Ano Novo

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 04/01/2016

Em tempos difíceis, o cultivo da esperança implica renovar o nosso estoque de confiança na humanidade. É preciso acreditar que podemos fazer melhor do que já fizemos. Essa é uma boa forma de começar o ano novo.

O ano que passou foi dramático, no mundo e no Brasil. A imagem do menino sírio inerte nas areias da praia turca escancarou a tragédia dos refugiados do Mediterrâneo –e estamos longe de equacionar este drama. Já são mais de 60 milhões os refugiados e deslocados no planeta em função de conflitos étnicos, tribais e políticos.

Não há como não se comover com o retrato de nossa impotência em conter os desmandos e a intolerância que tornam insuportável a vida para boa parte da população mundial. Mas a comoção não basta. Da mesma forma, quando extremistas fanáticos perpetram atos abomináveis de violência, seja na Síria, na Nigéria ou na França, somos conclamados a agir.

Agir significa cuidar do que está ao nosso redor. Dizer não ao radicalismo e à barbárie implica compromisso com a vida, a dignidade, a justiça. Ao longo de 2015, vivemos episódios lamentáveis no Brasil, como a tragédia ambiental de Mariana, a maior de nossa história, e o massacre rotineiro de nossos jovens, como o assassinato de cinco inocentes fuzilados numa triste noite brasileira.

Encerramos o ano imersos no fracasso econômico, fruto de uma gestão política temerária e equivocada. Demos vexame em crescimento, empregos, inflação e equilíbrio fiscal, a ponto de sermos rebaixados e perder o título de bons pagadores.

Sofremos, agora, com uma epidemia de microcefalia que promete ser uma das maiores crises da história da saúde pública no país.

No entanto, as ruas mobilizadas de paixão e vontade, de um lado, e a solidez de nossas instituições, de outro, são indicadores de que nem tudo está perdido.

Mesmo o mundo nos deu boas novas, como o reatamento das relações entre EUA e Cuba e as eleições na Argentina e Venezuela, que sinalizam um distanciamento das ideologias populistas que acabam prejudicando justamente aqueles em cujo nome dizem agir. Há pouco tempo, a Conferência Mundial do Clima terminou com um acordo histórico. São sinais que devem nos animar.

A decisão recente do papa Francisco de canonizar Madre Teresa de Calcutá, Nobel da Paz em 1979 e símbolo maior da caridade e da dedicação desmedida aos esquecidos do mundo, nos enche de esperança nestes dias propícios à reflexão.

Sim, podemos fazer mais. Escassas, as boas notícias devem ser construídas com obstinação, coragem, generosidade. Façamos o bem e o certo. Com gestos e atitudes. Com escolhas. Sempre em direção a uma sociedade mais justa e solidária. A um futuro melhor.

Teremos o 2016 que soubermos construir.

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Aécio Neves e CNBB concordam que reforma política é prioridade para o Brasil

Em visita a Aparecida (SP), nesta quinta-feira (29/05), o presidente nacional do PSDB e pré-candidato a presidente da República, senador Aécio Neves (MG), se reuniu com o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno. Amigos desde que Aécio era governador de Minas Gerais, eles conversaram sobre reforma política, ética e participação dos jovens na vida pública.

“Vim fazer um visita ao Dom Damasceno, porque há hoje uma preocupação muito grande da CNBB também com a agenda política. Há uma convergência muito grande de sentimento entre aquilo que propõe a CNBB para a reforma política com aquilo que achamos necessário. É uma visita pessoal a um amigo de longa data”, afirmou Aécio Neves, em entrevista coletiva à imprensa na residência oficial do arcebispo.

 

Papa Francisco

Ao falar com os jornalistas, Aécio lembrou mensagem recente do Papa Francisco a favor da participação da sociedade na vida pública.

“Recentemente o Papa Francisco fez um convocação aos cristãos que participem da vida política, não apenas votando, mas, sempre que possível, também sendo votados. Ele falava da política como um instrumento de servir e de atender a demanda da sociedade”, lembrou Aécio.

