Aécio Neves presta homenagem a Roger Agnelli no Senado

O senador Aécio Neves prestou homenagem ao ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, que morreu em acidente aéreo no último sábado, em São Paulo. O senador destacou a trajetória do executivo à frente de grandes empresas e falou sobre o papel que ele desempenhou na construção do programa de governo do PSDB na eleição de 2014.

Leia a seguir o pronunciamento do senador Aécio Neves:

“Que fique aqui, nos anais do Senado, registrado não apenas o voto de pesar, mas a nossa mais profunda consternação pela perda de um brasileiro. Ao lado da sua esposa Andrea, dos seus filhos, perde o Brasil um dos mais otimistas e preparados brasileiros do seu tempo. Eu, pessoalmente, tive a oportunidade de conviver muito próximo ao Roger, desde antes da sua chegada à Vale do Rio Doce. Tínhamos exatamente a mesma idade e brincávamos muito sobre o momento.

Chegaria o momento de essa geração, de alguma forma, imprimir a sua nova visão de mundo ao Brasil. Ele teve um papel extremamente importante na formulação do nosso programa de governo nas eleições de 2014, e, quando a tragédia foi anunciada, tenho certeza de que muitos brasileiros de todas as regiões do país – não apenas empresários, mas aqueles que, na Vale do Rio Doce e em outras empresas por onde passou Roger, especialmente o Bradesco, conviveram com ele – sofreram um forte aperto no peito.

Quero dirigir à sua família, a seus pais, enfim, a todos que ainda vivem esse enorme drama uma palavra de muita paz e, sobretudo, de muita coragem para enfrentar essa enorme perda.

O último depoimento que ele fez na Comissão de Relações Exteriores desta Casa é um belo mapa a ser trilhado por aqueles que compreendem que não somos uma ilha isolada no mundo – ele costumava dizer muito isso. Ou nos adaptamos às realidades internacionais e nos preparamos para compartilhar desses avanços, seja em tecnologia, seja nas economias em desenvolvimento, ou ficaremos sempre para trás. Fica, portanto, a minha palavra pessoal de saudade, mas, em nome do PSDB, partido que presido, fica a homenagem ao grande brasileiro Roger e a toda a sua família.”

Tancredo: o luto e a luta

Aécio Neves – Correio Braziliense e Estado de Minas – 21/04/2015

Há 30 anos, pouco depois das 10 horas da noite do dia 21 de abril, Tancredo fechava pela última vez os olhos e densa cortina de sombras descia sobre o Brasil. Assim como o nascimento, a morte é coisa simples, ocorre tantas vezes todos os dias, mas é sempre extraordinária. E aquela foi, sem dúvida, extraordinária.

Para mim, no começo dos meus 20 anos, quem morreu foi o meu avô, e eu chorei as lágrimas de quem perde uma pessoa cujo afeto lhe é essencial. Os avós e netos são espécie de ponte que nos reconcilia com o tempo. Naquele momento, eu ainda não tinha vivido o bastante para reconhecer a tragédia política que se abatia sobre a vida brasileira. Minha grande perda pessoal era muito pequena diante da perda imensa que sua morte representava.

Como homem, Tancredo esteve presente na maioria dos dramas que marcaram a política do país, desde os dias finais de Getúlio até o governo João Goulart e o longo inverno autoritário. Em todas as circunstâncias, sempre esteve no lado certo. Durante o regime militar, escolheu a resistência pacífica e democrática, junto com Ulysses e outros poucos companheiros porque sempre sonhou que à ditadura deveria suceder democracia sem adjetivos, não outras formas de autoritarismo.

Em 1982, os líderes da resistência democrática prepararam o golpe final ao regime, vencendo as principais eleições estaduais, com Tancredo em Minas, Franco Montoro, José Richa e Leonel Brizola. A partir daí, a política e as ruas deram-se as mãos, chegando às grandes manifestações de 1984 pelas eleições diretas para presidente. Não pela primeira vez e, infelizmente, talvez não pela última, a maioria parlamentar deu as costas ao sentimento nacional e derrotou a vontade popular.

Mas o momento seguinte demonstrou, com vigor, para que serve a boa política: homens de bem, como o grande Ulysses Guimaraes, impregnados de profundo amor e respeito pelo Brasil e pelos brasileiros, muitos já em idade avançada, teceram o caminho através do qual o país se reencontrou com a democracia. Em 15 de janeiro de 1985, o Brasil voltou às ruas: Tancredo foi eleito o primeiro presidente civil e de oposição depois de 20 anos de autoritarismo.

Na manhã de 15 de março, dia que teria sido o da posse, as janelas do país se abriam para o sol da nova manhã, enquanto a ironia do destino fez que Tancredo se encontrasse num quarto de hospital para onde havia sido levado na véspera. De todos os milhares de dias de sua vida, quis o destino que ele tombasse justamente naquele dia, não em nenhum outro, antes ou depois. Não lhe foram concedidas nem poucas horas a mais para que chegasse a termo a missão da sua vida.

Mas, se o destino não lhe permitia chegar ao fim da caminhada, da sua cama ele ainda conseguiu cumprir a missão de garantir as condições para que a transição democrática seguisse em frente. A morte não veio de repente e o coração teimou em bater por vários dias garantindo a estabilidade da transição de poder. A longa agonia foi seu último presente ao Brasil.

Foi sepultado com Tancredo não apenas o corpo, mas também um país que poderia ter sido e não foi. Perdeu-se um modo de fazer política com o centro no interesse público, um padrão de integridade e uma coragem cívica que poucos hoje sabem o que significa. Por isso tenho que dizer que, infelizmente, o luto e a luta continuam. Luto pela política e pelo país. Luta para que sejamos capazes de honrar o sonho de tantos brasileiros, do passado e do presente, de um Brasil digno e justo.

Nota de pesar sobre Thomaz Alckmin

É com profundo pesar que recebemos a confirmação da morte de Thomaz Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin e de dona Lu Alckmin. Uma perda irreparável para a família e também para nós, amigos.

Em nome do PSDB, manifesto a solidariedade de lideranças e militantes de todo o país ao companheiro, à sua esposa e filhos neste momento de grande dor, assim como nosso pesar pelas quatro outras vítimas do acidente.

Senador Aécio Neves

Presidente Nacional do PSDB