Aécio Neves anuncia apoio do PSDB às manifestações do dia 15

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou, nesta quarta-feira (11/03), que o partido apoia as manifestações marcadas para o próximo dia 15 contra o governo Dilma Rousseff, mas não terá uma atuação institucional nos protestos. A Executiva do partido decidiu em reunião, nesta manhã, prestar apoio informal aos movimentos organizados em todo país por entender que as manifestações são uma iniciativa espontânea da população e não devem ter natureza partidária.

“Divulgamos o irrestrito apoio às manifestações pacíficas e democráticas que estão sendo organizadas de forma apartidária por vários setores da sociedade brasileira. O PSDB estará ao lado de milhares de brasileiros, em todas as regiões do país, com seus militantes, simpatizantes e várias de suas lideranças nessas manifestações, que expressam um grande sentimento de indignação da sociedade brasileira em relação à degradação moral e os gravíssimos problemas econômicos e sociais criados pelo governo da presidente Dilma”, destacou em entrevista.

O PSDB publicou uma nota sobre o tema, assinada, pelo presidente nacional, pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

 

3º. Turno das eleições

Aécio Neves contestou as declarações dadas pela presidente Dilma e por ministros do governo que classificaram os protestos populares como um 3º. Turno das eleições presidenciais.

“Não podemos aceitar que queiram dizer ao país o que se pode ou não protestar. O Brasil vive no pleno estado de direito. O que combatemos é o estelionato eleitoral. É o governo que agora toma medidas no campo oposto àquelas que defendia durante a época da campanha eleitoral. Um governo que não tem sequer respeito à população brasileira para dizer que errou e errou muito ao longo dos últimos anos”, disse.

O presidente do partido voltou a esclarecer que a agenda atual do PSDB não inclui a discussão sobre pedido de impeachment da presidente da República por crime de responsabilidade.

“Não proibimos e nem estamos proibidos de dizer a palavra impeachment. Ela apenas não está na agenda do PSDB. Desconhecer setores da sociedade que defendem essa tese é desconhecer a realidade. Mas essa não é a agenda neste momento do PSDB”, afirmou.

 

Panelaços

Aécio Neves também ironizou as declarações de petistas que responsabilizaram o PSDB pelos panelaços ocorridos no domingo passado em pelo menos 12 cidades brasileiras, durante o pronunciamento da presidente em cadeia nacional de rádio e TV.

“É o cúmulo do ridículo dizer que o panelaço foi patrocinado pelas oposições. Nem que nós tivéssemos um crédito ilimitado nas Casas Bahia ou no Ricardo Eletro nós conseguiríamos comprar tanta panela para os brasileiros”, ironizou.

 Sobre o pronunciamento de Dilma Rousseff, Aécio afirmou que ela deveria ter usado a cadeia de rádio e TV para pedir desculpas aos brasileiros pelo aumento da inflação, pela corrupção na Petrobras e pelos erros cometidos na condução da economia do país.

“Enquanto a presidente da República não vier a público pedir desculpas à população brasileira pelo descalabro moral do seu governo, pelos gravíssimos equívocos na condução das políticas na área de energia e no conjunto da economia, certamente, ela estará se distanciando cada vez mais do sentimento da população brasileira”, concluiu Aécio.

Aécio Neves – Entrevista sobre as manifestações do dia 15

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (11/03), em Brasília. Aécio falou sobre o apoio do partido às manifestações do dia 15, impeachment, panelaços e campanha de filiação do PSDB.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o apoio às manifestações.

O PSDB está divulgando hoje uma nota da direção nacional do partido de irrestrito apoio às manifestações pacíficas e democráticas que estão sendo organizadas de forma apartidária, mais até que de forma suprapartidária, por vários setores da sociedade brasileira.

Não podemos aceitar que alguns setores da vida nacional apenas por interesses partidários queiram dizer sobre o que se pode ou não protestar. O Brasil vive no pleno estado de direito e o PSDB estará ao lado de milhares de brasileiros em todas as regiões do país, com seus militantes, simpatizantes e várias das suas lideranças participando dessa manifestação que, na verdade, expressa um grande sentimento de indignação da sociedade brasileira em relação à degradação moral e os gravíssimos problemas econômicos e sociais criados pelo governo da presidente Dilma Rousseff.

