Entrevista sobre o depoimento do procurador do TCU

Sobre depoimento do procurador Júlio Marcelo

É muito fácil compreender as razões pelas quais a defesa da presidente Dilma se opôs tanto ao depoimento do procurador Júlio Marcelo. O depoimento do procurador foi devastador. Ele demonstrou, de forma serena, de forma absolutamente clara, o dolo da presidente, a responsabilidade da presidente da República em relação à utilização dos bancos públicos, assumindo despesas que deveriam ser do Tesouro, e também em relação aos decretos publicados sem autorização do Congresso Nacional. O procurador demonstrou, de forma clara, um elo entre as duas equipes econômicas: aquela que vigorou até o final de 2014, aquela que assumiu após 2014, porque as pedaladas vinham ocorrendo com alertas feitos internamente dentro do próprio governo, agora documentados em documentos dessas reuniões.

O que ficou claro é que o argumento da defesa de que a presidente não tinha qualquer responsabilidade sobre isso, de que eram decisões da área econômica, caiu por terra porque o procurador demonstrou de forma clara que o único elo entre a equipe econômica que, em 2013, 2014 praticou esses ilícitos, e a de 2015, que continuou a praticar esses ilícitos, era a própria presidente da República. O que faz ficar absolutamente claro o que já vínhamos dizendo, de que a presidente não só acompanhou o que vinha acontecendo, mas de alguma forma conduziu essas políticas, a meu ver, ilegais e que fazem com que agora o Congresso Nacional e o Senado, em última instância, esteja caminhando para afastá-la definitivamente do cargo.

O que ficou claro nesse depoimento, com argumentos técnicos extremamente consistentes, é que a presidente da República, de forma deliberada, cometeu crime de responsabilidade, afrontou a Constituição e a pena no Brasil a quem comete crime de responsabilidade não é a prisão, mas sim o encerramento do seu mandato, o afastamento das suas funções e a sua inelegibilidade. E, dentro de poucos dias, o Brasil terá um novo governo e, quem sabe, a possibilidade de recuperar a esperança do seu próprio futuro.

O fato dele ter sido ouvido apenas como informante não enfraquece a acusação?

De forma alguma. Os dados são os mesmos, a credibilidade é a mesma. O que acredito é que, a partir de agora, seguindo obviamente os mesmos argumentos do ministro Lewandowski, algumas das testemunhas, senão todas apresentadas pela defesa, acabarão por ser ouvidas também, acredito eu, nessa condição. Porque todas, ou praticamente todas, têm vínculos com a defesa, muito maiores, já externados publicamente, através da assinatura de manifestos em favor da presidente Dilma ou até com vínculos empregatícios com parlamentares da base de apoio da presidente Dilma, do que o procurador Júlio Marcelo. O procurador foi absolutamente exemplar, não apenas agora, desde o início desse processo. Ele está de parabéns e acho que os próximos depoentes terão enorme dificuldade de contrapor-se aos argumentos e às posições externadas até aqui pelo procurador do Tribunal de Contas.

O que o senhor espera do depoimento da presidente Dilma?

Em primeiro lugar, esperamos que seja respeitoso. A presidente vem à nossa Casa, vem ao Senado Federal, aqui será recebida com o mais absoluto respeito, por mais contundentes que possam ser as indagações. A nossa orientação, e a expectativa de todos nós, é de que ela seja tratada com respeito, ela ainda é a presidente, afastada é claro, mas ainda é a presidente da República e nós esperamos que ela, ao responder às indagações, aja da mesma forma. Isso é bom para todos e é bom, sobretudo, para o processo democrático do país.

O Lula vem. Pode influenciar a presença dele?

É direito dele. Ele certamente tem o direito de estar aqui, será convidado por algum parlamentar e também será aqui tratado com respeito. Mas o que nós estamos aqui definindo nada tem a ver com o presidente Lula, com as suas posições políticas. Tem a ver com o crime cometido pela presidente da República. Porque o que vai ficar para a história, aquilo que no futuro vai ser estudado, foi uma opção que o Brasil fez entre duas, apenas, que tínhamos.

Uma, que defende a base da presidente Dilma, era quase que dar um salvo-conduto à presidente da República. Pela gravidade, pela complexidade do que significa o afastamento de um presidente da República, dizer o seguinte: “olha, cometeu-se o crime, admite-se que cometeu, mas vamos fazer vistas grossas porque é a presidente da República”. Esse é o caminho da impunidade, o caminho que o Brasil não aceita mais. O outro é cumprir a Constituição. Demonstrar que houve crime e o relatório do senador Anastasia é absolutamente completo na demonstração de cada momento em que esse crime foi cometido.

O que estamos fazendo aqui é garantindo o cumprimento da Constituição e respeitando a democracia. A democracia no Brasil, ao contrário do que apregoam alguns dos apoiadores da presidente Dilma, sairá muito mais forte após o desfecho desse processo.

Entrevista sobre o avanço das investigações

O senador Aécio Neves defendeu a aprovação do relatório paralelo da oposição na CPMI da Petrobras. Nesta quarta-feira (17/12), o senador acompanhou a leitura do relatório pelo deputado federal Carlos Sampaio, no Senado Federal, e concedeu entrevista coletiva, quando falou sobre os avanços das investigações.