O presidente nacional do PSDB chegou à cidade no início da tarde, acompanhado do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, e dos deputados federais César Colnago (ES) e Luiz Carlos Hauly. Após o encontro, eles visitaram o Santuário Nacional de Aparecida, onde fica a imagem de Nossa Senhora, padroeira do Brasil para os católicos.

Aécio Neves afirmou que o encontro com Dom Damasceno é mais uma ação de diálogo do PSDB com os brasileiros na construção de um projeto alternativo para o país. Para o tucano, é importante ouvir todas as representações da sociedade.

“A contribuição da Igreja Católica, assim como de outras igrejas, devem ser recebidas com muita humildade por todos os candidatos. O que eu vim dizer é que estaremos prontos para essa discussão. Quero fazer essa discussão com aqueles segmentos da sociedade que têm contribuição a oferecer”, ressaltou.

Aécio também avaliou como positivo a iniciativa da Igreja Católica em estimular a participação da sociedade na política. “A disposição da Igreja Católica, assim como de outras igrejas, mas falo hoje especificamente da Igreja Católica, de participar do debate e apresentar propostas em relação à participação popular, é algo extremamente saudável”, afirmou o presidente do PSDB.

 

Dom Damasceno

Após a visita, o presidente da CNBB, Dom Raymundo Damasceno, afirmou que a Igreja Católica tem interesse em debater o tema da reforma política com todos os pré-candidatos a presidente.

“A CNBB espera que os candidatos se comprometam com a reforma política. Esperamos que ela seja discutida e levada adiante no Congresso Nacional. É uma das reformas fundamentais para que outras possam ocorrer. E ele [Aécio] se comprometeu em colocar a reforma política como prioridade caso ele venha vencer as eleições”, disse Dom Damasceno.

Aécio Neves – Entrevista Coletiva em Aparecida (SP)

O presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta quinta-feira (29/05), em Aparecida (SP), onde reuniu-se com o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Raymundo Damasceno. Aécio Neves falou sobre o encontro com Dom Damasceno e sobre eleições 2014.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o encontro com presidente da CNBB.

Vim fazer uma visita a Dom Damasceno, presidente da CNBB, mineiro, porque há hoje uma preocupação muito grande da CNBB também com a agenda política. E há uma convergência muito grande de sentimentos entre aquilo que se propõe a CNBB, que tem discutido inclusive a proposta de reforma política, com aquilo que nós achamos necessário. Recentemente, o Papa Francisco fez uma exortação, quase que uma convocação, aos cristãos que participem da vida política, que participem não apenas votando, mas, sempre que possível, até mesmo buscando ser votados. Ele falava da política como um instrumento de servir, como uma forma de atender às demandas da sociedade. Extremamente sublime, esse foi o termo usado pelo Papa Francisco.

E, em um momento em que estamos dialogando com o Brasil, queria, antes que a própria campanha efetivamente começasse, vir aqui dizer da nossa disposição de estarmos conversando, construindo uma agenda sobre temas que sejam convergentes, aquilo que pensa a Igreja Católica e aquilo que pretendemos construir no Brasil. Falamos um pouco da necessidade de engatarmos a ética na vida pública e ampliarmos a participação dos jovens.

Esses foram os temas centrais. Uma visita pessoal, um amigo de longa data, e, obviamente, em um futuro próximo, terei a oportunidade de institucionalmente também conversar com a CNBB, como provavelmente outros candidatos farão. Mas vi também pedir as bênçãos dele. Vou ao Santuário também daqui a pouco, antes de ir embora.

 

Sobre a possibilidade de temas religiosos se destacarem durante a campanha eleitoral de 2014.

Não acredito que essas serão as questões centrais. Eu sou católico e vim aqui para cumprimentar o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas não acho que essas serão nesse ano as questões centrais a serem tratadas, pelo menos entre os candidatos à Presidência da República. Mas a contribuição que a Igreja Católica possa dar, assim como outras igrejas, deve ser recebida com muita humildade por todos os candidatos. O que tenho a dizer é que estaremos prontos para essa discussão, para esse debate, e quero fazer esse debate com todos aqueles segmentos do pensamento da sociedade brasileira que tenham contribuições a oferecer.

