antes, implica opções que afetam os principais atores da nossa política interna.

É correto, inclusive, dizer que a atuação do Brasil no mundo configura uma “política de Estado”. No caso presente, a expressão não é mero rótulo. Ela remete a um sentido que define nossa identidade em face dos demais países. É algo que ultrapassa os limites de uma única gestão governamental e está embasada na própria Constituição. Lá estão, no artigo 4º do título I, os princípios pelos quais a República se rege nas relações internacionais. É sempre útil rememora-los: independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, concessão de asilo político. E no parágrafo único desse artigo há a afirmação enfática da latino-americanidade do Brasil, uma vez que o País deve empenhar-se na consolidação de uma comunidade latino-americana de nações com dimensão econômica, política, cultural e social.
Esse artigo da nossa Constituição afirma um padrão de ação do Brasil que foi constante ao longo dos melhores anos de nossa história republicana. A observância dessas normas decorre do respeito ao texto constitucional, mas reveste-se, sobretudo, nas relações internacionais, e destaco isso, de enorme utilidade: a de dizer claramente aos nossos interlocutores quem somos nós e que comportamento esperar do Brasil seja nas relações diretas com outras nações ou em nossa atuação nos organismos internacionais.

Caros colegas, a alternância das forças políticas do poder nacional é inerente à democracia. E existem nessa matéria, como em tantas outras, diferenças de ênfase, de prioridades, de objetivos traduzidos em ações e discursos dos presidentes que se sucedem no comando da Nação, e cada uma delas, em seu tempo, tem de ser respeitadas. Essa variância é perceptível na condução que os diferentes presidentes da República, situados em pontos distintos do espectro político e ideológico, imprimiram à nossa política externa em seu tempo.

Agora, entretanto, na etapa atual da globalização, da interdependência das nações, que fica cada vez mais clara em tempos de pandemia, acentuada sempre pelo drama por que passam milhões de pessoas em todo o mundo, o Brasil, umas das economias mais relevantes do mundo deve sempre defender seus interesses junto a quem ofereça melhores oportunidades em cada situação concreta.

Há questões já colocadas, como o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia, dentre inúmeras outras, que devem merecer atenção especial dessa comissão. Me refiro também as já iniciadas negociações e acordos do Mercosul com o Canadá, a Coreia do Sul e Singapura, que precisam e devem ser aceleradas, assim como devemos avançar no fortalecimento dos laços econômicos que nos unem a países da Aliança para o Pacífico, nossos vizinhos e o próprio Mercosul, que completa 30 anos de sua criação, deve ser objeto de profundas discussões que possibilitem o seu fortalecimento como importante instrumento para o desenvolvimento nacional.
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Obviamente, garantindo especial atenção às relações com os nossos principais parceiros econômicos e me refiro aos Estados Unidos e a China, além do fortalecimento da nossa presença absolutamente estratégica no BRICS.

Essas são algumas ações que deverão ser imprimidas por esta comissão e que demonstram a dimensão do desafio que nos aguarda.

Mais integração, mais desenvolvimento. Esse, sem dúvida alguma, a meu ver, é o norte a ser buscado.

A diplomacia brasileira tem longa tradição de respeito, tolerância e equilíbrio. Estes preceitos e valores necessitam ser reafirmados. É preciso restabelecer os princípios norteadores da nossa política externa, inscritos na nossa Constituição como compromissos do Estado brasileiro.

A nossa política externa deve ter, a meu ver, como objetivo maior a promoção do desenvolvimento do país nos planos econômico, social e cultural. Sua formulação precisa levar em conta análises rigorosas das oportunidades que se apresentam na conjuntura internacional para a promoção dos interesses nacionais, isentas de quaisquer preconceitos ideológicos ou partidários.

A política externa brasileira, a meu ver, deve ter como foco o multilateralismo. Nosso relacionamento internacional há de ser amplo, universal, sem exclusões ou alinhamentos automáticos. O Brasil precisa, acredito eu, amplificar sua atuação em grandes temas globais, inserindo-se em debates mais amplos, nos quais nossa contribuição como país é relevante, especialmente em assuntos relacionados a direitos humanos, ao meio ambiente, à imigração e cooperação no combate internacional ao tráfico de pessoas, de armas e de drogas e, é preciso enfatizar, nesse instante o necessário e urgente o enfrentamento à pandemia que tem assolado o mundo e, de maneira especial, o Brasil. E isso passa obrigatoriamente por uma relação mais ampla com os diversos países e regiões do mundo em busca daquilo que é grande urgência mundial, e em especial brasileira: a ampla e universal vacinação da nossa gente.

Nesse documento enfatizamos a necessidade de ampliarmos os espaços de influência brasileira em âmbito regional, dando prioridade à América do Sul como cenário imediato da nossa atuação. A integração com nossos vizinhos do Mercosul e também da Aliança para o Pacífico, à qual já me referi, pode ser plataforma poderosa para nossa inserção no resto do mundo. Nossa voz no continente há de ser sempre no sentido de estimular o diálogo e valorizar a democracia.

