Aécio Neves – Sobre a atual crise no país

“As ruas do País inteiro, de forma espontânea, vêm se manifestando. Esta Casa tem o dever de ser a ressonância dos sentimentos múltiplos, vários, estratificados por todas as regiões do País, que nós temos colhido durante esses dias”, afirmou o senador Aécio Neves em pronunciamento, no Senado, nesta quinta-feira (17/03), ao ocupar a tribuna com outros líderes da oposição para avaliar os desdobramentos da posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa-Civil, ocorrida esta manhã no Palácio do Planalto.

Aécio Neves convoca população para no próximo domingo manifestar contra o desgoverno do PT

REPÓRTER

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, subiu a tribuna do Senado esta semana para tratar da grave crise política, econômica, social e moral que o país vive. Na ocasião, Aécio Neves convidou todos os brasileiros para participarem em suas cidades, de forma pacífica, das manifestações contra o atual governo que ocorrerão no próximo domingo.

SONORA SENADOR AÉCIO NEVES

“Não vamos aceitar ameaças e tentativas de incendiar a Nação para que a fumaça encubra o que fizeram no Brasil. Domingo o povo brasileiro sairá às ruas, escrevendo uma página definitiva da nossa história, uma página que moldará o destino do Brasil. Somos homens e mulheres de bem. Com os nossos filhos, com as nossas famílias, sairemos em paz para mostrar que este País não perdeu a sua alma e não perdeu a sua esperança. Vamos, amigos e amigas, para as ruas, resgatar a decência e a integridade. Caminharemos unidos contra a corrupção e a mentira, em defesa da Constituição e da democracia.”

REPÓRTER:
De Brasília, Shirley Loiola.

NOTA DAS OPOSIÇÕES

Os partidos de oposição no Congresso Nacional, reunidos nesta sexta-feira, reafirmam seu integral apoio e confiança nas instituições nacionais e ao trabalho de investigação realizado pela Operação Lava Jato.

É hora de exigir respeito a um dos mais importantes pilares do Estado democrático de direito, que determina que nenhum brasileiro está acima das leis e da Constituição, e que todos, sem exceção, devem responder pelos seus atos perante à Justiça.

Da mesma forma é essencial à democracia que a imprensa continue a exercer seu papel com independência e coragem.

O rigor das investigações e a necessária apuração dos fatos trazidos à tona pela operação Lava Jato são imprescindíveis para estabelecer a verdade e determinar a responsabilidade de todos os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do país.

Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdadeira história do país, escondida durante anos pelas mentiras, pela manipulação e pela propaganda.

Aos partidos de oposição não faltarão coragem, determinação, nem serenidade.

Coragem para defender a democracia.

Determinação para defender a Constituição.

Serenidade para não aceitar provocações daqueles que, sem argumentos, insistem em confundir a sociedade enquanto tentam fugir das suas responsabilidades.

Os partidos de oposição convocam todos os brasileiros a acompanharem atentos os acontecimentos e a rechaçarem, com vigor, as lamentáveis e reiteradas ameaças de radicalismos, que só têm como objetivo esconder a verdade e dividir o país.

Que no próximo dia 13 de março possamos, em paz, ocupar as ruas de todo o país para permitir o reencontro do Brasil com seu futuro.

Brasília, 04 de março de 2016.

Aécio Neves – Encontro com Representantes de Movimentos Sociais

O senador Aécio Neves recebeu, nesta terça-feira (01/03), no Senado, em Brasília, representantes dos movimentos sociais que organizam novas manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff, no próximo dia 13 de março. Ao lado das principais lideranças da oposição, o senador afirmou que as manifestações, lideradas por movimentos legítimos da sociedade, mostram a indignação dos brasileiros à sucessão de escândalos do governo do PT e à falta de esperança na retomada do crescimento do país.

Foto: George Gianni

Foto: George Gianni

Aécio Neves: “O PT atrasou o Brasil em 20 anos”

Aécio Neves ainda não decidiu se vai se juntar ao povo nos protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff marcados para o próximo domingo, 16. Essa, no entanto, é uma das poucas dúvidas que o senador tem hoje quando o assunto é o governo do PT. Aécio está certo de que será quase impossível a Dilma Rousseff retomar as condições mínimas de governabilidade. O presidente nacional do PSDB diz que não há dúvida de que Dilma e seu antecessor se beneficiaram do maior esquema de corrupção já montado dentro do Estado brasileiro. “Falta apenas a Justiça comprovar que ela recebeu dinheiro ilegal na campanha”, diz Aécio, para quem um eventual processo de impeachment da presidente, se correr dentro dos limites constitucionais, não pode ser chamado de golpe. Diz ele: “Cumprir a legislação é respeitar a democracia”. Derrotado nas eleições de outubro, quando obteve 51 milhões de votos, o senador disse não saber quando virá para o PSDB o “chamado para tirar o Brasil da crise gravíssima que o PT criou”, mas que, no momento em que isso ocorrer, o partido estará pronto para atendê-lo.

O que é pior para o Brasil: três anos e meio de um governo agônico de Dilma Rousseff ou uma solução traumática como o impeachment?

Não vejo como romper esse ciclo perverso de incompetência e de visão ideológica arcaica no qual o PT nos mergulhou sem um governo que resgate a confiança da população. Com o PT, o Brasil perdeu vinte anos de conquistas. A situação do país é muito grave, para qualquer governo. Mas só um governo que tenha capacidade de dizer a verdade à população – de forma que as pessoas reconheçam a razão dos sacrifícios, mas consigam enxergar lá adiante uma possibilidade real de melhoria – tem condições de encerrar essa espiral e dar início a um novo processo. O governo que está aí dá seguidas mostras de não ter condições de fazer isso.

