‘Sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer’, afirma Aécio

Senador tucano diz que, em 30 dias, ninguém mais falará da ex-presidente Dilma

O presidente do PSDB, Aécio Neves, cobra, em entrevista ao GLOBO, uma ação de Michel Temer sobre o PMDB para acabar com as ambiguidades e abandonar os “vícios” adquiridos na convivência com o PT. Aécio diz que tucanos apoiarão o governo enquanto ele for fiel à agenda do ajuste e afirma: “Sem apoio do PSDB, não existirá governo Temer”. Para Aécio, em 30 dias, ninguém mais falará da ex-presidente Dilma.

A enquadrada de Temer após a posse foi direcionada ao PSDB?

O recado foi claro para aqueles que, dentro da base, em especial no PMDB, não demonstram compromisso com as reformas. O PSDB tem ecoado com muito mais clareza as posições do presidente Temer do que o seu próprio partido. Sem o PMDB agindo de forma coesa, as dificuldades de Temer serão quase intransponíveis. Esse último episódio (fatiamento da pena de Dilma Rousseff) demonstrou, mais uma vez, a ambiguidade com que o PMDB atua.

É o PMDB que vai definir o sucesso ou o fracasso do governo?

A fragilidade das posições do PMDB será o argumento para que outras forças políticas não se exponham na defesa das reformas. O PSDB tem compromisso com essa agenda não é de hoje. Defendi isto nas eleições. É fundamental que o PMDB se desapegue dos vícios que adquiriu na convivência com o PT, do costume de se proteger nesse discurso populista do PT que levou o país à situação em que estamos. Tenho certeza que Temer se sente muito mais confortável com as posições do PSDB do que com a ambiguidade e a falta de clareza do PMDB.

Mas o governo também tem sido ambíguo, por exemplo, quanto ao teto salarial.

O que é um mau sinal. Nossa posição é de responsabilidade, no que diz respeito a todo aumento salarial, no momento em que sinais devem ser dados na direção da contenção dos gastos públicos. Da mesma forma, fomos contra a flexibilização das negociações da dívida dos estados. Era uma oportunidade extraordinária que se perdeu.

Qual o limite de apoio do PSDB ao governo Temer?

O PSDB estará em 2018 se apresentando para governar o país. Enquanto Temer se mantiver fiel a essa agenda que colocamos para o país, contará com o PSDB. Se percebermos que isto não está ocorrendo, o PSDB deixa de ter compromisso com este governo. Não é uma ameaça, apenas uma constatação natural.

Peemedebistas dizem que o PSDB não tem alternativa a não ser apoiar Temer até 2018…

Sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer. O PSDB não pretende sair da base, sabe que o seu papel é imprescindível. Se o PSDB sair, quem perde é o governo. As cobranças do PSDB incomodam setores do PMDB? Talvez aqueles que tenham receio de enfrentar as reformas. Mas o núcleo mais próximo ao presidente tem reafirmado o compromisso com esta agenda.

O senhor vê no governo a disposição de implementar reformas?

Vejo isto no presidente, mas não consigo enxergar na totalidade do PMDB. Temer tem que ter uma “DR” com o PMDB. Se não começar com seu partido, uma senha estará sendo dada para que essas reformas não se viabilizem. Da mesma forma que Renan Calheiros deu uma senha ao encaminhar a votação (do fatiamento da pena de Dilma Rousseff), de forma inoportuna, para que o PMDB tivesse uma posição equivocada e de afronta à Constituição.

Foi aberta uma brecha perigosa, especialmente para Eduardo Cunha?

Acho que sim. E não há como inibir especulações sobre a quem interessava isto. O que não foi correto é o PMDB, através da maioria dos seus senadores, tomar uma decisão sem conversar com o PSDB. Isto deixa uma marca nesta relação, que precisará ser superada. Gerou um desconforto enorme no PSDB.

Lewandowski (presidente do STF) errou ao aceitar o fatiamento da pena?

A decisão não foi correta. Não acredito que ele tenha uma intenção subalterna ao tomar essa decisão, mas abriu um precedente extremamente grave. O que nós assistimos foi o regimento do Senado se impondo sobre a Constituição. Algo que me parece esdrúxulo.

Preocupa Dilma poder disputar eleição?