Precisamos de mais e não menos negócios com o resto do mundo, revertendo o isolamento que tem marcado nossa política exterior em boa parte deste século, não me refiro a um governo apenas. Neste sentido, ressalto a importância da negociação de novos acordos de livre comércio pelo Brasil.

Devemos, senhoras e senhores, buscar sempre a nossa inserção de forma competitiva nos fluxos mundiais de comércio, investimento e tecnologia, bem como estabelecer novos espaços em organismos internacionais. E essa comissão pode ter papel de destaque na formulação dessa estratégia.

Nossas empresas produzem com enorme qualidade, mas de forma cada vez menos competitiva, dados os altos custos internos, e isso não vem de hoje. É preciso criar condições que colaborem para que elas se integrem nas cadeias produtivas globais e para diversificar nossa matriz de exportações, o que demanda profunda melhoria, racionalização e simplificação do ambiente econômico interno. Não escaparemos tampouco dessa inflexão.

Senhoras e senhores,

É da nossa tradição democrática, e também da tradição diplomática, o firme compromisso com o repúdio às tiranias, o direito à paz, a solidariedade internacional em defesa da democracia, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente. Esses são traços marcantes da nossa identidade nacional que devemos recuperar, aperfeiçoar e preservar, independentemente de qual seja o governo de hoje ou de amanhã.

Senhoras e senhores membros dessa Comissão,

a importante agenda de defesa nacional, que está sob a esfera de trabalho dessa comissão, não pode ser relegada a segundo plano. Devemos ampliar nossa interlocução com as Forças Armadas e a sociedade, na busca da definição de qual política de defesa o país necessita em tempos de tantos desafios. Devemos dar uma atenção especial à integração dessas discussões que envolvem, no Congresso Nacional a Aeronáutica, Marinha e o Exército, vários deles com seus representantes aqui hoje presentes para que possamos definir suas prioridades e que sejam também aquelas do conjunto das forças de segurança, inclusive na discussão orçamentária.

Estão aqui no Congresso, para análise e apresentação de sugestões, os principais documentos orientadores da nossa política de Defesa: Estratégia Nacional de Defesa, Política Nacional de Defesa e o Livro Branco da Defesa Nacional. Fontes riquíssimas de informação que permitirão a qualificação cada vez maior do debate que aqui deveremos travar. Trabalharemos em estreita sintonia com as autoridades responsáveis por definir essas estratégias e cuja experiência e expertise serão de grande valia a essa comissão.

São, portanto, caros colegas, inúmeros os desafios que se colocam à nossa frente e não tenho dúvidas de que a nossa Comissão, pela sua relevância, e pela qualidade de seus membros, poderá assumir um papel extremamente relevante no momento em que o Brasil precisa fortalecer sua integração à comunidade internacional das nações.

Devo informar ainda que, como presidente dessa comissão, e em respeito à resolução número 2 de 2013 do Congresso Nacional, e ao seu parágrafo primeiro do artigo sétimo, assumirei concomitantemente a presidência da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), comissão permanente do Congresso Nacional, órgão de controle e fiscalização externos das atividades de inteligência previsto no artigo sexto da lei número 9883 de 7 de dezembro de 1999. Comissão que contará com a participação de outros membros das duas Casas do Congresso Nacional.

Ao final, comunico que na nossa primeira reunião deliberativa, em data a ser definida na próxima semana, e que será previamente comunicada a todos, Quartas-feiras, 9h a meio-dia, estarei, na condição de presidente da Creden, apresentando requerimento de convite aos senhores ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Defesa, general de Exército Fernando Azevedo e Silva, para que compareçam a essa comissão, em data a ser celeremente definida, para trazerem as informações acerca do planejamento de suas ações para o presente ano e, claro, para que possam responder às indagações dos ilustres membros dessa comissão.

Termino, portanto, caríssimos colegas, por afirmar que a beleza da democracia está exatamente no respeito à pluralidade das opiniões. Me lembro de uma máxima que o ex-presidente Tancredo costumava repetir muito. Ele dizia que na política quem deve brigar são as ideias, não as pessoas. E eu seguirei essas recomendações do ex-presidente Tancredo quase que como um mantra para permitir que nessa comissão os debates ocorram com a profundidade necessária para, da mesma forma, com o respeito que cabe a cada um de nós, como representantes da população de nossos estados, e a partir do instante que nos tornamos membros dessa comissão, como representantes das mais altas expectativas da sociedade brasileira, em um dos temas mais delicados que o Congresso Nacional tem a responsabilidade de tratar.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião.

Aécio fala em entrevista sobre Cidade Administrativa

Nenhuma outra grande obra no Estado foi feita com tanta transparência e zelo como a Cidade Administrativa, diz Aécio

Em entrevista à rádio Super de BH o ex-governador e deputado federal Aécio Neves disse que comprovará à Justiça falsidade da acusação.

Veja principais trechos da entrevista:


Sobre a acusação de irregularidades nas obras na Cidade Administrativa.