 

Sobre debate do aborto na campanha presidencial e proposta CNBB para participação política .

Não é um assunto aqui para hoje. Teremos, obviamente, que falar sobre cada um desses temas, mas acho que a disposição da Igreja Católica, como de outras igrejas, e estou falando hoje especificamente da Igreja Católica, de participar do debate, de apresentar propostas em relação à participação popular e até estimulando a participação na política. Eu vejo isso como algo extremamente saudável.

Vim aqui fazer uma visita ao presidente da CNBB, dizendo que a participação da CNBB nessas eleições é importante, como a participação de outras igrejas,  e a proposta que eles apresentam, que é a reforma política e de estímulo a participação do cidadão, sobretudo dos mais jovens, na vida pública, é algo que vai absolutamente na direção daquilo que temos trabalhado.  As questões centrais de estimular a participação e fortalecer os partidos políticos estão próximas daquilo que pensamos. Como disse o próprio Dom Damasceno, não são propostas acabadas. Na verdade é quase que um estímulo a que esse debate ocorra. E é natural que essas propostas tomem forma ao longo da campanha. Mas o sentido fundamental de estimular a participação popular, garantir uma sintonia maior entre o representado e os seus representantes, pregar e exercitar o Ficha Limpa, são questões que nos são convergentes.

 

Sobre financiamento público de campanhas.

O financiamento público é uma das questões que nos vamos discutir, mas ele passa pela modificação do atual sistema de voto hoje proporcional. O financiamento público deve vir casado pelo menos com o voto distrital misto, que é a proposta que defendemos.

 

Esse anúncio de aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa. O STF perde? 

Acho que sim. É um homem que o Brasil aprendeu a respeitar. Pode-se gostar ou não dele, mas é um homem íntegro, honrado e que faz muito bem à justiça brasileira. Eu não tenho informação oficial dele. Ouvi essa notícia hoje, agora há pouco. Mas certamente é alguém que fez muito bem à justiça brasileira no período que lá esteve.  Espero que ainda possa fazer por algum tempo.

 

O sr. pretende conversar com igrejas evangélicas também?

Eu sou católico, mas, obviamente, sempre tive um diálogo com todas as denominações. Obviamente, se convidado, terei a oportunidade de ir lá debater o Brasil sem qualquer dificuldade.

 

O sr. foi convidado para vir falar com Dom Damasceno?

Eu fui convidado por inúmeros bispos amigos para estar com Dom Damasceno e por ele próprio. Liguei para ele para ver se tinha condições de vir aqui essa semana. Tenho uma relação com a Igreja Católica que vem das minhas origens mais remotas. Eu sou afilhado de Dom Lucas Moreira Neto, que foi um dos mais importantes cardeais da igreja católica brasileira.

O ano de Francisco

Se o Natal é sempre oportunidade para reencontros e esperanças, o de 2013 será especialmente simbólico, alimentado por novas reflexões em torno da ideia da renovação.

Será o primeiro Natal de Jorge Mario Bergoglio à frente do seu pontificado, o personagem que melhor incorporou a necessidade e a possibilidade de transformação de um mundo ainda convulsionado pela fome, violência, destruição do patrimônio natural e refém de uma gigantesca desigualdade.

 

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Em Boa Hora

Em sua breve e já inesquecível visita, o papa Francisco legou aos brasileiros exemplos revigorantes e uma oportuna mensagem de otimismo, tão necessária neste ano de tantas dificuldades. “Sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”, foi sua exortação no Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Quem o viu pela televisão ou ao vivo nos lugares onde esteve pôde obter a personificação de um novo sentido de liderança, marcado por posições reformadoras emblemáticas e grandes simbolismos, nesta hora em que tantos questionamentos recaem sobre aqueles que têm a responsabilidade de dirigir instituições: dispensou protocolos de chefe de Estado, desfilou pelas avenidas em carro simples e com as janelas abertas e impediu as ostentações e os exageros de praxe, buscando mais sinergia com os fiéis, postura que adotou desde o primeiro momento em que foi escolhido como sucessor de Bento 16.

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