Não faz a menor diferença para o Brasil. Esta é uma página virada. A questão não se atém a se Dilma quer disputar eleição, até porque acredito que isto não está nos planos dela. Mas uma decisão desta gera especulação como a busca de foro privilegiado para estar fora das garras da Justiça de primeira instância.

O discurso do golpe beneficia Dilma e o PT?

Com todo respeito que merece a presidente, acho que em 30 dias ninguém vai estar falando nela. A cada êxito do governo Temer, esse discurso vai desaparecendo.

Houve acordo entre PT, PMDB e Lewandowski sobre o fatiamento?

Essas ilações surgiram e muitas outras envolvendo a votação do teto salarial. O tempo dirá quem efetivamente se beneficia com esta decisão.

O senhor ainda crê que a melhor solução seriam novas eleições?

Talvez para o PSDB fosse o mais adequado. Mas para a democracia, não, porque não há previsão constitucional. Ficou claro para nós que esta decisão não ocorreria em tempo hábil. Se o TSE, amanhã, definir novas eleições, é uma saída constitucional. Mas este é o único caminho.

E o processo no TSE de cassação da chapa presidencial?

Se alguém tem preocupação de Dilma ter os direitos políticos preservados, pode aguardar que o TSE resolverá este problema.

O presidente Temer também é réu nesta ação…

Caberá ao TSE avaliar se Temer teve responsabilidade nisso ou não.

O senhor acredita que as responsabilidades devem ser separadas?

Não sei fazer esta avaliação. Há pessoas que avaliam que ele não tem essa responsabilidade. Alguns diziam que os efeitos cessariam no momento do afastamento da presidente.

A Lava-Jato afetará o governo?

Temos que deixar que a Lava-Jato continue. Não existe motivação para cerceá-la. Sempre que isso ocorreu, resultou no fortalecimento da operação. Temer tem que governar e deixar que a Justiça faça sua parte.

E no seu caso?

São coisas tão absurdas e impossíveis de serem comprovadas que tudo isso será muito positivo. Vamos sair disso muito mais fortes. Tenho zero temor. Não apenas eu, mas vários outros também indevidamente citados. Uma coisa é um escândalo de corrupção que tomou conta do país, capitaneado pelo PT. As empresas dizerem que ajudaram A, B ou C em suas campanhas eleitorais é natural, é outra coisa.

Em que medida a Lava-Jato pautará 2018?

Todos os grandes nomes do PSDB estarão fortes em 2018 porque passarão incólumes por isso. A questão é política, mais abrangente. De que forma a política e os partidos tradicionais chegarão em 2018? O grande desafio do governo Temer é demonstrar que ainda é possível encontrar na política soluções para o país, porque o discurso da negação absoluta da política não é adequado.

Leia maisaqui.

Para que as mulheres avancem mais

Aécio Neves – O Globo – 27/02/2016

Há 84 anos foi dado um passo muito importante para o empoderamento feminino no Brasil: a conquista do direito ao voto. A participação política vem aumentando, a presença e o papel das mulheres na vida econômica, social e cultural vem crescendo. Mas, por uma questão de justiça, precisa avançar mais, muito mais.

No Brasil, as mulheres são a maioria da população (51,4%) e do eleitorado (52,1%), ocupam 55% do mercado de trabalho e respondem, sozinhas, por cerca de 40% dos lares brasileiros. Esses números deveriam falar por si, mas infelizmente não se traduzem em predomínio feminino na vida nacional. Do ponto de vista da política, não resultam sequer num desejável equilíbrio da presença de homens e mulheres que espelhasse as estatísticas e a demografia.

Na política, as mulheres estão sub-representadas, ocupando menos de 15% das cadeiras do Congresso Nacional. Nas demais casas legislativas, essa proporção se repete, sempre em desfavor da população feminina. Elas também formam a parcela minoritária entre os chefes de Executivo — prefeitos e governadores. Ficam, portanto, muito aquém da importância que conquistaram na nossa sociedade.

No mercado de trabalho, o desnível entre homens e mulheres não é diferente. A discriminação persiste, com as mulheres recebendo, em média, 30% menos que os homens para cumprir as mesmas funções. Isso não é aceitável. Mudar tal realidade constitui-se hoje numa bandeira global, que deveria mobilizar toda a sociedade.