Voltando um pouco no tempo, a Cidade Administrativa não foi uma obra ao acaso. Na verdade, ela era apontada no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, que era um plano para os próximos 30 anos em Minas Gerais, concebido com a participação das universidades, de empresários e da sociedade organizada. Somado a isso, existia a necessidade de se criar um vetor de desenvolvimento para a região Norte da nossa capital, que era a região mais desaquecida economicamente. Buscamos conceber um projeto que pudesse trazer uma economia estrutural e permanente para o Estado. E em apenas oito anos, e esses são os últimos dados que eu tenho, a economia gerada com a construção da Cidade Administrativa, além da eficiência para o atendimento ao público, no oferecimento de serviços públicos, já chegava a mais de 80% daquilo que foi investido.

Nenhuma outra obra, e quero deixar isso atestado e registrado, nenhuma obra na história deste Estado, foi feita com tanta transparência e com tanto zelo. A Codemig, empresa responsável pela construção, contratou uma auditoria independente, desde o início das obras, para acompanhar cada etapa. Os editais de licitação, estes que agora, para surpresa de todos, e a meu ver de forma inclusive ilegal, está sendo dito que houve direcionamentos, eles foram submetidos ao Ministério Público à época e ao Tribunal de Contas do Estado e não apresentaram qualquer objeção. Ao contrário, elogiaram aquilo que estava sendo feito.

A obra foi descentralizada. Não se contratou uma empresa para fazer toda a obra. Aí sim poderia se falar em benefício. Foram inúmeras as empresas contratadas. E quero chamar a atenção para um dado. Quando se faz uma obra pública, você tem, por lei, a possibilidade de fazer um aditivo de até 25% no valor contratado e nem isso foi feito. Como se falar em superfaturamento e em benefício se as empresas entraram inclusive na Justiça contra o Estado e perderam. Tudo está documentado, exatamente porque o Estado não permitiu que fossem feitos aditivos.

A obra foi entregue no prazo, os benefícios são hoje compartilhados pelos servidores de Minas Gerais. São compartilhados pela sociedade mineira. Tínhamos mais de 100 imóveis alugados em péssimo estado recebendo os vários órgãos da administração pública. Hoje um exemplo de Minas Gerais virou referência para o Brasil. E eu lamento a precipitação de um delegado, talvez conhecendo superficialmente o caso, que não se preocupou em ouvir ou em dar valor ao depoimento de inúmeros participantes da obra que afirmaram categoricamente que não houve qualquer irregularidade. Então, depois de dez anos, uma obra que jamais foi contestada, a não ser pela oposição política ao governo, que não queria a Cidade Administrativa e não queria o Proacesso, que ligou todas as cidades de Minas ao asfalto. Não houve nenhuma contestação a nenhuma das obras do nosso governo. Foram mais de R$ 40 bilhões investidos e não houve nenhuma contestação. Agora surge essa com base na delação de um funcionário de uma empresa entre dez que participaram da obra e isso vira essa exploração toda.

Estou muito sereno, muito tranquilo. Mais uma vez, a verdade vai prevalecer por inúmeras as pessoas que participaram deste processo. Inclusive é um desrespeito a elas dizer que uma obra com dez empresas participando, de forma transparente, auditada permanentemente, com acompanhamento de empresa independente, possa ter tido qualquer tipo de ilegalidade.


Também todas as contas do sr. enquanto governador do Estado foram aprovadas devidamente pelo Tribunal de Contas e órgãos responsáveis. O sr. se tornou uma vidraça que parece que a cada momento cresce mais e mais, tentando imputar ao sr. de devaneios de uma outra delação de algum marginal que está lá se preparando para se livrar.

Fizemos um governo em Minas Gerais, me permita aqui sem falsa modéstia, até porque não foi uma obra isolada, mas de muitas pessoas, foi um governo de resultados extraordinários. Isso me levou a ser o candidato das oposições à época à Presidência da República. E é óbvio que no momento em que o PT passa a responder por inúmeros desvios, atos pouco republicanos, na outra ponta estava o Aécio que era o candidato da oposição. As acusações que fizeram contra mim de lá pra cá são exatamente as mesmas desde aquela época, com alguns delatores em troca dos seus benefícios pessoais, falam: não, aquela ajuda que nós demos para a campanha eleitoral é porque lá na frente íamos ter algum beneficio. Meu Deus, se eles não tiveram até aqui iam ter lá na frente? Não.

É preciso que as pessoas lembrem que, até o ano de 2016, as campanhas eleitorais eram financiadas, segundo a lei, com recursos de pessoas jurídicas. Isso era a lei que vigorava no Brasil 20 anos antes. As empresas participando das campanhas eleitorais era algo absolutamente normal. Veja bem: eu era a oposição ao governo do PT. Não tinha nada, absolutamente nada que pudesse oferecer a quem quer que fosse. E jamais faria isso mesmo se tivesse. E os depoimentos ignorados, lamentavelmente, inclusive nesse caso da Cidade Administrativa, de inúmeros empresários, representantes de inúmeras empresas que participaram da obra atestando a legalidade e a correção, foram simplesmente ignorados. Pega-se um depoimento, sem qualquer comprovação, de um cidadão que eu não conheço pessoalmente para dizer: não, demos uma ajuda para a campanha eleitoral porque ficamos com uma parte da obra.