Portanto, é a posição clara do PSDB de apoio a essas manifestações, das quais ele não participa na sua organização, mas com a representatividade que têm os nossos militantes, os nossos companheiros estarão nas ruas do Brasil inteiro mostrando esse sentimento amplo e crescente de indignação.

 

O sr vai à passeata?

É uma avaliação que nós fizemos, e eu já tinha essa avaliação pessoal, eu optei por não ir. Exatamente para não dar força a esse discurso de que nós estamos vivendo o terceiro turno no Brasil.

O fato de eu ter disputado as eleições com a presidente Dilma Rousseff pode fortalecer esse discurso, que não é verdadeiro. Estamos estimulando que nossos companheiros estejam participando da forma que acharem mais adequada. Tenho certeza que vai ser um movimento extremamente expressivo, mas para não caracterizarmos esse movimento como algo partidário, até porque quanto menos partidário ele for mais expressivo e mais consistente ele será, o PSDB estará nas ruas através dos seus militantes, mas sem o apoio institucional do seu presidente.

 

Pode ser entendido como um apoio ao impeachment da presidente?

Não. Na verdade não proibimos e nem estamos proibidos de dizer a palavra impeachment. Ela apenas não está na agenda do PSDB. Agora, desconhecer setores da sociedade que defendem essa tese é desconhecer a realidade, mas essa não é a agenda neste momento do PSDB.

O que combatemos é o estelionato eleitoral, é o governo que agora toma medidas no campo oposto àquelas que defendia durante a época da campanha eleitoral. Um governo que não tem sequer respeito à população brasileira para fazer a mea culpa e dizer que errou e errou muito ao longo dos últimos anos.

A presidente da República vir à televisão depois dessa eleição e dizer que a gravidade da crise econômica porque passa o país é fruto do agravamento da crise internacional que, ao contrário, se dissipa, e da grave seca que tomou conta de regiões do país, é na verdade desprezar a inteligência dos brasileiros.

Enquanto a presidente da República não vier a público fazer a sua mea culpa, pedir desculpas à população brasileira pelo descalabro moral do seu governo, pelos gravíssimos equívocos na condução das políticas na área de energia e no conjunto da economia, certamente, ela estará se distanciando cada vez mais do sentimento da população brasileira.

 

A manifestação prevista para sexta-feira, em tese é crítica à presidente, mas será promovida pela CUT, MST e Une. O sr acredita realmente que a manifestação vai ser crítica ou será chapa branca?

Estamos vendo algo inédito no Brasil contemporâneo. Porque manifestações geralmente são organizadas e estimuladas pelas oposições. Estamos vendo um governo tão perdido que setores dele próprio articulam manifestações que, ao final, serão todas contra o governo. Não há como centrais sindicais, por mais aparelhadas que algumas delas sejam, por mais dóceis ao PT que muitas delas tenham demonstrado ser ao longo da história, não podem estar defendendo algo hoje que venha na oposição, que venha de encontro no viés contrário aos interesses dos trabalhadores.

A presidente da República disse na campanha eleitoral que não mexeria no direito dos trabalhadores, está mexendo. Disse na campanha eleitoral que o Brasil não tinha problema com inflação. Estamos tendo a maior inflação da última década. A presidente disse que não haveria aumento na conta de energia, ao contrário, ela seria reduzida. Apenas este ano de 2015, isso é algo extremamente grave, teremos no segmento da economia brasileira, o segmento da energia, um aumento de cerca acima de 50%. Isso não existia desde o Plano Real.

Portanto, este descontrole, este descalabro, e a incapacidade do governo de fazer a mea culpa, acho que agravam os problemas que, na verdade, já se agravaram porque o governo não tomou as medidas que deveria ter tomado por conta da campanha eleitoral. Porque este diagnóstico eles já tinham e cada dia fica mais claro que várias dessas medidas já estavam sendo discutidas em setores do governo. Mas o governo optou por dar prioridade ao processo eleitoral mesmo sabendo que isso prejudicaria a vida dos mais pobres. O governo da presidente Dilma Rousseff se distancia da vida dos trabalhadores, daqueles que precisam da estabilidade da moeda, daqueles que precisam de empregos, de segurança e de esperança. Infelizmente, é um governo que terminou antes de começar.

 

A ideia de fazer o blinda Dilma na sexta-feira vira mais um tiro no pé. A tendência é esta do próprio governo?