Na caminhada para aumentar o protagonismo feminino, é fundamental a maior participação das mulheres na vida político-partidária. Com maior presença delas, ganharemos impulso importante para renovar o mundo da política, com reflexos positivos no cotidiano do país.

O PSDB apoia a luta e defende o direito das mulheres de terem seus espaços ampliados. Acreditamos que o lugar da mulher é em todo lugar. Especialmente na vida pública.

A política de cotas para as mulheres nas listas partidárias e nas cadeiras dos parlamentos é defendida por muitos como um dos instrumentos importantes para reduzir a atual distância abissal que existe entre as representações de gêneros na política nacional. Num cenário de persistência de tão agudas diferenças, todas as propostas que visem a enfrentar esse desafio merecem ser debatidas com seriedade.

No Congresso Nacional, estamos lutando para que a reforma administrativa proposta pelo governo Dilma não enfraqueça estruturas de Estado criadas para promover os direitos das mulheres e o combate à discriminação e que tiveram grande avanço durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher.

No Senado, vamos aprofundar a discussão sobre a manutenção da perspectiva de gêneros na formulação e execução de políticas públicas nacionais, como ocorre em países que respeitam integralmente os direitos humanos. Uma constatação se impõe: a luta das mulheres merece a solidariedade de toda a nossa sociedade.

Mais que isso, a luta das mulheres por seus direitos legítimos é também a luta por um país melhor. Por mais apoio do poder público. Por mais voz e mais atenção. Por mais respeito e mais segurança. Contra a violência e o abuso. Pela vida.

Aécio: Dilma se esconde atrás de plateia e cria fantasias

Em resposta a presidente Dilma Rousseff, que ao lado do ex-presidente Lula em discurso ontem em encontro da CUT, acusou a oposição de estar articulando um “golpismo escancarado”, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que ela usa eventos patrocinados com dinheiro público para proferir mentiras e atacar os 70% da população que querem seu afastamento.

Aécio disse que Dilma cria fantasias e não teve coragem de olhar de frente os trabalhadores e reconhecer que é o seu governo que está tirando empregos de milhares de pais e mães de família em todo país. E que é governo dela o responsável pelo crescimento da inflação, que está tirando a comida das mesas dos trabalhadores.

— Em uma plateia controlada, onde o público foi escolhido a dedo entre militantes do PT e entidades que recebem milhões do poder público, a presidente se sentiu à vontade para, mais uma vez, manipular informações e criar fantasias — rebateu Aécio Neves
Ao GLOBO, Aécio disse que o discurso de Dilma, que questionou também a “moralidade” da oposição para atacar sua honra, é mais uma tentativa de manipular a realidade.

— Em claro desrespeito à plateia, a presidente chegou a apresentar mais uma vez o Pronatec como exemplo do seu compromisso com o país. Mas a presidente se esqueceu de dizer que a oferta de novas vagas no Pronatec nesse ano caiu 57% . A dotação para o Pronatec no OGU caiu 27% neste ano, depois de ter sido elevada em 41% no ano eleitoral de 2014. A presidente parece não ter entendido o sentimento da grande maioria dos brasileiros: Ninguém aguenta mais tantas mentiras — contra-atacou Aécio.

Líderes da oposição divulgaram nota nesta quarta-feira para também rechaçar as declarações de Dilma. Os líderes Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Mendonça Filho (DEM-PE) disseram, na nota, que não reconhecem autoridade moral na presidente da República que quebrou o país para vencer as eleições e retirou mais de um milhão de empregos das famílias brasileiras e que assistiu passivamente a nossa maior empresa pública ser assaltada em benefício do seu projeto de poder. Dizem também não reconhecer autoridade moral na presidente que” leiloou” a gestão da saúde dos brasileiros em troca de “um punhado de votos” em benefício próprio.

“Faria melhor a presidente se pelo menos uma vez demonstrasse sincera humildade para reconhecer que o desemprego e a carestia que castigam milhões de brasileiros é consequência dos equívocos e irresponsabilidades de seu governo. Não reconhecemos autoridade moral na presidente que mentiu para vencer as eleições e continua mentindo para se manter no poder”, diz a nota da oposição.

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Participação popular

Aécio Neves – O Globo – 14/08/2015

As ruas e as redes sociais têm sido eloquentes. A população não se sente representada e quer ampliar seus canais de participação na política. A insatisfação com o governo de Dilma Rousseff se aproxima da unanimidade, mas as queixas atingem outras instituições.