Olha, naquela época as pessoas faziam fila para ajudar nossas campanhas eleitorais porque significávamos um projeto para o país, um projeto de ruptura com aquilo que estava acontecendo no Brasil. Então, é lamentável as coisas sejam feitas de forma precipitada e ilegal. Para se ter uma ideia, estou lendo como você na imprensa essa acusação. Sequer acesso a ela tivemos.

É óbvio que atacar o Aécio dá notícias para alguns. Mas nessa hora, mas do que nunca, é preciso serenidade. Continuo fazendo o meu trabalho. Estamos fazendo um esforço enorme para atender os estados e municípios brasileiros nesse momento gravíssimo pelo qual estamos passando.

Entrevista Aécio – Rádio Super – 30-03-20

Sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que adia eleições municipais para 2022, unificando pleitos. O que a PEC trará de benefícios para a população?

Vivemos uma experiência que não imaginávamos que a nossa geração e a humanidade pudessem estar vivendo. Temos que tratar dessa questão em todas as dimensões possíveis. As eleições são apenas uma parte das nossas responsabilidades. É preciso que avancemos, principalmente no atendimento daqueles que mais precisarão do sistema de saúde.

Em relação à PEC das eleições, percebo de forma muito clara que não temos mais condições de cumprir os prazos estabelecidos para a realização das eleições, como, por exemplo, o prazo de filiação partidária que termina no final dessa semana. E há uma questão que salta aos olhos, e acho que de muitos cidadãos que é: será que é justo mantermos o calendário eleitoral, como alguns defendem, e gastarmos agora cerca de R$ 4 bilhões, que é o que é previsto entre Fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, cerca de R$ 1 bilhão em isenções fiscais aos veículos de comunicação em razão da propaganda eleitoral, e mais R$ 1 bilhão no orçamento do TSE. Será que justo gastarmos R$ 4 bilhões para realizar as eleições este ano? Eu acho que não.

O que prevê a PEC.

Apresentei a proposta depois de discutir com inúmeras lideranças partidárias para que aproveitemos esse momento para fazer algo que é necessárío para o país: a unificação das eleições com mandatos de cinco anos, sem direito à reeleição para todos os cargos executivos.

Minha proposta é: prorroga os atuais mandatos até 2022, quando seriam realizadas eleições municipais junto com as eleições para Congresso Nacional, para Presidente da República e também eleições para governador. Teríamos eleições de 5 em 5 anos, com quatro anos para as pessoas trabalharem. As eleições de dois em dois anos, como é no nosso calendário hoje, e quando fui governador eu já dizia isso, ela impacta nas administrações e é prejudicial ao bom exercício dos mandatos públicos.  Então unifica as eleições para todos os cargos eletivos, sem reeleição, e isso já poderia ocorrer a partir de 2026, se essa minha proposta for aprovada.

Quem vive o meio da política sabe que o sr. nunca deixou o protagonismo mineiro e que, dentro do Congresso Nacional, o sr. é um protagonista. A eleição do Rodrigo Maia à presidência da Casa foi orquestrada pelo sr. e o Maia é contra essa eleição unificada. O sr. vai conseguir convencê-lo?

É verdade. Converso com o Rodrigo mais de uma vez por dia desde o início de toda essa crise e ele tem sido muito importante neste momento de tanto radicalismo, de tantas ações impensadas. Rodrigo Maia na Presidência da Câmara tem sido um ponto de equilíbrio, de sensatez neste momento.

Ele tem o receio de que, se você adia as eleições desse ano, isso abra uma janela para que outras possam ser adiadas. É um argumento que eu respeito, mas estamos vivendo algo absolutamente inédito e de uma dimensão inimaginável. Não teremos as condições para realizar as eleições este ano. Entre adiar para o ano que vem, gastando esses mesmos R$ 4 bilhões, sendo que, no ano seguinte, 2022, já teremos eleições para presidente e para governador, por que não fazermos essa unificação? É racional a meu ver.

Não é simples, precisa de grande consenso de pessoas que são adversárias dos atuais prefeitos e que querem eleições logo. Mas minha posição não visa atender a A, B ou C, mas a racionalizar o calendário eleitoral brasileiro.

Sobre emendas impositivas, com recursos que são liberados para todos os deputasdos.

Isso foi fruto do fortalecimento do Congresso Nacional ao longo dos anos, com os parlamentares passando a ter condição de atender suas bases. Mas o que fiz de mais substancial por Minas Gerais no enfrentamento dessa crise não foi como deputado, e sim como governador de Minas.

Nós levamos Minas a ter o melhor sistema de saúde de toda a Região Sudeste do país, reconhecimento feito pelo próprio Ministério da Saúde à época. Levamos Minas a ter a melhor educação fundamental do Brasil, o maior volume de investimentos em segurança pública. Demonstramos que com planejamento, com pessoas qualificadas, com coragem política,  que era preciso reerguer o Estado. Fizemos isso em Minas Gerais.