É algo no mínimo extremamente arriscado. Não conheço na história da democracia brasileira momentos em que o governo convoca a população para ir às ruas. Com uma exceção apenas, vocês se lembraram, quando o ex-presidente Collor fez isso e nós assistimos ao resultado.

 

A campanha de filiação do PSDB vai aproveitar este momento de mobilização nacional para crescer.

O que está havendo é uma demanda enorme, acho que inédita na história do PSDB, por setores organizados da sociedade, jovens, principalmente universitários, que estão disputando espaços nos diretórios acadêmicos, grêmios estudantis, buscando, a partir do PSDB, ter um espaço institucionalizado para expressar as suas posições.

O PSDB tem uma nova reunião da executiva marcada para o dia oito, onde estaremos lançando uma ampla campanha de filiação, com um redesenho do programa partidário, com a sua atualização, usando a Web como um instrumento importante para facilitar essas filiações, mantendo uma conexão maior entre as posições do partido e das suas lideranças e os filiados. Não tenho dúvidas que o PSDB se apresentará rapidamente, já vem acontecendo, mas mais claramente ainda, como o mais moderno dos partidos brasileiros. Vamos fazer uma ampla campanha a partir do dia 08 de abril, em todo o país, que culminará com a convenção nacional do partido, que ocorrerá no dia 5 de julho para a renovação da sua direção nacional.

 

Sangrar ou afastar? O que é mais conveniente?

Acho que é mostrar a nossa indignação. Não há palavra proibida em uma sociedade democrática como a nossa. Rejeitamos vigorosamente essa patrulha de setores do PT que chegam ao cúmulo do ridículo de dizer que o panelaço havido no último domingo foi patrocinado pelas oposições. Nem que tivéssemos um crédito ilimitado nas casas Bahia ou no Ricardo Eletro não conseguiríamos comprar tantas panelas para atender a tantos brasileiros.

Aécio Neves – Entrevista à Rádio Itatiaia

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta quarta-feira (12/02), à Rádio Itatiaia. Aécio Neves comentou sobre a falta de planejamento e investimentos em segurança pública no Brasil, o aumento da violência nas manifestações e a situação da economia no país.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre aumento da violência, em especial nas manifestações

O governo federal optou por concorrer com os estados, por transferir a responsabilidade exclusivamente para os estados na segurança pública. Não é assim que se age em um país da complexidade do Brasil. Todos os recursos aprovados no orçamento da União para qualificação das nossas polícias, para ampliação dos efetivos, para equipamentos, ficam contingenciados até o final de cada ano. Não chegam aos estados. Os recursos para o Fundo Penitenciário, para melhorarmos a situação dos nossos presídios, ficam contingenciados para o governo fazer superávit primário. Porque o governo federal não tem a capacidade de estabelecer prioridades, então trata a questão da segurança, que se agrava a cada dia, como uma questão secundária. Nossa grande preocupação é essa, planejamento. Desde que fui governador de Minas propunha que os recursos para a segurança tivesse sem repasse garantido sem qualquer tipo de contingenciamento. Cada governador, no início de cada ano, saberia com quanto contaria. E obviamente, a partir daí, faria parcerias com os municípios.

Agora, estamos assistindo o agravamento das manifestações, e temos que saber diferenciar as coisas. A manifestação pacífica é legítima e importante para a democracia e deve ser respeitada, mas aqueles que se utilizam das manifestações, dos grandes aglomerados populares, para cometer crimes, seja depredação, ataque a policiais, ataque a pessoas, como assistimos nesse trágico episódio envolvendo o jornalista do Rio de Janeiro, têm que ser punidos com base naquilo que a legislação determina. Sem qualquer flexibilidade. Porque eles são os que mais atentam contra as manifestações, porque aqueles que querem manifestar de forma democrática e pacífica estão inibidos de ir às ruas. Acabam os chamados Black Blocs ocupando as ruas contra a própria democracia. É necessário e urgente que a lei seja cumprida de forma exemplar.

 

Sobre manifestação do MST marcada para esta quarta-feira na Esplanada dos Ministérios. É preciso cautela?

É preciso cautela, mas um pouco mais de governo, de respostas. Do ponto de vista da reforma agrária, por exemplo, até o governo do general Geisel, na época da ditadura, fez mais assentamentos que o governo da presidente Dilma. Ela relegou isso a um segundo plano.