Colocado de outra forma: o senhor acha que a presidente Dilma termina o mandato?

Não quero antecipar cenários. Mas o governo estabeleceu a mentira como método. A presidente da República não vai conseguir resgatar as condições de governabilidade, pelo menos enquanto não tiver a coragem de vir a público reconhecer sua parcela de responsabilidade pelos sofrimentos que esta crise está impondo aos brasileiros. Quanto mais insistir em falsear a verdade, atribuindo os problemas à crise internacional ou ao agravamento da seca, mais distante estará de recuperar essas condições. Em política, o ativo mais precioso é o tempo. E o PT perdeu esse tempo.

Uma pesquisa do Datafolha mostrou que 63% dos brasileiros apoiam a abertura do processo de impeachment contra a presidente. Em seu partido, o PSDB, há divergências sobre a questão. Qual a sua posição sobre o impeachment?

A minha posição é de respeito à Constituição, e o impeachment é uma previsão constitucional. O impedimento não ocorrerá por desejo das oposições, mas pela combinação de um conjunto de fatores, que inclui obrigatoriamente a comprovação de culpa por crimes. Portanto, que fique claro que um desfecho amparado pela Constituição não pode ser tratado como tentativa de golpe. Golpeiam aqueles que tentam impedir o desfecho no âmbito da Constituição. Não sei se há hoje os elementos de culpa, mas nada impede que eles surjam mais adiante. O relatório do ministro Augusto Nardes, do TCU, é bem firme quando afirma que houve pedaladas fiscais, e as evidências de que a campanha de Dilma recebeu dinheiro ilegal se acumulam. Se isso for comprovado, a lei está aí para ser cumprida. Cumprir a lei é respeitar a democracia.

Uma das saídas cogitadas para a crise seria a adoção do parlamentarismo. Como o senhor vê essa alternativa?

Sou parlamentarista, sempre defendi esse sistema e acho que no futuro é por onde devemos trafegar. Mas penso que essa discussão tem de ocorrer fora do contexto de uma crise aguda. O parlamentarismo, a meu ver, não é a solução neste instante, quando o Congresso vive um momento de fragilização.

O governo do PT tenta agora fazer o ajuste que negou que faria durante toda a campanha. O ajuste do PSDB, caso tivesse saído vitorioso, seria diferente?

O ajuste do PSDB teria uma dosagem bem mais fraca, mas produziria resultado mais rapidamente e com impacto muito maior. A retomada dos investimentos seria imediata. O ajuste do PSDB restauraria a credibilidade. Com a volta da confiança, tudo entra nos eixos. Um governo confiável poderia promover, em curtíssimo prazo, a redução da taxa de juros. Em boa medida, a disparada atual dos juros se deve à tentativa estabanada do Banco Central de restaurar a confiança. Enxergo o ministro da Fazenda cada vez mais isolado. O mais grave é ele não poder dizer em alto e bom som que as medidas do ajuste aprovadas até agora não funcionam por causa da herança maldita de sua própria chefe. Temos um ministro da Fazenda manietado.

PSDB propõe cassação de registro de partidos que receberem propinas

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (18/03), que o partido vai apresentar um projeto de lei na Câmara dos Deputados prevendo a cassação do registro de partido político que receber dinheiro de corrupção.

“Quero afirmar que o PSDB está apresentando hoje um projeto, através do seu líder na Câmara dos Deputados, que determina que partido político que comprovadamente tiver recebido dinheiro da corrupção, tiver recebido propina, tenha imediatamente o seu registro cassado. E queremos pedir o apoio do PT para a tramitação deste projeto”, afirmou Aécio Neves.

A proposta do PSDB é uma resposta às reivindicações da sociedade por mais ética na vida pública. “Temos que resgatar a confiança da sociedade brasileira também na classe política”, ressaltou o presidente do partido.

De acordo com o senador Aécio Neves, o pacote contra a corrupção apresentado pela presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira, não traz novidade. Ele lembrou que as propostas feitas pela chefe do Executivo já tramitam no Congresso há vários anos e nunca contaram com o apoio do PT.

“Em todos os momentos que o governo é pressionado, ele volta com as mesmas e inócuas propostas. Na verdade vários desses projetos já tramitavam aqui no Congresso há muito tempo sem o que o governo se mobilizasse para que fossem aprovados”, criticou o presidente nacional do PSDB.

O senador Aécio Neves criticou também a falta de credibilidade das medidas anunciadas por Dilma Rousseff, citando, como exemplo, a falta de uma posição firme da presidente sobre o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no escândalo envolvendo a Petrobras.

“O que o Brasil clama é por exemplos. Na campanha eleitoral, já perguntava a presidente da República se ela confiava no tesoureiro do seu partido, responsável por arrecadar recursos para as campanhas eleitorais. Ela disse que sim. Volto a fazer a pergunta: a presidente da República ainda confia nas ações do tesoureiro do seu partido? Porque ele não é afastado até como um exemplo para que a sociedade acredite efetivamente na sinceridade das ações do governo. Mas lamentavelmente as respostas estão muito aquém das expectativas da sociedade brasileira”, disse Aécio Neves.

Apesar de avaliar que as propostas do governo são paliativas, o presidente do PSDB garantiu que a oposição irá analisá-las.

“Vamos discuti-las. Tudo que vier no sentido de dar transparência ao processo político, punir de forma exemplar as empresas, os agentes públicos que cometeram delitos certamente são bem-vindas, mas falta ao governo dar exemplos claros de que essas medidas são para valer. Não adianta apenas a legislação. É preciso que as pessoas corretas, honradas, estejam na condução dos negócios públicos, o que, infelizmente, não aconteceu em várias áreas do governo do PT ao longo desses últimos 12 anos”, reiterou Aécio Neves.