Sobre ações de amparo à população na pandemia.

Tenho hoje enorme preocupação com a demora do governo em dar respostas a medidas que atendam os mais fragilizados. Essa pandemia ela começa nas elites, atingindo aqueles que estavam no exterior. A grande questão é como vamos enfrentá-la no momento em que chegar com força nas favelas, nas periferias, nos grandes centros do país.

Como vamos recomendar álcool em gel às pessoas, se elas não têm água tratada em casa? Como pedir isolamento de um idoso que vive em uma casa com dois comodos e mais cinco, seis pessoas, o que é comum no Brasil hoje. Está faltando a ação objetiva do governo federal em parceria com os estados.

Percebo também uma ausência muito grande do setor privado, dos conglomerados bancários por exemplo, que faturaram muito ao longo das últimas décadas. As manifestações são timidas e pontuais. Temos de fazer uma operação de guerra, levando material de higiene para essas comunidades. Porque vai piorar.

Precisamos identificar os idosos, colocando-os, por exemplo, em hotéis, em albergues, em pensões, custeados pelo governo, dando a eles mais do que um conjunto de boas intenções, mas medidas práticas.

Tenho conversado e me reunido online com Marcelo Garcia, que foi o coordenador do nosso programa de governo na área de assistência social. Conversei, no início da crise, por telefone, com o próprio presidente da República, levando a ele algumas medidas objetivas de cadastramento dessas pessoas mais vulneráveis para que, inclusive, esses recursos que foram aprovados agora pelo Congresso, cheguem a elas. Porque aprovou-se R$ 600 para o trabalhador informal e ninguém sabe dizer como esse recurso vai chegar a ele.

O que me assusta hoje é a ausência de políticas objetivas que atendam a periferia, que atendam os vulneráveis, aqueles que não terão a quem recorrer no momento em que essa pandemia bater à sua porta.

Tenho entrevistados prefeitos e todos têm a mesma reclamação: está faltando liderança tanto do governo estadual como do governo federal. O sr. vê assim também?

De forma muito, muito clara. Tínhamos de ter na Presidência alguém que estivesse unindo o país. E tivéssemos governadores também com autoridade e capacidade de se posicionar e exigir a participação do governo federal nas ações. É hora do maior mutirão da nossa história. Temos de deixar as questões partidárias de lado e termos propostas objetivas. Nós elencamos, e fiz chegar ao presidente da República, um conjunto de proposta que visam o atendimento a esta população de mais baixa renda.

A pandemia infelizmente chegou à periferia das cidades. Não podemos deixar essas pessoas jogadas à própria sorte. Temos de garantir isolamento para elas, temos de colocar pessoas nas ruas identificando quem são essas pessoas, seja através da ampliação do Cadastro Único. Temos de manter os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que criei em larga escala no nosso governo e que existem até hoje, abertos.

Todos os servidores municipais e estaduais desta área devem estar disponíveis para a identificação dessas pessoas porque senão a perda de controle pode significar uma tragédia ainda em dimensões maiores do que a que já estamos vivendo.

Estou angustiado como todos vocês, em casa com a minha família, aguardando o desenrolar das coisas. Pelo telefone trabalhando intensamente, construindo propostas não apenas em relação às eleições, mas acho que, tirando as eleições da nossa frente, vamos pegar esses  R$ 4 bilhões e investir no sistema de saúde. Até agora o ministério pediu R$ 5 bilhões ao governo. Imagina. Tem R$ 4 bilhões para gastar este ano em eleições.

É hora de estabelecer prioridades. Eleição não é prioridade para este ano. E olha que fala aqui um democrata convicto. Acho que elas podem ser realizadas em 2022 sem qualquer perda para o Brasil, ao contrário, com enorme ganho.

O sr. fez 60 anos de idade. O sr. está se cuidando?

Estou com minha família em casa e fazendo o que todos os brasileiros estão fazendo: se cuidando. Acho que se você abrir mão de seguir as orientações científicas dos médicos, é um gesto de muita irresponsabilidade, não apenas com você e sua família, mas com os outros cidadãos com quem você teria contato.

Vamos passar por ela. A minha preocupação e repito é: vamos olhar com muita profundidade para a periferia dos grandes centros, para os aglomerados, para as favelas, para esta população de baixa renda. Para ela, não dá para dizer simplesmente se isole porque ela não tem onde se isolar. Não há mais preocupação com teto de gastos. Vamos abrir vagas nos hotéis, nos albergues, onde for, para acolher essas pessoas, isolá-las no momento em que a pandemia chegar próximo a elas.

E vamos mobilizar, de forma articulada, estados, municípios e governo federal, sem essa mesquinha disputa política que começamos a assistir, onde a vaidade de alguns prevalece sobre os interesses de todos. Isso é grave e acho que todos seremos, ao final, julgados pela capacidade que teremos, ou deixaremos de ter, de minimizar os danos já irreparáveis de tantas mortes, de tantas perdas, que para todos nós ainda vai se agravar.