A ausência de respostas, seja na melhoria do transporte público, com a priorização, por exemplo, da mobilidade de massa, como os metrôs, os VLTs. O governo passou cinco anos dizendo que seu maior projeto na área de mobilidade seria um trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro, em detrimento de metrôs pelo Brasil inteiro. As pessoas percebem isso.

A saúde pública, há onze anos, quando o PT assumiu o governo federal, 56%, mais da metade dos investimentos em saúde pública no Brasil, vinham da União. Hoje apenas 45% vêm da União. Quem paga a diferença é quem menos tem, os municípios e os estados.

Na segurança pública é acintosa a omissão do governo federal. 87% de tudo que se gasta com segurança pública no Brasil vêm dos cofres estaduais e municipais e apenas 13% do governo federal. E olha que o governo federal tem que responder constitucionalmente pelo controle das fronteiras, pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de armas. Na verdade, a ausência da autoridade, a ausência do poder público, ao meu ver, vem agravando essa crise de insegurança que hoje já não escolhe região ou cidade, afeta todos os brasileiros.

 

Sobre inflação e a situação da economia no país

Vivemos a perplexidade de assistimos as principais conquistas, que nos trouxeram até aqui, garantiram o crescimento do Brasil durante um longo período, que foi a estabilidade da moeda, a modernização da nossa economia, a credibilidade internacional do Brasil, estão se perdendo. A inflação de alimentos já ultrapassou 10%. Hoje, o Brasil é um patinho feio na comunidade internacional, porque o governo da presidente, de forma autoritária, faz intervenções descabidas em setores, por exemplo, como o de energia, que inibem o investimento. Isso significa que o sistema está trabalhando no seu limite. Empresas, e isso é absolutamente inaceitável, como a Petrobras, um patrimônio de todos os brasileiros, em apenas três anos desse governo teve cerca de 50% de seu valor de mercado previsto. Foi-se, no ar, esse grande patrimônio dos brasileiros pela também gestão ineficiente do governo em relação às suas empresas. A Eletrobras vive hoje uma enorme crise, inclusive com um programa de demissões voluntárias. Infelizmente, a herança que esse governo do PT deixará, essa sim, é uma maldita herança.

 

Sobre a notícia de que o ex-presidente Lula pode concorrer à Presidência pelo PT em 2014

Isso mostra a inquietude, a insegurança do governo e do partido que está no governo, que é o PT. Eu, ao ouvir o discurso do presidente do PT nessa semana, e depois da própria presidente da República, cheguei a dizer que temos aí um partido à beira de um ataque de nervos, porque, com tanta antecedência das eleições e com tantos problemas que estamos vivendo, ao invés do presidente do partido e a própria presidente falarem objetivamente quais as medidas que serão tomadas para enfrentar, como disse, a questão energética, para dar uma resposta à questão, aos direitos trabalhista, por exemplo, dos médicos cubanos, ou à própria condução da economia, preferem ataques chulos, ataques mesquinhos à oposição.

Como se alguém, por exemplo, no caso o governador Eduardo, pudesse ser alguém apenas cheio de virtudes e de méritos quando era aliado do governo, e o simples fato que o faz estar no campo da oposição o torna um ingrato, um “cara de pau”, como ouvimos, infelizmente, da boca da presidente da República. Isso mostra a instabilidade de um governo que encerra esse mandato sem termos absolutamente nada de positivo a apresentar à população brasileira.

 

E tudo pronto para o lançamento da candidatura Pimenta da Veiga?

Pimenta da Veiga é um dos mais preparados homens públicos que conheci ao longo da minha vida. Profundo conhecedor das questões mineiras. Foi um nome acolhido pelo conjunto, praticamente pela unanimidade da aliança que vem governando Minas desde 2003. E o que viemos fazendo em Minas é governar com seriedade e eficiência.

Não foi à toa que levamos Minas, apesar de todas as dificuldades que temos, a ter a melhor educação básica do Brasil, reconhecida pelo Ministério da Educação, o melhor atendimento de saúde da região Sudeste. Fizemos o mais audacioso programa de infraestrutura, ligando todas as cidades que não tinham ligação asfáltica ao asfalto, talvez o maior de toda história de Minas. E queremos fazer muito mais.