Sobre a entrega do relatório da Petrobras

O senador Aécio Neves defendeu a aprovação do relatório paralelo da oposição na CPMI da Petrobras. Nesta quarta-feira (17/12), o senador acompanhou a leitura do relatório pelo deputado federal Carlos Sampaio, no Senado Federal, e concedeu entrevista para falar sobre a entrega do relatório.

Entrevista sobre a nova CPMI

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reuniu-se, na tarde desta terça-feira (16/12), com os vice-presidentes nacionais e líderes do partido. Durante o encontro, Aécio avaliou com os parlamentares os novos escândalos do governo federal do PT envolvendo a Petrobras.
Em entrevista, Aécio Neves disse que o novo relatório é uma manifestação de inconformismo ao anterior, apresentado pelo deputado Marcos Maia (PT), que, após finalizá-lo, afirmou que a CPMI precisa terminar e que não há tempo hábil para novos requerimentos.

Entrevista sobre o relatório da CPI

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reuniu-se, na tarde desta terça-feira (16/12), com os vice-presidentes nacionais e líderes do partido. Durante o encontro, Aécio avaliou com os parlamentares os novos escândalos do governo federal do PT envolvendo a Petrobras.
Aécio apresentará um novo relatório à CPMI que tomará como base todos os depoimentos e documentos que chegaram à comissão parlamentar, com correções ao relatório anterior, apresentado pelo deputado Marco Maia (PT).

Aécio Neves – Entrevista coletiva em Brasília – Relatório da oposição à CPMI Petrobras

O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (17/12), em Brasília, após apresentar um novo relatório à CPMI da Petrobras, produzido pela oposição ao atual Governo federal. Aécio detalhou o novo relatório e manifestou sua insatisfação com o texto anterior, apresentado pelo relator, deputado Marco Maia, do PT.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o relatório da CPMI apresentado pela oposição 

O relatório apresentado hoje pelas oposições na CPMI da Petrobras, pelo deputado Carlos Sampaio, supre uma enorme lacuna deixada pelo relatório oficial e, portanto, resgata o papel do Congresso Nacional mostrando a complexidade dessa organização criminosa que se instalou ao longo desses últimos 12 anos de governo do PT no núcleo da nossa maior empresa. A Petrobras de grande orgulho nacional, até o governo do PT, se transformou hoje em uma grande vergonha internacional. E é urgente que os indiciamentos propostos pelo deputado Carlos Sampaio ocorram, que haja a substituição da diretoria da Petrobras até que seja comprovada, até eventualmente, a inocência dos seus membros. A Petrobras, infelizmente, não apenas do ponto de vista ético e moral, mas ela também hoje do ponto de vista econômico, vem sofrendo prejuízos sucessivos e quem paga a conta final desse prejuízo é a sociedade brasileira.

O trabalho do deputado Carlos Sampaio foi extraordinário. Com informações, com documentos, ele mostra a extensão dessa organização criminosa e a sua proximidade pela indicação tanto de presidente quanto de diretores da empresa. E ele pede que seja aprofundada algumas das investigações e pede também a responsabilização dos diretores e dos membros do conselho de administração da empresa, responsáveis pelo péssimo negócio que foi a compra da refinaria de Pasadena.

 

Senador, o que faltava no relatório do deputado Marco e que veio agora no relatório da oposição?

O relatório do deputado Marco Maia, por mais que tenha por ele enorme respeito pessoal, começa por considerar a compra de Pasadena como um negócio razoável. Inclusive hoje ele busca fazer uma tardia correção. Na verdade, o relatório do deputado Marco Maia parece estar vendo um país diferente e uma empresa que não é a Petrobras. Porque hoje a Polícia Federal já investigou e encontrou responsáveis. O Ministério Público já denunciou e a Justiça já indiciou esses responsáveis. E alguns deles já confessaram o crime que cometeram. E o relatório inicial proposto pela maioria nesta Casa passa de forma absolutamente superficial por todas estas questões.

O deputado Carlos Sampaio hoje resgata o papel da CPMI e comprova não apenas o envolvimento de dirigentes da empresa, a parceria de representantes de empresas privadas, mas ele fala de forma específica, do núcleo político, que comandou o maior crime que já se cometeu contra a administração pública brasileira. Porque o episódio da Petrobras não é apenas o maior escândalo de corrupção da nossa história contemporânea. Ele é o maior escândalo de corrupção da história contemporânea do planeta. E, por isso, precisamos reagir.

 

Como fica a imagem do Senado uma vez que nomes de alguns senadores aparecem na lista de indiciamento?

Na verdade, o que se sugere ali é que possa-se avançar nas investigações em relação aos nomes citados. Não se tem aqui que botar pano quente em relação a qualquer uma das denúncias. Quaisquer que sejam as pessoas, parlamentares ou não, pertencentes ou não a partidos políticos, da base ou da oposição, que tenham sido referidos, precisam ter essas investigações avançadas e as apurações feitas. Não é possível que a maioria governista impeça o Congresso Nacional de participar da elucidação desta criminosa organização política que se estabeleceu no seio da Petrobras.