O sr. deixou um vácuo em Minas Gerais para que qualquer pessoa pudesse assumir o protagonismo na política mineira. E ninguém o fez, por incompetência ou incapacidade ou por falta de querer ter esta responsabilidade.

Vou falar com absoluta franqueza e também, mais uma vez, objetividade. Você conhece a minha história. As pessoas não deixam de ser do dia para a noite o que elas foram durante toda uma vida. Fiz política a minha vida inteira. Me dediquei a encontrar um caminho melhor para Minas Gerai, a apresentar uma proposta para o Brasil. Não tenho dúvida que  teríamos feito o maior governo da história desse país. Mas eu era o contraponto. Eu era aquele que teve a coragem de enfrentar aquela estrutura carcomida e corrompida do governo do PT e hoje sofro as consequências disso. O meu grande crime foi ter sido candidato à Presidência da República, quase ter ganho as eleições contra uma máquina extremamente poderosa que se colocou contra mim.

Tenho a serenidade muito grande porque eu me conheço e conheço a minha história . Cada dia que passa as acusações mais torpes e mais covardes que foram feitas em relação a mim estão sendo arquivadas e estão caindo na vala eleitoral. Todas elas. E é o que vai acontecer. Eu vou dizer algo que: vou voltar. Com força, com determinação para recolocar Minas no lugar onde Minas jamais poderia ter saído.

É vergonhoso o papel que estamos vivendo hoje no plano nacional. Não se tem ideia, não se tem notícia de posicionamento de Minas. Nós conduzíamos , orientávamos a ação dos governadores no país inteiro. Éramos condutores, e não caudatários. Todas as semanas existiam delegações de governos de todos os estados brasileiros em Minas para saber como havíamos feito para a saúde de Minas estar como estava, para melhorar os indicadores de segurança, para a educação estar como estava.

Temos a responsabilidade, e estou determinado a isso, a superar essas incompreensões e demonstrar ao Brasil que fui vítima das mais torpes e covarde acusações e vou voltar com muita força para ajudar Minas a encontrar o destino de muito mais desenvolvimento e protagonismo na política nacional.

Entrevista: Aécio diz que mais pobres estão sem proteção na pandemia

“Será que justo gastarmos R$ 4 bilhões para realizar as eleições este ano? Eu acho que não”, diz o deputado federal Aécio Neves, autor da Proposta de Emenda Constitucional que adia para 2022 as eleições municipais marcadas para outubro.

Ex-governador de Minas Gerais, Aécio disse que país precisa realizar uma operação de guerra para enfrentar a pandemia do novo coronavírus e que os recursos eleitorais devem ser destinados ao sistema de saúde, que sofrerá enorme impacto com o aumento de casos nos grandes centros urbanos.

“É hora de estabelecer prioridades e eleição não é prioridade para este ano. Sou um democrata convicto e acho que elas podem ser realizadas em 2022, sem qualquer perda para o Brasil. Ao contrário, com enorme ganho”, afirmou Aécio.

Em entrevista à Rádio Super Notícia, o deputado federal alerta para falta de medidas de proteção da população mais pobre, cobra maior participação dos grupos empresariais e dos bancos no apoio ao país e diz que disputas políticas não devem prevalecer sobre interesses do país.

“Me assusta a ausência de políticas objetivas que atendam a periferia, que atendam os vulneráveis, aqueles que não terão a quem recorrer no momento em que essa pandemia bater à sua porta. Vamos mobilizar, de forma articulada, estados, municípios e governo federal, sem essa mesquinha disputa política que começamos a assistir, onde a vaidade de alguns prevalece sobre os interesses de todos. Isso é grave e acho que todos seremos, ao final, julgados pela capacidade que teremos de minimizar os danos já irreparáveis de tantas mortes, de tantas perdas e que ainda vai se agravar”, afirma.


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Seguem principais trechos da entrevista do deputado Aécio Neves, em 30 de março:

Sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que adia eleições municipais para 2022, unificando pleitos. O que a PEC trará de benefícios para a população?

Vivemos uma experiência que não imaginávamos que a nossa geração e a humanidade pudessem estar vivendo. Temos que tratar dessa questão em todas as dimensões possíveis. As eleições são apenas uma parte das nossas responsabilidades. É preciso que avancemos, principalmente, no atendimento daqueles que mais precisarão do sistema de saúde.

Em relação à PEC das eleições, percebo de forma muito clara que não temos mais condições de cumprir os prazos estabelecidos para a realização das eleições, como, por exemplo, o prazo de filiação partidária que termina no final dessa semana. E há uma questão que salta aos olhos, e acho que de muitos cidadãos que é: será que é justo mantermos o calendário eleitoral, como alguns defendem, e gastarmos agora cerca de R$ 4 bilhões, que é o que é previsto entre Fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, cerca de R$ 1 bilhão em isenções fiscais aos veículos de comunicação em razão da propaganda eleitoral, e mais R$ 1 bilhão no orçamento do TSE. Será que justo gastarmos R$ 4 bilhões para realizar as eleições este ano? Eu acho que não.