O governador Anastasia termina o seu mandato, caminha para terminar o seu mandato, respeitado, acatado e aplaudido por mais de 80% da população. Isso nos dá a certeza, ou pelo menos a confiança, de que Pimenta poderá ser o homem que vai garantir que, em Minas, a meritocracia, a eficiência, a escolha qualificada dos quadros vai continuar. Porque não queremos que em Minas ocorra aquilo que ocorre já há onze anos no governo federal. Aparelhamento da máquina pública pelos companheiros políticos, ineficiência e baixos resultados.

Alvo errado

 Artigo da jornalista Miriam Leitão – Jornal O Globo – 31/12/2013

O que arruinou as contas externas este ano foi a importação de gasolina. O Brasil escondeu um déficit comercial alto através de uma conta gráfica que registra exportações não feitas de plataformas de petróleo. Mas o governo decidiu punir quem gasta no exterior com cartão de débito, pré-pago ou cheque de viagem. Os viajantes pagarão um IOF de 6,38%, baixado no penúltimo dia útil do ano.

Quando os governos não sabem o que fazer para lidar com um rombo externo eles sempre atacam o turista, que é considerado culpado por viajar e ceder à tentação de comprar a preços bem menores lá fora. O que o governo fez agora lembra os anos 1980, quando, afundado em déficit, o Brasil limitava o volume de dólares a ser levado pelo viajante ao exterior.

Os brasileiros viajaram muito e gastaram bastante no exterior, é verdade. Foram US$ 23 bilhões gastos lá foram, até novembro, contra US$ 6,1 bi que entraram no país com turistas estrangeiros. Isso gerou um rombo de US$ 16,9 bilhões na conta turismo. Mas o buraco mais sério nas contas externas tem sido causado pela importação de gasolina. O governo incentivou o consumo ao zerar a Cide e segurar o preço. A balança registra até novembro US$ 39,3 bi de importação de petróleo e derivados. Parte disso é combustível do ano passado, que ele jogou na estatística deste ano. Como houve apenas US$ 19,8 bi de exportação, o rombo do setor de petróleo e derivados chegou a US$ 19,5 bilhões no ano.

A balança comercial mergulhou no negativo, do qual só saiu no fim do ano. Mesmo assim, foi daquele jeito: a Petrobras faz a plataforma aqui, exporta para uma de suas empresas no exterior e depois aluga de si mesma. Tudo isso se passa no mundo virtual; na realidade o produto não sai do Brasil, mas entra na estatística de exportação. O truque ajudou a empresa a não pagar alguns impostos, como PIS e Cofins, e evitou que o Brasil tivesse um déficit de quase US$ 7 bilhões na balança comercial, o primeiro da história em 20 anos.

O país gasta exorbitâncias com importação de um combustível fóssil, a Petrobras paga mais caro pelo produto do que pode cobrar das distribuidoras, isso prejudica a estatal e tinge de vermelho a balança comercial. Mas quem é perseguido é o turista, que foi viajar para o exterior com cartão de débito ou cheque de viagem.

O viajante vai pagar imposto mais alto nas compras no exterior, mas a gasolina continua pagando zero de Cide. Isso não faz sentido algum, até porque o produto continuará pesando na balança comercial de 2014.

O imposto vai pesar no bolso de quem viaja, mas o déficit de turismo vai continuar. Muita gente viaja ao exterior porque é mais barato do que viajar dentro do Brasil, pagar as diárias dos hotéis; muita gente compra lá fora porque os produtos brasileiros estão mais caros. Contra isso não há argumento nem imposto. O problema não é que muita gente viaja para o exterior, mas o fato de que o Brasil atrai poucos estrangeiros. Isso é que tem mantido negativa a conta turismo.

O ano foi todo de ajeitar os números para eles ficarem apresentáveis. Houve manipulação de preços públicos para que a inflação ficasse no intervalo de flutuação. Houve liquidação de concessões e privatização no fim do ano para melhorar as contas fiscais. O mês de novembro daria déficit primário se não fosse a venda do campo de Libra e as concessões. Houve queima de estoque de desapropriações para reforma agrária depois que o MST mostrou que o governo só havia feito oito no ano inteiro. Ao assinar 92 no seu último dia de trabalho, a presidente Dilma Rousseff disse: “atingimos a meta de fazer 100 desapropriações.”

Em um ano tão cheio de malabarismos, soa normal culpar o cartão pré-pago e o cheque de viagem pelo enorme rombo que se abriu nas contas externas. Mas não vamos perder a esperança de um ano que vem melhor. Feliz Ano Novo.

 

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