Brasília – 27-11-25
Sobre quadro nacional
O PSDB se prepara para voltar a ser protagonista da política nacional. A ausência do PSDB no centro de debate político nos últimos anos fez muito mal ao Brasil. Vemos hoje que não há espaço para a agenda que interessa aos brasileiros. Vivemos uma agenda da polarização política que só interessa aos extremos. Chego à presidência do partido que já ocupei há alguns anos atrás, quando construímos uma candidatura à presidência da República que, infelizmente, não foi vitoriosa e, de lá para cá, acho que o Brasil cometeu equívocos sucessivos, mas nós voltamos com a mesma disposição de dizer ao Brasil que existe caminho inteligente ao centro, fora dos extremos. Nós temos que permitir que uma parcela da população que vem votando não, não a um extremo, aí vota no outro, e não a esse e vota naquele, acaba votando contra o Brasil. Não podemos mais continuar buscando o menos pior. O PSDB vem para apresentar um projeto para o Brasil, um projeto liberal na economia, inclusivo do ponto de vista social, pragmático nas relações externas, sem alinhamento ideológico, que preza a responsabilidade fiscal como instrumento adequado de gestão pública, que estimula portas de saída para emancipar os dependentes hoje dos programas sociais que, inclusive, foram criados inicialmente por nós. O Brasil está precisando de uma agenda real. O PSDB vem com essa ambição, com esse propósito de apresentar essa agenda ao Brasil. É ao centro, o centro que dialoga com os extremos, mas que não perde tempo nessa luta fratricida que só interessa eleitoralmente àqueles que dela fazem parte.
Candidatura do PSDB à Presidência
O PSDB tem o dever, nesse momento, de se reorganizar para retomar o seu espaço no Congresso Nacional, essa é a nossa primeira prioridade. Mas temos o dever, nossa responsabilidade, de trabalhar para construir uma candidatura viável de centro, que enfrente o atual governo e que permita que os problemas reais dos brasileiros voltem a ser debatidos, porque isso não está acontecendo. O que se debate hoje a favor da anistia é contra um, é contra outro. O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro juntos. Então, o nosso primeiro esforço é na construção de uma candidatura ao centro que não precisa, necessariamente, ser do PSDB, mas, se não surgir, se as candidaturas colocadas representarem os extremos, o PSDB deve ter a responsabilidade de se preparar até mesmo para apresentar uma candidatura presidencial.
Esse centro pode ser Tarcísio?
Vai depender fundamentalmente dele, com quais propostas ele venha. Se ele vem apenas representante do bolsonarismo é muito difícil que seja uma alternativa para nós. Mas nós não colocamos um veto primário, um veto antecedente para quem quer que seja. Vamos conversar com todas aquelas candidaturas que se disponham a virar essa página que agora se encerra com o cumprimento de prisão daqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito e não vamos permitir que nas eleições essa agenda seja levada para a campanha porque ela não interessa mais aos brasileiros.
Eu sou filho, eu sou neto da democracia. Atentar contra o Estado Democrático de Direito é um dos maiores crimes que se possa cometer. Os processos avançarem não cabe a mim julgar se a pena foi excessiva ou não é. Cabe a mim dizer: a decisão da Justiça tem que ser cumprida. Vamos virar essa página. O PSDB está aqui para dizer: vamos debater a continuidade da reforma tributária, seu aperfeiçoamento. Vamos debater a questão da educação, da segurança pública, esse tema tão adiado pelo PT ao longo de décadas. É isso que espera o Brasil de nós. Nós viemos para nós para qualificar o debate político e não fechamos porta para nada, nem para uma candidatura presidencial ao centro.
O senhor é contra a anistia?
A anistia não existe. A anistia é inconstitucional. Esse é um assunto que interessa aos extremos. Trazer essa pauta. É uma pauta fora da realidade do Brasil. O Supremo Tribunal Federal já disse de forma absolutamente clara que crimes contra a democracia, golpe de estado, atentado contra o Estado Democrático de Direito não são passíveis de anistia, portanto, sequer discuto isso. Isso não vai acontecer. Vamos discutir o Brasil real. Esse é o papel, essa é a contribuição que nós do PSDB temos a dar.
O PSDB apoiaria o Tarcísio?
Vamos ver com quais propostas ele se apresenta. Ele é governador de São Paulo. Tem de ser respeitado como tal. Se ele incorporar uma pauta de centro, com muitas das ideias que nós defendemos…Não há no Brasil hoje nenhuma transformação estrutural que não tenha sido originada pelo PSDB e pergunto quais são as do atual governo do PT ? Eu não conheço quais são as do bolsonarismo, eu não conheço. Quais são as do PSDB. Estão aí o SUS, a telefonia celular, as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a estabilidade da economia com o plano real. Essas são conquistas definitivas, então temos autoridade para dizer: nem um, nem outro. E acho que a maioria da população brasileira já compreende que não deve ou não se identifica já com um extremo nem com outro. Vamos ocupar o nosso espaço central na política brasileira.
Vários partidos prestigiaram a sua convenção. Isso significa uma aliança no futuro?
Política é feita de gestos, de sinais. Esta é uma lição que eu trago de casa, lá de Minas, de muito cedo. A presença de partidos da centro-direita, líderes de partidos da centro-esquerda, acho que é uma constatação de que estamos no lugar certo. Nós estamos no centro. Nós temos a capacidade de dialogar mesmo com os extremos, mas nós somos o único partido, o PSDB, que não se curvou a nenhum deles, que não participou de governo Bolsonaro e muito menos do governo Lula. Esse é um ativo político que temos que ressaltar e isso nos permite dialogar, mas dialogar sobre o que? Sobre a pauta dos extremos? Não. Me nego a fazer isso. Dialogar sobre o Brasil sobre os problemas reais do Brasil. Então, estamos aqui, como poderia dizer o meu antigo amigo colega governador da Califórnia “I’m back”, o PSDB está de volta.
Então se o Bolsonaro apoiar o Tarcísio, o senhor não apoia o Tarcísio?
Eu não posso questionar os apoios que o Tarcísio eventualmente venha a ter. Eu quero saber o que significa a candidatura de Tarcísio. O que ela oferece para o Brasil. Não há um veto prévio. Se for simplesmente representar a pauta bolsonarista, ele deixa de ser uma candidatura de centro. Se ele quiser discutir conosco problemas reais do Brasil eu sou o primeiro a estar disposto a sentar na mesa para discutir isso.
Sobre a cláusula de barreira, o PSDB vai insistir na fusão com o Podemos?
O PSDB vai disputar as eleições como está e vamos ultrapassar com muita folga a cláusula de barreira. Essa já não é mais uma preocupação nossa. Vamos receber muitas filiações de parlamentares agora na janela partidária, vindas de vários campos, possivelmente mais senadores, muitos deputados federais e estaduais. O PSDB vai vir forte nessa eleição e vai ocupar, pelo bem do Brasil, o seu papel de protagonista da política brasileira.