O que prevê a PEC?

Apresentei a proposta depois de discutir com inúmeras lideranças partidárias para que aproveitemos esse momento para fazer algo que é necessário para o país: a unificação das eleições com mandatos de cinco anos, sem direito à reeleição para todos os cargos executivos.

Minha proposta é: prorroga os atuais mandatos até 2022, quando seriam realizadas eleições municipais junto com as eleições para Congresso Nacional, para Presidente da República e também eleições para governador. Teríamos eleições de cinco em cinco anos, com quatro anos para as pessoas trabalharem. As eleições de dois em dois anos, como é no nosso calendário hoje, e quando fui governador eu já dizia isso, ela impacta nas administrações e é prejudicial ao bom exercício dos mandatos públicos. Então unifica as eleições para todos os cargos eletivos, sem reeleição, e isso já poderia ocorrer a partir de 2026, se essa minha proposta for aprovada.

Quem vive o meio da política sabe que o sr. nunca deixou o protagonismo mineiro e que, dentro do Congresso Nacional, o sr. é um protagonista. A eleição do Rodrigo Maia à presidência da Casa foi orquestrada pelo sr. e o Maia é contra essa eleição unificada. O sr. vai conseguir convencê-lo?

É verdade. Converso com o Rodrigo mais de uma vez por dia desde o início de toda essa crise e ele tem sido muito importante neste momento de tanto radicalismo, de tantas ações impensadas. Rodrigo Maia na Presidência da Câmara tem sido um ponto de equilíbrio, de sensatez neste momento.

Ele tem o receio de que, se você adia as eleições desse ano, isso abra uma janela para que outras possam ser adiadas. É um argumento que eu respeito, mas estamos vivendo algo absolutamente inédito e de uma dimensão inimaginável. Não teremos as condições para realizar as eleições este ano. Entre adiar para o ano que vem, gastando esses mesmos R$ 4 bilhões, sendo que, no ano seguinte, 2022, já teremos eleições para presidente e para governador, por que não fazermos essa unificação? É racional a meu ver.

Não é simples, precisa de grande consenso de pessoas que são adversárias dos atuais prefeitos e que querem eleições logo. Mas minha posição não visa atender a A, B ou C, mas a racionalizar o calendário eleitoral brasileiro.

Sobre emendas impositivas, com recursos que são liberados para todos os deputados.

Isso foi fruto do fortalecimento do Congresso Nacional ao longo dos anos, com os parlamentares passando a ter condição de atender suas bases. Mas o que fiz de mais substancial por Minas Gerais no enfrentamento dessa crise não foi como deputado, e sim como governador de Minas.

Nós levamos Minas a ter o melhor sistema de saúde de toda a Região Sudeste do país, reconhecimento feito pelo próprio Ministério da Saúde à época. Levamos Minas a ter a melhor educação fundamental do Brasil, o maior volume de investimentos em segurança pública. Demonstramos que com planejamento, com pessoas qualificadas, com coragem política, que era preciso reerguer o Estado. Fizemos isso em Minas Gerais.

Sobre ações de amparo à população na pandemia.

Tenho hoje enorme preocupação com a demora do governo em dar respostas a medidas que atendam os mais fragilizados. Essa pandemia ela começa nas elites, atingindo aqueles que estavam no exterior. A grande questão é como vamos enfrentá-la no momento em que chegar com força nas favelas, nas periferias, nos grandes centros do país.

Como vamos recomendar álcool em gel às pessoas, se elas não têm água tratada em casa? Como pedir isolamento de um idoso que vive em uma casa com dois cômodos e mais cinco, seis pessoas, o que é comum no Brasil hoje. Está faltando a ação objetiva do governo federal em parceria com os estados.

Percebo também uma ausência muito grande do setor privado, dos conglomerados bancários, por exemplo, que faturaram muito ao longo das últimas décadas. As manifestações são tímidas e pontuais. Temos de fazer uma operação de guerra, levando material de higiene para essas comunidades. Porque vai piorar.

Precisamos identificar os idosos, colocando-os, por exemplo, em hotéis, em albergues, em pensões, custeados pelo governo, dando a eles mais do que um conjunto de boas intenções, mas medidas práticas.

Tenho conversado e me reunido online com Marcelo Garcia, que foi o coordenador do nosso programa de governo na área de assistência social. Conversei, no início da crise, por telefone, com o próprio presidente da República, levando a ele algumas medidas objetivas de cadastramento dessas pessoas mais vulneráveis para que, inclusive, esses recursos que foram aprovados agora pelo Congresso, cheguem a elas. Porque se aprovou R$ 600 para o trabalhador informal e ninguém sabe dizer como esse recurso vai chegar a ele.

O que me assusta hoje é a ausência de políticas objetivas que atendam a periferia, que atendam os vulneráveis, aqueles que não terão a quem recorrer no momento em que essa pandemia bater à sua porta.

Tenho entrevistados prefeitos e todos têm a mesma reclamação: está faltando liderança tanto do governo estadual como do governo federal. O sr. vê assim também?