Pesquisa do Ibope mostrou uma queda significativa na confiança de tudo ligado à política. A Presidência, os partidos, o Congresso e os governos perderam credibilidade. Números fáceis de compreender, mas que não deixam de ser preocupantes.

Todos sabemos das incongruências do sistema político-partidário, carente de reformas profundas. Mas é preciso que tenhamos clareza da importância da credibilidade e da legitimidade dos canais de representação partidária para o fortalecimento da democracia. E credibilidade e legitimidade são conquistadas em uma atuação política que respeite, antes de tudo, a população.

Os mesmos números que condenam a política trazem boas notícias para o PSDB. O Datafolha revelou que a preferência pelo partido é crescente — dobrou, batendo seu recorde histórico. E o mais importante: o crescimento foi ainda maior entre os jovens de 18 a 24 anos.

Nosso partido é aquele que tem mais parlamentares jovens. São pelo menos 15 deputados federais abaixo dos 35 anos, movidos por ideais e disposição para trabalhar pelo país.

Para dar força a essa renovação e ampliar o diálogo com a população, o PSDB apresenta uma série de iniciativas. Hoje, em Maceió, tem início a sua campanha nacional de filiação. Nosso objetivo é trazer para a política aqueles que se encontram inconformados e estão dispostos a colaborar para uma mudança séria, em um partido que sempre respeitou as regras democráticas e as diferenças e traz uma rica história de responsabilidade pública e de inovação nas políticas sociais.

Queremos aprofundar nossa presença nas escolas e universidades, nas entidades de classe, nos sindicatos e nos movimentos sociais. A campanha é um momento de reencontro com antigos filiados e de novos encontros com brasileiros de todas as partes.

A partir dela, lançaremos outros canais de diálogo, resultado do fortalecimento do Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos e debates do partido. Uma série de cadernos tratará da realidade brasileira com setores profissionais. O primeiro abordará a questão social.

Teremos ainda um Observatório da Gestão Pública, que dará destaque às boas práticas da administração e manuais de orientação a gestores municipais. Por fim, reeditaremos o Conversa com os Brasileiros, canal de debate com os nossos militantes e a população.

A voz das ruas e das redes tem nos dito muito e não pode ser ignorada. Os partidos que preferirem se encastelar em sua burocracia e arrogância estarão fadados à irrelevância e à rejeição.

Nosso desafio coletivo é estabelecer uma nova audição do que pensa, quer e nos cobra a sociedade e, com ela, estabelecer um novo diálogo nacional, que seja sincero em seus propósitos e responsável na sua condução. Nunca precisamos tanto dele.

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Aécio: Oposição quer saber se Petrobras mentiu para investidores nos Estados Unidos

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, anunciou, nesta terça-feira (04/08), que a oposição vai solicitar acesso às informações prestadas pela defesa da Petrobras na ação coletiva movida por investidores estrangeiros contra a empresa na Corte de Nova York (EUA).

De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo, o juiz distrital do tribunal federal de Manhatan, Jed Rakoff, relatou que a empresa sustentou em sua defesa que os comunicados enviados ao mercado eram “mera publicidade”.

A ação coletiva movida por investidores nos Estados Unidos busca reaver os prejuízos causados a eles pela corrupção e pela ingerência política na empresa.

“Houve uma cobrança por parte do juiz em relação aos comunicados que a Petrobras ao longo do tempo vinha fazendo sobre boas práticas de governança, sobre padrões de ética inquestionáveis, sobre a condução dos seus negócios com transparência e integridade, essas são algumas das informações que a Petrobras lançou ao mercado norte-americano. E a defesa da Petrobras, qual foi? O advogado da Petrobras, em nome da nossa maior empresa, disse que essas informações eram apenas peças de propaganda. Isso é absolutamente grave”, criticou o senador Aécio Neves.

De acordo com o presidente do PSDB, o pedido de acesso às informações será feito pelo vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antônio Imbassahy.

“Se isso efetivamente se confirma, é a constatação de que este governo, não satisfeito em mentir reiteradamente para os brasileiros, passa a mentir também para os estrangeiros, para aqueles que investem no país. E um governo que age desta forma, cada vez se distancia mais do resgate da sua própria credibilidade”, avaliou.