De forma muito, muito clara. Tínhamos de ter na Presidência alguém que estivesse unindo o país. E tivéssemos governadores também com autoridade e capacidade de se posicionar e exigir a participação do governo federal nas ações. É hora do maior mutirão da nossa história. Temos de deixar as questões partidárias de lado e termos propostas objetivas. Nós elencamos, e fiz chegar ao presidente da República, um conjunto de proposta que visam o atendimento a esta população de mais baixa renda.

A pandemia infelizmente chegou à periferia das cidades. Não podemos deixar essas pessoas jogadas à própria sorte. Temos de garantir isolamento para elas, temos de colocar pessoas nas ruas identificando quem são essas pessoas, seja através da ampliação do Cadastro Único. Temos de manter os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que criei em larga escala no nosso governo e que existem até hoje, abertos.

Todos os servidores municipais e estaduais desta área devem estar disponíveis para a identificação dessas pessoas porque senão a perda de controle pode significar uma tragédia ainda em dimensões maiores do que a que já estamos vivendo.

Estou angustiado como todos vocês, em casa com a minha família, aguardando o desenrolar das coisas. Pelo telefone trabalhando intensamente, construindo propostas não apenas em relação às eleições, mas acho que, tirando as eleições da nossa frente, vamos pegar esses R$ 4 bilhões e investir no sistema de saúde. Até agora o ministério pediu R$ 5 bilhões ao governo. Imagina. Tem R$ 4 bilhões para gastar este ano em eleições.

É hora de estabelecer prioridades. Eleição não é prioridade para este ano. E olha que fala aqui um democrata convicto. Acho que elas podem ser realizadas em 2022 sem qualquer perda para o Brasil, ao contrário, com enorme ganho.

O sr. fez 60 anos de idade. O sr. está se cuidando?

Estou com minha família em casa e fazendo o que todos os brasileiros estão fazendo: se cuidando. Acho que se você abrir mão de seguir as orientações científicas dos médicos é um gesto de muita irresponsabilidade, não apenas com você e sua família, mas com os outros cidadãos com quem você teria contato.

Vamos passar por ela. A minha preocupação e repito é: vamos olhar com muita profundidade para a periferia dos grandes centros, para os aglomerados, para as favelas, para esta população de baixa renda. Para ela, não dá para dizer simplesmente se isole porque ela não tem onde se isolar. Não há mais preocupação com teto de gastos. Vamos abrir vagas nos hotéis, nos albergues, onde for, para acolher essas pessoas, isolá-las no momento em que a pandemia chegar próximo a elas.

E vamos mobilizar, de forma articulada, estados, municípios e governo federal, sem essa mesquinha disputa política que começamos a assistir, onde a vaidade de alguns prevalece sobre os interesses de todos. Isso é grave e acho que todos seremos, ao final, julgados pela capacidade que teremos, ou deixaremos de ter, de minimizar os danos já irreparáveis de tantas mortes, de tantas perdas, que para todos nós ainda vai se agravar.

O sr. deixou um vácuo em Minas Gerais para que qualquer pessoa pudesse assumir o protagonismo na política mineira. E ninguém o fez, por incompetência ou incapacidade ou por falta de querer ter esta responsabilidade.

Vou falar com absoluta franqueza e também, mais uma vez, objetividade. Você conhece a minha história. As pessoas não deixam de ser do dia para a noite o que elas foram durante toda uma vida. Fiz política a minha vida inteira. Me dediquei a encontrar um caminho melhor para Minas Gerai, a apresentar uma proposta para o Brasil. Não tenho dúvida que teríamos feito o maior governo da história desse país. Mas eu era o contraponto. Eu era aquele que teve a coragem de enfrentar aquela estrutura carcomida e corrompida do governo do PT e hoje sofro as consequências disso. O meu grande crime foi ter sido candidato à Presidência da República, quase ter ganhado as eleições contra uma máquina extremamente poderosa que se colocou contra mim.

Tenho a serenidade muito grande porque eu me conheço e conheço a minha história. Cada dia que passa as acusações mais torpes e mais covardes que foram feitas em relação a mim estão sendo arquivadas e estão caindo na vala eleitoral. Todas elas. E é o que vai acontecer. Eu vou dizer algo que: vou voltar. Com força, com determinação para recolocar Minas no lugar onde Minas jamais poderia ter saído.

É vergonhoso o papel que estamos vivendo hoje no plano nacional. Não se tem ideia, não se tem notícia de posicionamento de Minas. Nós conduzíamos, orientávamos a ação dos governadores no país inteiro. Éramos condutores, e não caudatários. Todas as semanas existiam delegações de governos de todos os estados brasileiros em Minas para saber como havíamos feito para a saúde de Minas estar como estava, para melhorar os indicadores de segurança, para a educação estar como estava.

Temos a responsabilidade, e estou determinado a isso, a superar essas incompreensões e demonstrar ao Brasil que fui vítima das mais torpes e covardes acusações e vou voltar com muita força para ajudar Minas a encontrar o destino de muito mais desenvolvimento e protagonismo na política nacional.